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terça-feira, 25 de setembro de 2012

28 e final. 'Amor à Verdade'


28
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



Renovação

            É, positivamente, o esclarecimento das almas a antemanhã de uma nova era.

            As provas maravilhosas da sobrevivência, os fenômenos de mais em mais amiudados, os fatos insistentemente ocorridos entre a própria gente descuidada ou cética, tudo está a pedir, de modo inconfundível, um pouco de reflexão sobre os destinos humanos e a grande verdade de que além desta vida transeunte outra vida existe, mais vida, onde “nada ficará, oculto que não seja descoberto.”

            As mensagens daqueles que o Criador encarregou de educar a humanidade sucedem-se manancialmente, orientando por igual os encarnados e os desencarnados que, doutrinados no Além, necessitam voltar à Terra para sua evolução.

            Também sucedem-se, é claro, com esse movimento crescente, as provas e expiações.

            Assim, toca a buscar a razão da dor o que sofre, e cumprir seus deveres cristãos o iniciado.

            Se a um vai pesar a revolta contra o padecimento, ao outro não menos doerá o deixar demonstrar, por toda parte, pelos meios possíveis, com o exemplo e a palavra, o caminho verdadeiro.

            Os que, para progredir, precisam tomar novo corpo, são almas ainda fracas e de certo modo inexperientes: da ação dos que aqui aceitam os ensinos depende a sua sorte - o naufrágio ou a vitória, nova queda ou a falsidade. Está traçado que devem formar a base de uma sociedade melhor constituída que a presente.

            Não falirão tanto pela dor como pelo mau exemplo, que os arrastará para a desgraça. Os erros que tem conduzido os homens à desventura, muito refletirão sobre a nova camada, que só para evoluir  vem, como precursora de outra mais iluminada e forte que afinal baixará para fazer triunfar a  verdade sobre a mentira, o sentimento sobre a sensação, o espírito sobre a matéria.

            Pelo teor seguinte nos fala a esse respeito o abnegado que foi Pedro de Alcântara, tão solicito sempre em guiar-nos pela boa senda:

            “Ao infinito se desdobram os acontecimentos e suas consequências. O início foi dado com o maior sinal que ainda se notou sobre o globo - a Grande Guerra.

            Em sua sabedoria, o Pai celestial chamou, a um tempo, milhares de entes que, embevecidos no poder terreno, esqueciam que só Deus pode sabiamente distribuir, justiça e determinar acontecimentos.

            “Assim conduzidos pela dor, despertaram entre clarões, não já dos fuzis matadores, porém da luz divina, que, iluminando-os, fê-las compreender a vantagem do sofrimento, o seu poder regenerador, e que só serão felizes quando não mais causarem gemidos a  seu próximo.

            “Atualmente, estudam, observam, experimentam todas as sensações, desde as da densa atmosfera terrestre, . penosas, até as sublimes e puras dos céus. Em continuas alternativas de dor e alegria, pesquisam, para que possam, quando vestirem novo corpo físico, sentir os avisos da felicidade que lhes está reservada, bem como a todos quantos souberem amar a Deus e ao próximo.

            "Entre elas, aprendizes em sua vasta maioria, contar-se-ão mestres que as conduzam na trilha do Dever. E lá onde estanceiam os Espíritos guardiães onde, somente, o amor e a verdade podem ser conhecidos em toda a pureza, lá, um Amigo maior que todos, sábio e manso, cheio de fé nos irmãos a quem confiou a tarefa de ajudá-la, lá, o Mestre, o Filho de Deus, o que sofreu por amor dos homens, o que de seus algozes não teve senão piedade, Jesus, entre hinos e luminares, contemplará a faina, por todos orando e a todos inspirando.

            “Os encarregados, quais obreiros da primeira linha, de desbravarem o terreno e lançarem os alicerces do grande edifício, esses, filhos também abençoados pelo Pai e amados por Jesus, tendo, sob os rigores do pesado trabalho, concluído sua incumbência, serão, ao regressar, festivamente recebidos. E sua sede será saciada na água cristalina... Repousarão, para que os novos operários levem por diante a obra, que lhes apresentará mais delicados encargos.

            “Tratai, pois, de preparar o meio que deverá receber os irmãos agora convertidos e que ensaiam, neste momento, ainda na erraticidade, os seus primeiros passos no caminho maravilhoso da fé.

            “Muito vos pedimos, é exato; mas muito vos daremos. E se mais precisardes, é pedir: não se esgota a fonte eterna do Amor.”

FIM




sábado, 22 de setembro de 2012

27. 'Amor à verdade'



27
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



O doutrinador


            Fala um nosso Instrutor espiritual:

            “A luz e o amor à verdade sejam contigo.

            “Venho trazer-te alguns conselhos mais. Nunca deixes, em teus trabalhos, de aplicar todos os meios possíveis para esclarecer o Espírito em doutrinação.

            E quando pareça nada teres alcançado, não desanimes; antes pelo contrário, enche-te de coragem; a demora, muitas vezes, depende de certos acontecimentos que agora já podes compreender.

            “Os Espíritos ora trabalhados, são inimigos da doutrina, obsessores inveterados, que dispõem de numerosas falanges e contam muitas relações no seu meio de ação. Necessário se faz o esclarecimento desta classe de Espíritos. Pelo exposto, deves concluir que, enquanto um se comunica, os outros, em número regular, diligenciam defendê-lo, quer impedindo a formação dos quadros, quer atacando o doutrinador e pessoas circunstantes.

            “Poder-se-ia, desde o início, tolher a liberdade ao infeliz ligado ao médium, e obrigá-Io a ouvir a doutrinação; porém, como já alcançaste, as conversões por incorporação, são diminutas em face das realizadas por meio dos fluidos que fornecem os médiuns de efeitos físicos.

            “«Assim, o chefe da falange, enquanto afaga a esperança de vencer, envia emissários a busca de reforços, valendo, por esta forma, de atração de Infelizes que aqui vamos diretamente instruindo e convertendo. Deste modo, podemos fazer, com uma só comunicação, tanto ou mais serviço do que com três ou quatro.

            “E como nos grupos que se esforçam para o bem geral, os Espíritos que se manifestam devem converter-se, não se permite deixarem eles o médium, senão quando esclarecidos e dispostos a seguir novo caminho.

            “Os trabalhos nestas condições são mais proveitosos, sobretudo mais rápidos, porque se tornam contínuos e por maior espaço de tempo. De fato, a precipitação com que os Infelizes se lançam contra o doutrinador, que, sendo bem amparado e protegido, nada sofre, faz com que tenham grandes decepções, o que muito influi em seu pensamento levando-os a investigar a razão de tal resistência.

            “Já temos tido ensejo de produzir, assim, e em pouco tempo, conversões de hordas que, talvez, em vários dias, não pudessem, de outro jeito, ser doutrinadas.

            “Em todos os centros espiritas onde haja boa vontade, humildade e fé, poderemos assim proceder; e quanto mais se elevar o doutrinador, tanto mais nos aproximaremos para protegê-lo contra os ataques.

            “Embora não possas julgar pela observação numérica, podes, entretanto, pela sensibilidade, apreciar as alternativas do ambiente psiquico.

            “Nem sempre podemos ajudar certos grupos, embora os seus dirigentes revelem boa vontade, por lhes faltar, além das indispensáveis noções da doutrina, o espirito de observação, meticulosidade e discernimento, com que se deve receber toda comunicação. Ora, isso - não era preciso dizer - facilita extremamente as mistificações.

            “As faculdades anímicas nem sempre são convenientemente exercitadas. Entre os médiuns de toda categoria, encontram-se a vulto os sensoriais. Semelhante qualidade, porém, só a pouco e pouco se há de desenvolver. É isto sobretudo porque todo mortal traz ao lado a sua escolta, constituída por vítimas de outrora, que precisam ser auxiliadas hoje. Ao compasso da libertação de cada um é que pode ser educada a sensação espiritual. 

            “Os doutrinadores muito contribuiriam para a causa da regeneração, se fizessem jus à desopressão e subsequente desenvolvimento de faculdades preciosas que, estacionarias, se tornam inúteis, em vez de servir-lhes até para a fiscalização dos trabalhos, recebendo diretamente instruções e evitando o hábito corrente e muito perigoso de se fazer comunicar pelo médium um Espirito para dele receber as instruções.

            “De todas as práticas refutáveis do espiritismo, esta ocupa lugar salientíssimo.

            “As sessões espiritas convergem verdadeiras vagas de almas retardatárias, os mais variados representantes do mundo supraterrestre. É para um fim providencial - a conversão. Ora, ninguém que estude a doutrina, ignora o antagonismo entre os fluidos de Infelizes e os do Protetor. A aproximação de uns determina o afastamento de outros. Assim, em tais sessões, antes que se tenha dado a conversão dos espíritos aí reunidos, dificil se torna a manifestação dos superiores, que muito sofreriam para suportarem o meio, sem repelir os que aí foram para ser doutrinados.

            “Algumas vezes, é exato, fazem-no abnegadamente, quando reconhecem que o seu sacrifício é compensado; porém, na maioria das vezes, para protegerem o doutrinado r e o orientarem, do alto enviam as suas inspirações acompanhadas de eflúvios. Isso, entretanto, raramente surte o efeito desejado, porque o doutrinador, não tendo suas faculdades apuradas, não sabe distinguir os fluidos e tanto dos Maus como dos Bons recolhe as intuições.

            “Em todo o caso, é respeitado o livre arbítrio; e se as manobras do Infeliz são aceitas, fatal será seu domínio sobre o diretor, impedindo lhe chegue a luz para esclarece-lo.

            “Assim, vemos frequentemente cair grupos espíritas, embora bem intencionados, sem que, de certo modo, lhes possam valer seus amigos e reais protetores. Retiram-se estes em cata de outro núcleo de trabalho, permanecendo estacionário o grupo assim submetido.

            “Portanto, meus filhos, orai e vigiai. Porque, a vossa beira, enquanto na carne estiverdes, tereis sempre ocultos vingadores que vos veem pedir contas do passado. De vossa conduta depende a sua conversão. Assim tereis saldado uma dívida, dando lugar a outra vítima, que também tem o direito de ser auxiliada.

            “Vive, pois, o encarnado em permanente trabalho, sem que dele, muitas vezes, tenha o menor conhecimento. Jamais deixará de assim ser, porque é esta uma das razões da vida planetária.

            “Adeus, meu filho; Deus te ajude, Maria te abençoe; e a luz e o amor à verdade fiquem contigo.  José.”






26. 'Amor à Verdade"



26
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927

Espiritismo prático


            Certa vez, ao terminar das preces, a hora de repouso, percebemos, mercê da mediunidade sensorial, que possuímos, aproximação de Protetores.

            Interrogando-os se desejavam comunicar-se, foi obtida resposta afirmativa.

            Feita nova oração e dispostas as causas para colhermos a sideral mensagem, entra a escrever um Espirito que, saudando-nos com o conhecido cântico dos anjos, se dizia Paulo, o apóstolo. Sem embargo das palavras mansas e harmoniosas que usava, não nos sentíamos bem, como acontece todas as vezes que recebemos uma entidade superior; ao inverso, era ingrata a sensação que experimentávamos. Anda mouro na costa! - pensamos; e logo nos lembrou aquela admonenda do Mestre: ORAI E VIGIAI. Foi o que para logo fizemos: mentalmente pedimos nos fossem dados eflúvios em sinal da dignidade inculcada pelo manifestante. Nada veio: tratava-se de um mistificador, que nos haveria por certo bigodeado (enganado), se não fora a nossa sensibilidade.

            De novo oramos, suplicando a confirmação, por eflúvios também, de que o referido Paulo estava mistificando. Veio a confirmação, e com ela, graças ao cuidado tomado, a lição que aí segue, de nosso incansável Guia:

            “Paz de Maria seja com o meu filho.

            “Ás vezes, permite-se que os partidários da ignorância, obdurados (obcecados) inimigos da verdade espírita, tomem a nossa frente nas comunicações. A razão é porque o médium deve não só estar vigilante, como ainda, se prudente e esclarecido, repô-los no caminho verdadeiro.

            “Nem sempre, infelizmente, isso acontece. Antes pelo contrário: esquecendo conselhos, ou deveres, é comum deixar o médium de instruir os impostores, privando-se ele próprio de receber a lição grandiosa que o céu lhe deseja dar.

            “Os falsos instituidores pululam no espaço; e a ligeireza com que muita gente meneia o espiritismo tem concorrido para engrossar o número deles. Em vista do livre arbítrio, nem sempre podemos evitar o fracasso quer de médiuns e de adeptos. Na maioria dos grupos aonde repetidamente vamos por trabalhos de conversão, nada ou quase nada conseguimos: entontece-os a MILICIA DAS TREVAS. Inteligente, porém mau e despeitado, manhoso e atreito (acostumado) a engazopar (iludir), o inimigo da luz consegue parecer um Enviado, um Santo, uma alma pura. Usando linguagem mais empolada que substanciosa, prende a atenção da assistência e refoge (escapa apressado) a doutrinação.  O calor do discurso e a opulência da palavra não deixam ver debaixo da erva o trigonocéfalo... (serpente venenosa)

            “Ora, em quanto da parte dos espíritas perdurar tamanha inadvertência, esses inveterados sapadores procurarão, por todos os modos, insinuar-se, conquistar simpatias e confiança, estabelecer, em suma, a corrente necessária à sua dominação.

            “Dezenas de círculos trabalham sem nenhum resultado, porque vivem sob continua ação de falanges malignas. Fazendo, para se tornarem acreditadas, um que outro favor material, encabrestam um por um todos os médiuns. E o que custa, depois, a descravização!

            É bem difícil, na atualidade, a prática do espiritismo sem as maiores cautelas. Em tudo, aliás, há precauções a tomar.

            “Na lei de Deus nada passará; tem que ser cumprida a risca e inteiramente; a tarefa hoje negligenciada haverá de ser repetida amanhã.

            “Os centros que se deixam em tanta maneira ludibriar, não perdem somente o tempo: cometem faltas graves, por assumirem responsabilidades a que longe estão de dar cumprimento.

            “É necessário orar e vigiar. Quando não se possuem certas faculdades, como vidência e sensibilidade, mais vale a sessão sem comunicações, até que um médium de boa moral e, sobretudo, humilde possa contribuir para um serviço de cunho prático.

            “A prece atrai sempre os Espíritos do Senhor. Eles, porém, mensageiros do bem e do belo, cumpridores severos da lei, jamais a violarão. Daí o livre arbítrio respeitado.

            “A função do espírita consiste no esclarecimento dos Infelizes, na assimilação e propaganda dos ensinos que deve haurir não só das individualidades avançadas como das próprias manifestações inferiores.

            “Assim sendo, os gênios tutelares procuram quanto mais atender as preces, e então, em frente do que rogou, colocam a tarefa, isto é, o Espírito que lhe compete regenerar.

            “Na maioria das vezes, esse Espírito ou é turbulento e intenta lançar o pânico entre os assistentes, ou é hipócrita e insinua-se com roupagens de certo efeito. Senhoreando a assembleia, passa corno um graduado, não balançando mesmo em usurpar o nome de varões ilustres, ou dos chamados santos. Assim persiste até que, tendo chegado ao extremo, é levado a lugar onde possa ser descoberto e logo doutrinado.

            “Há, entre as tendas espiritas, algumas práticas de perigoso resultado. É uma a consulta, principalmente sobre assuntos estranhos à doutrina.

            “Nem sempre o médium tem próximo o seu real Protetor; além de que, é ele, mais do que qualquer outro, visado assim pelos inimigos da sua crença, como pelas vítimas de encarnações pretéritas. Pois algumas destas, ou qualquer daqueles, é que se prontificam, o mais dos casos, a responder às consultas, empregando comumente esforços para que a resposta satisfaça e se verifique o pedido.

            “Não quero com isso dizer que não se consultem os Espíritos: eles mesmos são felizes quando podem instruir seus irmãos; porém não é a tal ou tal Espirito que se deve consultar ou pedir, mas a Deus, em fervorosa prece.

            “Todo ser humano tem mediunidade pelo menos nos intuitiva. Se assim não fora, difícil se tornaria aos Espíritos guardíães conduzir os seus guiados.

            “A prece, pois, ao Pai, dá lugar a que o próprio Anjo de Guarda venha em auxilio do seu tutelado e lhe dê, por intuição, a resposta, ou atenda a rogativa, se for permitido.

            “Por um lado, evita-se, assim, que embusteiros tomem autoridade sobre as oficinas; por outro lado, consegue-se que as influências salutares possam aproximar-se, imprimir o necessário impulso, deitar a orientação precisa para conhecimento das leis supremas.

            “Se os espíritas souberem arredar esses entraves, colaborando de fato no plano divino, merecerão as luzes e auxílio que na maioria das vezes não alcançam depois da morte, - o que dá sempre aso a despeito, desilusões e consequência natural) acordo com os infelizes que lhes impediram o progresso, tornando-se, em regra, terribilíssimos obsessores.

            Quando, numa sessão espirita, impera a anarquia, quando os invisíveis ocupam os médiuns sem que o diretor o tenha ordenado, ou os abandonam à vontade, sem que possam ser tolhidos, não há duvidar: os chamados protetores, em tal meio, não passam de elementos degradados, almas tisnadas pelo vício da mentira. 

            “Em uma roda com proteção superior, nenhum espirito abandonará o aparelho sem que seja acompanhado de um mensageiro e com a permissão do doutrinador.

            “Esses pontos de espiritismo prático são facilmente reconhecidos pelos observadores atentos e de boa vontade.

            “Para que uma reunião tenha amparo e força, indispensável se torna a unificação dos pensamentos; a harmonia dos corações; a vigilância tanto do presidente e médiuns como dos circunstantes; a boa vontade; a intenção de trabalhar para esclarecer-se e esclarecer o próximo. O que tudo faz com que o doutrinante receba as inspirações e tenha poder para reter no médium o espírito que importa ser convertido.

            “Trabalha, meu filho, e concita os nossos irmãos ao trabalho produtivo. Dentre eles, muitos são bem intencionados; mas falta-lhes melhor compreensão da doutrina, o que só com esforço e paciente estudo irão lento e lento conquistando.” 


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

25e. 'Amor à Verdade'




25e
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            É da maior monta a notícia de todas estas coisas. A todo o mundo interessam. Ao espírita particularmente. Porque, em grupos sabiamente dirigidos, compostos de pessoas bem intencionadas, movidas do empenho de lançar a verdade e estabelecer a concórdia, muito se pode fazer pela evolução da humanidade ignara, que cega, se deixa encavalgar pelos cegos do espaço.

            Segundo observação de vidente e explicação dos Protetores, nas sessões com médiuns de efeitos físicos, onde haja, por exemplo, cem Espíritos para serem norteados, o primeiro serviço é separá-los em grupos consoante o avanço intelectual e as tendências de cada um. Com extrema facilidade o executam as almas adiantadas.

            Assim distribuídos, a cada classe toca um Instrutor. Ao mesmo tempo, outros trabalhadores extraem dos médiuns a força fluídica, encaminhando-a para os doutrinantes, que a empregam segundo as necessidades.

            Em duas horas de labor, pode converter-se, tal seja a capacidade moral dos médiuns, um pelotão de Infelizes. É claro, muito influi outrossim a concentração da assistência, que, quanto menor, melhor.

            Dois factos fisiológicos se passam, conforme vimos, durante os trabalhos: a sede e o bocejo. É este bastante útil ao médium, pelo desenvolvimento dos órgãos respiratórios. Por experiência própria o asseveramos. Dá-se com a extração dos fluidos e provoca a sede, indício de dispêndios orgânicos em tal sorte de atividade. O corpo realmente ha de reclamar, como reclama, reposição do que lhe foi subtraído.

            “Para a formação dos quadros há pouco descritos pelo vidente, disse-nos um Protetor, necessiramos material de variada espécie, que, manipulado, possa prestar-se às operações convenientes. Assim, permitimos que os Infelizes, rodeando o médium, saturem-no de seus fluidos pesados. Por nossa vez também lhe enviamos os nossos, para retirá-los de mistura, logo em seguida, e dar-lhes a aplicação que     já sabem.

            “Nota que também nisto se verifica a lei circulatória: se, por um lado, sacamos elementos, por outro os repomos; com eflúvios salutares e restauradores não só se retribui a dedicação do médium, mas segura-se o seu estado hígido (de saúde).

            “O organismo do que entra a desenvolver essa faculdade, quer-se prudentemente conduzido, até habituar-se de todo a tais permutas. Portanto, ao começo, é pequeno o serviço prestado. Não estando os seus tecidos, principalmente o nervoso, afeito às trocas, importa lentamente educa-las. A vontade, porém, opera milagres; o esforça perseverante é tudo”.

            Vamos encerrar este capítulo com uma palavra justificativa da insistência e largueza com que versamos a questão. Do alto nas veio:

            “O sistema de trabalho que assaz tem aproveitado não só aos meus filhos, como às almas aqui orientadas, está senda aceita par muitos adeptos com que os meus filhos tem palestrado. Contudo, a propagação é morosa, vista como se limita ao círculo das suas relações.

            “A matéria, entretanto, é digna de estudo, e mais, de propaganda. Devem os meus amigos fazê-la pelos meios que lhes parecer, convictos de que para isto serão favoniados (favorecidos).

            “É tempo de fazer ver a maneira de concorrer cada qual mais e melhor para o engrandecimento das almas, primeiro do espaço e logo da terra.

            “Desde remotas eras se aproveita a força latente dos encarnados para a ensinança dos desencarnados. A obra do Criador é sem intermissão. Por esse processo muito se tem realizado nos diferentes planetas. Na Terra, desde que o homem apareceu, sempre os mensageiros do Senhor doutrinaram os invisíveis a poder de demonstrações que exigem fluido dos humanos.

            “Se assim é, e só agora tem a graça de o conhecer em toda a plenitude, é que os tempos chegaram e urge desvelado o segredo. Se, ao tempo de Kardec, não foi isto propalado, é porque a humanidade não estava em ponto de compreendê-lo e lhe causaria, em certa maneira, enormes embaraços ao Codificador, que, sem embargo da grandiosa missão, expiava ainda o passado, mormente no tocante à vida de Jesus.

            “À obra, pois, meus amados filhos. Batalhem neste sentido, e nada para tão grande ofício lhes faltará.”



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

25d. 'Amor à Verdade'


25d
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Acima dissemos, a força fluídica - trate-se da sua exteriorização, quer do seu emprego - varia com as disposições mentais de cada um. Certo, uma educação mais ou menos longa dessa faculdade é necessária; mas a vontade é o seu primeiro regulador, notadamente no tocante aos efeitos.

            Muita e utilíssima pode aos Trabalhadores fornecer quem se interesse pelo alívio e esclarecimento do próximo, quem procure sentir a doutrina e sublimar a caridade. Nas vibrações de nosso ser os Grandes leem maravilhosamente. Conhecedores da lei, respeitam nosso livre arbítrio. Só tomam de quem quer dar, só se valem de quem quer servir. Todos podemos, na medida do nosso desenvolvimento; por na salva (bandeja) de queridos antepassados um óbulo de luz com que esclarecer e salvar uma infinidade de irmãos retardatários. Todos podemos, na medida do nosso esforço em moralizar-nos, fornecer elementos para calar muito gemido. Um semelhante sofre? A seu lado, produzindo ou agravando o mal, existem sombras, que o punem de remotas injúrias. - Quereis valer-lhes? Rogai por eles. Substituindo pela fé os passes muito em voga, rogai por todos, pelo doente e pelos desencarnados. Os Luzeiros do astral baixarão e, tendo utilizado os vossos fluidos, já serenaram aquela agonia, já reconduziram estes operários, deitando bênçãos sobre quem Ihes deu força para trabalhar e mais ainda subir.

            O anverso agora. Sabemo-la por instruções também dos nossos Guias. O que para tanto préstimo não busca habilitar-se e deixa a toa tamanha riqueza, mais do que pode imaginar comete falta. É malefício deixar de fazer o bem possível. - Uma falta pequena, dir-se-á, uma falta por omissão... Engano! Para todas as suas obras ajudam-se os invisíveis de nossos fluidos. Quem, por amor, não os empresta aos divinos obreiros, cede-os fatalmente aos frívolos e maus. Estes a nada respeitam; para as suas peças e maldades só não podem retirá-las daqueles que, por uma longa e severa disciplina do pensamento, vão assegurando a assistência das almas boas. Desaproveitados é que não ficam os eflúvios do corpo humano: cristãos de verdade, oferecemo-los para o Bem; fúteis ou indiferentes, prodigalizamo-los para o Mal.




25c. 'Amor à Verdade'

25c
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Pondo a mira em executar nossos deveres, caminhando e expiando os delitos de passadas encarnações, um dia, pela escrita, recebemos a um dos nossos Educadores, que nos disse correrem satisfatoriamente os trabalhos. Entre carinhosos conselhos, deu-nos a ver a obrigação de propagarmos tudo aquilo que obtínhamos. “Guardá-lo tanto montava como colocar a luz em baixo do alqueire. A atmosfera, ao receber os raios solares, difunde-os, levando a claridade a pontos mui distantes. Assim a verdade vem por um, mas é para todos. Ninguém vive só por si e para si. A todo o que se interessa realmente pela avançada geral, incumbe espargir a ciência adquirida. A infelicidade dos homens é consectário (consequência) do egoísmo e desmarcada ambição dos mais ilustrados. Falar, pois, de tais serviços aos amigos e confrades; demonstrar-lhes como se aproveita para o referido objetivo a força fluídica dos médiuns de efeitos físicos; conversar amplamente sobre doutrina assim consoladora que propulsora do progresso. Muitos dentre os homens trazem os seus
princípios, abafados, é exato, pela multidão de Infelizes; porém, ao serem chamados, receberão inspirações para atenderem. Com eles a pouco e pouco formar-se-á um núcleo capaz de acarrear muita prosperidade ao povo”.

            Colineando (alinhando)  esses conselhos, sempre que se apresentava oportunidade, versávamos com uns generalidades da doutrina, e com outros, já seu tanto enfronhados nela, a particularidade dos trabalhos.

            Ao toque de reunir acudiu primeiro o professor Aldo Muylaert. Ao cabo de quase um ano, acompanhava-nos Seraphim de Almeida, presidente do Grupo Espirita S. João Baptista.

            Orando constantemente pelo médium que desgarrara, conseguimos, com esforço não pequeno, libertá-lo da falange que o dominava. Readmitido aos trabalhos, segundo instruções dos Guias, veio de novo a cair, ao fim de alguns meses, por não aguentar a prova a que a Suprema Sabedoria houve por bem submetê-lo.

            Nunca tiveram nossas sessões assistência superior a dez pessoas, cláusula imprescindível para boa concentração e melhores resultados.

            Ademais doutros, menos assíduos, presentemente são nossos companheiros: Aldo Muylaert, catedrático do Lyceu e Escola Normal de Campos ; Dr. Renato Machado, médico; Seraphim de Almeida, industrial; Dr. Obertal Chaves, promotor público da comarca; José Martins Manhães, farmacêutico; Waldebrando Rossi, artista; Leovigildo Leal, guarda-lívros; Antonio Rangel de Souza, poeta.




25b. 'Amor à Verdade'



25b
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Interesses do Governo Federal, a que ainda hoje serve, alongaram de nós o bom irmão, Dr. Epaminondas, transferindo-o para o Rio de Janeiro.

            Bastante nos pesou da separação. Além de que, mais difíceis se tornaram desde então nossos trabalhos. Mas a fé transporta montanhas... remove toda dificuldade. O serviço continuou. A nossa mediunidade sensorial, um tanto desenvolvida então, permitia-nos avaliar o andamento dele. Por de sobre isto, em nossas viagens ao Rio, onde, estando juntos, o afã tresdobrava, recebíamos o testemunho da verdade, quer pela palestra com os Mentores, quer pelas comunicações de vítimas que nos era dado esclarecer, em paga de nosso esforço e devotamento. Era o salário infalível. 




quarta-feira, 19 de setembro de 2012

25a. 'Amor à Verdade'



25a
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



            Corriam regularmente os trabalhos quando um ataque maior, por parte de legiões inimigas, veio fazer fraquejar o vidente, desviando-o do caminho verdadeiro.             

            Novamente sós os dois primitivos combatentes! Pilades e Orestes indefesos. Firmes na estacada, compenetrados de nosso dever, assistidos, naturalmente por isso mesmo de nossos Guias, pudemos resistir à onda impetuosa.

            Não pode ser em pura perda a dedicação do homem à verdade, a sua porfia no lucubrar, o seu denodo em face da dor, o seu empenho pelo futuro da humanidade. Perante o divino Juízo, tudo isto concilia mérito, que redunda no resgate de antigas faltas. Tanta ventura logramos. Eis como se dão as coisas:
            “À vítima é dada liberdade para se aproximar de quem trabalhou. Incutindo-lhe ruins alvitres, ou produzindo-lhe qualquer mal, age muita vez com o subsídio de outras almas que alicia e levam em gosto tal empreitada.

            Estranha recompensa, não há negar! Mas é uma prova a que se submete a criatura. Tendo feito jus a subir um degrauzinho, deita se lhe pela frente uma tarefa complementar que importa vencer, não só em seu próprio benefício como a bem da família humana, mercê da grandiosa lei de solidariedade.

            A alma odienta, a alma que persegue e tira vingança, é alma ínfima; facilmente a ensenhoreia quem traz no coração a doutrina de Jesus e sabe tirar dela quanto há nela de sublime. Pois bem; estabelecida a luta, mui comumente incompreendida, de duas uma: ou o obsidiado repele as sugestões, desarma o Infeliz e o necessita a buscar a luz; ou deixa-se levar pelas intuições do oculto vingador, dando-lhe portanto força e vindo a sofrer as tristes consequências de uma afinidade que não soube refugir (afastar-se) . Assim, não só perde o tempo como deixa de saldar uma dívida com esclarecer aquele a quem prejudicou antanho. Aumenta o débito, em lugar de reduzi-lo; conserva um perigoso inimigo, em vez de fazê-lo amigo verdadeiro. Porém, com uma simples queda não se vai ficar para sempre estendido no solo. A provadura repete-se, repete-se, até ser vencida a contento. Compreendê-lo é a mais segura maneira de encontrar felicidade no seio da própria dor. (1)

                (1) Ver os capítulos: Divina Moeda, A Caridade, Provas e Expiações.



25. 'Amor à Verdade'



25
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Para maior clareza, além de ainda uma vez patentear que nada bom se consegue sem trabalho, paciência e tenacidade, sucintamente contaremos como chegamos a tal conclusão.

            Aceitávamos a doutrina consoante fazem ainda hoje, infelizmente, muitos coirmãos - sem a compenetração de que o espírita deve caminhar todo dia o seu tanto. Um bocadinho que seja.

            Era no inicio da Conflagração Europeia. Organizamos, nesta cidade de Campos, o Dr. Epaminondas Alves de Souza e nós um pequeno centro de psiquismo, usando os métodos adaptados no comum dos sinédrios. Assim atravessamos meses. De vez em quando nos falavam os Diretores espirituais acerca da unificação das ideias, facilitadora de preciosos conhecimentos com que muito serviço poderíamos prestar. Senão quando, salteia-nos grossa nuvem de ferrenhos Inimigos da fé. Astutos, manhosos, treinados em dominar sociedades, acabaram com desfazer trecho a trecho a companhia. Só ficamos o Dr. Epaminondas e nós; os demais, a pesar nosso, lá se deixaram ir um após outro, expendendo cada qual razões diversas.

            Onde se reunirem duas ou três pessoas em meu nome, aí estarei - disse o Mestre. Não nos descoroçoou a debandada. Segundo o conselho dos Protetores, ia nosso irmão recebendo os Espíritos e nós doutrinando-os.

            Valeu-nos a firmeza: favorecidos pela sensibilidade assaz desenvolvida do bondoso Epaminondas, convertemos inúmeros membros da falange invasora, além de vítimas que, a modo de premio, nos foi dado esclarecer. Colocamos então toda quanta diligência podia ser no desempenho de nossa tarefa, obtendo constantemente orientação confirmada pelos eflúvios dos nossos Instituidores.

            A lanços nosso colega tinha vidência, podendo então descrever alguns Espíritos vulgares à superfície da sala e, a certa altura, irradiando sua luminosidade maior ou menor, os Protetores.

            Volvidos semanas, começamos a notar que, em seguida às preces e no transcorrer dos trabalhos, bocejamos de um feitio particular, e muito amiudadamente, o que de certo modo nos incomodava julgando-o sinal de fadiga. Logo mais saber-se-á o motivo.

            Recebíamos com frequência Espíritos familiares, que nos entretinham com palestras de todo ponto instrutivas, frisando sempre haver no espaço muito mais conversações das que realizávamos por via do médium. Naturalmente - pensávamos - é porque a todos aproveita a doutrinação de um.

            Entrementes, foi o nosso grupinho acrescido de mais um médium. De ampla vidência e flexibilidade excepcional, por sua ignorância mesma, prestava excelentemente a narrar o que via. Por isso precisamente que era incapaz de interpretar as coisas, de inestimável utilidade nos foi. Através dele soubemos a serventia dos nossos fluidos para a elucidação das almas. Em sua simplicidade, dizia que assim de nossa cabeça como da extremidade dos dedos saíam faíscas difíceis de suportar pelos desencarnados que, de sua parte, lançavam sobre nós quantia delas não pequena. Observava, porém, que as nossas eram diferentes dessas, caracterizadas pela cor pardacenta. Era então de mal-estar a sensação que experimentávamos, chegando mesmo a sentir dor de cabeça. Com os bocejos ia tudo aliviando.

            Escoado algum tempo mais, pode o vidente perceber o seguinte: Certos Espíritos, em atitude agressiva, cobriam-nos de fluidos: os Protetores, deixando cair também dos seus, que são luminosos, em seguida os retiravam de mistura com os outros e os nossos. A certa altura tudo se transformava em quadros animados, qual tela  de cinema, onde reconhecia as Entidades ali presentes. Pelos modos, dizia ele, tal representação lhes provocava remorso e sofrimento. Cenas dantescas. Ao cabo, já todos se mostravam mais ou menos arrependidos e saiam, feita a prece, em companhia dos Trabalhadores. Nova turma para logo entrava em serviço, repetindo-se a mesma operação acima exposta. A principio, eram poucas e pouco densas as turmas; de dia em dia foram crescendo e multiplicando; por fim tornaram-se muitas e compactas.            

            Longamente meditávamos sobre os informes do médium e as alternâncias, bastante nítidas, de bem e mal estar. Enquanto isso, nossos Guias concitavam-nos a labuta. Sem cessar nos reafirmavam serem muito mais abundantes as conversações fora do médium. Recomendavam-nos que atenta e pacientemente observássemos os fatos; pois breve compreenderíamos quanto podem fazer pela humanidade os médiuns de efeitos físicos, se esforçados e cheios de amor ao próximo.  Sustentavam; que os tempos haviam realmente chegado, sendo urgente que os homens conhecessem a doutrina, Pululando o espaço em almas infelizes, com estupenda influência sobre os encarnados, diziam, Deus permitira se intensificasse o afano em ordem a desoprimir as criaturas. Assim, mais livres, poderiam receber dos anjos guardiães a inspiração tão necessária ao seu progresso como o sol aos organismos.

            Reunindo-nos sempre pouco antes da hora prefixa para os trabalhos, trocávamos opinião acerca da doutrina, suas belezas e seus peguilhos (dificuldades). O vidente narrava o movimento do meio psíquico. De todos os lados chegavam sucessivamente Protetores trazendo Espíritos de mui variado aspecto. Passavam de cem, às vezes. - Estão separando-os em diferentes grupos, dizia. Agora, os Protetores falam com eles. Alguns atendem; outros recalcitram. Os primeiros subiram para perto de maiores Luzes; os segundos ficaram cá em baixo”.

            Era então que um destes, conforme instrução do alto, se ligava ao médium para ser doutrinado. Os remanescentes, como para socorrer o camarada, choviam sobre nós, enfurecidos; mas acabavam elucidados por meio da recapitulação fIuídica das suas vidas pretéritas.

            Certo dia, antes de se abrirem os trabalhos, mandou-nos um de nossos orientadores dar um giro pela cidade, juntamente com o costumado auxiliar: queriam ministrar-nos mais ensinos e iriam indicando as ruas por onde fosse conveniente passar. Ávidos sempre de aprender, executamos a determinação. Apenas saídos, informa-nos o vidente: “Duas fileiras de Trabalhadores caminham à nossa frente, uma de cada lado, e não só da rua como de várias casas vêm Espíritos para entre elas”. Contados, a par e passo que entravam no quadrado, eram mais de cem os Espíritos arrebanhados quando recebemos aviso de regressar à casa.

            Foram todos esclarecidos pelo processo de que estamos tratando.

            Viemos, por esse tempo, a notar que não raro e insistentemente bocejávamos, mesmo à hora dos negócios materiais ou nos momentos de descanso. A sede, em circunstâncias tais, foi outro fato assinalado. Apetecíamos uma explicação. Mas, prevenindo qualquer iniciativa a esse respeito, falou por esta forma um Amigo: “Há grande pressa de serviço. Os nossos irmãos tombados na Grande Guerra devem ser trazidos para o Brasil a fim de se esclarecerem. Destarte, havemos mister dos médiuns de boa vontade, que nos forneçam elementos. Extraindo os vossos fluidos, indispensáveis a este gênero de labor, não se perturbam as vossas lides terrenas, a que é força acudir, como homens que sais”.

            Com efeito: sem deixarmos trair o nosso pressuposto, procuramos, quanto possível, ter conosco o vidente.

            Não tardou que nos chamasse a atenção para a faina quase permanente que ao nosso derredor se realizava. Nos teatros e cinemas, igual atividade.




domingo, 16 de setembro de 2012

24. "Amor à verdade"



24
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927



A elucidação das almas. Os fluidos

“ ... Ainda não foi revelado tudo,”  KARDEC, A Gênesis, 33.

“0 Espiritismo não tem a pretensão de estar na posse da última palavra sobre todas
as coisas, mesmo sobre as que são da sua competência...
 aguarda os conhecimentos que o futuro lhe reserva.”
Do mesmo, aí mesmo, 298.


            Visto o como sofrem as almas e a sua maneira de proceder, releva conhecer o meio mais simples e eficaz de as auxiliar o médium, só com a sua fé e boa disposição, sem trabalho exaustivo quase nenhum, nem as dificuldades da incorporação. Além de tanto, prodigiosamente beneficia todo o gênero humano.

            Não é novo o processo, naturalmente; mas pouco vulgarizado, sim. Mais do que nunca precisam os adeptos a promovê-lo. Servindo à paz e ao progresso comuns, servem-se a si mesmos, pois perfeitamente sabem que de outras encarnações trazem as suas dívidas. E o ensejo, de resgata-las não pode ser melhor nem mais a mão.

            Comporta semelhante obra o maior desenvolvimento, a mais ampla intensificação. Cada pessoa é fonte mais ou menos rica de uma substância sutilíssima, que geralmente se nomeia fluido. É uma potência indispensável a todo fenômeno espírita e como a sua irradiação e destino dependem quase que só da vontade, também lhe apelidaram força física. Segundo o testemunho dos sábios, é susceptível de medir-se e mesmo fotografar-se. Os que mais copiosamente a desprendem, receberam o nome de médiuns de efeitos físicos. A razão é porque, na maioria dos casos, a empregam na realização de fatos como: pancadas, transportes, levitação, materializações, etc...

            Ora, a verdade é que tudo isto, as mais das vezes, tão só lisonjeia a vã curiosidade. Nem mesmo serve a convencer incrédulos ou indiferentes. Entretanto, a expensas dos eflúvios dessa classe de médiuns - e toda a gente o é - quanta maravilha se pode obrar! Em havendo neles boa tendência e com eles, consequentemente, bons Espíritos, obtém-se o falado magnetismo espiritual, podendo tolher-se, em qualquer ponto, a liberdade de centenas de infelizes e conduzi-los a lugar próprio para a doutrinação. Mais: em qualquer sitio, sem comunicação, só, ou em grupo, pode-se trabalhar.

            Vários mestres desaconselham a pesquisa exclusiva do fenómeno físico, sempre penoso ao sensitivo e causa não raro de grande esgotamento.

            ‘O interesse e a dignidade da causa requerem um dique contra essa experimentação banal, essa maré montante de fenômenos vulgares, que ameaçam tragar as eminencias da idéa.”” (1)

                (1) Léon Denis - Dans l'lnvisible, 4.

            “Os fatos puramente físicos são incapazes de fazerem convicções duradouras.” (2)

            (2) Idem, ibidem, 223.

            “Não vos demoreis nas experiências físicas, diremos finalmente ao leitor, mas, quando houverdes tirado delas o que de certeza vos podem elas carrear, buscai modos de comunicação mais perfeitos, capazes de vos conduzirem ao verdadeiro conhecimento do ser e dos seus destinos.» (1)

                (1) Léon Denis - Dans l'lnvisible, 235.


            Outro não é nosso apelo. Vejamos seu fundamento.