XXVI a
‘Apreciando a Paulo’
comentários
em torno
das Epístolas de S. Paulo
por Ernani Cabral
Tipografia Kardec – 1958
Ora, irmãos, não quero que ignoreis
que nossos pais
estiveram debaixo da nuvem, e todos passaram
pelo mar.
E todos foram batizados em Moisés,
na nuvem e no mar.
E todos comeram dum mesmo manjar
espiritual.
E beberam todos de uma mesma bebida
espiritual,
porque bebiam da pedra espiritual
que os seguia;
E A PEDRA ERA CRISTO”.
(Paulo 1ª Epístola aos Coríntios,
10:1 a 4).
Paulo de Tarso alude aqui à passagem
do povo hebreu pelo Mar Vermelho e ainda ao “maná do deserto”, a que o Velho
Testamento se refere, respectivamente, nos capítulos 14 e 16 de Êxodo, o
segundo livro do Pentateuco. Ele considera esse manjar como sendo espiritual,
cujo conceito assim é mais conforme com a natureza do fenômeno. Diz ainda que
todos os judeus que fugiram da escravidão do Egito beberam também da mesma
bebida espiritual, “porque bebiam da pedra espiritual que os seguia: e a pedra
era Cristo”.
A verdade é que, constantemente,
quer pelas palavras de Jesus como pelas de seus apóstolos, vê-se a correlação,
a entrosagem, do Novo com o Antigo Testamento. Portanto, ninguém deve -
dizendo-se espírita cristão - negar valor à Bíblia, pois que aí se fundamentam
as três revelações de Deus.
São Paulo afirma, em um dos
versículos supra transcritos, que o Espírito do Cristo já seguia o povo hebreu
em seu êxodo, presidindo sempre os destinos da Humanidade e orientando mesmo
aquela nação, à qual fora dada a incumbência de divulgar ao mundo a primeira
revelação divina, o monoteísmo, de vez que os outros povos, até então, eram
politeístas. Jeová teria sido o Espírito encarregado de falar àquele povo em
nome de Deus. Conforme lição de Ernesto Renan, “imaginava-se que não fora
propriamente Deus que se mostrara nas teofanias da antiga Lei, mas que se tinha
substituído por uma espécie de medianeiro, o maleak Jehovah”.
Mas a ideia do Deus único e
verdadeiro acabou por se impor à aceitação dos povos cultos, sendo os deuses do
Olimpo derribados de seus pedestais, em face da recomendação bíblica: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não
farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no
céu, nem embaixo na Terra, nem nas águas, debaixo da terra; Não te encurvarás a
elas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que
visito a maldade dos pais sobre os filhos até na terceira e quarta geração daqueles
que me aborrecem, e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os
meus mandamentos.” (Deut., 5:6 a 10).
Apesar de afirmativas tão
categóricas, proibindo o culto das imagens, “seja do que há em cima no céu, como embaixo na Terra”, o que não
podia deixar lugar a dúvidas, nem a exceções, a Igreja Católica Romana,
desrespeitando o Velho Testamento e um dos mandamentos da lei de Deus,
restabeleceu, em 787, aquele culto pagão, cuja heresia transformou em dogma de
fé, no 2º Concílio de Niceia. E permitiu ainda a venda de imagens, de estampas
e de terços, até no interior de suas catedrais, como vimos na célebre igreja de
N. S. do Rocio, em Paranaguá. ao lado da sacristia, e consoante se verifica até
na basílica de São Pedro, em Roma, onde esse comércio é praticado nos cômodos
existentes em torno de sua cúpula, sendo que ali se vendem também souvenires
para os turistas...
XXV b
‘Apreciando a Paulo’
comentários em torno
das Epístolas de S. Paulo
por Ernani Cabral
Tipografia Kardec – 1958
Jesus expulsou os vendilhões que se
achavam no átrio ou à porta do templo de Jerusalém (Marcos, 11:15 a 17), mas eles
hoje passaram para dentro das igrejas, com o apoio dos sacerdotes católicos
que, por sua vez, cobram preço avultado pelos sacramentos, não vendo nesse negócio
nada de abominável, apesar da condenação de Jesus, que jamais devia ser
sofismada.
Dizer que o Espírito-Santo assiste o
papa para permitir esse negócio de “coisas sagradas” no interior das igrejas, é
o cúmulo da irreverência, mas tal não surpreende, porque o Vaticano possui,
para multiplicar sua riqueza nababesca, o “Banco DeI Santo Espirito”, que
funciona regularmente, há muitos anos, com ótimos lucros...
O certo é que, uma das maiores
rendas do Vaticano é a bênção papal, cujo preço varia conforme a qualidade do
papel, e que já se encontra impressa e assinada, às centenas, bastando pagar
para que o nome do beneficiado seja preenchido! Não escrevemos isto pelo prazer
de censurar, mas pelo dever que temos, como cristão, de mostrar quanto a Igreja
de Roma se tem distanciado dos ensinamentos de Jesus, mercantilizando a fé e
até infundindo terror nas consciências, com o dogma do inferno, que bem satisfaz
seus propósitos de dominação temporal... É mesmo com tristeza que escrevemos
isto, porque melhor seria que não existir tal desvirtuamento do Cristianismo,
mas o certo é que, vulgarizando esses fatos, achamos estar prestando um serviço
à verdade e à pureza da religião, em prol da qual pelejamos com fundamentos
bíblicos e com firmeza de convicção, condenando a simonia.
Eis porque os Mensageiros do Senhor
se esforçam agora para fazer restabelecer o culto a Deus, “em espírito e
verdade”, praticado sinceramente, isto é, sem interesses pecuniários ou de dominação
política, tal como se verificava entre os primeiros cristãos. Eles davam-se
ainda às práticas mediúnicas, estabelecendo o intercâmbio com o Espírito-Santo,
como São Paulo mesmo esclarece no capítulo 12 dessa Primeira Epístola aos
Coríntios. Tal a razão por que se diz, com muito acerto, que “o Espiritismo é o
Cristianismo redivivo em toda a sua pureza primitiva” ,quando era praticado sem
imagens, sem preconceitos dogmáticos e sem rituais, sendo dado de graça aquilo
que do Senhor se recebia, conforme o ensino de Jesus (Mateus, 10:8 in fine).
Nossos prezados irmãos protestantes
também procuram adorar a Deus sem imagens, mas aceitam ainda alguns dogmas do Catolicismo
romano, como o da Santíssima Trindade etc., e não exercitam os dons
espirituais, a que Paulo faz menção e que foram praticados pelos primeiros
cristãos. Além disto, embora não haja entre os protestantes tanta preocupação
com o dinheiro, como entre os dirigentes católicos, há, todavia, uma cobrança
de dízimos, à moda dos judeus... O fato é que o “dai de graça o que de graça recebestes”, que Jesus recomendou em
matéria religiosa, também não é observado ali com o necessário rigor. Não
estamos julgando, mas apenas assinalando fatos, repetimos, a bem da verdade.
Tanto é certo que na época
apostólica os discípulos do Senhor se davam às práticas espiríticas, que os
mais imparciais historiadores, como Ernesto Renan, a isto se referem. Renan foi
livre pensador, não filiado a qualquer igreja, por vezes irreverente, e até
céptico com relação aos fenômenos espiríticos, cuja verdade nega, por serem contrários
à Ciência, como ele diz. Mas ninguém lhe pode contestar o profundo conhecimento
das origens do Crístianismo, cuja história estudou apaixonadamente, durante
vinte anos (“Marco Aurélio e o Fim do Mundo Antigo), introd., pág. VIII),
visitando, no século passado, quando viveu na Terra, a Palestina, em todos os
lugares palmilhados por Jesus. Por isto mesmo, o testemunho de Ernesto Renan é
insuspeito, a propósito de certos assuntos (como o da prática espírita entre os
primeiros cristãos), consoante se lê em sua obra “Os Apóstolos” (tradução de E.
A. Salgado,
Porto, 1945), pág. 46:
“O pensamento dominante na
comunidade cristã, depois que cessaram as aparições, era a vinda do
Espírito-Santo. Julgavam recebê-lo sob a forma de um sopro misterioso, que deslizava
por cima das pessoas reunidas. Imaginavam muitos que era o próprio sopro de
Jesus (João, 20:22). Uma consolação íntima, um movimento de coragem, um impulso
de entusiasmo, um sentimento de alegria viva e deleitosa que não sabiam de que
procedia, tudo era obra do Espírito. Aquelas boas consciências atribuíam, como
sempre, a uma causa externa os sentimentos singulares que nelas desabrochavam.
Era um particular nos ajuntamentos que se realizavam esses estranhos fenômenos
de iluminismo. Quando todos estavam reunidos e se esperava em silêncio a
inspiração de cima, um murmúrio, qualquer rumor, fazia crer na vinda do
Espírito. Nos primeiros tempos eram as aparições de Jesus que se realizavam do
mesmo modo. Agora estava mudado o curso das ideias. Era o hálito divino que
corria sobre a pequena Igreja e a enchia de celestes eflúvios.
“Estas crenças se prendiam com
concepções bebidas no Antigo Testamento. O espírito profético é mostrado nos
livros hebreus como um sopro que traspassa o homem e o exalta. Na bela visão de
Elias (1 Reis, 19:11-12), Deus passa figurado em leve vento, que produz leve
sussurro. Essas antigas imagens tinham
produzido, nas épocas baixas, crenças muito análogas às dos espiritistas de
hoje. (O grifo é nosso.) Na ascensão de Isaías (Ascensão de Isaías, 6:6 e
seguintes - versão etíope) a vinda do Espírito é acompanhada de certos ruídos
nas portas. Todavia, o mais das vezes, concebia-se essa vinda como um outro
batismo, isto é, “o batismo do Espírito”, muito superior ao de João”. (Mateus,
3:11; Marcos, 1:8; Lucas, 3:16; Atos, 1:5; 11:16; 19:6 e I João, 5:6 e
seguintes).
Tais afirmativas, que são
semelhantes a de todos os estudiosos das origens do Cristianismo, correspondem
aos esclarecimentos de Paulo sobre os dons espirituais (I Cor., 12),
confirmando sua prática pelos primitivos cristãos.
Tudo isto comprova que o Espiritismo
cristão nada mais é, conforme os Mensageiros do Senhor hoje confirmam, do que o
Cristianismo verdadeiro, tal e qual era praticado pelos apóstolos do Senhor
Jesus e pelos primeiros discípulos, que as igrejas ortodoxas desviaram mais
tarde de sua rota genuína, enxertando-a de dogmas, mas que o Espírito Santo
agora procura restaurar, em toda a sua pureza primitiva, cumprindo as promessas
do Cristo de Deus (João, 14:26 e 16:12 a 14).
Já Paulo de Tarso dizia: “Não extingais o Espírito” I Tess.,
5:19). Aquelas igrejas, infelizmente, tem procurado extinguir ou sufocar o
Espírito, proibindo as comunicações com ele, esquecidas do ensinamento de outro
apóstolo, João Evangelista, que também declara:
“O Espírito é o que testifica, porque o Espírito
é a verdade.” (I João, 5:6, in fine)
Todavia, o que há de mais digno de
realce nesses versículos de Paulo, que ora procuramos comentar, é a assertiva
categórica do apóstolo dos gentios de que a pedra era Cristo.
Portanto, para terminar este artigo,
passemos a outra ordem de considerações.
Com efeito, Jesus Cristo é o
fundamento, a essência, a pedra básica de sua Igreja, que é espiritual, porque
composta de todos aqueles (não importa o credo, nem o plano da vida) que tenham
instalado o reino de Deus dentro de si mesmos. Esses são cristãos, porque creem
e praticam, dando testemunho de sua fé, através de obras que a demonstram ou
que a comprovam.
Realmente, se as leis e os profetas
se resumem no amor (Mateus, 22 :40); se os próprios mandamentos da lei de Deus
foram sintetizados em tão nobre sentimento (idem, 22:37 a 39); se Deus, Ele
próprio, é amor (I João, 4:8), quem pauta seus atos pela caridade é cristão,
pouco importando a religião a que esteja filiado.
É claro que o Espiritismo dá melhor
entendimento, mais esclarecimentos e compreensão a quem o adota, e a
possibilidade de conduzir-se com mais acerto, porque “conhece-se o espírita
pela sua transformação moral”, que se objetiva ainda em atos de caridade. Mas
isto não quer dizer que monopolizemos a Jesus, pois que ele pertence a toda a
Humanidade, isto é, a todos os que procuram cumprir com boa vontade os seus
mandamentos. E, assim, o que salva não é somente a fé, mas sobretudo as obras
que a testificam.
XXV c
‘Apreciando a Paulo’
comentários em torno
das Epístolas de S. Paulo
por Ernani Cabral
Tipografia Kardec – 1958
Nossos prezados irmãos católicos
pensam que São Pedro é a pedra fundamental da Igreja do Cristo. Baseiam-se em
Mateus, 16:18 para assim entenderem.
Seria estranho que Jesus, o Cristo,
o Messias prometido à Humanidade, Salvador e Redentor nosso (porque nos indica
o verdadeiro caminho para tal), fundasse uma religião e desse como base da
mesma um seu inferior, um subalterno, isto é, a pessoa de um seu apóstolo, o
qual, por mais puro que fosse, a ele não se poderia comparar, nem em virtudes,
nem tão pouco em conhecimentos.
Mas temos a recordar que o próprio
Pedro reconhece no capítulo segundo, versículo quarto, de sua Primeira
Epístola, que Jesus é a PEDRA VIVA, “para com ??? Deus eleita e preciosa”.
Bastariam as opiniões categorizadas
dos dois apóstolos, Paulo de Tarso e Simão Pedro, sobretudo a deste, que não se
considera, mas ao Cristo, como a PEDRA fundamental de sua Igreja, para
procurarmos descobrir outra interpretação ao Evangelho segundo Mateus, no texto
citado, mais conforme com a verdade. É o que procuraremos fazer, comentando
agora o capítulo dezesseis de Mateus, versículos 13 a 20, que dizem:
“E
chegando Jesus às portas de Cesareia de Filipo, interrogou aos seus discípulos,
dizendo: “Quem dizem os homens ser o filho do homem?
E eles disseram: Uns João Batista,
outros Elias, e outros Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: TU ÉS O
CRISTO, o FILHO DE DEUS VIVO.”
E
Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to
não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai que está nos céus.
Pois também te digo que tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela.
E eu te darei as chaves do reino dos
céus.
Então mandou a seus discípulos que a
ninguém dissesse que ele era o Cristo.”
Diga-se de passagem que, se os
judeus pensavam que Jesus era Elias, Jeremias ou um dos profetas, falecidos há
séculos, é porque achavam possível a reencarnação, já admitida por muitos...
Mas foi Simão Pedro quem dera a
resposta exata, fazendo a revelação: Jesus era o Cristo, o filho de Deus vivo!
“E Jesus, respondendo, disse-lhe:
Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não REVELOU a carne ou o sangue,
mas meu Pai que está nos céus.
Pois também eu te digo que tu és
Pedro e sobre essa pedra edificarei minha igreja.”
A PEDRA em que Jesus edificou sua
igreja, portanto, não foi Pedro, mas A REVELAÇÃO ou a confissão feita por
Pedro, de que Jesus era o Cristo, o filho de Deus vivo. O texto da Vulgata fala
em super
petram e não em super Petrum. “Sobre a pedra” e não “sobre
Pedro”, foi que ele edificou sua Igreja. E A PEDRA ERA CRISTO, conforme São
Paulo nos afirma, secundado ainda por São Pedro, consoante já demonstramos.
Assim, Jesus fundou sua religião sobre
aquela revelação de Pedra???, de que ele era o Cristo, o filho de Deus vivo,
tanto que mais tarde o confirmou em João, 14:6, dizendo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
Se a PEDRA fosse Pedro, alguém poderia ir ao Pai por seu intermédio. Mas Jesus
frisou, como vimos acima: “NINGUÉM VEM
AO PAI, SENÃO POR MIM”.
A interpretação supra é também a dos
primeiros e mais abalizados doutores da Igreja Apostólica Romana. É o que
afirma Huberto Rohden, em seu livro “Agostinho”, em longa nota à pág. 292, de
sua segunda edição.
Diz aquele culto escritor que Santo
Agostinho também entendia que “a pedra é Cristo”, e não Pedro, opinião essa
seguida por dezesseis teólogos, “antigos padres e escritores eclesiásticos”.
Afirma ainda que quarenta e quatro doutores da Igreja Romana consideram a
confissão de Pedro (ou a revelação) como sendo a rocha (ou a pedra), o que vem
a dar na mesma coisa, pois que tal confissão é de que “Jesus é o Cristo, filho
de Deus vivo”, como se vê
em Mateus, 16:16. E que somente dezessete teólogos católicos sustentam que “a
pedra é Pedro”.
O assunto também se acha bem
esclarecido no célebre discurso do bispo Strossmayer, pronunciado no Concílio
Ecumênico de 1870, quando foi decretado o dogma da infalibilidade do papa, que
é talvez o maior disparate da Igreja Romana, legítima heresia, pois infalível
só Deus o é. Aquela notável peça oratória, publicada em “Roma e o Evangelho”,
edição da Federação Espirita Brasileira, merece ser divulgada e conhecida por
todos os que se interessam pela pesquisa da verdade, sem tabus ou receios
infundados, pois Jesus jamais excomungou, e ninguém tem o direito de fazê-lo em
seu nome, de vez que sua doutrina é de perdão e de amor.
Assim, lutar pelo bem e pela verdade
é dever de todo cristão, que precisa ter a coragem necessária para buscar o
esclarecimento de seu espírito, embora evitando discussões ou polêmicas, mas
examinando tudo e escolhendo o que for melhor, como Paulo recomenda ainda em I
Tess., 4:21.
Ele foi o vaso ou o aparelho
mediúnico escolhido por Jesus para vulgarizar o Cristianismo, e suas epístolas
merecem meditadas, porque nelas existe a água pura que dessedenta, esclarece e
redime.
Fácil é concluir daí que o Senhor
deu a Pedro as chaves do reino dos céus, que é a sua doutrina, mas que este não
a monopoliza. São Pedro, como qualquer cristão sincero, tem as chaves do reino
dos céus, que é o amor. E o que Pedro ligasse na Terra seria ligado nos Céus,
assim como tudo o que fazemos na Terra é ligado nos Céus, pois, “a cada um será dado segundo as suas obras”.
(Mateus, 16:27)
Embora os apóstolos fossem
evidentemente Espíritos de luz, em missão, nenhum na Terra foi maior do que
outro, e Jesus mesmo assim o considerou: “O
maior entre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado;
e o que a si mesmo se humilhar, será exaltado”. (Mateus, 23:11, 12.)
São Pedro nunca foi papa, figura que
não existiu entre os primeiros cristãos, como está historicamente provado,
conforme Rui Barbosa bem o esclarece, em “O Papa e o Concílio”. Se o tivesse
sido, os “Atos dos Apóstolos” o teriam registrado. Bem ao contrário, Paulo de
uma feita repreendeu a Pedro, como se vê em Epístola aos Gálatas, 2 :11, o que
comprova que este não era o chefe da Cristandade, cujo dirigente é Jesus, a
verdadeira pedra em que sua Igreja se alicerça.
Assim, repitamos com Paulo: A PEDRA
É CRISTO, rocha viva de nossa fé e de nossa esperança!