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terça-feira, 7 de julho de 2020

Amor à Doutrina





Amor à Doutrina
por Umberto Ferreira
Reformador (FEB) Outubro 1975

            Todos os espíritas reconhecem os inúmeros benefícios que recebem constantemente do Espiritismo, seja na forma de assistência espiritual, seja na do conhecimento que liberta.
            No entanto, muitos não têm demonstrado amor a esta Doutrina tão benéfica.
            Ao invés de trabalharem pela conservação de seu bom conceito e pela manutenção de sua pureza, utilizam-na como meio de exaltação da própria personalidade, conspurcam-na com suas ideias próprias e não conseguem sacrificar seus interesses pessoais pelo seu engrandecimento.
            Muitas vezes, preocupados em manter as casas espíritas cheias, não hesitam em introduzir nas reuniões práticas ritualismos, ou em fazer reuniões mediúnicas em público. E, quando admoestados, ainda que fraternalmente, reagem numa atitude que denuncia a primazia dos interesses pessoais sobre os da Doutrina.
            É necessário reconhecermos que a Doutrina é dos Espíritos. E nós estamos tendo a oportunidade de trabalhar no campo fértil que ela nos faculta, a fim de beneficiarmos a nós mesmos. Não temos o direito de cultivar o personalismo, pois este é extremamente prejudicial ao movimento espírita.
            Se militarmos num centro ou instituição espírita qualquer, teremos o dever de orientar-nos unicamente pela Codificação Kardequiana, renunciando às nossas ideias que se choquem com seus princípios.
            Por outro fado, é imperioso nos esforcemos para superar o amor-próprio ferido nas divergências doutrinárias, e conter nossos impulsos de trazer a público, através da imprensa ou de palestras, estas divergências, pois isto só tem servido para estabelecer confusão no meio espírita.
            A posição ideal do espírita deve ser, portanto, a de absoluta fidelidade e amor à Doutrina, nada realizando ou falando nas instituições espíritas, ou escrevendo nos periódicos, sem um estudo prévio, um confronto com as obras básicas. Só deveremos fazer aquilo que contribua para o engrandecimento do Espiritismo.  

domingo, 1 de dezembro de 2019

Antes do diagnóstico de obsessão



Antes do Diagnóstico de obsessão
Umberto Ferreira
Reformador (FEB) Dezembro 1976

            Frequentemente, são trazidas ao meio espírita pessoas com distúrbios mentais e que são prontamente rotuladas como obsidiadas.

            O conhecimento de todas as causas destes desequilíbrios nos induz, entretanto, a uma atitude mais cautelosa, uma vez que a parasitose mental não é a única causa destas alterações. Não desconhecemos que em praticamente todos estes casos há um componente obsessivo mas o problema surge quando se afirma que em todos eles o fator básico é a obsessão.

            Não se pode esquecer os casos das doenças mentais de fundo orgânico e que invariavelmente constituem expiação.

            Bezerra de Menezes (1) chama a atenção para este fato, quando afirma: “ora, a loucura, como temos demonstrado, é moléstia de fundo orgânico, nuns casos, e é de fundo espiritual, noutros casos; logo a Ciência precisa bem conhecer esta diferença, para variar de ação, segundo a espécie.”

            E os sintomas destas psicoses de fundo orgânico por vezes se assemelham muito aos do processo obsessivo.

            Uma outra condição que precisa ser considerada antes do diagnóstico de obsessão é a que André Luiz (2) chama de “emersão do passado” em que a pessoa revive situações de encarnações passadas que entram em choque com a realidade presente, dando a aparência de um verdadeiro possesso.

            Por fim é necessário lembrar que muitos Espíritos bastante atrasados moralmente, oriundos de zonas purgatoriais, reencarnam para progredir e praticam atos de verdadeira perversidade. Estes são quase sempre rotulados como obsidiados. É claro que eles atrairão a companhia de Espíritos da mesma categoria, que os ajudarão, mas a principal causa do comportamento estranho estará neles mesmos, na falta de evolução espiritual. (3)

            É por isso que qualquer precipitação neste campo pode levar a profundas decepções. Eis as razões por que é imprescindível um estudo meticuloso de cada caso antes de se firmar o diagnóstico de obsessão.

            (1) “A Loucura sob Novo Prisma”, Bezerra de Menezes, 3ª. Ed. FEB. p. 155.
                (2) "Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz, 3ª ed. FEB, p. 191.
                (3) “Mecanismos da Mediunidade”, André Luiz, 4ª ed. FEB, pp. 171-3. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

As Curas do Invisível



As Curas do Invisível
Umberto Ferreira
Reformador (FEB) Julho 1978

            As curas realizadas por Jesus e pelos médiuns de todos os tempos sempre obedeceram às leis naturais, que não podem ser derrogadas. Em outras palavras, não constituíram milagres.

            O Espiritismo trouxe a explicação racional para estes fenômenos. Demonstrou a existência do perispírito e dos fluidos espirituais e as suas propriedades.

            Os Espíritos, pela ação da vontade, podem atuar sobre estes fluidos e transformá-los. Têm o poder de formar, a partir da matéria cósmica universal, os objetos que estão acostumados a usar, tornando-os tangíveis. Por exemplo, um médico desencarnado tem condições de formar um bisturi, para intervenções cirúrgicas espirituais, desde que conheça os princípios que regem estes fenômenos.

            Respondendo a Allan Kardec, o Espírito São Luís (1) explica que os Espíritos inferiores também têm o poder de produzir objetos tangíveis. Logo, os Espíritos mistificadores, que conheçam medicina e certas leis, podem perfeitamente operar curas materiais, através da prescrição de medicamentos ou por meio de cirurgias espirituais.

               (1) "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec, "38ª edíção da FEB, 1977, p. 162.

            A simples realização de curas orgânicas não atesta a presença de Espíritos Superiores. Jesus (2) advertiu severamente contra tais Espíritos mistificadores: "Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos." E Allan Kardec (3) acrescenta: "O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui, pois, sinal de uma missão divina, visto que pode resultar de conhecimento, cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o mais digno."

               (2) Evangelho de Mateus, 24:24.
               (3) "O Evangelho segundo o Espiritismo", Allan Kardec, 74ª edição da FEB, 1978, pp: 333 e 334.

            Hermínio C. Miranda (4), num artigo em que faz um estudo de Hitler, como o médium do Anticristo, referindo-se à "poderosa equipe espiritual trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem", afirma: "É engano pensar que essas falanges espirituais ignoram as leis divinas" ( ... ). "Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem"... "Nesse interim, porém, valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para alcançarem seus fins. É claro, também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo, como Hitler, pois procuram conquistar igualmente organizações sociais e religiosas que representem núcleos de poder."  

            (4) "O Médium do Anticristo", in "Reformador" nº  1764 (março de 1976), p. 84, e nº 1765 (abril de 1976), p. 120.

            É o próprio Hermínio C. Miranda que nos faz a seguinte advertência, no artigo referido: "O movimento espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração... " "Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção."

            Poder-se-ia perguntar: Mas com que objetivo farão tudo isto? Que mal há, se estão fazendo o bem?

            O perigo é que passam por guias espirituais e procuram fascinar as pessoas pelo fenômeno mediúnico, desviando-lhes a atenção do Evangelho, para que não se melhorem moralmente. Lentamente vão envolvendo o maior número possível e têm um interesse todo especial pelos verdadeiros trabalhadores do Movimento Espírita, seus alvos prediletos e mais importantes. Quando conseguem dominar completamente estas criaturas, subjugando-as, fanatizando-as - preferentemente os médiuns -, envolvem-nas em verdadeiros escândalos públicos para, ridicularizando-as, desmoralizar a Doutrina Espírita.

            Mas como identificá-los?

            É o próprio Codificador (3) que nos dá a sábia indicação: "O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres e EXCLUSIVAMENTE MORAIS." (O destaque é nosso.)

            É preciso, portanto, estudar, com muito cuidado, a condição dos Espíritos que realizam curas, especialmente através de receituário ou de cirurgias. É de importância vital analisar a orientação, os conselhos que dão, se não exaltam o próprio nome, em lugar do do Cristo ou do próprio Criador, se recomendam o estudo que liberta e a transformação moral, ou se antes não estimulam a vaidade, dos que os procuram, com revelações fantasiosas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Espíritas e Frequentadores de Centros


Espíritas e
frequentadores de Centros


U. Ferreira

            A cada dia que passa, maior número de pessoas tem procurado os recursos do Espiritismo para a solução dos seus problemas mais aflitivos.

            Por isso, as sessões públicas frequentemente estão repletas. Talvez um dos fatores que estão colaborando para isto seja a redução gradativa do preconceito que existia contra a Doutrina, graças à ampla divulgação através dos veículos de difusão.

            Entretanto, continua reduzidíssimo o número dos que efetivamente trabalham na Seara do Mestre. A grande maioria se contenta em receber. São reconhecidos pelos benefícios recebidos e esperam continuar merecendo os recursos espirituais indefinidamente. Permanecem encantados com os ensinamentos consoladores do Espiritismo, com as maravilhas da mediunidade com Jesus, com a caridade praticada na Seara ou mesmo com os próprios médiuns. Contentam-se com a adoração passiva que tem sido a sua atitude característica há séculos.

            Podemos, pois, dividir os assistentes das instituições espíritas em dois grupos: um, reduzido, que se desdobra na execução das múltiplas tarefas, que precisam ser executadas, e outro, numeroso, que se limita a receber, acreditando que o céu que não conseguiu conquistar frequentando os templos tradicionais, pode obtê-lo, agora, a expensas da amizade dos Espíritos Superiores.

            Como despertar esta grande multidão que dorme? Como faze-Ia passar da inatividade para a luta constante e efetiva na seara do Bem? Como levá-Ia a entender que a Doutrina é o roteiro que impulsiona o progresso espiritual, quando verdadeiramente vivida? Estarão sendo eficazes os métodos de estudo usados atualmente nos Centros?

            É possível que as respostas a estas questões só apareçam depois de muita reflexão. Mas uma coisa é certa: a única solução é orientar os frequentadores a conhecer a Doutrina Espírita com maior profundidade, a fim de que possam adotar os comportamentos que caracterizam os espíritas conscientes.

            Se não tomarmos medidas urgentes, correremos o risco de permitir que o Espiritismo seja concebido, pela massa de frequentadores que cresce dia a dia, como mais uma religião que garante aos seus seguidores a salvação pela simples aceitação dos seus ensinamentos e o comparecimento passivo às suas reuniões.

in “Reformador” (FEB)  Abril  1981