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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Desapontamentos

 


Desapontamentos

Valérium por W. Vieira

Reformador (FEB) Fevereiro 1962

 

            O homem ocioso repousara em excesso e perdera o sono.

            Tentando dormir mais uma vez, recolheu-se em aposento isolado.

            Depois de algum tempo, ressonava...

            Respiração estertorosa.

            Assobios estridentes.

            Passa um, quarto de nora.

            Emitindo sons mais altos, acorda a si mesmo.

            Levanta-se e sai, furioso, procurando o suposto responsável pelo desagradável ruído que o despertou...

 *

             Muitos atos das criaturas são semelhantes a esse.

            Aspiram simplesmente ao sono do repouso falso.

            E, quando, despertam, contrariadas, para a realidade espiritual que as cercam, buscam, em desespero, alguém a quem possam incriminar por sua incúria e desgosto, mas encontram, invariavelmente, em si mesmas, as únicas responsáveis.  

            Assim ocorre nas pequeninas contrariedades da vida humana e nas grandes desilusões da vida espiritual, após a viagem da morte.

 *

          Não culpe a ninguém por suas frustrações, presentes ou futuras.

            Ore, vigie e analise os próprios desapontamentos e verá que, ressonando na ociosidade e acordando na dolorosa vigília do arrependimento, o único responsável por eles é sempre você mesmo.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Contra Senso


Contra senso
Valérium
por W. Vieira
Reformador (FEB) Jan 1962

            Alguém bate à porta principesca.
            Ela, a dona da casa, atende.
            Abre a porta e encontra pobre velhinho à frente.
            Andrajoso. Cansado. Feridento.
            É um pedinte que roga auxílio,
            Fria e insensivelmente, ela despede o visitante, dizendo nada ter que possa dar.
            E volta resmungando à intimidade doméstica, maldizendo o infeliz.
            - É malandro: - declara.
            E acrescenta:
            - Para vadios, só a cadeia.

            Nisso, pequeno rato desliza-lhe pelos pés.
            Assustadíssima, clama por socorro. Chora.
            Fecha-se, superexcitada, em quarto próximo, a lastimar-se.
            Bate-lhe o coração fortemente, as mãos tremem, a face está lívida e, por fim, depois de um copo d’água, procura o festejado gato de estimação para exterminar o camundongo.

                                                                       *

            Assim são muitas de nossas comoções.
            Não vibramos ante os quadros dolorosos que pedem ajuda e agitamo-nos, agoniados, diante de incidentes banais.         

                                                                       *

            Amigo, controle a sensibilidade, vigiando reações e policiando as ideias, para que o rendimento maior dos seus dias, à luz do Evangelho Vivo, seja realidade em seu caminho.

            Recorde que muita gente na Terra enfeita gatinhos prediletos e se enoja diante de irmãos em luta.

            E há milhares de almas outras que exibem clamorosa frieza ante os apelos do bem e mostram imensa emoção à frente de um rato.