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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A grande contribuição: o Perispírito!

 

A grande contribuição: o Perispírito!

por Jarbas Leone Varanda

 Reformador (FEB) Julho 1965  

              Sem dúvida alguma, grande contribuição doutrinária do Espiritismo ao conhecimento humano, no campo científico, filosófico e religioso, foi a revelação racional da existência desse laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a Matéria e o Espírito: o perispírito! Este, segundo os Espíritos do Senhor, é uma espécie de envoltório semi material que, com a morte do corpo físico (invólucro mais grosseiro), acompanha o Espírito, possibilitando, assim, a sua manifestação em determinadas condições, permanecendo, todavia, normalmente em estado invisível. Daí a afirmação de Kardec de que o espírito não é, pois, um ser pensamento, mas um ser real, circunscrito e que, em determinados casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato. Além disso, com a sua descoberta, cientificamente tornou-se possível a relação entre a alma e o corpo, como se torna possível a existência, por exemplo, do sopro, graças às moléculas do ar. Não fosse o perispírito, Kardec não falaria do Espírito como falou.

            Em verdade, a atuação do Espírito sobre a matéria, até então considerada impossível filosoficamente, dada a natureza de ambos as realidades, é somente verificada quando admitimos a existência desse elemento intermediário. Dessa forma, não há ação direta da alma sobre o corpo senão por meio de uma terceira substância que, participando da natureza de ambas, sirva como traço de união, de mediação entre elas.

            Realmente, como poderia Alma, considerada substancialmente como “imaterial”, atuar sobre o “material”, senão através de um terceiro elemento?

            Reconheçamos, todavia, que esse entendimento pressupõe a aceitação do fato de que as coisas e os seres são vistos dinamicamente, de conformidade com o seu plano vibratório, na ordem das mutações, das transformações. O perispírito, como manifestação da vida, não foge às suas leis. Situa-se num plano vibratório próprio da escala evolutiva das coisas e por isso mesmo, é constituído de matéria extremamente rarefeita, a qual não só serve aos Espíritos como veículo de ação, mas também como instrumento de exteriorização. Isso quer dizer que a matéria existe em diferentes estados vibratórios. Nesse sentido, estamos com a ciência moderna, principalmente depois da desintegração atômica.

            E é esse o motivo por que alguns teólogos menos avisados, alicerçados na obra do jesuíta F. M. Palmés, afirmam que o Espiritismo é um materialismo mais refinado. Acontece, entretanto, que quando falamos de matéria constitucional do perispírito nós nos referimos a u’a matéria evolutivamente superior a que conhecemos como tal e que serve de intermediária entre o Espírito e o corpo físico, mas que não se confunde com a realidade “imaterial” da Alma. O que acontece é que esta tem necessidade do elemento intermediário para a sua manifestação.

            Tivesse Spinoza – esclarece-nos o professor Romanelli no seu opúsculo “Espiritismo é Ciência” e que fazemos nosso no presente artigo – pressentido sua existência (do perispírito) e ele não teria asseverado, estamos certos, em sua “Ética”, que a alma cessa de existir com a morte do corpo. Façamos lhe, todavia, justiça, reconhecendo, como ele, que a alma sem corpo carece de sentido. Para nós, seria como se não existisse, assim como não existiria o sopro, se não houvessem as moléculas de ar, pelas quais lhe temos a noção de existência. O nosso entendimento é incapaz de compreender as coisas em si mesmas fora das relações de ordem organolética e matemática. E a alma está em o número dessas coisas, só nos certificamos de sua existência mediante suas manifestações, e estas não nos podem afetar a percepção dos sentidos senão por meio de um corpo. Hoje, pode-se provar a existência desse corpo (o períspirito), como podemos manipular no mundo químico, desde que observadas as condições necessárias.

            Assim, graças aos fenômenos espíritas e às sucessivas experiências levadas a efeito no mais extraordinário laboratório de todos os tempos, o mediúnico, ficou provada a existência desse corpo que os Espíritos denominam de – perispírito.   E é em virtude desse agente de ligação entre o Espírito e a Matéria que conseguimos a visibilidade, no ponderável, do primeiro, isto é, do Espírito. A razão por que não vemos normalmente esse corpo é a mesma por que não se veem as radiações infravermelhas e ultravioletas, cuja existência é revelada por seus efeitos, respectivamente, térmicos e químicos, e de que ninguém de om senso ousaria duvidar. A razão por que esse agente de ligação atravessa os corpos físicos, isto é, a matéria em qualquer de seus aspectos, é a mesma por que as radiações invisíveis (cujo poder de penetração é maior do que os Raios X, no dizer de Sir James Jean) atravessam os corpos sólidos. Há ainda a acrescentar – relembra-los mais uma vez o Prof. R. Romanelli – o fato da descontinuidade da matéria.

            Com o estudo desse corpo, verdadeiro agente de ligação, grandes contribuições serão observadas experimentalmente no campo da Biologia, da Psicologia, etc. Assim é que, por exemplo, os fenômenos ditos do subconsciente só se explicam em função de determinadas propriedades do perispírito.  Nesse sentido, ainda, como se explicaria, sem o concurso de um corpo intermediário, o mecanismo das volições anímicas? Aliás, todos os fenômenos vitais, desde a fecundação do ovo até a completa desorganização do ser estão condicionados às atividades do perispírito. É o que nos demonstra o iluminado Espírito de André Luiz, principalmente em “Evolução em Dois Mundos”. Os modernos embriogenistas, comprovando a presença de uma ideia diretriz no fenômeno da geração, suspeitam da existência do períspirito ou parecem suspeitar. Rostand afirma no seu livro “Un Germe au Nouveau Né”: “Se há um domínio em que a Vida parece seguir um plano determinado, obedecer a uma ideia diretriz, esse domínio é o da embriogenia. Tudo aí se passa como que calculado, premeditado, na hora e lugar precisos.” O mesmo conceito já tivera um Cláudio Bernard em “La Science Experimentale”.

            Como estamos vendo, cada dia que passa mais sentimos a necessidade filosófica, científica e religiosa do perispírito no quadro do conhecimento humano. Além do mais, o idealismo, consubstanciando as velhas crenças espiritualistas, só poderá encontrar nova vida através da aceitação do perispírito, sem esquecer a lei da reencarnação presente no esquema evolutivo universal, a fim de que as descrenças cessem, as dúvidas se dissipem e a tese imortalista continue sendo o estandarte da Humanidade terrena.


sábado, 16 de julho de 2011

Podemos evocar os espíritos?



Podemos
evocar os Espíritos?


Jarbas Leone Varanda
Reformador (FEB), pág. 75 - Maio 1994

                Está surgindo em determinados órgãos da imprensa espírita uma discussão que reputaríamos acadêmica, se não víssemos a ação sutil das trevas visando atacar a obra mediúnica de CHICO XAVIER: é a questão da EVOCAÇÃO DIRETA dos espíritos. Podemos ou não evocar diretamente os Espíritos? Levantou-se a celeuma em razão de comunicações dadas pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel DESACONSELHANDO tal prática em nosso intercâmbio mediúnico, mais particularmente nas sessões práticas de desobsessão. Mais ainda, segundo alguns articulistas, como Josué de Freitas, tal desaconselhamento estaria enfraquecendo as nossas Casas Espíritas no tratamento das obsessões, e mais do que isto, contrariando ALLAN KARDEC, principalmente no Capítulo XXV de “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, quando cuida da matéria, justificando as evocações.
            Sem qualquer intenção de polêmica, mas tão somente de chamar a atenção para o ataque ao mais fiel continuador de Kardec, afirmamos que NÃO EXISTEM CONTRADIÇÕES entre o pensamento de André Luiz e Emmanuel e o do Codificador. Aqueles Benfeitores Espirituais não afirmam que não podemos evocar os Espíritos, mas apenas DESACONSELHAM tal prática pelos inconvenientes que as evocações podem trazer. Assim, André Luiz em “Desobsessão” aconselha que os médiuns esclarecedores não devem CONSTRANGER os médiuns psicofônicos, atentos ao preceito da ESPONTANEIDADE. No mesmo sentido Emmanuel, nas Questões 369 e 380 de “O Consolador”, salientando que, se Kardec se interessou pela EVOCAÇÃO DIRETA isto se deu em razão da TAREFA EXCEPCIONAL do Codificador, aliada às NECESSIDADES e aos MÉRITOS distantes da esfera de atividades dos aprendizes comuns!
            Realmente, não podemos nos esquecer de que KARDEC estava numa TAREFA ESPECIAL, como Codificador, dotado de uma AUTORIDADE MORAL e com respaldo numa ASSESSORIA espiritual da falange do ESPÍRITO DE VERDADE que lhe davam CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS excepcionais, até mesmo para fazer EVOCAÇÕES necessárias, condições essas ESPECIALÍSSIMAS que não mais se repetiriam na história do Espiritismo!... 
            Vale considerar, ainda, que Allan Kardec, depois de justificar as evocações, mostra-nos que tais práticas, se são passíveis de ÊXITO, os inconvenientes e os obstáculos são muito freqüentes, com a possibilidade das mistificações, afirmando que as comunicações espontâneas não têm tais inconvenientes, quando controlamos os Espíritos e temos a certeza de não deixar que os maus venham a dominar. É o Codificador que nos fala no item 272 do Cap. XXV de “O LIVRO DOS MÉDIUNS”:
            “Freqüentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos e já (...) vimos que eles são raros.”(o primeiro grifo é nosso; o segundo é do original.)
            Já no item 275 do mesmo Capítulo, Kardec enumera as causas que se podem opor à manifestação dos Espíritos, e são decorrentes do próprio Espírito ou estranhas a ele. No primeiro caso, cita as OCUPAÇÕES e MISSÕES que estejam desempenhando, por exemplo, como impedimentos. No segundo caso, cita as concernentes à NATUREZA do médium, à CONDIÇÃO da pessoa que evoca, ao MEIO em que se faz a evocação e, por fim, ao FIM a que se propõe. E no item 277, Kardec sintetiza o assunto dizendo que “a faculdade de evocar todo e qualquer Espírito não implica para este a obrigação de estar à nossa disposição (...)”.
            Para tudo isto, fácil se torna concluir que:
a)         conforme vimos, nossos Benfeitores André Luiz e Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, não contrariam a Codificação, pois APENAS ACONSELHAM e aconselhar não significa proibição e nem negação do pensamento kardequiano:;
b)         que a ESPONTANEIDADE deve ser a tônica de nosso intercâmbio mediúnico, valendo a afirmativa de que “o telefone deve tocar de lá para cá e não daqui para lá”.
            Vamos nos lembrar de depoimento recente de Stig Roland Ibsen:

            “Já ouvi pessoalmente de Francisco Cândido Xavier que Allan Kardec evocava os Espíritos porque tinha condições morais para isso. Chico disse que não se sente com a elevação necessária para tanto e por isso não evoca. Esta é também a minha posição em relação ao tema.”

                Concluindo: PODEMOS, sim, evocar os Espíritos, mas NÃO DEVEMOS, no melhor entendimento daqueles Benfeitores Espirituais!...