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terça-feira, 11 de maio de 2021

Combate ao ateísmo?

 

Combate ao ateismo?

por Vianna de Carvalho

Reformador (FEB) Janeiro 1920

             No último Consistório Secreto, o atual chefe do catolicismo - não da cristandade que é coisa absolutamente diversa - instruiu o Episcopado para que volte as suas baterias contra o materialismo.

            O papa (*) já excomungou a Teosofia, deu ordens relativas à extirpação do Espiritismo e das ideias protestantes. Agora, encara, frente a frente, o problema ateísta. Foi necessária a irrupção do bolchevismo na Europa, com tendências avassaladoras, para despertar o zelo pontifício na eliminação de princípios negativistas que se infiltram nas populações do velho continente.

                 (*) Do blog:   Bento XV -  nascido em Pegli em 21 de novembro de 1854. Desencarnado em  Roma,  22 de janeiro de 1922.

             Há dezenas de anos que o materialismo faz seu curso pernicioso, corrompendo sobretudo à mocidade das faculdades superiores de ensino.

            A igreja permaneceu indiferente e calada ante essa inoculação de incredulidade no espírito das novas gerações.

            Mas investia furiosamente se opondo à propagação do Espiritismo que é, sem dúvida, o maior antidoto à enfermidade materialista em todas as suas manifestações...

            A razão dessa atitude se explica facilmente: o Vaticano compreendeu que era impossível reconquistar, com o absurdo revoltante dos dogmas, às classes ilustradas, inteligências saturadas de conhecimentos positivos. 

            Restava a multidão que não raciocina e sustenta o comércio dos sacramentos. 

            A esta, os fatos da ciência são como se não existissem. 

            E, como a Doutrina dos Espíritos pode ser assimilada pelos homens simples e conduzem ao alijamento da bagagem católica, se impunha a sua condenação de qualquer forma.

            A teologia rançosa considerou-a qual terrível rival e moveu-lhe ataques desleais a ver se conseguia arredá-la do campo das competências religiosas.

            Enquanto isso, as concepções da filosofia niilista pairavam no alto, nos areópagos das academias.

            Presentemente, porém, a cena se mudou.

            O povo começa a executar as ilações das teorias dissolventes outrora defesas à sua curiosidade. Houve amplificação de contágio pelos veículos de imprensa, dos comícios e associações libertárias.  

            E a igreja vê-se assediada por mais outro elemento de destruição.

            Nesta conjuntura sem remédio, recorre a argumentos de fé, exaltando o valor do Deísmo quando, no fundo, apenas defende o próprio interesse comprometido pelas correntes do socialismo revolucionário.


segunda-feira, 26 de abril de 2021

Recusa significativa

 

Recusa significativa

por Vianna de Carvalho           Reformador (FEB) Fevereiro 1920

             Causou péssima impressão, entre estudiosos de questões religiosas, o ofício que o Cardeal Arco Verde fez dirigir ao esforçado campeão de Teosofia - Coronel Raymundo Seidl - explicando o não comparecimento de representante do Catolicismo na festa da fraternidade.

            Os termos daquele documento, a despeito da insinuação de polidez fingida que aparece aqui e ali como disfarce à prepotência do pensamento geral da tese jesuítica, acusam o espírito estreitíssimo da seita e sua absoluta divergência dos modelos expostos no Evangelho.

            A teologia continua adotando - ao menos na parte teórica - os mesmos processos em voga nos ominosos (sinistros) séculos da idade medieval.  

            Anquilosou-se (cristalizou-se) na irredutibilidade do dogma.  

            E, enquanto tudo progride dentro da civilização ambiente, ela teima no propósito esdrúxulo de permanecer intangível apesar dos erros que a ciência positiva lhe vem descobrindo a cada passo.

            É óbvio que, com semelhantes disposições, a igreja estará sempre em campo oposto às iniciativas liberais.  

            Conscientemente reage contra a lei de evolução e prega o imobilismo como preceito imposto essencialmente à grei (rebanho) de seus fiéis.  

            Daí o rol de proibições regulamentadas, de vez em quando, nos conciliábulos do Vaticano.

            Ao católico não assiste o direito de se pertencer intelectualmente, nem de dispor da própria individualidade no intercâmbio da vida social.

            Não pode examinar livros escapos (isentos) à rubrica da autoridade eclesiástica; não se lhe consente frequência nos templos de outros credos, às sessões de Espiritismo nem às assembleias, fundamentalmente amorosas, organizadas pelos teosofistas.

            E porque esta disciplina rígida, absorvente e ridícula ao mesmo tempo?

            Para evitar confrontos prejudiciais às doutrinas do papado.

            Ah! Se os católicos raciocinassem sobre qualquer assunto da crença que receberam, desde o berço, mecanicamente!

            O prestígio do clero dissolver-se-ia como por encanto e cessaria a avalanche de dinheiro que corre para os palácios dos bispados e demais ramos da grande empresa cujo giro de capitalismo egoísta assume proporções assustadoras.

            Ora, um cardeal que se preza deve ser, antes de tudo, um homem de negócio.

            A presença dos devotos da Santa Sé na reunião promovida por nossos irmãos teosofistas, daria talvez ensejo a que alguns, menos carolas, viessem a inutilizar grilhetas (argolas presas as pernas de condenados) de credulidade rendosa que os trazem manietados aos interesses da cúria romana.  

            Logo, anátema seja lançado sobre os intuitos sãos dos discípulos de Blavatsky e se imprima ordem categórica para conseguir o máximo de redução no coeficiente da assistência ao prélio ferido harmoniosamente em prol da fraternidade universal.

            É assim que o catolicismo procede com relação às ideais nobres: repele-as sem análise e sonega lhes conhecimento aos escravos de suas arbitrariedades inquisitoriais.


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Diferenças radicais - Resposta a um católico



Diferenças radicais - Resposta a um católico
por Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) Abril 1918

            Vou explicar-vos as razões porque efetivamente não sou cristão no sentido emprestado erroneamente a esta palavra pela igreja romana.

            Para esta seita, ser cristão não é cumprir os preceitos admiráveis do Evangelho, não é imitar, quando possível, as sublimes lições da vida de Jesus.

            Tanto assim que, sendo o Mestre um simples carpinteiro, o papa é rei com todo o cortejo de mundanas grandezas.

            Enquanto o Cristo vestia a túnica dos pegureiros que não têm onde repousar a cabeça, seus pretensos continuadores cobrem de ouro e de púrpuras, alardeiam uma pompa de caráter pagão, cercam-se de luxo familiar aos tiranos do tempo de Senaquerib (Rei da Assíria. Reinou entre 705 a 681 a.C. É lembrado principalmente por suas campanhas militares contra Babilônia e Judá).

            O filho de Maria era humilde e perdoavas ofensas alheias; a igreja católica mostra-se sob um orgulho indomável e amaldiçoa, desde séculos, a quantos se não submetem a seus  desarrazoados caprichos.

            Cristo espalhava, sem remuneração, os benefícios de um amor incomparável; a igreja  vende os sacramentos, negocia com a salvação das almas, trafica com o reino dos céus.

            Cristo profligava os erros e o despotismo dos fariseus bafejados pela riqueza da Terra; a igreja rasteja aos pés dos potentados.

            No rabino genial conjugam-se as perfeições do missionário cumprindo a risca os desígnios da Providencia; na igreja proliferam os crimes e os atentados contra a vida e a consciência de nosso semelhante.

            A disparidade entre o ensino de Jesus e o dos concílios romanos não precisa de mais exemplos para se impor com a força dos axiomas irrespondíveis.

            Cristão, no conceito católico, é o homem escravizado ao culto externo, às regrinhas da disciplina religiosa, às bulas e pastorais ejaculadas de vez em vez, pelo zelo das autoridades eclesiásticas.

            Ouve missa, bate nos peitos, confessa ao padre suas mazelas espirituais, usa a opa (veste ou capa usada pelos religiosos católicos) nas procissões, torce entre os dedos, maquinalmente, as contas do rosário e crê no sortilégio dos escapulápios.

            Vive transido com o horror blasfemo de um Deus vingativo e implacável que tem embaixadores na Terra para a regularização dos negócios celestes. Isto não o impede, entretanto, de alimentar ódios, intolerância, dureza de coração, maledicências venenosas, invejas surdas, ambições insopitáveis e apego aos bens terrenos temporais. Não o impede de desejar todo o mal possível ao próximo, de vangloriar-se com o alheio infortúnio, de rogar pragas, atirar esconjuros sobre os que não comungam com as suas ideias.

            A piedade, a doçura, a indulgência, a mansidão... são coisas de que se não ocupa absolutamente.
           
            Rezando a sua Salve Rainha e pondo uma vela a arder em face do oratório bento, dá-se por satisfeito, repousa a consciência no cumprimento dessas puerilidades. 

            De tempos a tempos, a penitência dos confessionários, com a deglutição complementar da hóstia, lavam lhe os pecados velhos. Julga-se então apto para subir entre serafins tangendo liras vaporosas aos esplendores da felicidade eterna.  

            Mas, como a morte parece-lhe ainda longe, torna a pecar e copiosamente, fiado no perdão já tantas vezes concedido às suas faltas anteriores.

            Entre a prática do bem, das virtudes humildes e o abster-se de carne às sextas-feiras, ele prefere sempre este último sacrifício. É mais cômodo, mais ortodoxo e produz e produz resultados extraordinários.

            Pode-se realiza-lo conservando o orgulho, o egoísmo, a vaidade os rancores rubros que geram as explosões da criminalidade.

.............................................................................

            Agora vede o quo é ser cristão segundo o espiritismo. É ter gravado no recesso de nosso entendimento as passagens maravilhosas do Evangelho afim de evita-las nos casos concretos da existência humana. O espírita não bate nos peitos soturnamente mas ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Não veste opa nem se ajoelha ante imagens talhadas no mármore ou fundidas no bronze; adora o Ser Sensível com as efusões de sua alma extasiada com as magnificências da criação universal.  

            Para chegar ao céu, dispensa o caminho dos confessionários e considera muito mais benefícios o perdão das injúrias, o amor à justiça, a piedade para todas as fraquezas, a doçura e o amparo para todos os infortúnios.

            Faz-se menor entre os menores, combate a iniquidade, difunde a instrução,
protege ao órfão, enxuga as lágrimas da viuvez desolada.  

            Não incensa aos orgulhosos cercados de grandezas e de glórias efêmeras; lastima-os.

            Põe seu cuidado na vida futura, encara a dor como instrumento de progresso,  resigna-se às opressoras contingências do planeta, porque a sua verdadeira pátria está além, no seio augusto da Misericórdia Suprema.  

            Às suas más paixões guerreia sem cessar. E só se empenha tenazmente em conseguir moldar seu caráter nas linhas puras traçadas por Jesus para a edificação de todas as gerações.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Imortalidade



Imortalidade
por Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) Janeiro 1920


            Passa-se fenômeno singular nas contraditas que as velhas crenças religiosas movem ao Espiritismo.

            As bases da nova fé estão firmadas na existência de Deus e na continuidade do ser após a morte. Não discutamos, por agora, o máximo arcano da ciência, isto é, a realidade de uma Causa produtora das manifestações naturais - corpos, forças e espíritos.

            Consideremos apenas o problema da perpetuação da alma através da mutabilidade das formas que ela verifica em inumeráveis estádios de incoercível evolucionismo.

            Desde as primeiras idades do homem sobre a Terra, essa noção exigiu intuitivamente na caligem de inteligências rudimentares.

            Assombro do desconhecido, desejo de permanência egoística, reflexo de operações mentais elaboradas sob o espetáculo das coisas exteriores ... não importa.

            O fato em si pode escapar à decifração da filosofia mas não deixa de constituir um dos aspectos fundamentais da atividade consciente.

            A extensão da vida além das fronteiras visíveis deste mundo, era um pressentimento diluído nas imaginações das raças primitivas.

            Antes de haver religião organizada, lampejava nos cérebros obtusos a ideia vaga de outro destino colocado fora do tenebroso limiar do túmulo.

            Só muito mais tarde, os credos tecidos com a inspiração de iluminados, deram corpo a esses estremecimentos da psique.

            Todavia, as respectivas teorias foram se disseminando lentamente: germinaram nas Índias, Egito, Grécia, Roma... com diversas tonalidades de empréstimo, consoante a índole dos povos, costumes, tradições e feitios intelectuais que lhes eram peculiares.

            Chegaram assim, conservadas na pura esfera das abstrações, à segunda metade do século XJX.

            Até aí, proclamou-se a imortalidade sem demonstração objetiva. Tudo consistia em argumentos muitas vezes brilhantes, em teses defendidas ao sabor da lógica e da experiência introspectiva.

            De provas reais, palpáveis, contundentes, quase se não cogitava. Apesar da intervenção ostensiva de entidades extra terrenas nos acontecimentos humanos, as leis de tais manifestações permaneciam repudiadas por todas as formas do ensino dogmático.

            Fez-se necessária uma revolução nas opiniões tradicionalistas. O Espiritismo promoveu métodos especiais assegurando o conhecimento exato da sobrevivência de nossa individualidade.

            Pois bem: os credos de outrora procedem de maneira absolutamente contrária às regras do bom senso.

            Em vez de acolherem os subsídios que lhes trariam as documentações da nova ciência, - armam contendas e perdem terreno a cada investida agitada pela intolerância.

            Eles mesmos cavam assim a própria ruína; precipitam a desagregação das forças que até agora os mantiveram no regime social.

            E, enquanto definham como árvores ressequidas, a vaga do liberalismo abre caminho para o futuro e submerge na passagem os erros alimentados por um conservantismo absurdo.

            Tal é a lei: ou modificar-se ao influxo do progresso ou morrer dentro dos moldes incompatíveis com as aspirações de nossa época.




sexta-feira, 3 de maio de 2019

Combate ao ateísmo



Combate ao ateísmo
por Vianna de Carvalho
 Reformador (FEB) Jan 1920

            No último Consistório secreto, o atual chefe do catolicismo (Bento XV) – não da cristandade que é coisa absolutamente diversa – instruiu o Episcopado para que volte suas baterias contra o materialismo.

            O papa já excomungou a Teosofia, deu ordens relativas à extirpação do Espiritismo e das ideias protestantes. Agora, encara, frente a frente, o problema ateísta. Foi necessária a irrupção do bolchevismo na Europa, com tendências avassaladoras, para despertar o zelo pontifício na eliminação de princípios negativistas que se infiltram nas populações do velho continente.

            Há dezenas de anos que o materialismo faz seu curso pernicioso, corrompendo sobretudo a mocidade das faculdades superiores de ensino.

            A igreja permaneceu indiferente e calada ante essa inoculação de incredulidade no espírito das novas gerações.

            Mas, investia furiosamente se opondo á divulgação do Espiritismo que é, sem dúvida, o maior antídoto à infecção materialista em todas as suas manifestações.

            A razão dessa atitude se explica facilmente: o Vaticano compreendeu que era impossível reconquistar, com o absurdo revoltante dos dogmas, as classes ilustradas, inteligências saturadas de conhecimentos positivos.

            Restava a multidão que não raciocina e sustenta o comércio dos sacramentos.

            A esta, os fatos da ciência são como se não existissem.

            E, como a doutrina dos espíritos pode ser assimilada pelos homens simples e conduzem ao alijamento da bagagem católica, se impunha a sua condenação de qualquer forma.

            A teologia rançosa considerou-a qual terrível rival e moveu-a ataques desleais a ver se conseguia arreda-la do campo das competências religiosas.

            Enquanto isso, as concepções da filosofia niilista pairavam no alto, nos areópagos das academias.

            Presentemente, porém, a cena se mudou.

            O povo começa a executar as ilações das teorias dissolventes outrora defesas à sua curiosidade. Houve, amplificação de contágio pelos veículos da imprensa, dos comícios e associações libertárias.  

            E a igreja vê-se assediada por mais outro elemento de destruição.  

            Nesta conjuntura sem remédio, recorre a argumentos da fé, exaltando o valor do Deísmo quando, no fundo, apenas defende o próprio interesse comprometida pelas correntes do socialismo revolucionário.

sábado, 1 de dezembro de 2018

Combate ao Ateísmo



Combate ao ateísmo?
por Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) Janeiro 1920

            No último Consistório secreto, o atual Chefe do catolicismo – não da cristandade que é coisa absolutamente diversa – instruiu o Episcopado para que volte as suas baterias contra o materiaIismo.
            O papa já excomungou a Teosofia, deu ordens relativas à extirpação do Espiritismo e das ideias protestantes. Agora, encara, frente a frente, o problema ateísta. Foi necessária a irrupção do bolchevismo na Europa, com tendências avassaladoras, para despertar o zelo pontifício na eliminação de princípios negativistas que se infiltram nas populações do velho continente.  
            Há dezenas de anos que o materialismo faz seu curso pernicioso, corrompendo  sobretudo a mocidade das faculdades superiores de ensino.  
            A igreja permaneceu indiferente e calada ante essa inoculação de incredulidade no espírito das novas gerações.
            Mas investiu furiosamente se opondo à propagação do Espiritismo que é, sem dúvida, o maior antídoto à enfermidade em todas as suas manifestações.
            A razão dessa atitude se explica facilmente: o Vaticano compreendeu que era impossível reconquistar, com o absurdo revoltante dos dogmas, às classes ilustradas,  inteligências saturadas de conhecimentos positivos.
            Restava a multidão que não raciocina e sustenta o comércio dos sacramentos.
            A esta, os fatos da ciência são como se não existissem.  
            E, como a doutrina dos espíritos pode ser assimilada pelos homens simples e conduzem ao alijamento da bagagem católica, se impunha a sua condenação de qualquer forma.
            A teologia rançosa considerou-a qual terrível rival e moveu-lhe ataques desleais a ver se conseguia arreda-la do campo das competências religiosas.
            Enquanto isto, as concepções filosofia niilista pairavam no alto, nos areópagos das academias.  
            Presentemente, porém, a cena se mudou.
            O povo começa a executar as ilações das teorias dissolventes outrora defesas à sua curiosidade. Houve amplificação de contágio pelos veículos da imprensa, dos comícios e associações libertárias.  
            E a igreja vê-se assediada por mais outro elemento de destruição.
            Nessa conjuntura sem remédio, recorre a argumentos de fé, exaltando o valor do Deísmo quando, no fundo, apenas defende o próprio interesse comprometido pelas correntes do socialismo revolucionário.


domingo, 6 de agosto de 2017

Esquisitices e Espiritismo


Esquisitices e Espiritismo
Vianna de Carvalho por Divaldo Franco
Reformador (FEB) Novembro 1972

            Ressumam com frequência nos arraiais da prática mediúnica esdrúxulas superstições que tomam corpo, teimosamente, entre os adeptos menos esclarecidos do Espiritismo, grassando por descuido dos estudiosos, que preferem adotar uma posição dubitativa, malgrado a coerência doutrinária de que sobejas vezes deu mostras o insigne Codificador.

            Pretendendo não se envolver no desagrado da ignorância que se desdobra sob a indumentária de fanatismos repetitivos, alguns espíritas sinceros, encarregados de esclarecer, consolar e instruir doutrinariamente o próximo, fazem-se tolerantes com erros lamentáveis, em detrimento da salutar difusão da Doutrina de Jesus, ora atualizada pelos Espíritos Superiores. A pretexto de não contrariarem a petulância e o aventureirismo, cometem o deplorável engano de compactuarem com o engodo, desconcertando as paisagens da fé e, sem dúvida, conspurcando os postulados kardequianos, que pareceriam aceitar esses apêndices viciosos e jargões deturpadores como informações doutrinárias.

            É natural que a expansão de qualquer ideia de enobrecimento experimente a problemática da superfície em oposição ao valor da profundidade, empalidecendo momentaneamente. Como consequência, todo ideal que se desenvolve celeremente sofre o perigo de desgaste e desfiguração, caso não se precatem aqueles que se tornam propugnadores de suas virtualidades e ensinamentos, especialmente com o porte que caracteriza a Doutrina Espírita.

            De um lado, é a ausência de estudo sistemático, de autodidatismo espirítico haurido na Codificação, de atualização doutrinária em face das conquistas do moderno pensamento filosófico e tecnológico; doutro, é o desamor com que muitos confrades, após se adentrarem no conhecimento imortalista, mantêm atitude de indiferença, resguardando a própria comodidade, por egoísmo, recusando-se a experimentar problemas e tarefas caso se empenhassem na correta difusão e no eficiente esclarecimento espírita; ainda, por outra circunstância, é a falsa super valorização que se atribuem muitos, preferindo a distância, como se a função de quem conhece não fosse a de elucidar os que jazem na incipiência ou na sombra das tentativas infelizes; e, por mal dos males, é porque diversos preferem a falsa estima em que se projetam ilusoriamente, em lugar do aplauso da consciência reta e do labor retamente realizado...

            ...E surgem esquisitices que viram manchetes do sensacionalismo da imprensa, mais interessada na divulgação infeliz, que atrai clientes, do que na Informação segura, que serve como luzes do esclarecimento eficiente.

            Médiuns e médiuns pululam nos diversos campos da propaganda, autopromovendo-se, mediante ridículos conciliábulos com as fantasias vigentes no báratro em que se converteu a Terra, sem aferição de valores autênticos, com raras exceções, conduzindo, quase sempre, a deplorável vulgaridade a nobre mensagem dos Céus, assim chafurdando levianamente nos vícios em que incorrem. Fazem-se instrumentos de visões extravagantes e dizem-se dialogando com anjos e santos desocupados, quando não se utilizam, ousadamente, dos venerandos nomes do Cristo e de Maria, dos Apóstolos como dos eminentes sábios e filósofos do passado, a retomarem com expressões da excentricidade, abordando temas de somenos importância em linguagem chã, com despautérios, em desrespeito às regras elementares da lógica e da gramática, na forma em que se apresentam. Pareceria que a desencarnação os depreciara, fazendo-os perder a lucidez, o patrimônio moral-intelectual conseguido nos longos sacrifícios em que se empenharam arduamente. Prognosticam, proféticos, os fins dos tempos e, imaginosos, recorrem ao pavor e à linguagem empolada, repetindo as proezas confusas de videntes atormentados do pretérito, atormentados que são, a seu turno, no presente.

            Utilizando-se das informações honestas da Ciência, passam à elaboração de informes fantásticos, ensaiando débeis vagidos de "ciência-ficção", desencadeando debates com arrimo em provas inexpressivas retiradas de lacônicos telegramas das agências noticiosas, com que esperam positivar seus informes sobre a vida em tais ou quais condições nesse ou naquele planeta do sistema solar, ou noutra galáxia que se lhes torne simpática, como se a Doutrina já não houvera oportunamente conceituado com segurança a questão, à Ciência competindo o labor de trazer a sua própria afirmação, sem incorrerem os espiritistas no perigo do ridículo desnecessário.

            Outras vezes, entregam-se à atualização de antigas crendices e feitiços, enredando os neófitos em mancomunações com Entidades infelizes, ainda anestesiadas pelos tóxicos da última encarnação, vinculadas às impressões do em que acreditavam e se demoram cultuando... Estimulam, assim, o vampirismo, inconsequentes, aumentando o número de obsidiados, por meio de conúbios nefários em que padecem demoradamente...

            Receitam práticas estranhas e confusas, perturbando as mentes que se encontram em plena infância da cultura como da experiência superior, tornando-se chefes e condutores cegos que são, a conduzirem outros cegos, terminando, conforme a lição evangélica, por caírem todos no mesmo abismo...

            O Espiritismo é simples e fácil como a verdade, quando penetrado. Deixá-lo padecer a leviana aventura de pessoas irresponsáveis, ingênuas ou malévolas é gravame de que não se poderão eximir os legítimos adeptos da Terceira Revelação.

            Como não é lícito fomentar debates ou gerar discussões improdutivas, cabem, frequentemente, sempre que possíveis, as honestas informações que levem a distinguir entre Doutrina Espírita e doutrinas espiritualistas, prática espírita e práticas mediúnicas, opinião espírita e opiniões medianímicas, calcadas tais elucidações na Codificação Kardequiana que delineou, aliás, com muita propriedade, as características do Espiritismo, conforme se lê na Introdução de "O Livro dos Espíritos", estando presentes em todo o Pentateuco, que desdobra os postulados mestres em magníficos estudos de perfeita atualidade, a resistirem a todas as investidas da razão, da técnica e da fé contemporâneas.

            A função de terapia moral do Espiritismo é incomparável. Torná-lo reduto de banalidades e imediatismos, convertendo-o em mesa farta de frivolidades, seria conspurcá-lo dolorosamente.

            Doutrina de comportamento, imprime nos adeptos integridade e dignificação, constituindo rota e veículo de progresso a todo aquele que aspire a mais fecundos horizontes, ambicionando perspectivas mais felizes para si e para o próximo.

            Aprofundar, portanto, estudos, no seu organismo doutrinário, é dever de todo espírita consciente, que passará a lecioná-lo, como decorrência do auto aprimoramento, com segurança e lucidez, não permitindo que a urze do absurdo ou o escalracho da fantasia se lhe imiscuam, gerando dificuldades compreensíveis nas mentes necessitadas e nos espíritos sofridos que pululam em toda parte, sedentos da água viva do Consolador Prometido, que já se encontra na Terra há mais de um século, prenunciando o período de felicidade que se avizinha e de que nos deveremos constituir pioneiros, pela forma como apresentarmos e vivermos o Espiritismo com Jesus.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Allan Kardec, venerado Mestre e excelso Codificador do Espiritismo


Allan Kardec,
venerado Mestre e excelso Codificador do Espiritismo 
por Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) pág. 108 ano 1908

            Pairava ainda nos âmbitos da Europa o estridor das demolições perpetradas pelo escopro inexorável da Enciclopédia.

            Os horizontes da Civilização se afogavam na escuma dos ódios revolucionários.

            A França, para inscrever os direitos do homem no código sereno da Justiça, desencadeara uma hecatombe horrível.

            Caudais de sangue tinham ensopado o solo, em que mais tarde a árvore da liberdade deveria abrir a sombra amiga, protegendo os humildes e os fracos contra as cóleras do despotismo.

            Na fauce hiante daquela voragem, assinalando o trágico expirar do século dezoito, não se sumiu apenas a um trono, mas todo um passado coberto de labéus e ferido de morte pela condenação das consciências revoltadas.

            As crises históricas têm o seu cortejo pavoroso de iniquidades, as suas aberrações e anomalias resvalando no crime, mas também resplandecências redentoras se esparzindo gloriosamente por sobre o montão de ruínas que semeiam na passagem veloz. A reforma das agremiações humanas, combalidas por vícios tradicionais, aprisiona em seu bojo tempestades condensadas pela imprevidência dos legisladores.

            Se o dinamismo irresistível da evolução arranca as raízes das tiranias, ao mesmo tempo desfere golpes nas armaduras das aspirações de cuja vitalidade haure os lauréis de seus triunfos.

            O poder esmagado de Luís XVI não valia a cabeça genial de André Chenier, rolando do cadafalso ao tigrino clamor das multidões desvairadas.

            Quando Voltaire, Diderot, Montesquieu, Condorcet... faziam fermentar, com análises perscrutadoras e audaciosas teorias, os gérmens de um cataclismo social, nem pressentiam sequer a série tenebrosa de atentados, desfraldada depois em nome da Ciência, do Progresso e da Fraternidade.

            Por isso, os alvores do século das luzes surgiam tintos dos funéreos reflexos exalados ao crepitar das batalhas fumegantes.

            A torrente das agitações intestinas revolvera tumultuariamente os esteios da ordem administrativa, econômica e intelectual de um povo se arremessando para o futuro por um longo tirocínio de provanças e obscurantismo.

            Destarte, após aquele arrojo titânico, sob cujas ondas fragorosas tantas existências naufragaram, persistiria, como persistiu, o frêmito de aniquilar quanto era ainda vestígio das gerações caducas.

            As águias napoleônicas transpunham neves alpinas, sorridentes planícies da romanesca Itália, franjas alvacentas do Mediterrâneo, e iam-se agasalhar no topo das pirâmides petrificadas em plena vastidão dos areais infindos.

            Os prelúdios de uma glória, soerguida ao estourar das metralhas, já cobriam de cinzas o cadáver das instituições, amparadas um momento pelo verbo flamívomo de Mirabeau nas assembleias submissas à fascinação da eloquência.

            Precursores nimbos de borrasca vizinha mareavam o azul do Velho Continente.

            Muito em breve, legiões sombrias, devorando as distâncias com a impetuosidade das avalanches soltas, tinham de assentar seus arraias em Austerlitz, Wagram, em Zaragoza... ao som de músicas guerreias abafando as soluções das vítimas ceifadas.

            Nessa hora de suprema angústia, parecia que se cerravam as pálpebras divinas nos penetrais do Infinito.

            Não formulemos, porém, conjetura tão blasfema; pois nesse mesmo ano em que Pio VII esquecia as suntuosidades anti-religiosas do Vaticano, ao vir coroar Bonaparte em Paris, um meigo Espírito se exilava das alturas felizes, descendo à Terra no cumprimento de uma esplêndida missão altamente regeneradora.

            Sabeis-lo... esse Espírito seria o insigne codificador de uma doutrina em cujo seio há repouso para todas as fadigas, bálsamo para todos os infortúnios e esperanças para todas as incertezas de nossa mísera existência.

            Allan Kardec, enviado pela misericórdia celeste, vinha renovar as promessas de Jesus, restabelecer a pureza de seus ensinos, falseados através das idades, e erigir o lábaro da Nova Revelação sobre o cairel de mil conturbadas paixões.

            A tarefa assumia relevos verdadeiramente desanimadores.

            Nas épocas de transição, só os gigantes do pensamento envergam a enfibratura de aço, personificada nesse herói da grega mitologia que estrangulou a hidra de Lema, domou o touro da ilha de Creta e conseguiu subtrair os frutos de ouro do jardim das Hespéridas.

            Kardec mediu a travessia eriçada de abrolhos, cavada de pélagos vorazes, com esse olhar da águia que aprende, desde nova, a só fitar os alcantis alterosos.

            A sua responsabilidade era tão grande como a obra, a cuja edificação vinha consagrar todas as energias e estremecimentos de uma alma que se devota ardentemente à causa do bem comum.

            Vacilar ou esmorecer, seria o retardamento do progresso humano em sua marcha ascensional aos páramos da luz.

            Aquele Titã do Espiritualismo contemporâneo, antes se deixaria esmagar ao peso de desventuras imensas, do que retroceder em face das oposições levantadas pelo egoísmo dos sistemas filosóficos e credos religiosos a se digladiarem encarniçadamente.

            Iniciada a trajetória que se traçara, obedecendo aos nobres impulsos de uma compleição diamantina, seguiu-a sem discrepâncias até ao marco extremo, com a serenidade dos justos e o desassombro dos fortes coroando-lhe a fronte em fúlgidos diademas.

            As farpas da inveja e da calúnia, a baba dos preconceitos, os gritos dos interesses inconfessáveis feridos em seus redutos, debalde se insurgiram contra os salutares princípios enfaixados possantemente por sua lógica de bronze.

            Esses embates sem norte se estilhaçavam de encontro à couraça de suas convicções luminosas.

            É que ele era a viva encarnação da tenacidade posta ao serviço de sentimentos puríssimos.

            Por fim as tubas do triunfo desatavam já as suas festivas notas, quando a morte o surpreendeu no retinir das pelejas.

            O estrênuo lidador caiu como o cedro da floresta ao sopro dos furacões, mas o seu Espírito ascendeu mais refulgente aos visos da imortalidade.

***

            Mestre, a esta hora, por toda a parte, hinos de gratidão se evolam em torno de tua memória estrelejada de bênçãos.

            A família espírita universal curva-se agradecida pelos benefícios que nos legaste, legando-nos também o exemplo fecundo de tantas abnegações dignas somente dos missionários da Verdade.

            A doutrina que pregaste - a mesma de Jesus - continua de pé, como o rochedo que no alto mar a fúria das vagas desafia.
           
            Não prevaleceram contra ela os golpes arremessados pelos ódios e injustiças venenosas de teus contemporâneos.

            É a própria Ciência que se impõe o dever de proclamar, pela voz de seus luzeiros, a inquebrantável solidez do Espiritismo.

            Somente, ainda não soou o instante de nossa completa regeneração.

            Até hoje os espíritas não se penetraram suficientemente desses raios vivificantes, que são o amor, a justiça e o perdão...


            Ajuda-nos, pois, a transpor os abismos interpostos entre a nossa tristíssima condição de degradados e a inalterável felicidade destinada a todas as criaturas pela misericórdia sem términos do Pai Celestial. 

sábado, 24 de outubro de 2015

Sem Vacilações




            Ante a volúpia com que os aficionados do niilismo moderno proclamam a morte da fé, do conhecimento religioso e a desnecessidade da comunhão espiritual entre a criatura e o Criador, já que para eles todo o Universo resulta de leis mecânicas e inconscientes, aglutinadas e desarticuladas por fluxos e refluxos da casualidade, a que atribuem recursos divinatórios que tomam à própria Divindade, convém recordar o exemplo multissecular, ocorrido com São Jerônimo, e que pode servir para sensatas e oportunas reflexões.

            Recolhido à intimidade da sua cela, no monastério em Belém, o monge concluíra a tradução das Escrituras para o Latim e se encontrava traçando os Comentários adicionais, quando foi informado de que Alarico I, rei dos Visigodos, invadira Roma, saqueando-a depois de haver assolado o Oriente, e prosseguia investindo cruel contra o mundo cristão, deixando após a passagem das suas hordas a destruição, a morte, e reduzindo cidades inteiras a amontoados de ruínas e cinzas...

            Era, então, o ano de 410 da era cristã.

            Desanimado, acreditando desnecessário o seu imenso esforço e nobre trabalho, Jerônimo escreveu: “Que fica, se Roma passa?!”


            Logo depois, Alarico morreu em Concença e ficaram as trevas de uma noite intérmina de 700 anos de amarguras, inquietudes, desaires...

            Embora a dolorosa desilusão do pai da Vulgata Latina, a Humanidade se soergueu da Idade Média e os Descobrimentos alargaram os limites da Terra, iluminados pelo Conhecimento que, com as suas luzes, acendeu as claras antemanhãs dos séculos porvindouros.

            Epidemias lamentáveis que ameaçaram não poucas vezes a Civilização foram expulsas e vencidas; a ignorância paulatinamente tem sido rechaçada; a criminalidade não encontra amparo legal nos diversos países; “o direito divino dos reis” não mais foi considerado; “os direitos do homem” se impuseram; a criança e a mulher passaram a ser respeitadas e os animais hoje encontram defensores em toda a parte; a guerra é repelida com estoicidade e o mundo respira esperança em todas as frentes, anunciando-se um período de paz que não tardará... Organismos Internacionais estudam e defendem as liberdades dos povos minoritários, estabelecendo acordos de entendimento e justiça; fiscalizam os crimes de genocídio e outros, e buscam impedi-los ; interferem contra o tráfico de entorpecentes e de criaturas humanas, e cuidam de fazer-se respeitar...

         
   Os direitos do chamado “terceiro mundo” são examinados em igualdade de condições, e, embora os nimbos borrascosos que eriçam as cristas das águas encapeladas dos oceanos da Civilização, aqueles direitos exigem respeito, convocando, quando necessário, a opinião mundial que se sensibiliza e arregimenta valores em ação socorrista, através de órgãos específicos, tais a ONU, a UNESCO, a Cruz Vermelha Internacional, ou por meio de tratados que enobrecem o gênero humano, qual o de Genebra que cuida dos prisioneiros de guerra... 

            Indubitavelmente muitos crimes são ainda cometidos contra a Humanidade, à luz do beneplácito de governos desalmados, ou à socapa, nas sombras de hediondos conciliábulos.

            Há, sem dúvida, muita anarquia, muita libertinagem e ondas de pavor crescem ameaçadoras, em todos os quadrantes...

            O homem, no entanto, continua libertando-se do instinto para levantar-se na inteligência e alcançar a angelitude.


            A princípio vagarosamente, depois com mais celeridade, podem observar-se os resultados do investimento “homem” e as belas conquistas do “respeito pela Vida”.

            Esse mesmo homem já foi além da Terra, conheceu a constituição do seu satélite e estabelece no momento a ponte para outros e audaciosos voos por todo o Sistema Solar.

            As matemáticas puras e aplicadas, a Física, a Química, a Biologia, as Ciências Psíquicas, a Cirurgia e a Cibernética assinalam recordes e todos os conhecimentos sofreram graves revoluções nos conceitos passados ante o impacto desbravador das conquistas recentes. 

            Todos eles, no entanto, ao invés de negarem Deus e matarem a fé, mais os atestam, por abrirem perspectivas então mais grandiosas, exigindo imediata revisão filosófica, porque reduzindo todas as manifestações no campo da forma a ondas, vibrações, mentes e energia.

            O espírito humano recebe embate cada hora mais violento, enquanto o homem prossegue intimorato e sonhador no rumo do Infinito e da Eternidade.

            Fita as noites estreladas com interrogações não menos pungentes do que as fazia seus antepassados primitivos, na alvorada dos tempos, e diante da morte formula inquietantes quesitos que lhe nublam o semblante de angústia e de amargas frustrações.

        
    “Uma religião científica” - proclamam sociólogos, psicólogos, cientistas.

            “Uma religião da ciência, uma religião da filosofia, uma religião da razão” - afirmam com ênfase os novos partidários do Conhecimento, a fim de atender-lhes a sede científica de investigação.

            Conferindo, porém, os resultados tíbios a que chegaram os partidários da “religião da
Humanidade” ou Filosofia Positivista, elaborada por Augusto Comte, que não resistiu à revolução tecnológica, somos convidados a considerar a Religião Espírita que há mais de cem anos estabelece as pontes de luz entre ciência e fé, razão e fé, técnica e fé.

            O Espiritismo tem fundos vínculos com todos os ramos do Conhecimento, por tratar da “origem, destino dos Espíritos e as relações existentes entre o Mundo Espiritual e o Mundo Corporal”, como bem o definiu Allan Kardec,  assinalando que “se prende a todos os ramos da Filosofia, da Metafísica, da Psicologia e da Moral”.

            Elucida a velha problemática da Filosofia e clarifica muitas das afirmações claudicantes da Antropologia; da Paleontologia, da Eugenia, da Embriogenia e, “caminhando ao lado da Ciência no campo da matéria, admite todas as verdades que a Ciência comprova; mas, não se detém onde esta última para: prossegue nas suas
pesquisas pelo campo da Espiritualidade.”

            Longe de se constituir num corpo de Doutrina estática, parasitária, reveste-se de conceitos dinâmicos e progressistas, evoluindo com o próprio Conhecimento, assentando as bases das suas afirmações nos pontos capitais e irreversíveis: Deus, imortalidade, comunicabilidade dos Espíritos, reencarnação e pluralidade dos mundos habitados, podendo enfrentar sofismas, “modernismos” e descobertas, pois que “avançando com o progresso jamais será ultrapassado (o Espiritismo) porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro a cerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto, se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”, como esclareceu com profundo senso racional o incomparável Codificador, ficando o verdadeiro espírita com o fato científico, sem qualquer dano para a convicção, assentada igualmente em fatos confirmados também pela Ciência.

            Por tais razões, não diremos; ante as dimensões do momento científico, que a fé passará, e não concordamos com os apressados pessimistas dos dias modernos que assim o creem ou fazem crer. Antes, pelo contrário, a palavra de Jesus, clara e forte, roteiro da maioria das Nações da Terra, hoje se avulta e se afirma, graças à comunicabilidade dos Espíritos que a confirmam em todo lugar, inspirando a sociedade hodierna a avançar, proclamando, ao mesmo tempo, a Era venturosa da Humanidade feliz que logo advirá.

Sem Vacilações
Vianna de Carvalho por Divaldo Franco

Reformador (FEB) Julho 1970