O
que pede
o
Espiritismo
Martins
Peralva
Reformador
(FEB) Abril 1959
Mas
os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra,
- Atos,
8:4,
Se
o maravilhoso Dia do Pentecostes, foi para os discípulos, a demonstração eloquente
e definitiva da imortalidade da alma e da comunicabilidade dos Espíritos, enchendo-lhes
de esperança os corações devotados, por seu turno as ‘línguas de fogo’
marcaram, também) o início de sérias e cruentas jornadas.
Não
fosse a extraordinária fé dos primeiros servidores do Evangelho, dificilmente
ter-se-ia conservado a unidade apostólica.
Apesar
de todas as lutas, os discípulos mantiveram-se unidos, coesos, em torno do
ideal legado pelo bem-aventurado Aflito da Crucificação.
Alguns
deles; em face das perseguições que desabaram sobre os herdeiros do Evangelho
do Reino, tiveram de abandonar Jerusalém e embrenhar-se pelas aldeias e cidades
da Palestina.
Saulo,
exaltado e colérico, estabelecia o império do terror e da repressão aos
discípulos da Boa Nova, aos companheiros do Suave Rabi, levando-os para as
prisões, onde eram submetidos a inomináveis torturas.
O
fantasma da morte pelo açoite, pelo apedrejamento cruel ou pela crucificação,
pairava sobre a humilde comunidade.
A
perseguição, entretanto, resultava vazia e contraproducente.
Aqueles
- como Filipe, por exemplo - que eram obrigados a se dispersar, iam por toda a
parte, anunciando a palavra.
Em
Samaria, criaturas perseguidas por entidades sombrias viam-se livres à simples
determinação do abnegado discípulo.
Paralíticos
e doentes eram curados.
Homens
sem fé, fortalecidos pelo verbo iluminado de Filipe, transformavam-se
interiormente.
O
Novo Testamento registra o notável trabalho que resultou da dispersão de alguns
discípulos) através da seguinte referência: Mas
os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.
O
Cristianismo germinava e expandia-se sob o fogo da mais terrível opressão.
O
exemplo e a sinceridade dos apóstolos constituíram, sem dúvida, expressivo
elemento de consolidação da Nova Ideia, contribuindo, assim, para que ela
formasse raízes vigorosas, apesar da violenta reação dos que reconheciam nos
postulados fraternistas do Evangelho incoercível força a lhes ameaçar o domínio
e a prepotência.
Para
que uma ideia subsista e se afirme, indelevelmente, na consciência universal,
necessário é que os seus propugnadores lhe exemplifiquem os princípios.
O
Cristianismo triunfou no Mundo porque os homens dos primeiros dias - almas
dedicadas e sinceras - se converteram em expressões vivas e eloquentes da
palavra divina.
Sem
revolta - humilhavam-se para que ele, o Redentor, se projetasse no coração e na
consciência dos homens.
O
Espiritismo, para triunfar, também nos pede alguma coisa.
Pede-nos
trabalho, boa vontade, exemplificação.
A
vitória definitiva da Doutrina Espírita, nesta luta sem armas que estamos
realizando, dependerá, essencialmente, da forma por que nos conduzirmos.
Todos
os percalços serão superados se do Espiritismo fizermos o que efetivamente ele
é: uma Doutrina de consolação e esclarecimento, de fraternidade e trabalho,
sugerindo-nos, de modo permanente, permanente renovação interior.
Dispersos
ou congregados - não importa o lugar, não importa a posição - serviremos à
Causa pela exemplificação e pela fidelidade, bem como pelo respeito a nós
mesmos, na convicção de que o Cristo nos vê, observa e ouve.
O
que nos é pedido, na atualidade, é o mesmo que se pedia aos trabalhadores da
primeira hora: dedicação e trabalho, a fim de que anunciando com amor a palavra
do Céu e espalhando o bem, glorifiquemos, apesar de mossa indigência espiritual;
o nome augusto do Celeste Enviado.
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