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domingo, 6 de novembro de 2011

Deus



Deus
I
Largos anos passei, aí no mundo,
A pensar, meditando na existência
De Deus ― o Ser de paz e de clemência,
Fonte de todo o amor puro e fecundo.

Eu fiz, na sua busca, estudo fundo
Através toda a humana consciência,
E dos ínvios caminhos da Ciência
Pela Terra, no Mar, no Céu profundo.

Bem desejava achá-lo, amá-lo e vê-lo,
E servi-lo, e adorá-lo e conhecê-lo,
Em doce crença inalterável, viva.

Mas não o vi jamais, porque, mesquinho,
Enveredei aí por mau caminho:
― O trilho da ciência positiva.

II

Eu devia buscá-lo onde Ele mora:
Na suma perfeição da Natureza,
E no esplêndido encanto e na beleza,
Do Céu, do Mar, da Luz, da Fauna, e Flora.

Eu podia encontrá-lo em cada hora
Nessa vida: ― no Amor, e na Pureza,
Na Paz e no Perdão, e na Tristeza,
E até na própria Dor depuradora.

Mas eu andava cego e nada via;
E a Vaidade escolheu para meu guia
A Ciência falaz, enganadora!

Se o guia fosse a Fé ou a Bondade,
Vê-lo-ia daí na Imensidade,
Como, em verdade, O vejo em tudo agora.

Anthero de Quental
por Fernando de Lacerda
            in pág. 222/223 da 5ª Ed. (1990) FEB de “Do País da Luz” Volume 3

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Deus



‘Deus’
            Para creres em Deus, não o procures em livros escritos pela mão do homem; lê o livro escrito por ele mesmo – a Natureza. Vê um pistilo de flor esperando a fecundação. Depois acompanha a evolução da semente transformando-se em árvore que é uma série maravilhosa de maquinismos em funcionamento conjugado, inteligentíssimo, recebendo diretamente a energia solar para seu funcionamento. Durante o crescimento da planta está-se construindo um edifício: a água é o elevador de material; cada célula é um tijolo inteligente que vai postar-se em seu devido lugar.
            Verás na planta o mistério sublime da vida, toda ela previamente planejada por uma Inteligência superior que cogitou de todos os pormenores. A par desse planejamento, verás a Força construtora, a mesma que planeja executa os sóis e suas famílias de astros, as constelações e as nebulosas, os universos sem fim.
            Da planta, eleva-se um pouco no estudo da vida, sobe ao reino animal. Examina o casal de passarinhos, movidos pela mesma Inteligência que plenificou a planta, e neles já tomou a forma de instinto de reprodução, começou a colaboração dos sexos em favor da prole vindoura. Examina o ovinho como examinaste a semente fecundada, porque ele é igualmente uma semente fecundada e revela o mesmo planejamento inteligentíssimo.
            Examina a gestação de um mamífero na floresta, sem a intervenção do homem; depois o nascimento e a infância do animal. Reflete sobre a evolução planejada e executada através dos milênios: sáurio[1], arqueoptérix[2], ave. Lembra-te da evolução imensa que está por trás do sáurio e imagina a que está por diante do pássaro.
                        Cuida depois do homem. Apanha-o em Nendertal, por não poderes apanhá-lo antes, e acompanha-o pelas cavernas, pelas diversas idades da pedra, pelas palafitas, pelas civilizações primitivas até chegares a Juri Andrejevic Gargarin e imagina sua evolução nos milênios vindouros.
            Em tudo descobrirás uma Inteligência que faz os planejamentos para a eternidade, quer se trate da plantinha rasteira do campo, ou de uma constelação imensa ou de uma nebulosa infinita, em tudo a mesma Força misteriosa da Vida, manifestando-se pelas sábias leis da Natureza, o Livro de Deus. Emprega o nome que quiseres para nomear essa Força misteriosa, essa Inteligência, essa Providência que em tudo se manifesta, ou deixa-a sem nome, mas temos de curvar-nos diante d’Ele.

Ismael Gomes Braga
inCartas a Laura” – 1ª Ed – Ed Floresta - 1998


[1] Sáurio – ‘lagartos’
[2] Arqueoptérix – aves do período Jurássico

domingo, 3 de julho de 2011

'Amor a Deus e ao Próximo'



Amor
a Deus
e ao Próximo


            Sejam quais forem a tua grandeza moral e o teu poder sobre a natureza dócil, confessa e reconhece, em todos os momentos de tua vida, a Onipotência do Criador.
            Inclinas-te ante Deus, Teu Senhor Supremo, de quem tiraste a tua existência e que te reserva em uma outra vida destinos ainda superiores.
            Sabe mostrar-te digno da feliz imortalidade que te espera em um novo mundo, se a houveres merecido, pelo culto constante da tua alma e pelo cumprimento dos teus deveres para com os teus semelhantes e para com a Divindade.
Louis Figuier
Reformador (FEB)  1.8.1907

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deus e Jesus


Deus

1.         CONCEITO.  - Toda e qualquer tentativa para elucidar a magna questão da Divindade redunda sempre inócua, senão infrutífera, traduzindo esse desejo a vã presunção humana, na incessante faina de tudo definir e entender.
2          Acostumado ao imediatismo da vida física e suas manifestações, o homem ambiciona tudo submeter ao capricho de sua lógica débil, para reduzir à sua ínfima capacidade intelectual a estrutura causal do Universo, bem assim as fontes originárias do Criador.
3          Desde tempos imemoriais, a interpretação da Divindade tem recebido os mais preciosos investimentos intelectivos que se possam imaginar.
4          Ordinariamente confundido com a Sua obra, mereceu temido pelos povos primitivos, que legaram à culturas posteriores a sedimentação supersticiosa das crendices em que se fundamentavam o seu tributo de adoração, transitando mais tarde para a humanização da divindade mesma, eivada pelos sentimentos e paixões transferidos da própria mesquinhez do homem.
5          A medida, porém, que os conceitos éticos e filosóficos evoluíram, a compreensão da Sua natureza igualmente experimentou consideráveis alterações. Desde a manifestação feroz à dimensão transcendental, o conceito do Ser Supremo recebeu de pensadores e escolas de pensamento as mais diversas proposições, justificando-o ou negando-lhe a realidade.
6          Insuficientes todos os arremedos filosóficos e culturais, quanto científicos, posteriormente, para uma perfeita elucidação do tema, concluiu-se pela legitimidade da Sua existência, graças a quatro grupos de considerações capazes de demonstrá-Lo de forma irretorquível e definitiva, a saber:
            a) cosmológicas, que O explicam como a causa única da Sua própria Causalidade, portanto real, sendo necessariamente possuidor das condições essenciais para preexistir antes da Criação e sobreexistir ao sem-fim dos tempos e do Universo;
            b) ontológicas, que O apresentam perfeito em todos os Seus atributos e na própria essência, explicando, por isso mesmo, a Sua existência, que, não sendo real, não justificaria sequer a hipótese do conceito, deixando, então, de ser perfeito. Procedem tais argumentações desde Santo Anselmo, dos primeiros a formulá-las, enquanto que as de ordem cosmológica foram aplicadas inicialmente por Aristóteles, que O considerava o “Primeiro motor, o motor não movido, o Ato puro”, consideração posteriormente reformulada por Santo Tomás de Aquino, que nela fundamentou a quase  totalidade da Teologia Católica;
            c) teleológicas, mediante as quais o pensamento humano, penetrando na estrutura e ordem do Universo, não encontra outra resposta além daquela que procede da existência de um Criador. Ante a harmonia  cósmica e a beleza, quanto à grandeza matemática e estrutural das galáxias e da vida, uma resultante única surge: tal efeito procede de uma Causa perfeita e harmônica, sábia e infinita; morais, defendidas por Emmanuel Kant, inimigo acérrimo das demais, que, no entanto, eram apoiadas por Spinoza, Bossuet, Descartes e outros gênios da fé e da razão. Deus está presente no homem, mediante a sua responsabilidade moral e a sua própria liberdade, que lhe conferem títulos positivos e negativos, conforme o uso que deles faça, do que decorrem as linhas mestres do dever e da autoridade.
7          Essa presença na inteligência humana, intuitiva, persistente, universal, faz que todos os homens de responsabilidade moral sejam conscientemente responsáveis, atestando, assim, inequivocamente, a realidade de um Legislador Absoluto, Suprema Razão da Vida.
8          Olhai o firmamento e vede a Obra das Suas Mãos, proclama o Salmista Davi, no Canto 19, verso primeiro, conduzindo a mente humana à interpretação teleológica, cosmológica e cosmogônica, para entender Deus.
9          Examina a estrutura de uma molécula e o seu finalismo, especialmente diante do ADN, do ARN de recente investigação pela ciência, que somente a pouco e pouco penetra na essência constitutiva da forma, na vida animal, e a própria indagação responde silogisticamente, de maneira a conduzir o inquiridor à causa essencial de Tudo: Deus!
10        Outros grupos de estudiosos classificam os múltiplos argumentos em ordens diferentes: metafísicos, morais, históricos e físicos, abrangendo toda a gama de existente e do concebível.

11        DESENVOLVIMENTO. - Diversas escolas filosóficas do século passado desejaram padronizar as determinações divinas e a própria Divindade em linhas de fácil assimilação, na pretensão de limitarem o ilimitado.
12        Outras correntes de pesquisadores aferrados a cruento materialismo, na condições de herdeiros diretos do Atomismo greco-romano do pretérito, descendentes, a seu turno de Lord Bacon, como dos sensualistas e cépticos dos séculos XVIII e XIX, zombando da fé ingênua e primitiva, escravizada nos dogmas ultramontanos dos religiosos do passado, tentaram aniquilar histórica e emocionalmente a existência de Deus, por incompatível com a razão, conforme apregoavam mediante sistemas sofistas e conclusões científicas apressadas, como se a própria razão não fosse perfeitamente confluente com o sentimento de fé, inato em todo homem, conforme o demonstram os multifários períodos da História.
13        Sócrates já nominava Deus como “a razão perfeita”, enquanto Platão O designava por “idéia do bem”.
14        O neoplatonismo, com Plotino, propôs o renascimento do Panteísmo, fazendo “Deus, o Uno Supremo”, que reviverá em Spinoza, não obstante algumas discussões na forma de Monismo, que supera na época o Duelismo cartesiano.
15        O monismo recebe entusiástico apoio de Fichte, Hegel, Schelling e outros, enquanto larga faixa de pensadores e místicos religiosos empenhava-se na sobrevivência do Dualismo.
16        Mais uma vez alardeou-se que “Deus havia morrido”, proclamando-se a desnecessidade tanto da fé como da Sua Paternidade, para imediatamente, reiteradas vezes, com a mesma precipitação, voltarem esses negadores a aceitar a Sua realidade.
17        A personagem concebida por Nietszche, que sai à rua difundindo haver “matado Deus”, chamando a atenção dos passantes, após o primeiro choque produzido nos círculos literários e intelectuais do mundo, no passado, estimulou outras mentes à negação sistemática. Fenômeno idêntico acontecera no século anterior, quando os convencionais franceses, supondo destruir Deus, expulsaram os religiosos de Paris e posteriormente de todo o pais, entronizando a jovem Candeille, atormentada bailarina da Ópera, como a Deusa Razão, que deveria dirigir os destinos do Pensamento intelectual de então, ante Robespierre e outros, em Notre Dame.
18        Logo, porém, depois de múltiplas vicissitudes, o curto período da Razão fez que Deus retornasse à França, e muitos dos Seus opositores a Ele se renderam, declarando haver voltado ao Seu regaço, cabisbaixos, arrependidos, melancólicos. Deus vencia, mais uma vez, a prosápia utopista da ignorância humana!
19        Repetida a experiência no último quartel do “século das luzes”, tornou a ser exilado da Filosofia e da Ciência por uns e reconduzido galhardamente por outros expoentes culturais da Humanidade.
20        Novamente, ante o passo avançado da Tecnologia moderna, através da multiplicidade das ciências atuais, pretende-se um Cristianismo sem Deus, uma Teologia não teísta, fundamentada em cogitações apressadas, que pretendem levar o homem à “busca das suas origens”, como que desejando situá-lo na Natureza, mantê-lo selvagem por incapacidade de fazê-lo sublime.
21        Tal fenômeno reflete a acelerada decadência histórica e moral das velhas instituições, na Terra de hoje, inaugurando uma Nova Era...
22        As construções sociais e econômicas em falência, as arquiteturas religiosas em soçobro, as aferições dos valores psicológicos e psicotécnicos negativamente surpreendentes, o descrédito inspirado pelos dominadores, em si mesmos dominados, pelos vencedores lamentavelmente vencidos pela inferioridade das paixões em que se consomem, precipitaram o agoniado espírito humano na “busca do nada”, das formas primeiras, rompendo com tudo, como se fora possível abandonar a herança divina inata inapelavelmente em todas as criaturas, para esquecer, apagar, confundir a inteligência com os impulsos dos instintos e retornar às experiências primeiras da forma, quando estava em articulação...
23        Concomitantemente, porém, surgem figurações morais, espirituais, místicas e científicas, sofrendo os embates que a dúvida e o cepticismo impõem, resistindo, todavia, estoicamente, na afirmação da existência de Deus, apoiadas pela Filosofia e Ética espíritas, que são as novas matrizes da Religião do Amor, pregada e vivida por Nosso Senhor Jesus-Cristo.
24        CONCLUSÃO. - “Deus é amor”, afirmava João.
            “Meu Pai”, dizia reiteradamente Jesus, conceituando-O da forma mais vigorosa e perfeita que se possa imaginar.
25        E Allan Kardec, mergulhando as nobres inquirições filosóficas nas fontes sublimes da Espiritualidade Superior, recolheu, através dos imortais, que “Deus é a Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, em admirável síntese das mais felizes, completando a argumentação com a asserção de que o homem deve estudar “as próprias imperfeições a fim  de libertar-se delas, o que será mais útil do que pretender penetrar no que é impenetrável”, concordante com o ensino do Cristo, em João: “Deus é Espírito e importa que os que O adoram, O adorem em espírito e verdade”.
  Joanna de Ângelis
( por Divaldo P. Franco, em 8-5-1971) 
Após, publicado em ‘Estudos Espíritas’ Ed Leal.


































sábado, 21 de maio de 2011

A Missão de Jesus


A Missão de Jesus

Reformador (FEB) 01.08.1920
Assina: Vinicius
               
                Jesus não veio fundar uma igreja como tantas já então existentes no seu tempo. Não há paralelo entre Jesus e Maomé, entre Jesus e Buda, entre Jesus e Lutero, entre Jesus e Comte, entre Jesus e o papado romano.

            Os organizadores de seitas religiosas agiram visando estabelecer igrejas suas, em caráter pessoal, embora se reportassem às tradições, às esculturas, à ética, à ciência ou qualquer outra base - Todas elas personalizaram seus feitos.

            Daí a origem dos cismas e das facções que dividiram a família humana em torno de um ideal cujo objetivo fundamental é precisamente o contrário: é unir e irmanar os homens numa aspiração comum, na conservação de destinos que são os mesmos para todos - Refiro-me ao alvo da Religião.

            Jesus não trouxe à Terra um sistema religioso a mais. Ele teve por missão revelar Deus à humanidade. No desempenho desse mandato, revelou ao mundo a Religião. Revelando a Religião, prescreveu as religiões.

            Encarnando Deus e a sua justiça, Jesus instruiu os homens no conhecimento da verdade eterna, de cuja ignorância provém todos os males e todos os sofrimentos.

            Incarnando Deus e a sua justiça, não faz obra humana: revelou a obra divina. Destruiu o sectarismo, fazendo ver aos homens que eles devem buscar conhecer a Religião e não pretenderem criar religiões, visto como, a Religião é a verdade e a verdade é eterna, incriada, coexiste com Deus.

            Tal é  que depreendemos das palavras de Jesus “ Nada faço de Mim mesmo, mas em tudo procedo conforme a vontade do Pai.” A doutrina que ensino não é Minha mas Daquele que Me enviou. Quem Me rejeita, não rejeita a Mim próprio, mas sim  Àquele que Me enviou.” 

            Deus se revela ao mundo debaixo de todas as formas. As maravilhas da criação, a harmonia dos astros e do universo em geral, a sabedoria das leis que regem a mecânica celeste - são manifestações inequívocas da Divindade. Contudo, Deus precisava revelar-se no íntimo do homem. Deus quis manifestar-se através do bem, como já havia se manifestado através do belo. Quis mostrar-se no interior, como já se havia mostrado no exterior. O mundo já o conhecia na exteriorização de sua força, de seus poder, da sua inteligência, de sua sabedoria. Era absolutamente necessário que o conhecesse através do seu amor. Já o tinham visto como o supremo arquiteto, senhor dos céus e da Terra. Era, porém, mister que o conhecessem na intimidade, como Pai, através do perdão, da misericórdia, da solicitude, da longanimidade.

            Neste ambiente, não havia quem pudesse revelá-lo sob tal prisma. Veio, então, Jesus ao desempenhar a sua missão.

           A natureza revela Deus objetivamente. Jesus no-Lo revela subjetivamente, através do amor, da verdade, da justiça. A natureza nos fala de Deus à razão, Jesus nos fala de Deus ao coração.

         Os profetas, como intermediários entre o céu e a Terra, falaram de Deus como homens. Jesus, como Cristo, falou de Deus na qualidade de oráculo do próprio Deus.

        Os profetas refletiram Deus através das imperfeições humanas. Jesus o refletiu com fidelidade, porque não havia em sua alma imaculada nenhuma mancha que pudesse empanar o brilho da Divindade.

            Revelar Deus e a sua justiça: eis a missão de Jesus Cristo.