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sábado, 17 de outubro de 2020

Sugestões cristãs - 6

 

Sugestões cristãs - 6 

por Luiz de Oliveira     Reformador (FEB) Março 1925

             Confiando na proteção de Deus e bem servindo ao presente, para que possam acautelar o futuro, devem os que se afiliaram à nova corrente de luz cristã - o Espiritismo - subordinar-se aos deveres fraternos, para cumprimento da Lei: “Amai-vos uns aos outros”. Desse modo, desenvolvendo e ativando o trabalho espiritual, aguardem, com tranquilidade, abnegação e tolerância, a hora em que deverão tomar parte, decisivamente, na meritória obra de remodelação social.

             Isto dizemos, porque os Espíritos do Senhor, acautelando os interesses da geração que surge e dos que, na vanguarda do progresso, preparam caminho às sociedades futuras, intensificam, nos dias que transcorrem, os trabalhos regenerativos a que o mundo se não poderá furtar, pois, “o machado - conforme se tem dito - já se acha posto à raiz das árvores más.” e toda árvore que no decurso deste século não der bons frutos, será cortada e arremessada ao fogo, isto é: todo aquele que, por seus feitos, se não tornar digno de conviver no seio da humanidade evoluída, retirado do mundo, quando o inevitável instante da passagem lhe chegar, ver-se-á lançado numa região interior, onde o fogo do deserto lhe trará desilusões amargas.

            Precipitando tais acontecimentos, dia a dia mais se caracterizam os benfazejos esforços das entidades superiores do mundo invisível, a cujos convites, exortando a sinais  já se não podem conservar alheios, nem com direito à alegação de ignorância, os viajores da Terra, pois em todas as camadas sociais e em todos os departamentos da atividade terrena, nos campos, arraiais, vilas e cidades, em toda parte, enfim, da choupana ao palácio, do menor ao maior, do analfabeto ao sábio - mais penetrantes e mais fortes que as centelhas projetadas pelo astro-rei, para fecundação das searas, os mensageiros do poder divino fazem sentir as iluminações e avisos que incessantemente transmitem.

             Há pouco mais de meio século, quando Allan Kardec, atraído pelos enviados do Espírito da Verdade, que o despertaram e propeliram a iniciar a sua delicada missão, codificou as revelações e os ensinos que eles lhe trouxeram, sacerdotes e materialistas incrédulos regimentaram formidáveis fileiras com o intuito de impelir que o pronunciamento do Alto, empolgando a imaginação dos povos e os inspirando para se prenderem à nova corrente espiritualista, lhes viesse cercear a liberdade de ação, desbancando-os das altas posições terrenas, orgulhosamente conquistadas.

             Desde então, ao missionário espírita, que passaram a classificar de louco, possesso, charlatão, explorador, feiticeiro e endemoninhado, bem como a todos quantos, desejosos de progresso, de paz e de luz cristã, a ele se filiavam, proclamando a excelência da Nova Revelação e a manifesta misericórdia divina, por permitir, sob a orientação de Jesus - o Cristo de Deus - as instruções e mensagens das entidades espirituais, desde então, a esse esclarecido e dedicado apóstolo do Cristianismo espírita e aos que se faziam seus discípulos não faltaram apodos, represálias, qualificativos injuriosos e insinuações pérfidas, descaridosamente urdidos e assestados pelas tenebrosas baterias dos inimigos da luz, que, acionando as despeitadas hostes constituídas pelos falsos cristãos e cientistas  terrenos, fortemente amparados pelo romanismo, entendiam-se depositários do poder supremo e, por isso, com direito de se sobreporem às manifestações do Alto, determinada pelo Senhor.

             Mas, o império divino não se escraviza à vontade dos viajores da Terra, nem aos desígnios e pretensões dos Espíritos trevosos que, por se não haverem despojado das tendências e prejuízos materiais, formando na erraticidade legiões rebeldes retardatárias, vingativas e audaciosas, por entenderem que, de novo, se poderão encarar no mundo, a fim de continuarem exercendo posições de comando, procuram, violentas, autoritárias, por meio de correntes sugestivas que estabelecem, entravar o levantamento moral de quantos se esforcem pela evolução do Espírito em demanda de Deus, o império divino, soberano absoluto, superior, em suas decisões e decretos, a todos os poderes e atentados irreverentes das entidades estacionárias da Terra ou do espaço, mais não permitirá que o mundo continue entregue à prepotência nefasta dos déspotas e tiranos!

             Por esse motivo, a despeito das dificuldades criadas à ação benéfica da Nova  Revelação, o Espiritismo, confundindo os pretensos ministros de Deus – à semelhança de Jesus, quando, no início da presente era, expulsava os vendilhões do templo; - atraindo a atenção dos homens cultos, impondo-se ao conceito dos sábios que o repudiaram e transmitindo crença, esperança e conforto às multidões humanas, carecedoras de luz, já vitoriosamente se desenvolve e pontifica, iluminando, disciplinando, regimentando e fortalecendo a concepção espiritual dos povos, em todas as camadas sociais que se agitam e palmilham as estradas e departamentos das noções terrenas.

             Na hora presente, confirmando o que fora previsto nas profecias cristãs: “Nos últimos tempos muitos serão chamados e poucos escolhidos”, já se acham em plena atividade todas as faculdades mediúnicas de que os hóspedes do mundo muito necessitam para que se possam reabilitar, modelando a verdadeira civilização orientada pelo Cristo.

             Os trabalhos de comunicação, que ora se verificam, estreitando, de modo significativo, os laços de aproximação que prendem o homem terreno ao homem espiritual – “o corruptível ao incorruptível” estabelecem, do plano invisível para o visível, não só o intercambio das ideias, facilitando entendimentos e robustecendo a fé na imortalidade, mas, também, desenvolvendo, além de outras, a mediunidade curadora, restabelece, para conforto e auxilio à geração atual, os primeiros tempos do Cristianismo, colocando ao alcance do homem os meios de que Jesus e seus discípulos se utilizaram para conversão dos hereges.

                 Naquela época, o divino Mestre e os que por ele se modelaram, exerciam a medicina espiritual, restituindo, de graça e pela graça de Deus, a saúde da alma e do corpo terreno aos doentes e aflitos deste mundo: nos dias que vão ocorrendo, os que a podem merecer, realizam, em alguns minutos, a cura de enfermidades que os cientistas da Terra não conseguem debelar, como vem sucedendo, nas localidades que percorrem, a tantos médiuns a que a imprensa se tem referido.

                 Esses acontecimentos, entretanto, que nada tem de singulares ou sobrenaturais, por que estão na ordem natural do progresso e da evolução, não se verificam somente para o conforto material do homem, mas, para significarem que os tempos são chegados, estando, portanto, próximo o dia em que se deverão, cumprir as profecias do Mestre, pois nos últimos tempos “muitos serão chamados”...

                 A luta está, por conseguinte, travada entre os Espíritos retardatários e os que, na vanguarda do progresso se colocam, para satisfação dos preceitos divinos.

                 O momento é de meditações, de trabalho positivo, pela renúncia dos maus propósitos, pela aquisição de virtudes, de sentimentos generosos, na execução de ações boas, altruísticas e elevadas, que caracterizem o desenvolvimento da atividade cristã.

                 Porque assim é, cumpre que no silêncio da meditação e na prática de nossos atos, estejamos sempre alteados para Deus, orando e vigiando.

 


Sugestões cristãs - 5



Sugestões cristãs - 5  

por Luiz de Oliveira   Reformador (FEB) Dezembro 1924

             

              Colunas de fogo ameaçam devorar o homem retardatário nesta hora que transcorre; foi o que se afirmou em um dos últimos raciocínios.  

             Efetivamente assim é, pois, no momento que passa, os elementos estacionários e rebeldes, que tudo fazem para embaraçar a noção dos que desejam altear-se pelo combate às imperfeições e pelo exercício da atividade espiritual que os conduza para Deus, tem suas baterias assestadas contra os servidores do Cristo, na esperança de poderem reencarnar, para continuação da vida material em que se deixaram absorver, através dos tempos e dos séculos vencidos, entendendo que poderão impedir o progresso espiritual dos que na Terra se acham, para não perderem, nas novas etapas que idealizam, em contato com o mundo, as posições que almejam e se tornarem, novamente, dirigentes dos povos e das nações. Isto, entretanto, não sucederá, porque os tempos são chegados e a transformação social, a começar das camadas oprimidas pelos prepotentes da atual sociedade terrena, impedirá que se renove o império das correntes retardatárias.

             Para esse fim, os humildes e desfavorecidos já se congregam a, amparados por emissários do divino Mestre, no cumprimento da lei, receberão as iluminações necessárias à vitória moral do homem, iluminações que, determinando a queda das instituições transitórias, permitidas no período infantil da humanidade, para iniciação da era cristã, vêm, nestes últimos séculos, através de sucessivas existências ora no espaço, ora na Terra, preparando os Espíritos moderados e de boa vontade, para surtos de amor, de tolerância e de fraternidade cristã, em demanda do progresso, da evolução e da sabedoria.

             Esses tempos que se prenunciam modeladores de nova época, de melhor quadra que se desdobrará, evidenciando o alvorecer do dia profetizado por Jesus Cristo, quando se referia à consumação dos séculos, já se não acham distantes.

             Não se ouvem, na hora presente, os clamores que do Alto descem? Que significação podem ter os avisos que se transmitem em nome do Cristo, sob os auspícios do Espírito da Verdade, recomendando aos homens que não cessem de orar e vigiar? Por que ricos e pobres, potentados e oprimidos, sábios e ignorantes, as espiritualistas e incrédulos, em todos os departamentos e domínios da atividade social terrena, são, com insistência, despertados pelos chamamentos que transitam no mundo espiritual? Por que os médiuns se multiplicam e se fazem ouvir interpretando o convite dos invisíveis, praticando curas surpreendentes, em nome de Jesus, ou passando comunicações dos que, afastados da jornada terrena, se esforçam por demonstrar que a vida humana se não extingue quando o corpo terreno desce ao trabalho de transformação no regaço tumular? Porque a inteligência suprema, criador de tudo quanto existe na Terra, no espaço e no infinito, mais não permite que o homem prossiga Indiferente e orgulhoso, na ignorância da vida espiritual?  

             Procuremos saber quais os motivos determinantes de todos esses fenômenos que se observam e, sem grande esforço, verificando neles o cumprimento da promessa que o divino Mostre, conforme nos relata João no capítulo XVI, v. 13, - aludindo ao Consolador, fez a seus discípulos, dizendo-lhes : -“Quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas falará tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”, compreenderemos que os atuais acontecimentos, evidenciadores da assistência que os habitantes do mundo espiritual vêm nesses últimos tempos, com maior assiduidade, atenciosamente dispensando aos excursionistas terrenos, positivos e claros, constituem a realização decisiva do que fora prometido por Jesus.

             Estamos, por conseguinte, no início desses novos tempos preditos pelo Mestre. Os Espíritos mensageiros, que outra coisa não desejam significar, no intuito de propelirem os homens e as mulheres à prática do dever espiritual, pela prece, pela vigilância e pela execução de ações edificantes que contribuam para o levantamento moral dos necessitados de luz, intensificando os trabalhos da Seara divina, nas contínuas mensagens que, por via mediúnica, incessantemente transmitem, no exato cumprimento das profecias cristãs, vêm revelar aos habitantes da Terra que os tempos, realmente, já se acham chegados, cumprindo-lhes, por isso, o maior cuidado no emprego da vida terrena que a misericórdia do Senhor ainda concede aos retardatários, para conclusão das etapas que lhes restam...


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Sugestões cristãs - 4 - Orientação do Alto

 

Sugestões cristãs - 4

por Luiz de Oliveira     Reformador (FEB) Outubro 1924

 Orientação do Alto

             Mais próximo se faz o dia em que os propagandistas da Terceira Revelação, para que se possam considerar obreiros do Senhor, na execução de seus trabalhos espirituais, ver-se-ão chamados, de modo imperativo, à demonstração de seus merecimentos no campo das provas decisivas, a que se hão de submeter, por força de seus compromissos, através das lutas que se esboçam nos agitados departamentos da atividade terrena.

            Prenunciando essa delicada e espinhosa quadra, prestes a surgir; após o “princípio das dores” que, precedendo-a, indicativamente já se patenteia nas convulsões e desinteligências em que o mundo se debate, para dar cumprimento à sentença cristã : “Nos últimos tempos muitos serão chamados e poucos escolhidos”; prenunciando essa época, claramente prevista pelos ensinos transmitidos no cap. X, v. 16 a 22, do Evangelho de Mateus, já os Espíritos precursores, parodiando essas instruções, em nome de Jesus e do Espírito de Verdade, nos vêm dizer:

             “Espiritas, vede que o Senhor vos enviou como ovelhas em meio de lobos; conservai, por isso, a prudência das serpentes e a simplicidade das pombas; não vos apresenteis em desafio ao orgulho e astúcia das fileiras contrárias que vos persigam e queiram atrair às emboscadas habilmente preparadas; prudentes e simples, deixai-vos ficar no redil de Jesus, em que os incautos não penetram e onde vos guardareis dos amotinadores insólitos que, conturbados e violentos, se digladiam e, alvejando os viajores perseverantes na trajetória cristã, procuram afasta-los às instigações da verdade e da fé alicerçadas nas tradições respeitáveis.

             - Os lobos espreitam as ovelhas e, adestrados, se prontificam para devorá-las. Mas, se vos entregais, de ânimo tranquilo e confiante, à proteção do Senhor, nada deveis recear: sois as ovelhas do Pastor divino e os lobos de configuração humana, que, na hora presente, desdenham do Cristo, afirmando presunçosamente que o Mestre nunca existiu, por mais que contra vós se esforcem em seus concílios, de modo algum vos poderão aniquilar, porque, infinitamente superior ao poder que tenham para os conduzirem manietados à presença dos presidentes e reis da Terra, que, com arrogante prosápia (bravata) e gananciosa voracidade, como se fossem os grandes do Mundo, procuram dominar este século, sobrepondo-se à fortaleza e ao prestígio de que se acreditem depositários esses tiranos e déspotas da última hora, que vos queiram aprisionar, soberana e inigualável, a ascendência divina se fará sentir, dando-vos, com o supremo império dos desígnios inquebrantáveis, incomparável eloquência garantidora de vitória, para defesa e confusão dos hereges.

             - Quando, pois, vierem as lutas e, do campo das provas, vos entregarem à ação dos julgadores terrenos, não estejais solícitos e preocupados com o que haveis de falar, porque, nesse momento, vos será dada inspiração para o que tenhais de dizer e não sereis vós os defensores de vós mesmos, mas a palavra vos será sugerida por vontade do pai Espiritual que, utilizando-se de seus mensageiros, norteados pelo Cristo, por vós se fará ouvir.

             - Guardai-vos, portanto, com sabedoria e docilidade, a fim de constituirdes ambiente propício à inspiradora ação das sugestões cristãs, que os Enviados do divino Pastor e Mestre vos deverão transmitir; guardai-vos dos instintos de vingança, ódio e represálias, a que sejais incitados pelos provocadores ardilosos e incontidos que, infringindo os dispositivos da lei – “Não matarás!” - desertam da própria existência em que se julgam humanos, porque estacionários e rebeldes se detêm na esfera da animalidade que os inferioriza.

             - Não imiteis as legiões que se rebelam: são almas embrionárias, inda não evoluídas, que, retiradas do embrutecimento, iniciando a trajetória em que se deverão humanizar, substituem as multidões em afastamento - entidades aparelhadas para surtos espirituais de maior alcance que, vencendo luminosas etapas pelo Infinito, hoje pairam em regiões superiores.

             - Os que se mantêm nos redutos inferiores, onde corvejam (remoem) a luxúria, a presunção, o egoísmo, o desespero e a raiva, fazem, na hora que passa, tirocínio inteligente, que, somente, os distingue dos irracionais...

            Procedem, estes, como já procederam as gerações agora em voos mais elevados nas altas esferas da espiritualidade - essas que, em séculos passados e entregues à noite dos tempos idos, se libertaram dos pendores instintivos do irracional.

             - Desta arte na aprendizagem em que se acham, os irrefletidos e argentários inda não estão saturados dos sentimentos de humanidade, de que se apercebem e, muitas vezes, com eloquência, apregoam, mas não conseguem realizar, porque se encontram em conflito com os arrastamentos e tendências grosseiras do orgulho, a cujos ímpetos se entregam, arrebatadamente, à semelhança de feras, que já foram na evolução da vida...

             - Desse modo, os que no prisma espiritual se colocam e atendem às sugestões dos Mensageiros encarregados de intensificar os trabalhos da Nova Revelação, inda por algum tempo serão aborrecidos pelos que se não sujeitam à disciplina cristã: “mas aquele que perseverar até ao fim - diz o Senhor - esse será salvo!”

             Assim nos falam os instrutores espirituais que, do plano invisível, norteados pelo divino Mestre, frustrando os cálculos e artimanhas dos inimigos da Luz, vêm dizer à humanidade que os tempos são chegados.


Sugestões cristãs - 3 - Para edificação dos lares

 

Sugestões cristãs - 3

por Luiz de Oliveira    Reformador (FEB) Setembro 1924

 - Para edificação dos lares -

                       A mulher é o lar, o lar é a oficina organizada pela Vontade Suprema, para formação e desenvolvimento da espécie humana. O homem é a sociedade, a sociedade é o campo de ação em que se exteriorizam as ideias e onde, apurando os sentimentos de fraternidade, os que trabalham garantem a subsistência e o conforto de que necessitam em seus lares.

             A mulher no lar, consagrada a seus deveres de mãe, esposa, filha ou Irmã, personificando a concórdia, modelando-se pelas virtudes da sacrossanta mãe, esposa que Jesus nos indicou na manjedoura, a partir do momento em que se tornou visível para os olhos mortais das multidões terrenas; a mulher exemplar, que se compenetra de sua tarefa educadora e desta se não desvia para o exercício de funções incompatíveis com o seu sexo e com a índole da missão amorosa e santa que a sua natureza essencialmente criadora lhe assina-la no plano da existência: a mulher, enfim, que se não desvia desse prisma modelado pela Mãe Santíssima e nessa esfera, em que Deus a deseja, se coloca; que sabe, por isso, manter-se dentro das normas moralizadoras recomendadas pelo divino Mestre, nos primeiros anos da era cristã, quando lhe sendo a adúltera submetida a julgamento, para que fosse apedrejada, compassivo e bom lhe disse: “Eu também te não condeno: vai e não peques mais”; a mulher que a essa divina recomendação se subordina assume o lugar que lhe é destinado pelo Senhor para o exercício da vida planetária e por tal modo se dignifica sob as vistas da Divindade, que esta lhe transmite à alma fulgurações e energias que a santificam, transformando-lhe o lar num prodigioso templo de onde a paz e a felicidade se irradiam para a edificação dos povos.

             A mulher, por conseguinte, é o lar, é o berço acolhedor que conforta, acalenta e esclarece a infância, preparando-a, solicita e vigilante, para os voos do Espírito, para os surtos da inteligência e do sentimento da humildade, por que se devem caracterizar, os homens, dos gestos de amor, pelas ações altruísticas, pelos empreendimentos nobres, pacificadores e distintos, em que se façam meritórios e se espiritualizem pela prática incessante da cordialidade fraterna.

             A mulher, que assim não procede, que desatende às suas obrigações de mãe, desconhece os seus deveres e se transforma, por isso, em autora de sua própria infelicidade. Mas, a que se norteia por essa visão superior, que vimos de sugerir, com a benção de Deus, iluminada por Jesus, corporificando as virtudes da soberana Mãe elas mães, sob a orientação disciplinadora dos Emissários do Alto, vê no homem a sociedade e na sociedade reflexo dos lares, pelos quais é responsável perante o Supremo Autor de sua vida espiritual.


Sugestões cristãs - 2 - Deveres espirituais

 

Sugestões cristãs - 2

por Luiz de Oliveira      Reformador (FEB) Junho 1924

  -Trecho de uma palestra sobre os deveres espirituais-

             Agasalhando as instruções que do Alto promanam e nos vêm Incessantemente dizer: “Amai-vos uns aos outros” -alteando o espírito para o Senhor, em procura de luz para nosso evoluir, ao colocarmos a pena sobre o papel, a fim de transmitir, aos que nos distinguem com a sua atenção, o que a misericórdia divina nos permita, sentimos a ação de um homem novo, de um companheiro de outrora, que, das paragens espirituais, associando-se aos nossos trabalhos, tocado pelos fulgores cristãos dos sentimentos fraternos, envolvendo-nos a alma na centelha de compassivo afeto, junto a nós se coloca e assim nos fala:

            “Meus amigos, Não vos descuideis. Orai e vigiai, acautelando com prudência os vossos pensamentos e atos, porque os mensageiros do divino Mestre determinando que vos procuremos filar, investigam o vosso foro íntimo, pois o momento predito já se faz sentir e os que desejam aparelhar-se para a vitória espiritual, nas escaladas da existência pelo Infinito, precisam de se levantar para o cumprimento do dever perante Deus.

            A hora chega em que os trabalhadores da Seara de Jesus deverão formar à frente das fileiras humanas, para exemplifica-las e conduzi-las por meio de ações cristãs e não de palavras!..

            Nessas fileiras, não se admitem negligentes e relapsos que tudo prometem e nada fazem.

            Elevado é o número dos que apregoam a excelência da Terceira Revelação; multidões concorrem avidamente às sessões espíritas e, apesar disso, doloroso é o espetáculo que observamos; a romaria dos que se insinuam na hora da prece é grande mas.., os trabalhadores são poucos!

            Que está escrito na lei? Para disciplina da humanidade, não disse o Cristo que os últimos seriam os primeiros? Não afirmou que os deserdados pelos homens terrenos teriam galardão na morada espiritual? Não recomendou que nos amassemos uns aos outros e não desejássemos a outrem o que para nós não desejássemos? Preceituando a humildade, não a exemplificou, deixando claramente expresso, em todos os seus ensinamentos, que o levantamento moral, meritório perante Deus, exige tolerância e amor aos próprios inimigos? Para que se não olvidassem estas admoestações e conselhos e se cumprissem os dispositivos divinos, não se submeteu à obscuridade de deserdado da Terra, nascendo numa manjedoura? Mais tarde, exemplificando a cordialidade fraterna, não lavou os pés de seus discípulos e, significando amor aos inimigos, para que o imitássemos, não perdoou, no suplício da cruz, a seus perseguidores?

            Considerem os espíritas e espiritualistas cristãos estas ocorrências, que a História registrou e os séculos, através das gerações, vem conservando respeitosamente para edificação dos povos.

            Analisemos o alcance desses ensinamentos e perguntemos a nós mesmos, perante o tribunal da consciência, se, na atividade que empregamos para difusão do Evangelho, modelam-se os nossos atos pelas ações do Cristo.

            Consideremos isto, meus amigos, e chegaremos à conclusão de não nos acharmos ainda suficientemente preparados para os trabalhos da Seara!

            Cumpre, pois, que os adeptos e pregadores da Terceira Revelação se não descuidem, porque a hora vai adiantada e na noite do túmulo não há repouso: há sono aparente...

            Para quem se não alteia nos arroubos da. fé, em que a alma combate os arrastamentos da animalidade e do materialismo, os que baixam à sepultura dormem profundamente ... Mas, em verdade, os que, assim, descem os soturnos degraus de um jazigo, no silêncio dessa noite deixam, apenas, ficar os despojos terrenos que se transformam... Livres do corpo com que palmilharam essa mesma terra aberta em cova para lhes receber o caixão, despertos do sono que lhes paralisara os sentidos, sentem-se vivos para a eternidade, onde os que não atendem ao chamamento do Alto, nesta hora em que as revelações se estendem por todo o orbe, encontram perspectivas tenebrosas de uma existência horrível, pejada de amargores, de aflições tremendas, piores que todas as torturas da indigência que suplica nas desertas florestas deste mundo!

            Em face deste arrazoado, facilmente se percebe que a pedra tumular oculta somente, o invólucro terreno, em seu regresso ao pó. A alma retoma as energias que lhe pertencem e, ingressando na pátria espiritual, se para essa romagem não se habilitou nas travessias do mundo; se, egoísta e ambiciosa, considerou de maior valia os bens que constituem as riquezas materiais; se por estas se deixou dominar, indiferente e surda aos incitamentos fraternos; se nessa lastimável ignorância e atraso se emancipa da peregrinação terrena; se não possui, enfim, para seu equilíbrio e orientação, na imensidade dos céus que se lhe defronte, as iluminações interiores que se adquirem pelo exercício das virtudes cristãs, inteiramente nua dos atrativos da bondade - que constituem a túnica nupcial -ao ter conhecimento da sua desencarnação, desorientada e confusa, percebe lhe estar o ingresso vedado para o banquete divino...

            E, assim, os que desse modo se apresentam e desejam tomar parte ao lado dos que trabalham no reino do Senhor, atônitos reconhecem que a paz nessa região bendita não é permitida aos que na Terra se fazem maiores. E, nessa confusão tremenda, de conformidade com o que nos relata o Evangelho de Mateus, no cap. 18, v. 1 a 10, passam a compreender o motivo por que Jesus, quando os discípulos lhe chegaram ao pé, perguntando-lhe qual seria o maior no reino dos Céus, designando um menino, para simbolizar a simplicidade, a inocência e a submissão, por esta forma lhes respondeu: - “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos Céus; portanto, aquele que se humilhar, como este menino, será maior no reino dos Céus e o mesmo sucederá a qualquer que receber em meu nome um menino tal como este que a mim recebe. Mas, qualquer que escandalizar um desses pequeninos, que creem em mim, melhor ficará se ao pescoço lhe pendurassem uma mó e o submergisse na profundeza do mar. - Ai do mundo por causa dos escândalos; porque, é mister que estes venham; mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Assim, se tua mão ou teu pé te escandalizar, corta-o e atira para longe de ti: melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado, do que com duas mãos ou dois pés, para seres lançado ao fogo eterno! - Se tua vista te escandalizar, arranca-a e atira-a para longe de ti. Melhor te é entrar na vida com uma vista do que com a posse de duas e seres lançado ao fogo do inferno.”

            E, de fato, a vida na erraticidade transmite à alma do homem que no mundo se deixa arrastar pelas sugestões do vício e da grandeza, desprezando, orgulhosamente, os que supõe pequenos, a sensação de uma caldeira infernal em que se tenha precipitado para toda a eternidade e onde, por forma alguma, poderá escapar à ação do corretivo divino, pois, conforme ainda observa Mateus, referindo os ensinos do Mestre, no cap. X, v. 26 e 27, - “Nada há encoberto que se não haja de descobrir e nada oculto que se não haja de saber”, convindo por isso, que lhe acatemos a recomendação: - “O que vos digo em trevas, dizei-o em luz e o que ouvirdes ao ouvido, pregai sobre os telhados.”

            Transmitamos, pois, os avisos do Alto, porque através das ocorrências que, nestes últimos tempos, agitam e conturbam as sociedades terrenas, claramente se verifica que algo de anormal se está passando. Colunas de fogo ameaçam devorar o homem retardatário nesta hora que transcorre!

            Oremos e vigiemos.


quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Sugestões cristãs - 1 - Aos que desanimam

 


Sugestões cristãs - 1 - Aos que desanimam

por Luiz de Oliveira     Reformador (FEB) Março 1924

 

            A vida não nos pertence, não é nossa propriedade; ela pertence à Fonte que a produz; nós somos o que ela é: originários dessa mesma Fonte que lhe dá origem. Com ela nascemos, indivisivelmente com ela estamos e estaremos onde ela estiver.

           Que somos, pois? Se a vida é nossa e não está sob nosso exclusivo critério; se é nossa inseparável companheira e, indestrutivelmente, nos prende em seus tentáculos; se nos conduz para onde a conduzam as energias ocultas que a alimentam e atraem; se, estando em nosso domínio, não a podemos afastar, porque somos o que ela é, amamos o que ela ama, detestamos o que ela detesta, sofremos o que ela sofre, rejeitamos o que ela rejeita, seguimos o que ela segue e nos transportamos para onde ela se transporta, sentindo as mesmas sensações que a empolguem; se somos, enfim, oriundos de uma Vontade soberana e se por essa Vontade é que personalizamos a vida, porque ela se identifica em nós e nós nos identificamos nela; certamente, a existência que impulsiona o corpo de que nos servimos para o trabalho material, é que nós somos. Entretanto, embora tenhamos a nosso cargo o invólucro terreno, não nos assiste o direito de elimina-lo, porque não o adquirimos por nós mesmos, isto é, pelo império de nosso desejo, a fim de fazermos uma travessia mundial para satisfação da vaidade e do orgulho, até quando nos conviesse. Esse direito não temos, pois, sendo o que realmente somos: emanações da Vida Suprema, para realização do trabalho espiritual, estamos na dependência de quem nos aparelhou para o existir.

             Antes de sermos, que éramos? Não estamos sujeitos ao império da sabedoria que nos despertou do sono da inconsciência? Não está o aprendiz subordinado ao mestre que o dirige? Não se exige da infância obediência a seus progenitores? Não depende o homem do sustento que o avigora para exercício da atividade? Não depende o pão, que o sustenta, do trabalho? Não depende o trabalho da saúde? Não depende a saúde da vida? Não depende a vida de seu Criador?

             Por conta de quem nos agitamos, se não nos fizemos a nós mesmos? A quem nos devemos dirigir, se somos operários, para prestar contas da tarefa de que nos incumbimos? A quem nos dá o pão ou o salário para adquiri-lo, ou a quem no-lo quer roubar? Quando alguém, fugindo às sugestões da fé, trabalhado polo desanimo, põe termo ao seu existir, precipita-se em trevas e vai sofrer os horrores de tenebroso suplício, que se lhe afigura eterno, por não ter atendido ao instinto de conservação, a que os próprios irracionais obedecem, e haver, com rebeldia, recusado o alimento espiritual que a Providência distribui por todos os seres da Criação.

             Desse modo, o infeliz que procura a morte, esquecendo-se da autoridade eterna, pretendendo, à semelhança do mal trabalhador, libertar-se do dever de aguardar a hora da prestação de contas; torturado pela decepção de não retomar ao sono da inconsciência, percebe, horrorizado e confuso, que a sua falta de humildade e submissão à disciplina espiritual exemplificada pelo Senhor Jesus, depois de o propelir à voragem do desespero, entregou-o às emboscadas da ignorância que lhe roubara a crença e lhe armara o braço, pretendendo adormece-lo, para todo o sempre, no silêncio da morte!

             E o inditoso, sentindo-se vivo na região espiritual com que não contara, experimenta, perplexo e aturdido, o vigor e a agonia da própria existência que lhe sugerira a ideia do suicídio, pois, unificado a ela para se livrar da condição terrena e fugir aos desenganos e aflições que o desalentaram, por não se haver equilibrado nos esplendores da fé, não tendo conseguido a eliminação que pretendera, percebe claramente que também a vida não se faz por si mesma, não se pertence, mas sim à Força Superior que lhe dá origem e propriedade sobre a Terra.

             Por essa razão, quando a vida se afasta do corpo material, remontando à sua origem, ingressa no mundo dos Espíritos, onde conserva as impressões do que praticou e se mantém sob o império e propriedade da inteligência suprema - fonte de luz que a distribui, impulsiona e orienta, dando-lhe calor movimento, diretriz e ação.

             A inteligência suprema, que se designa com o nome de Deus, desenvolvendo e ativando a majestosa e incomparável obra da criação, utiliza-se das existências que se formam em todos os departamentos da atividade pelo infinito, com o predomínio paternal de sua natureza criadora, conduzindo-as à execução de seus divinos planos, norteando-as para o trabalho de ascendência sobre os elementos materiais, em que, dominando instintos grosseiros, substituindo-os por sentimentos nobres e elevados, aspirando a novas etapas, mais confortáveis e delicadas, realizam a trajetória do progresso em demanda da perfeição.

             Destarte, o homem que toma por modelo o que nos legou, em sua passagem pela Terra, a orientação cristã; tendo, para seu governo, perseverança e firmeza no desenvolvimento das faculdades pensantes, coloca a vida, que por seu intermédio se ativa, sob a proteção divina e, caracterizando a função do Espírito, cujas aptidões se ampliam, aparelhado para novos surtos, desvenda o prisma da imaterialidade em que culmina pelo exercício da moral perfeita exemplificada pelo Cristo.

             Desse raciocínio, por conseguinte, logicamente se conclui, que a vida pertence a seu Criador e Pai espiritual, constituindo-se, por isso, o sopro divino, dentro do qual nos havemos de agitar por toda a eternidade.

 


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Fardo penoso



Fardo penoso
Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Novembro 1940
                                             
            Penoso é o fardo destinado ao exercício para desenvolvimento moral dos seres que se espiritualizam.

            Penosa é a existência do homem arrastado pelo desejo de caminhar para o seu Criador.

            Exercitar a natureza material, sem se "deixar prender por excessiva ambição às coisas da Terra", eis a difícil tarefa do espírito que, com objetivo cristão, toma a seu cargo a direção do corpo humano.

            Proveitosos ensinamentos, para o adiantamento e maior cultivo inteligente e moral, recolhe de suas viagens à Terra; mas, quão poucos o conseguem, quão poucos suportam resignadamente os encargos da vida terrena, no cumprimento da missão divina - orando, vigiando - e, humildemente, seguindo as instruções do Filho do Homem: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos"...
           
            Dificuldades surgem de todos os lados. O que se quer tornar digno do Pai espiritual é ainda um elemento revoltoso que contraria a ordem social estabelecida no mundo.

            As criaturas humanas, sob o império do egoísmo, da presunção e das ambições desmedidas, se repelem mutuamente, olvidando, na voragem das guerras que se travam a divina sentença: "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS". 

            Os que se esforçam pela vitória das leis cristãs não podem ser acreditados porque existem falsos profetas que ocupam os melhores lugares e, à semelhança dos "doutores da lei" que pontificavam na era pagã, ditam sentenças e recebem o apoio das multidões ...

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Sugestões cristãs



Sugestões Cristãs
Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Março 1924

                                                           Aos que desanimam  

            A vida não nos pertence, não é nossa propriedade; ela pertence à Fonte que a produz; nós somos o que ela é: originários dessa mesma Fonte que lhe dá origem. Com ela nascemos, indivisivelmente com ela estamos e estaremos onde ela estiver.

            Que somos, pois? Se a vida é nossa e não está sob nosso exclusivo critério; se é nossa inseparável companheira e, indestrutivelmente, nos prende em seus tentáculos; se nos conduz para onde a conduzam as energias ocultas que a alimentam e atraem; se, estando em nosso domínio, não a podemos afastar, porque somos o que ela é, amamos o que ela ama, detestamos o que ela detesta, sofremos o que ela sofre, rejeitamos o que ela rejeita, seguimos o que ela segue e nos transportamos para onde ela se transporta, sentindo as mesmas sensações que a empolguem; se somos, enfim, oriundos de uma Vontade soberana e se por essa Vontade é que personalizamos a vida, porque ela se identifica em nós e nós nos identificamos nela; certamente, a existência que impulsiona o corpo de que nos servimos para o trabalho material, é que nós somos. Entretanto, embora tenhamos a nosso cargo o invólucro terreno, não nos assiste o direito de elimina-lo, porque não o adquirimos por nós mesmos, isto é, pelo império de nosso desejo, a fim de fazermos uma travessia mundial para satisfação da vaidade e do orgulho, até quando nos conviesse. Esse direito não temos, pois, sendo o que realmente somos: emanações da Vida Suprema, para realização do trabalho espiritual, estamos na dependência de quem nos aparelhou para o existir.

            Antes de sermos, que éramos? Não estamos sujeitos ao império da sabedoria que nos despertou do sono da inconsciência? Não está o aprendiz subordinado ao mestre que o dirige? Não se exige da infância obediência a seus progenitores? Não depende o homem do sustento que o avigora para exercício da atividade? Não depende o pão, que o sustenta, do trabalho? Não depende o trabalho da saúde? Não depende a saúde da vida? Não depende a vida de seu Criador?

            Por conta de quem nos agitamos, se não nos fizemos a nós mesmos? A quem nos devemos dirigir, se somos operários, para prestar contas da tarefa de que nos incumbimos? A quem nos dá o pão ou o salário para adquiri-lo, ou a quem no-lo quer roubar?

            Quando alguém, fugindo às sugestões da fé, trabalhado pelo desanimo, põe termo ao seu existir, precipita-se em trevas e vai sofrer os horrores de tenebroso suplício, que se lhe afigura eterno, por não ter atendido ao instinto de conservação, a que os próprios irracionais obedecem, e haver, com rebeldia, recusado o alimento espiritual que a Providência distribui por todos os seres da Criação.

            Desse modo, o infeliz que procura a morte, esquecendo-se da autoridade eterna, pretendendo, à semelhança do mau trabalhador, libertar-se do dever de aguardar a hora da prestação de contas; torturado pela decepção de não retornar ao sono da inconsciência, percebe, horrorizado e confuso, que a sua falta de humildade e submissão à disciplina espiritual exemplificada pelo Senhor Jesus, depois de o propelir à voragem do desespero, entregou-o às emboscadas da ignorância que lhe roubara a crença e lhe armara o braço, pretendendo adormece-lo, para todo o sempre, no silêncio da morte!

            E o inditoso, sentindo-se vivo na região espiritual com que não contara, experimenta, perplexo e aturdido, o vigor e a agonia da própria existência que lhe sugerira a ideia do suicídio, pois, unificado a ela para se livrar da condição terrena e fugir aos desenganos e aflições que o desalentaram, por não se haver equilibrado nos esplendores da fé, não tendo conseguido a eliminação que pretendera, percebe claramente que também a vida não se faz por si mesma, não se pertence, mas sim à Força Superior que lhe dá origem e propriedade sobre a Terra.

            Por essa razão, quando a vida se afasta do corpo material, remontando à sua origem, ingressa no mundo dos Espíritos, onde conserva as impressões do que praticou e se mantém sob o império e propriedade da inteligência suprema – fonte de luz que a distribui, impulsiona e orienta, dando-lhe calor movimento, diretriz e ação.

            A inteligência suprema, que se designa com o nome de Deus, desenvolvendo e ativando a majestosa e incomparável obra da criação, utiliza-se das existências que se formam em todos os departamentos da atividade pelo infinito, com o predomínio paternal de sua natureza criadora, conduzindo-as à execução de seus divinos planos, norteando-as para o trabalho de ascendência sobre os elementos materiais, em que, dominando instintos grosseiros, substituindo-os por sentimentos nobres e elevados, aspirando a novas etapas, mais confortáveis e delicadas, realizam a trajetória do progresso em demanda da perfeição.

            Destarte, o homem que toma por modelo o que nos legou, em sua passagem pela Terra, a orientação cristã; tendo, para seu governo, perseverança e firmeza no desenvolvimento das faculdades pensantes, coloca a vida, que por seu intermédio se ativa, sob proteção divina e, caracterizando a função do Espírito, cujas aptidões se ampliam, aparelhado para novos surtos, desvenda o prisma da imaterialidade em que culmina pelo exercício da moral perfeita exemplificada pelo Cristo.

            Desse raciocínio, por conseguinte, logicamente se conclui, que a vida pertence a seu Criador e Pai espiritual, constituindo-se, por isso, o sopro divino, dentro do qual nos havemos de agitar por toda a eternidade.


Sugestões Cristãs
Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Junho 1924

-Trecho de uma palestra sobre os deveres espirituais -

            Agasalhando as instruções que do Alto promanam e nos vêm incessantemente dizer: “Amai-vos uns aos outros” - alteando o espírito para o Senhor, em procura de luz para nosso evoluir, ao colocarmos a pena sobre o papel, a fim de transmitir, aos que nos distinguem com a sua atenção, o que a misericórdia divina nos permita, sentimos a ação de um homem novo, de um companheiro de outrora, que, das paragens espirituais, associando-se nos nossos trabalhos, tocado pelos fulgores cristãos dos sentimentos fraternos, envolvendo-nos a alma na centelha de compassivo afeto, junto a nós se coloca e assim nos fala:

            “Meus amigos. Não vos descuideis. Orai e vigiai, acautelando com prudência os vossos pensamentos e atos, porque os mensageiros do divino Mestre, determinando que vos procuremos falar, investigam o vosso foro íntimo, pois o momento predito já se faz sentir e os que desejam aparelhar-se para a vitória espiritual, nas escaladas da existência pelo Infinito, precisam de se levantar para o cumprimento do dever perante Deus.

            A hora chega em que os trabalhadores da Seara de Jesus deverão formar a frente das fileiras humanas, para exemplifica-la e conduzi-las por meio de ações cristãs e não de palavras!..

            Nessas fileiras, não se admitem negligentes e relapsos que tudo prometem e nada fazem. 

            Elevado é o número dos que apregoam a excelência da Terceira Revelação; multidões concorrem avidamente às sessões espíritas e, apesar disso, doloroso é o espetáculo que observamos; a romaria dos que se insinuam na hora da prece é grande mas... os trabalhadores são poucos!

            Que está escrito na lei? Para disciplina da humanidade, não disse o Cristo que os últimos seriam os primeiros? Não afirmou que os deserdados pelos homens terrenos teriam galardão na morada espiritual? Não recomendou que nos amassemos uns aos outros e não fizéssemos a outrem o que para nós não desejássemos? Preceituando a humildade, não a exemplificou, deixando claramente expresso, em todos os seus ensinamentos, que o levantamento moral, meritório perante Deus, exige tolerância e amor aos próprios inimigos? Para que se não olvidassem estas admoestações e conselhos e se cumprissem os dispositivos divinos, não se submeteu a obscuridade de deserdado da Terra, nascendo numa manjedoura? Mais tarde, exemplificando a cordialidade fraterna, não lavou os pés de seus discípulos e, significando amor aos inimigos, para que o imitássemos, não perdoou, no suplício da cruz, a seus perseguidores?

            Considerem os espíritas e espiritualistas cristãos estas ocorrências, que a História registrou e os séculos, através das gerações, vem conservando respeitosamente para edificação dos povos.

            Analisemos o alcance desses ensinamentos e perguntemos a nós mesmos, perante o tribunal da consciência, se, na atividade que empregamos para difusão do Evangelho, modelam-se os nossos atos pelas ações do Cristo.

            Consideremos isto, meus amigos, e chegaremos à conclusão de não nos acharmos ainda suficientemente preparados para os trabalhos da Seara!

            Cumpre, pois, que os adeptos e pregadores da Terceira Revelação se não descuidem, porque a hora vai adiantada e na noite do túmulo não há repouso: há sono aparente... 

            Para quem se não alteia nos arroubos da fé, em que a alma combate os arrastamentos da animalidade e do materialismo, os que baixam à sepultura dormem profundamente... Mas, em verdade, os que, assim, descem os soturnos degraus de um jazigo, no silêncio dessa noite deixam, apenas, ficar os despojos terrenos que se transformam... Livres do corpo com que palmilharam essa mesma terra aberta em cova para lhes receber o caixão, despertos do sono que lhes paralisara os sentidos. sentem-se vivos para a eternidade, onde os que não atendem ao chamamento do Alto, nesta hora em que as revelações se estendem por todo o orbe, encontram perspectivas tenebrosas de uma existência horrível, pejada de amargores, de aflições tremendas, piores que todas as torturas da indigência que suplica nas desertas florestas deste mundo!

            Em face deste arrazoado, facilmente se percebe que a pedra tumular oculta somente, o invólucro terreno, em seu regresso ao pó. A alma retoma as energias que lhe pertencem e, ingressando na pátria espiritual, se para essa romagem não se habilitou nas travessias do mundo; se, egoísta e ambiciosa, considerou de maior valia os bens que constituem as riquezas materiais; se por estas se deixou dominar, indiferente e surda aos incitamentos fraternos; se nessa lastimável ignorância e atraso se emancipa da peregrinação terrena; se não possui, enfim, para seu equilíbrio e orientação, na imensidade dos céus que se lhe defronte, as iluminações interiores que se adquirem pelo exercício das virtudes cristãs, inteiramente nua dos atrativos da bondade - que constituem a túnica nupcial --ao ter conhecimento de sua desencarnação, desorientada e confusa, percebe lhe estar o ingresso vedado para o banquete divino...

            E, assim, os que desse modo se apresentam e desejam tomar parte ao lado dos que trabalham no reino do Senhor, atônitos reconhecem que a paz nessa região bendita não é permitida aos que na Terra se fazem maiores, E, nessa confusão tremenda, de conformidade com o que nos relata o Evangelho de Mateus, no cap. 18, v. 1 a 10, passam a compreender o motivo por que Jesus, quando os discípulos lhe chegaram ao pé, perguntando-lhe qual seria o maior do reino dos Céus, designando um menino, para simbolizar a simplicidade, a inocência e a submissão, por esta forma lhes respondeu: - “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos Céus; portanto, aquele que se humilhar como este menino, será maior no reino dos Céus e o mesmo sucederá a qualquer que receber em meu nome um menino tal como este que a mim recebe. Mas, qualquer que escandalizar um desses pequeninos, que creem em mim, melhor ficara se ao pescoço lhe pendurassem uma mó e o submergisse na profundeza do mar. - Ai do mundo por causa dos escândalos; porque, é mister que estes venham; mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Assim, se tua mão ou teu pé te escandalizar, corta-o e atira para longe de ti: melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado, do que com duas mãos ou dois pés, para seres lançado ao fogo eterno! -Se tua vista te escandalizar, arranca-a e atira-a para longe de ti. Melhor te é entrar na vida com uma vista do que com a posse de duas e seres lançado ao fogo do inferno. “

            E, de fato, a vida na erraticidade transmite à alma do homem que no mundo se deixa arrastar pelas sugestões do vício e da grandeza, desprezando, orgulhosamente, os que supõe pequenos, a sensação de uma caldeira infernal em que se tenha precipitado para toda a eternidade e onde, por forma alguma, poderá escapar à ação do corretivo divino, pois, conforme ainda observa Mateus, referindo os ensinos do Mestre, no cap. X, v. 26 e 27,-  “Nada há encoberto que se não haja de descobrir e nada oculto que se não haja de saber”, convindo por isso, que lhe acatemos a recomendação: - “O que vos digo em trevas, dizei-o em luz e o que ouvirdes ao ouvido pregai sobre os telhados.”

            Transmitamos, pois, os avisos do Alto, porque através das ocorrências que, nestes últimos tempos, agitam e conturbam as sociedades terrenas, claramente se verifica que algo de anormal está passando. Colunas de fogo ameaçam devorar o homem retardatário nesta hora que transcorre!

            Oremos e vigiemos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Meditações e Máximas Espíritas



Meditações e Máximas Espíritas
Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Novembro 1920


Feliz o homem que sofre e que, orientado pelos preceitos espirituais que discernem a reencarnação, nos vai vens da vida atribulada, tem intuição de suas existências anteriores por meio das inclinações más que, a luz da consciência, ardorosamente procura repulsar.

No combate dessas tendências, reconhecendo imperfeições que o inferiorizaram, compreende e abençoa a justiça das dores que o aflijam, sentindo-se necessitado de progresso espiritual para vence-las, ora, vigia o rebanho de seus pensamentos e evita, cuidadosamente, inclinações conturbadoras que lhe prejudiquem a alma. Lutador inquebrantável, enfrenta, corajoso, todas as difamações com que lhe procurem diminuir o merecimento, a dignidade, a honra, perdoando e esquecendo a desatenção dos ofensores que o persigam, por compreender, nestes, credores de suas vidas passadas ou inimigos que lhe experimentam a paciência, a tolerância e o valor dos bons sentimentos de que se deseja tornar mensageiro. Desse modo, fortalecido pelos emissários de Jesus, sente-se bem em todas as situações, por piores que sejam. Na abundância, socorre os necessitados, evitando que lhe peçam ou lhe agradeçam, para não os humilhar, pois sabe que a caridade não humilha a quem a recebe mas exige humildade de quem a pratique. Na pobreza, consola, estimula as energias que se vão esgotando e o pouco que possui divide, fraternalmente, com o que mais precisa. Na miséria ou na indigência, alentado pela fé, recordando o Cristo na manjedoura, ou nos suplícios da condenação que o conduziu à cruz, exorta os seus irmãos em sofrimento, descortinando lhes a vida futura, prometedora de gozo, de paz e de harmonias inigualáveis, ao que persevera na virtude, na paciência, no amor e no perdão! Assim procedendo, sorri como quem motivos não tenha para chorar, impedindo, heroicamente, que o pranto lhe venha aos olhos, para não mais aumentar a tortura dos desgraçados que rolam.

Feliz o homem que assim procede. Não há misérias que o atinjam, nem dores que o apavorem! O infinito, resplendente de luz, de graça e de bondade, lhe está presente: dele recebe consolações que os mais afortunados do mundo não conseguem nem vislumbram, sequer!  

As maravilhas da terra não têm poder sobre ele - não o deslumbram mais, porque vive de uma grandeza maior: da grandeza da própria alma que, sendo pobre para os que se consideram ricos e humilde para os pequenos, atinge, na hora da prece e da meditação, as raias da imortalidade iluminada por Jesus, que lhe sorri, dizendo: “As coisas finitas da terra só têm poder sobre os que me não conhecem!..”

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Nos domínios da fé







Nos domínios da fé - 1
por Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Julho 1925

“Aquele que persevera até ao fim será salvo”. Jesus

Do mundo das inspirações benfazejas, em hora de meditação, quando a alma do crente, na contrição da prece, se transporta às regiões espirituais, em vibrações de amor, lhe transitam pela imaginação, plenas de luz e de harmonia, sugestivas melodias, portadoras do convite que os mensageiros do Alto dirigem aos viajores da Terra, dizendo-lhes: -

“Trabalhemos para a Vida
Com os olhos fitos no Além,
Porque o instante da partida,
Certamente, a todos vêm.

A Terra não nos pertence,
Quem a palmilha, contrito,
Vivendo para o Alto, vence
Etapas pelo Infinito !..

Acatando esse convite que os Trabalhadores Invisíveis nos dirigem, vamos trabalhar para a verdadeira vida.

Façamos a melhor jornada. Dispostos a sacrifícios, confiemos na palavra divina, ouvindo a promessa do Cristo às gerações que, em surtos e quedas, ora na
Terra, ora no espaço, fazem trânsito pelo mundo.

Trabalhemos estimulados pelas exortações animadoras do “Filho do Homem”, quando, em contato terreno com a turba, iniciando a era cristã, visando a humanidade de todos os tempos, carinhosamente dizia: - “Aquele que perseverar até ao fim será salvo!”

Nesse aviso, temos sentença e recompensa: sentença em virtude da qual se dermos mau emprego ao exercício da vida, em prejuízo do próximo e, por conseguinte, da lei de amor: - Amai-vos uns aos outros - o futuro nos será de expiadoras aflições; recompensa que, prometedora de melhores dias aos dedicados executores das instruções cristãs, garante ao homem ativo e esforçado na realização de obras meritórias, soberana paz nos santuários da eternidade, onde os que se sacrificam por amor à justiça, tranquilidade e progresso de seus semelhantes, vencendo, em etapas luminosas para as mais altas regiões, os mundos inferiores, destinados à vida embrionária da humanidade confusa, libertos da imperfeição, livres da ignorância, invulneráveis às sugestões orgulhosas dos estacionários e rebeldes, sentir-se-ão felizes, plenamente remunerados, ao cêntuplo, das aspirações mantidas através de todas as lutas.

Quem persevera até o fim tem direito a essa remuneração, porque, perseverar no Bem, praticando-o de ânimo forte, superior as instigações contrárias, sem esmorecimentos, sem recuar das dificuldades e provas que exigem muito amor, resignação, tolerância e inquebrantável fé, é crescer para a vida eterna, florir para Jesus, para o regaço da Divindade, numa grande paz, inesgotável e santa, abençoada pelo Senhor; é realizar etapas luminosas, conquistando, em gloriosa ascensão, farta recompensa portadora de perpétua felicidade e de maiores possibilidades, para as escaladas do progresso e da sabedoria nos departamentos do Infinito.

Não perseverar, afastar-se do dispositivo em que a fé se caracteriza por força da demonstração paciente, deixando-se ficar inerte e duvidoso, sem coragem
Para a luta, sem as energias do esforço, da crença, bem provada, para a vitória moral, é recusar-se ao caminho da espiritualidade, patenteando falta de confiança na Providência divina; é não querer aceitar a assistência heroica e magnânima do Cristo, nascendo numa manjedoura, irmanando-se aos pobres, acolhendo-os para seus discípulos, sorrindo, com indulgência, aos seus detratores e perdoando a seus verdugos, nos braços de um madeiro. 

Destarte, quem se não irmana à alma simples dos viajores obscuros, tratando-os com carinho, imitando-os na modéstia; quem se não faz complacente e tolerante, olvidando ofensas, orando por seus desafetos, para todos pedindo a misericórdia do Senhor; quem se revolta e blasfema, cuidando, na hora do sofrimento e das provações necessárias, que melhor fora não ter nascido, deserta, lamentavelmente, as estâncias da fé, precipitando-se na voragem da descrença, do desespero e do desânimo - despenhadeiro horrível em que o homem se não contenta com a promessa do reino espiritual e onde os aflitos d'alma, por não terem conseguido posições distintas, que os trabalhadores cristãos jamais pleiteiam, não raro e deixam arrastar, desorientados e cegos às soturnas regiões do suicídio, em cujo âmbito vão despertar, atônitos e confusos, para a jornada do arrependimento.

Quem assim proceda, afastando-se ingloriamente do caminho da perseverança, não se poderá livrar da sentença reservada aos que não souberem perseverar até ao fim; mas, ao tropeçar na pedra tumular, depois de haver entregue ao seio da “mãe comum” os despojos materiais, verificará que melhor fora perseverar, porque as dores e dificuldades, bem sofridas na travessia terrena, purificam o Espírito, aproximando-o da mansão divina, do reino anunciado por Jesus, para que possa receber na hora propícia a recompensa que o Senhor reserva aos servidores fieis.

Abandonar, por conseguinte, o caminho de perseverança, continência, resignação, simplicidade e tolerância, é contrapor-se à lei divina; é recusar-se à prova de disciplina espiritual, negando-se à obra edificadora, à sujeição meritória que, para exemplo aos viajores do mundo, o Cristo abnegadamente realizou, enaltecendo-se, por isso, nas fileiras humildes e obscuras dos pescadores e necessitados.  

Trabalhemos, pois, modelados pelo divino Mestre, desenvolvendo atividade produtora de frutos que alimentem o Espírito.

Desse modo, estimulando e fortalecendo os necessitados de ânimo, conseguiremos perseverar até o fim, colhendo e distribuindo energias sãs e perfeitas, garantidoras de paz.

Nos domínios da fé - 2
por Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Setembro 1925

“Não queiras para outrem o que rejeitarás, se te quisessem dar...”

            Cuidemos de nosso dever perante Deus, deixando-nos guiar pelo sopro inspirador dos emissários que o divino Mestre orienta e dirige para edificação da humanidade.

            Não nos afastemos da norma que nos seja traçada por esse critério superior, convindo, para esse fim, não descuidarmos o presente, perdendo o tempo em indagações e conjecturas vãs, preocupando-nos com o que nos possa advir e entregando-nos à voragem do pavor ante a dolorosa expectativa do amanhã sombrio...

            O presente pertence a quem o faz, o futuro a quem o prepara e distribui para as vidas que transitam em todos os departamentos e moradas do Infinito. O acorda de novo dia, para o que desperta, não depende da vontade do homem: determina-o a Sabedoria Divina, que o regulariza, recompensando a atividade meritória de quantos se encartam na existência, e não o trabalho egoístico dos ambiciosos que, esquecidos de nobilitarem o presente, tornam-se para a sociedade improdutivos e indesejáveis.

            Deus, premiando aos que se esforçam e ajudam na prática do amor fraterno, garante o futuro do viajor que o atende e se sabe contentar como o que lhe é permitido em cada dia da vida, dizendo-lhe: “Não queiras para outrem o que rejeitarás se te quiserem dar.”

Quem se descuida do amor ao próximo, blasfemando na adversidade, tornando-se, na abastança, indiferente aos que necessitam e sucumbem, humildemente, nos tentáculos da miséria; quem não faz bom uso do que recebe em obras de merecimento, por entender que, desse modo, deixará de acautelar os interesses pessoais; imprevidente e inútil para a coletividade; diante do tribunal divino, é semelhante à criança que constrói sobre a areia em castelo de cartas, a mercê do vento que o arrebata e o distribui pelos ares...

O homem que se não esquece do dever, impulsionado pelos sentimentos do bem, propelido para os domínios da fé – âmbito de luz garantidor de paz – constrói montanhas de felicidade – indestrutíveis rochas e, assim, meritoriamente, trabalha o dia que lhe é dado viver.

Orando e vigiando, portanto, não nos afastemos dessa rota que se vai desenhando, para não suceder que as emboscadas dos estacionários, a se fazerem ricos para a vida passageira e pobres para as alvoradas futuras na evolução eterna do Espírito, nos venham determinar a queda, por meio de maus conselhos ditados pela cegueira da alma, pelas sugestões que nos despertem ambições desmedidas, propelindo-nos ao despenhadeiro em que, rolando para a escuridão do túmulo e para a agonia da existência errante no prisma espiritual, também nos precipitaremos em tenebroso abismo...

Quem cumpre o seu dever semeia para o futuro e para ele armazena frutos que o sustentem, distribuindo boas ações e amando ao presente que lhe seja concedido pela Divindade.
  
Nos domínios da fé - 3
por Luiz de Oliveira
Reformador (FEB) Outubro 1925

“Ajuda-te que o Céu te ajudará”

Vence de ânimo forte as dificuldades da vida quem se não afasta da moral Cristã e nela procura equilibrar-se, alheando se do convencionalismo dos homens para se não escravizar às atrações materiais.

Na hora do sofrimento, das acerbas desilusões, quando a alma do que padece é experimentada, em sua resistência, pelos retardatários que a alvejem, não sucumbe o que se entrega à misericórdia do Senhor porque, amparado pelos protetores espirituais, na guerra que lhe ofereçam os inimigos da Luz, inspirando-se no Mártir do Calvário, para suportar resoluto as supremas investidas contrárias que lhe venham colocar em prova a fortaleza moral, fortalecido, se ente amparado pela ação benéfica dos mensageiros do Alto, aparelhando-o para vitoriosamente resistir às lutas que se desenhem.

O trabalho na vida terrena é áspero e bruto, mormente para o homem que
se esforça, desejoso de realizar existência cristã e desse objetivo se não distancia, preferindo, para mantê-lo, renunciar aos bens garantidores da fortuna material, quando a posse destes, resultando em prejuízo coletivo, lhe venha conturbar a pureza dos sentimentos, comprometendo-o perante o tribunal da consciência e invalidando-o para o convívio simples e pacífico dos que se alteiam nas veredas da fraternidade, recolhendo as bênçãos do Senhor.

Difícil, em verdade, a execução dessa tarefa; mas quem não se desvia desse
critério modelado pelo “Filho do homem”- Jesus de Nazaré - que, para nortear o espírito humano à conquista do prometido reino espiritual, nasceu em condição humilde, preferindo para seu progenitor um carpinteiro, a fim de demonstrar que o operário, em seu trabalho honesto, tem mais valor que o rico de ouro e pobre de sentimento; quem não afasta dessa diretriz não conhece barreira nem mortificação capazes de lhe amortecerem o vigor e anseios progressistas; antes, acionado pela fé, que se não caracteriza unicamente pela prece, porque – “nem todos os que dizem Senhor! Senhor! entrarão no reino do céus” - inspirando-se no divino Mestre, para se não desviar da prática do bem, sentir-se-á tranquilo e bem disposto, sempre apto para vencer na trajetória do progresso.

O homem de fé não perde nunca a esperança de melhores dias. Em situação precária, na miséria, na enfermidade, na hora acerba dsa fundas agonias, sente-se amparado pela caridade do Alto, que lhe transmite o alento renovador das energias inquebrantáveis, dando-lhe coragem e perseverança para não esmorecer na lutas. Então, a voz serena e persuasiva dos Instrutores divinos lhe vem dizer: “A impaciência é inimiga da evolução; originando-se da ignorância, impossibilita o progresso do Espírito, precipitando-o na violência, na exteriorização do orgulho que o desorienta e propele ao desespero, em cujo reduto, estacionário e insano, vomitando para o infinito a gargalhada rebelião, semeia ventos que passam o fermento das tempestades...”  

O homem de fé assim não procede, isto é, como o que semeia ventos... Ao contrário, modelando-se pelo Cristo, amando e distribuindo frutos de amor, de paciência e harmonia, com exemplos que edificam, trabalha, espera e progride sempre. Trabalha quanto pode, dentro da esfera de ação que lhe esteja determinada, para o bem comum; não visa recompensa aos benefícios que derrama e, deste modo, entregando-se à proteção divina, realiza a maior das fortunas que consiste, unicamente, na paz espiritual, pela consciência do dever cumprido.

Assim vive o homem de fé. De outro modo não deve agir o espírita cristão, pois, o que desta arte não procede deixa de cumprir o dispositivo divino: “Ajuda-te que o Céu te ajudará.”