A grande contribuição: o Perispírito!
por Jarbas Leone Varanda
Reformador (FEB) Julho 1965
Em verdade, a atuação do Espírito
sobre a matéria, até então considerada impossível filosoficamente, dada a
natureza de ambos as realidades, é somente verificada quando admitimos a
existência desse elemento intermediário. Dessa forma, não há ação direta da
alma sobre o corpo senão por meio de uma terceira substância que, participando
da natureza de ambas, sirva como traço de união, de mediação entre elas.
Realmente, como poderia Alma,
considerada substancialmente como “imaterial”, atuar sobre o “material”, senão
através de um terceiro elemento?
Reconheçamos, todavia, que esse
entendimento pressupõe a aceitação do fato de que as coisas e os seres são
vistos dinamicamente, de conformidade com o seu plano vibratório, na ordem das
mutações, das transformações. O perispírito, como manifestação da vida, não
foge às suas leis. Situa-se num plano vibratório próprio da escala evolutiva
das coisas e por isso mesmo, é constituído de matéria extremamente rarefeita, a
qual não só serve aos Espíritos como veículo de ação, mas também como
instrumento de exteriorização. Isso quer dizer que a matéria existe em
diferentes estados vibratórios. Nesse sentido, estamos com a ciência moderna,
principalmente depois da desintegração atômica.
E é esse o motivo por que alguns
teólogos menos avisados, alicerçados na obra do jesuíta F. M. Palmés, afirmam
que o Espiritismo é um materialismo mais refinado. Acontece, entretanto, que
quando falamos de matéria constitucional do perispírito nós nos referimos a u’a
matéria evolutivamente superior a que conhecemos como tal e que serve de
intermediária entre o Espírito e o corpo físico, mas que não se confunde com a
realidade “imaterial” da Alma. O que acontece é que esta tem necessidade do
elemento intermediário para a sua manifestação.
Tivesse Spinoza – esclarece-nos o
professor Romanelli no seu opúsculo “Espiritismo é Ciência” e que fazemos nosso
no presente artigo – pressentido sua existência (do perispírito) e ele não
teria asseverado, estamos certos, em sua “Ética”, que a alma cessa de existir
com a morte do corpo. Façamos lhe, todavia, justiça, reconhecendo, como ele,
que a alma sem corpo carece de sentido. Para nós, seria como se não existisse,
assim como não existiria o sopro, se não houvessem as moléculas de ar, pelas
quais lhe temos a noção de existência. O nosso entendimento é incapaz de
compreender as coisas em si mesmas fora das relações de ordem organolética e
matemática. E a alma está em o número dessas coisas, só nos certificamos de sua
existência mediante suas manifestações, e estas não nos podem afetar a
percepção dos sentidos senão por meio de um corpo. Hoje, pode-se provar a existência
desse corpo (o períspirito), como podemos manipular no mundo químico, desde que
observadas as condições necessárias.
Assim, graças aos fenômenos
espíritas e às sucessivas experiências levadas a efeito no mais extraordinário
laboratório de todos os tempos, o mediúnico, ficou provada a existência desse
corpo que os Espíritos denominam de – perispírito. E é em virtude desse agente de ligação entre
o Espírito e a Matéria que conseguimos a visibilidade, no ponderável, do primeiro,
isto é, do Espírito. A razão por que não vemos normalmente esse corpo é a mesma
por que não se veem as radiações infravermelhas e ultravioletas, cuja
existência é revelada por seus efeitos, respectivamente, térmicos e químicos, e
de que ninguém de om senso ousaria duvidar. A razão por que esse agente de
ligação atravessa os corpos físicos, isto é, a matéria em qualquer de seus
aspectos, é a mesma por que as radiações invisíveis (cujo poder de penetração é
maior do que os Raios X, no dizer de Sir James Jean) atravessam os corpos
sólidos. Há ainda a acrescentar – relembra-los mais uma vez o Prof. R.
Romanelli – o fato da descontinuidade da matéria.
Com o estudo desse corpo, verdadeiro agente
de ligação, grandes contribuições serão observadas experimentalmente no campo
da Biologia, da Psicologia, etc. Assim é que, por exemplo, os fenômenos ditos
do subconsciente só se explicam em função de determinadas propriedades do perispírito.
Nesse sentido, ainda, como se explicaria,
sem o concurso de um corpo intermediário, o mecanismo das volições anímicas?
Aliás, todos os fenômenos vitais, desde a fecundação do ovo até a completa
desorganização do ser estão condicionados às atividades do perispírito. É o que
nos demonstra o iluminado Espírito de André Luiz, principalmente em “Evolução
em Dois Mundos”. Os modernos embriogenistas, comprovando a presença de uma ideia diretriz no fenômeno da geração, suspeitam
da existência do períspirito ou parecem suspeitar. Rostand afirma no seu livro “Un Germe au Nouveau Né”: “Se há um domínio em que a Vida parece seguir
um plano determinado, obedecer a uma ideia diretriz, esse domínio é o da
embriogenia. Tudo aí se passa como que calculado, premeditado, na hora e lugar
precisos.”
O mesmo
conceito já tivera um Cláudio Bernard em “La
Science Experimentale”.
Como estamos vendo, cada dia que
passa mais sentimos a necessidade filosófica, científica e religiosa do perispírito
no quadro do conhecimento humano. Além do mais, o idealismo, consubstanciando
as velhas crenças espiritualistas, só poderá encontrar nova vida através da
aceitação do perispírito, sem esquecer a lei da reencarnação presente no
esquema evolutivo universal, a fim de que as descrenças cessem, as dúvidas se
dissipem e a tese imortalista continue sendo o estandarte da Humanidade
terrena.
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