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domingo, 31 de janeiro de 2021

Allan Kardec

 


Allan Kardec 

Nascimento: 3 de outubro de 1804 em Lyon, França
Desencarne: 31 de março de 1869 em Paris, França

Prece

 

Prece

por Camille Flammarion

Reformador (FEB) 16 Setembro 1918

 

            Ó misterioso Incógnito! Ser grandioso! Ser imenso! O que somos nós, pois? Supremo autor da harmonia! Que és tu, se tão grande é tua obra? Pobres insetos humanos que te julgam conhecer! Ó Deus! Ó Deus! Átomos, nadas! Quão pequenos somos! Quão pequenos somos!

            Como tu és grande! Quem pois ousou nomear-te pela primeira vez? Qual é o orgulhoso insensato que pela primeira vez pretendeu definir-te? '! Deus! Ó meu Deus! Todo poderoso eterno! Imensidade sublime e impossível de conhecer!

            E que nome dar àqueles que te tem negado, àqueles que em ti não creem, àqueles que vivem fora do teu pensamento, àqueles que nunca sentiram a tua presença, ó Pai da Natureza!

sábado, 30 de janeiro de 2021

Pedro e Paulo

        

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio
Nascimento: 1º Janeiro 1834         Desencarne: 10 Outubro 1895


 Grupo Ismael

A Redação / Bittencourt Sampaio

Reformador (FEB) 16 Setembro 1918

 Grupo Ismael

             A comunicação mediúnica que abaixo inserimos, dada pelo operoso e lúcido espírito do companheiro que na Terra chamou Bittencourt Sampaio, é daquelas que não deixam dúvidas sobre a sua procedência. Na estrutura rigidamente bela de um estilo inconfundível, sente-se a profundeza dos conceitos emanados como de fonte não toldada das incertezas e dúvidas humanas.

            Os prismas da ideia apresentam cambiantes novas e mal entrevistas do mundo, na apreciação de problemas e personagens, que a superstição e o fanatismo de vinte séculos adulteraram de muito, senão inteiramente.

            Apreciando a missão dos dois vultos mais eminentes do Apostolado Cristão, no dia em que a humanidade os comemora com pompas e galas terrenas, retumbante mas inexpressivamente, o companheiro de lides espirituais, pensador e poeta evangélico por excelência aproveitou o ensejo para dar às letras espíritas uma página de alto relevo filosófico-religioso na qual, estamos certos, e vão desalterar muitos corações e muitas inteligências, ávidas de consolações e verdades. Cedendo, a nossa primeira página a tão emérito hóspede, resta-nos a convicção de que melhor não poderíamos corresponder ao nosso tradicional programa.  

            Eis a comunicação, ou antes o ensinamento que epigrafamos:

 

Pedro e Paulo

 

          Bendito seja o meu Senhor!

            Meus caros amigos:

             Reúnem-se corações de homens imensamente gratos pelos benefícios recebidos, para comemorarem esses dois vultos eminentes que a Cristandade aprecia e ama. Chama-se isso comemoração. Se-lo-á? No sentido restrito da palavra sim; mas no sentido lato - não. Pedro e Paulo!

            Ainda é bem possível que séculos se passem até que eles possam ser melhor comemorados, porque, espíritos cuja envergadura mal o homem compreende, não podem de modo algum ser apreciados como deveriam ser. De fato, onde estão os seus imitadores?  E, no entanto, são decorridos dois mil anos, quase, que eles deram os exemplos mais eloquentes de fé viva, ardente, quo os conduziu ao sacrifício do martírio! Ninguém, nenhum mortal surpreendeu, por um instante sequer, de um daqueles lábios uma palavra de desalento, um instante de desfalecimento! A impulsioná-los sempre para a frente estava a fé, a fé que se patenteava na certeza de que seus espíritos a possuíam e quaisquer que fossem os obstáculos que tivessem de vencer, a figura do seu amado e divino Mestre jamais se deliria nas suas consciências!

             Raciocinando assim, raciocinavam também, que tudo se cumpria pela vontade sublime de Deus.  

             Hoje, os cristãos novos que devem marchar na vanguarda da Era Nova, da Verdade anunciada a todos os instantes e em todos os recantos pelas bocas dos mensageiros celestes, podem tê-los sempre como esteio vivo, procurando na medida das suas forças dar uma demonstração positiva de que são discípulos de Pedro e Paulo.

            As velhas religiões assumiram grande responsabilidade na direção da humanidade; sobre elas pesam grandes culpas por não falarem a verdade ao mundo; e o mundo sempre ignorante dessas coisas, sempre propenso a desfrutar todos os proventos materiais, pouco se incomodou com as coisas espirituais.

            De degradação em degradação, de decadência em decadência, de erro em erro, de princípio em princípio chegou no abismo insondável da descrença.

            Mas, esse estado não pode, não deve continuar a prevalecer.

            Deus, ouvindo não os clamores do mundo, mas as vozes dos seus mensageiros celestes, ouvindo as súplicas desses espíritos diletos, cuja intervenção na nossa vida é tão grande, tão extraordinária mas que mal percebeis, Deus faz baixar sobre esse mesmo mundo a sua misericórdia e o eu valor, envia o Consolador prometido, e ei-lo a trabalhar, a agir de feição a reunir os homens de boa vontade, a convida-los a vir trabalhar na seara que há de conduzir não só eles, mas todos, à felicidade eterna. Aproxima-se hora das lutas, os espíritos não cessam de lançar a cada canto o seu grito de alarma. Homens adormecidos engolfados nas suas cogitações materiais; uns acumulando o que têm, outro desfrutando os prazeres mundanos na orgia sempre acidentada, a humanidade caminha em erro e os grandes vultos são lembrados na terra uma vez cada ano e isso mesmo ainda como leve passatempo! Oh! Singular maneira de comemorar os grandes benfeitores da humanidade!!

            Repito, esse estado de coisas não pode continuar: surge a necessidade palpitante da reforma individual e, por consequência, social.

            O mundo está completamente revolucionado, todas as ideias que nele germinam permanecem em conflito latente. As velhas religiões do passado ainda se mantêm de pé a custa de um equilíbrio extraordinário, conseguido unicamente pelos ouropéis (aparência enganosa de luxo), pela astucia, pela habilidade política posta em jogo pelos seus mais eminentes representantes. Essas instituições seculares, que benefício algum têm trazido à humanidade, pois que a ela só lhe tem trazido dores, desvarios, decepções, lutas as mais encarniçadas e tremendas: essas religiões, todas elas rolarão por terra, para dar lugar ao ressurgimento de uma época nova na qual o amor, a caridade, a fraternidade, começam conjugadas a sua grande obra de confraternização universal, a união de todos os povos, tendo apenas uma só religião e um só entendimento.

            Esse efeito não será para a vossa vida terrena, mas que importa isso se haveis de vir em novas etapas para concluir a tarefa da reforma planetária? Porque, sabeis, cada um tem seu papel definido neste grande empreendimento; de sorte que haveis de vir novamente tomar lugar designado nessa grande transformação.

            E para que a tarefa seja bem desempenhada e o tarefeiro tenha certeza do papel que está representando, é necessário, é imprescindível que ele desde já se reforme, batalhe consigo mesmo, lute e faça com que o homem velho sucumba para dar lugar ao homem novo; que surja cheio de vigor, cheio de esperança, cheio de fé. E onde deveis buscar esse elemento de força) de vitalidade para, empreender esta campanha extraordinária, a mais extraordinária talvez de que os vossos espíritos tenham tido consciência?

            No Evangelho, nesse Evangelho que fez a grandeza dos vultos a que os vossos corações vêm aqui reunidos trazer um preito de estima e admiração. E eu, peregrino, embora libertado da carne, tendo a visão mais nítida e perfeita das coisas de Deus, julgo-me sem merecimento algum sequer para pronunciar os nomes de Pedro e Paulo! Que poderei dizer das suas individualidades?

            O que vos posso dizer é que um representa tanto amor, tanta caridade e o outro tanta fé que é cedo, muito cedo para poderdes compreender a extensão de tais predicados neles. Só no dia que a humanidade acordar deste sono em sono em que está mergulhada, no dia que ela despertar para a realidade das coisas, então, compreendera a grande obra de Pedro e Paulo .Sem medo, sem receio direi: eram precisos esses dois vultos para que o Evangelho de Jesus fosse propagado na Terra; eram precisos esses dois corações aliados, esses dois cérebros extraordinários, para que o homem tivesse certeza de que Jesus viera ao  mundo e legara à humanidade o seu código de amor, de verdade e, sobretudo, de caridade.

            Novos Paulos, outros tantos Pedros deverão surgir, não que se precise converter gentios, não que se precise de nova pedra angular para a Igreja de Jesus, mas porque se precisa de novos Paulos e novos Pedros da fé, pelo sentimento e pela razão.  

            E no dia que assim suceder, e no dia que esses novos arautos surgirem, pode-se perfeitamente dizer que nesse dia começou a felicidade do mundo.

            É preciso que se fale com franqueza: espíritas, é preciso que se pregue com amor, sim, mas com energia também; já é tempo de se cuidar melhor das coisas de Deus. Sabeis que muito se pedirá a quem muito se houver dado ... E quem mais tem recebido do que os representantes da Boa Nova?

            É preciso agir, é preciso trabalhar. Que temos feito?

            Eu vos respondo, muito; mas tendes necessidade de fazer mais, muito mais. Fazer com o vosso vizinho, com o vosso próximo em geral? Sim, mas antes fazer convosco mesmos.

            Sabeis que a misericórdia de Deus sempre está em contato com as vossas consciências: e no entanto, às vezes, com tristeza vemos os vossos desfalecimentos.

            Pergunto: os estudantes do Evangelho devem ou não devem ter fé? Sabem ou não sabem que jamais serão desamparados por seu Mestre?

            O divino Mestre tem os olhos voltados para a humanidade inteira e se a humanidade sofre, geme e chora, é porque lhe tem voltado completamente as costas.

            Vós outros, porém, desde que abrais vossos corações, desde que a vossa penitência seja verdadeira, eu vos garanto categoricamente a sua misericórdia para que sintais o alívio, o bálsamo consolador que cura todas as feridas, todas as lepras inclusive a lepra da consciência culpada.

            Perdoai-me esse arrebatamento, eu falo assim convosco e não poderia ter a mesma linguagem que os demais, porque m’s permitis e sobretudo porque me amais.

            Unido a vós por um passado tão longo, porque deixaria de falar desta maneira quando se comemora o espírito dos representantes máximos da fé, dessa fé que representa a franqueza, a lealdade?

            Aceitai, meus companheiros, o que vos digo neste momento, como penhor máximo da minha estima.

            Dia virá no qual todos unidos, cá em cima, continuaremos a trabalhar, preparando a nossa volta e esse mundo que hoje habitais.

            Vamos pedir a Deus, vamos rogar a Jesus e sobretudo ao Anjo Tutelar da humanidade, que é Maria, para que, quando tivermos de voltar novamente, as condições dos nossos espíritos sejam outras; para que possamos sem desfalecimento, sem tibieza, sem fraqueza, sem esmorecimento de qualquer espécie, apresentarmo-nos de viseira erguida a luta e dizer: Senhor, cumpra-se em todos nós a tua santa vontade!  

            Ainda duas palavras:

            Os olhos do mundo estão voltados para a doutrina de Jesus e vós, como seus representantes na Terra deveis vos conduzir com o máximo critério em todos os atos da vossa vida, para que ninguém lance sobre a doutrina de Jesus, em virtude dos vossos desatinos e acertos, o ridículo.

            Tende cautela, as perseguições continuam incessantes, todos os meios são lícitos para os nossos inimigos e eles só contam com um único elemento de triunfo: a vossa fraqueza.

            Sede firmes, sede fortes, examinai bem as vossas consciências, e por esta forma não deixeis aberta a porta, para que o lobo traiçoeiro não entre no redil.

            Sede estudiosos, sede amorosos, notai bem: praticai a caridade da alma, o amor sincero e eu vos garanto mais uma vez que a assistência dos vossos amigos e protetores será um fato.

            Nas horas das vossas dores implorai a esse espírito amoroso a sua proteção e eu vos asseguro, meus amigos, ele virá em vosso socorro. Refiro-me a Maria.

            Que a misericórdia de Deus baixe sobre vossos espíritos e vos faça compreender que ama-lo é vosso primordial dever.

                                                                       Bittencourt Sampaio


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Galeria

 

               

Humberto de Campos

Nascimento: 25 de Outubro de 1886
Desencarne: 5 de Dezembro de 1936 

Domingos e dias santos

 


Domingos e Dias Santos

por Vinícius (Pedro de Camargo) Reformador (FEB) Maio 1951

           O título desta crônica traz-me uma série de saudosas recordações.

            Conheci, em minha mocidade, um rapaz de temperamento jovial, sempre bem humorado, que viajava para uma grande casa comercial, com sede em Santos.

            Achando-se em certa cidade do interior, indicaram-lhe que ali se organizara uma firma para explorar o gênero de comércio que ele representava. Dirigiu-se, então, o aludido moço, aos componentes da nova organização, a fim de oferecer-lhes as mercadorias próprias do ramo a que se iam dedicar. Entrando em conhecimento direto com eles, perguntou-lhes qual era a sua firma. Responderam-lhe: Domingos & Dias Santos. Retruca de pronto o viajante: Nada feito. Sinto muito, mas não podemos encetar transações. Sua firma não inspira confiança porque não conta com os dias úteis! 

            Nos países latinos vigora o espírito daquela firma comercial com quem o “cometa” faceto (brincalhão) não quis entrar em entendimento. Os feriados e dias santos, impostos por força de decretos, quebram, a cada passo, o ritmo do trabalho, reduzindo a produção, e, consequentemente, acoroçoando (incentivando) a malandrice e a majoração do custo da vida.

            O farisaísmo (hipocrisia) de antanho (do passado) censurou o Educador Excelso - porque não impunha aos seus discípulos a guarda dos sábados. Revidando essa crítica, disse o Mestre: O sábado foi criado para o homem, e não o homem para o sábado. Meu Pai age sempre, nunca cessa de agir, e eu também.  

            Nós, os cristãos novos, fazemos outro conceito a propósito da santificação de tempo. De modo geral achamos que todos os dias, em si mesmos, são santos, restando, por isso, serem santificados pelas nossas obras. O dia mais santo, segundo o nosso credo, é aquele em que praticamos espontaneamente um grande bem; em que conseguimos amparar um irmão que sofre, mitigando, ou, se possível, afastando a causa da sua dor. Consideramos também, como santo, aquele dia em que vencemos uma das nossas muitas imperfeições, mantendo à distância os tentadores da Terra e do Espaço... Finalmente, é um dia festivo e solene para o espiritista aquele em que lhe seja concedida a graça de levar a alegria a um coração desesperado, a um lar que se encontre em dificuldades.

            A santificação deve partir de nós, seres conscientes e responsáveis, e não de almanaques. Nossa fé não conta dias especiais em que seja cultuada de modo particular. Não é uma espécie de vestido novo para atos solenes e para festividades. Ela nos inspira os pensamentos e as preocupações de todos os instantes, revelando-se em nosso comportamento cotidiano, tanto no seio da família como no da sociedade. Não se restringe a datas, estas ou aquelas: domina completamente as nossas almas.

            Quando o Mestre inseriu, na oração que nos legou, esta frase: santificado seja o teu nome - referindo-se ao nosso Pai celestial - quis dizer, com isso, que a cada um de nós cumpre o dever de santificar, em si próprio, o nome de Deus. Ele não pode ser mais santo do que é, visto como é a perfeição única, infinita, porém, nós, seus filhos, temos obrigação de santifica-lo, tornando-nos os reflexos, embora pálidos, da sua santidade, de vez que fomos criados à sua imagem e semelhança.


Tempestades



Tempestades

I. Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)           

Reformador (FEB) Junho 1944

 

            A celeuma levantada pelas colunas dos jornais “A Noite”, “Folha Carioca” e outros diários de grande projeção, não passa de verdadeira tempestade em copo d’água.

            Não era meu desejo emitir qualquer opinião sobre o assunto, visto não acreditar que a Família de Humberto de Campos pretenda receber qualquer quantia pelas obras ditadas pelo espírito do seu genitor e publicadas pela Federação Espírita Brasileira (*). Essas obras vêm sendo editadas há alguns anos, a carinhosa mãe do saudoso escritor reconheceu-lhes a identidade e os filhos queridos do inesquecível acadêmico jamais fizeram a menor ameaça à Federação.

             (*) Nota do Blog: A publicação foi contestada na Justiça. No ‘site’ da FEB lemos:

                 ... “o Dr. Miguel Timponi aceitou "O caso Humberto de Campos", como advogado da FEB e de Francisco Cândido Xavier, para contestar a ação impetrada pela família do escritor desencarnado, que pretendia os direitos autorais da obra literária produzida pela mediunidade de Chico Xavier, recebida do Espírito Humberto de Campos.”

                “Para esse trabalho, contou com o auxílio de vários colaboradores, todos eles mencionados por Wantuil de Freitas em "Duas palavras", apresentação desta obra.”

                “A Ação Declaratória foi julgada improcedente e o Dr. Timponi obteve brilhante vitória jurídica.”

                “Lançou o livro “Magnetismo Espiritual”, publicado pela Federação Espírita Brasileira, mas com o pseudônimo Michaelus. Desencarnou aos 70 anos, no dia 13 de fevereiro de 1964.”

                Para maiores detalhes sugerimos a leitura do livro de Miguel Timponi “A psicografia ante os tribunais” (Ed. FEB), 2012.”

             Falemos, portanto, sob um ponto de vista geral.

            Que essas obras são, realmente, de Humberto, não resta a menor dúvida. O sr. Agrippino Grieco, grande crítico literário e amigo íntimo de Humberto, apesar de não ser adepto do Espiritismo, confessou de público que o estilo era do seu velho companheiro de muitos anos. Outros já disseram o mesmo.

            Ao serem publicadas as referidas obras, cujo lucro é inteiramente distribuído pelos departamentos de beneficência da editora, não se procurou formar qualquer confusão com as escritas em vida carnal por aquele estilista. Foram apresentadas, com a maior sinceridade, como ditadas pelo espírito do escritor, tal como o são as outras recebidas de outros espíritos, os quais, espontaneamente, oferecem o seu trabalho intelectual como cooperação para a obra de recristianização dos homens e de socorro aos infelizes.

            As obras que nos tem enviado o espírito do grande Humberto são, todas elas, magníficas e lidas pelo Brasil inteiro e até no estrangeiro, traduzidas que vêm sendo para outras línguas.

            Há, no entanto, outros escritores que preferiram o anonimato, talvez por não terem confiança nos seus herdeiros. Entre esses últimos, encontram-se André Luiz, pseudônimo de conhecido médico brasileiro, e Emmanuel, o mais evolvido de todos eles, que foi padre católico em evidência no Brasil e que atualmente está sendo traduzido para o Esperanto.

            Todas essas obras se vendem igualmente, porém, as de Emmanuel vencem tiragens sobre tiragens, disputadas que são antes mesmo de serem expostas nas livrarias.

            Se algum dia a Justiça proibir o direito de receber obras mediúnicas de espíritos conhecidos, colocar-se-ão pseudônimos, visto que essas obras se vendem igualmente, com ou sem nome em evidência. São disputadas, porque são boas. Se forem reconhecidas como de Humberto, creio que ninguém poderá proibi-lo de escrever para fins humanitários ou impedi-lo de assinar os seus trabalhos.

            Se, ao contrário, dogmatizarem que elas não foram escritas por Humberto; nenhum direito autoral poderá ser pedido.

            De qualquer forma, portanto, não há direitos autorais a pagar e nem razão para a celeuma feita por pessoas estranhas à digníssima Família de Humberto de Campos.

            Ninguém conhece melhor uma criatura do que aquela que lhe deu a vida e lhe formou o caráter.

            Em “Brasil, Coração do Mundo”, a extremosa genitora de Humberto se confessa feliz com a prova evidente de que seu grande filho continua vivo.

            Assim, como veem, tudo não passa de mais uma tempestade em copo d’água.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Kardec protesta

 

Kardec protesta

A Redação    Reformador (FEB) Abril 1947

             Em “O Que é o Espiritismo”, respondendo ao seu interlocutor, mui sabiamente disse Kardec (pág. 75):

             “Diz-se: a filosofia de Platâo, de Descartes, de Leibnitz; nunca, porém, se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec; e isto, felizmente, pois que valor pode ter um nome em assunto de tamanha gravidade? O Espiritismo tem auxiliares de maior preponderância, ao lado dos quais nós outros somos simples átomos.”


Da assunção corpórea de Nossa Senhora...

 


Um novo dogma

I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Outubro 1950

             Depois do dogma da Infalibilidade Papal, surgirá, agora, em Novembro do corrente ano, o da Assunção corpórea de Nossa Senhora, ou seja, que ela subiu para o céu em carne e osso, dogma no qual os católicos deverão crer, sob pena de pecado mortal e consequente condenação às fogueiras infernais.

            Nada temos com isso, mas estranhamos que, em região de Espíritos puríssimos, a carne e os ossos lhe sejam a ela necessários.

            O dogma foi cuidadosamente preparado através de lendas e mais lendas e de interpretações artificiosas.

            Conta o grande Padre Júlio Maria (não confundir com um outro Júlio Maria, francês, fundador do jornal “0 Lutador”) em seu livro Mulher bendita:

             “Reproduzo aqui um soneto feito pelo próprio demônio, em 1823, por intermédio de um menino letrado de 12 anos de idade, possesso e exorcizado por dois Padres Dominicanos, na cidade de Ariano, da Apulia (ltália).

                Os dois Sacerdotes impuseram ao possesso a obrigação de provar teologicamente com um soneto de “rimas” indicadas, Filho e Mãe, a Imaculada Conceição da Mãe de Jesus.

            O pequeno possesso iletrado, num instante compôs a seguinte Soneto, que é, pelo modo de dizer e pela profundeza da doutrina, uma obra inimitável, acima da capacidade intelectual de qualquer pessoa, por mais ilustrada que seja.

                É o resumo de toda a doutrina da Imaculada Conceição e o eco perfeito e fiel da tradição dos doze primeiros séculos do Cristianismo:

 

                Mãe verdadeira eu sou, de um Deus que é Filho.

                e dele filha sou, bem que sua Mãe; 

                ab oeterno, nasceu, mas é meu Filho,

                Bem que nasci no tempo, eu sou sua Mãe.

 

                Ele é meu Criador, mas é meu Filho,  

                Sou criatura sua, e sua Mãe;

                Prodígio foi divino, ser meu Filho.

                Um Deus eterno e ser eu sua Mãe.

 

                Comum é quase o ser à Mãe e ao Filho:  

                Porque do Filho, teve o ser a Mãe,

                E da Mãe teve o ser também o Filho.

 

                Ora, se o ser do Filho teve a Mãe,

                Ou se dirá que foi manchado o Filho,

                Ou sem labéu se há de dizer a Mãe.

             O Papa Pio IX, lendo conhecimento deste soneto, leu-o, chorando de emoção, e proclamando-o uma exposição perfeita da Imaculada Conceição.”

             Como vemos, raciocinando com a própria argumentação de que usa a Igreja em casos que tais, o demônio foi favorável à criação de um dogma e para ele contribuiu com o seu trabalhinho.

            Certamente outros demônios camaradas deverão ter colaborado nos vários dogmas criados no correr dos séculos e novos demônios aparecerão, todos favoráveis às conveniências da Santa Madre Igreja.

            Para nós, porém, o que houve não foi a intervenção amistosa do “demônio”, mas a utilização da mediunidade de um garoto pelo Espírito de um tonsurado que, na Terra, já se batia fanaticamente a favor do dogma.

            Essa é a nossa opinião, todavia, como não na querem admitir, deixamos-lhes a liberdade da utilização do demônio como excelente instrumento auxiliar para a criação de dogmas.

            Que lá se entendam...


 


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

27 de Janeiro

 


27 Janeiro


Usa palavras amigas

Nascidas do afeto irmão.

O verbo que reconforta

É bálsamo ao coração.

 

Casimiro Cunha 

por Chico Xavier

in ‘Gotas de Luz”  (FEB  4ª Edição 1977)


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A Criação

 


A Criação

A Redação           Reformador (FEB) Maio 1949

             Na edição semanal do ‘Times’, de Londres, de 16 de Fevereiro deste ano, encontramos sob a epígrafe “Criação” interessante artigo sobre a atividade divina na esfera humana, e bem revela a atenção da Ciência ante os domínios da Fé, nos tempos modernos. 

            Sem comentários, traduzimo-lo, aqui, para os companheiros de jornada e espírita-cristã, no Brasil:

           “O propósito fundamental da história bíblica é a exaltação de Deus, como Criador, e Fonte de tudo o que é.

            Concordam em que escalpelar as particularidades do Gênesis, de modo a coloca-las em harmonia com as descobertas científicas atuais, seria talvez desfigurar a poesia sublime e o profundo sentido das letras sagradas; todavia, é imperioso reconhecer que assunto é próprio das indagações intelectuais, mormente no que concerne à concepção cristã que identifica em todo o processo criativo do mundo a ação e o propósito de um Deus vivo.

            Compreendemos, à luz do Evangelho, que o divino trabalho criador não é alguma coisa que se revele inalterável, em determinado ponto do Universo, “a vez por todas”, nem o absoluto prevalece dentro da natureza em que nos encontramos, qual acreditava o deísta do século XVIII.

            O processo da Criação é contínuo.

            Deus pode ser sentido, invariavelmente, em atividade experimentalista e santificante em todo o Cosmos, que lhe constitui obra, propriedade e domínio, sustentando-o, ordenando-lhe os movimentos e guiando-o na direção dos seus sábios e imperscrutáveis destinos.

            Logicamente, assim deve ser, se entendemos no Supremo Senhor o Deus vivo. Tal credo, entretanto, trás consigo certas consequências de grande importância para a vida humana. Ele sugere a Divindade imanente no processo histórico do Planeta, embora muitos estudiosos na atualidade considerem esta afirmação por simples arcaísmo, tão dilatado é o mau uso da vida a que o homem se entregou nos domínios da própria liberdade.

            Realmente nunca foi fácil ao pensador religioso harmonizar a soberania divina com a independência humana, mas urge considerar que é parte substancial da doutrina cristã a certeza de que o Amor Onipotente não pode ser frustrado em tempo algum e que Deus é também o Senhor da História e que seus objetivos paternais quanto ao homem serão, por fim, atingidos.

            Que o homem, um dia, refletirá mais perfeitamente a natureza divina, através da purificação santificadora, é convicção que Jesus nos legou a, efetivamente, um dos mais poderosos estímulos evangélicos.


A natureza do indivíduo

 


A natureza do indivíduo

Emmanuel por Porto Carreiro Neto      

Reformador (FEB) Março 1949

Amigo,

             Não estejamos a ingerir-nos em o que não nos toca, mas empenhemo-nos em o que nos concerne. Muitos problemas há, que não nos cabe resolver. São transcendências para nós, que mal enxergamos no grande oceano de nossas poucas faculdades e muita ignorância. Busquemos estudar o círculo em que nos debatemos, antes de procurar ultrapassa-lo; baste-nos esse círculo que já é imenso para nossa pequenez. Olhemos em torno, e veremos quanto há que fazer. Sobram-nos problemas de como havemos de vencer a nós mesmos. Lutamos nas canseiras do desespero e da incompreensão, ansiados por libertar-nos desse círculo de ferro em que nos aprisionamos, enclausurados numa cegueira que nos furta a visão de maiores grandiosidades. Reconheçamos nossa mesquinhez dentro dum Universo infinito. Vejamos nossa miséria olhando a nós mesmos, empecidos os passos na áspera via do progresso, enquanto nos é fácil o torvo caminho das paixões. No altar divino do Senhor Nosso que é longanimidade, sacrifiquemos a jactância e toda sofreguidão de transcender nosso minúsculo âmbito de conhecimentos. Repito-te: pesquisemos esse círculo, que muito já estudaremos e muito alcançaremos. Saibamos compreende-lo, que ele se dilatará; e então, sem dele sairmos, verificaremos que os horizontes recuam.

            A Natureza é infinita; a cada qual é concedida uma parte, e a parte primeira é o nosso mundo interior. Quem somos? É o indivíduo um complexo tão grande, que pudéramos dizer ser ele uma Obra-prima da Criação de Deus. Nele se enfeixa tudo quanto o Senhor criou de belo. Mas o homem se incorpora as mais negras vilanias, que empanam a virtude maior – o Amor; tece em torno do raio divino a névoa mais densa e caliginosa (sombria). Onde exuberaria a grandeza, reina a sordícia (sordidez); onde estrugiria (ecoaria) a sublimidade, dorme pesado sono um abismo asqueroso. Como há de, então, embevecê-lo o fulgor das estrelas, se vive na sombra; como enlevá-la a harmonia, quando é paradoxo e contraste em si mesmo; como extasiá-lo a maviosa linguagem das aves, quando a sufocam os sinistros urros de fera?

            Estudemo-nos a nós mesmos, na maravilha da Criação. As leis universais em nós mesmos se enquadram e a nós próprios se aplicam. O equilíbrio que governa o Universo em nós se faça, para não negarmos que somos realmente obra do Arquiteto insuperável. Então, expungir-se-ão (limpar) de nós o egoísmo e a megalomania: viveremos em nós, mas não para nós; e, não ultrapassando a nós, encerraremos, por isto mesmo, a grandeza da Criação.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Sigamos adiante

 

Sigamos adiante

por Djalma Farias   Reformador (FEB) Agosto 1947

             Há, de pouco mais de meio século a esta data (estávamos em 1947...) , um movimento auspicioso para fazer o homem voltar àquela primitiva concepção da igreja Cristã, da época do Cristo e de seus apóstolos, em que o Cristianismo puro, sem dogmas, sem inovações, sem instituições puramente humanas, era pregado a toda a criatura para iluminar lhe o destino e encaminha-la à perfeição espiritual, que era, naquele tempo, o supremo objetivo da doutrina incipiente, segundo a sábia recomendação do Cristo, quando nos ensinava:

             “Sede perfeitos como o vosso Pai Celestial”.

             É evidente esse feliz desejo de todos recordarem aqueles velhos ensinamentos de Jesus, tão simples e puros, tão belos e humanos, aqueles ensinamentos que na alvorada do século III começaram a sofrer a influência comprometedora das inovações perigosas dos homens.

            Têm, por isso mesmo, muita razão os Espíritos que ditaram a “Revelação da Revelação”, compilada por J. B. Roustaing, quando nos disseram, no Volume II, pág. 367, tradução de Guillon Ribeiro, referindo-se à Igreja do Cristo, o seguinte, que reproduzimos como ilustração utilíssima de nossa crônica de hoje:

             - “A Igreja que os homens instituíram era humana e, portanto, agiu humanamente quando, atendendo às suas necessidades, fez se curvassem as frontes dos que lhe podiam criar embaraços, dominou a matéria por meio de leis materiais e obstou ao desenvolvimento das inteligências, Que, do contrário, um dia compreenderiam que ela se transviara. A falta da Igreja não consistiu em haver usado de seu poder material numa época em que os homens precisavam de freios e em que só ela se achava nas condições de lhos impor. Qual então a sua falta? A falta da Igreja consistiu na sua inércia, no seu espírito estacionário e mesmo retrógrado.

            “Os séculos passaram trazendo cada um o seu contingente de civilização, de progresso, de luz.

            “Só a Igreja se obstina em manter sobre os homens o véu com que lhes cobre as inteligências; só ela persiste em perpetuar a infância da humanidade quando esta, em plena virilidade, se debate por lhe fugir aos entraves. Esforço vão o dela; a seu malgrado o homem usará da sua inteligência. E quantos, impelidos pela inteligência a que ela não quis amoldar-se, a repudiaram, considerando-a demasiado velha para lhes satisfazer às aspirações da alma! Uns chamaram em seu auxílio o nada; outros esperaram, por não saberem nem negar nem crer. Aproxima-se, porém, a hora da libertação. As faixas vão cair e o espírito humano, regenerado, esclarecido, esquecerá todos os maracás que a Igreja oferece à infância: armar-se-á francamente com as armas do Cristo e entrará na Iiça.”


A linguagem da ciência

 


A Linguagem da Ciência

por Djalma Farias     Reformador (FEB) Abril 1947

             La Vie d'Autre Tombe”, apreciada revista belga, transcreve de "Cronique Medicale” o fato seguinte em que intervém o autor do “Chálit du Départ”.

            Em 1797, Meehul tinha um amigo muito querido, Bouveret, que desapareceu misteriosamente nos arredores do bosque de Bondy.  

            Dez anos depois, o Espírito de Bouveret apareceu a Meehul, pedindo-lhe vingança. As aparições sucederam-se de ano em ano. Certa vez, em sonho, o Espírito indicou a Meehul, com o dedo, a silhueta de um vulto que se ocultava nas cortinas do leito. Na manhã seguinte, Meehul constatou que um malfeitor havia entrado em sua casa, roubando-lhe objetos de valor.

            Passado algum tempo, Meehul passeava nos Campos Elísios e sentiu a mão de um ladrão que deslizava no seu bolso. A estupefação de Meehul foi grande, reconhecendo no criminoso o vulto que vira em sonho. Preso e interrogado, o homem confessou que dez anos antes no bosque de Bondy havia morto para roubar um jovem e que, com a ajuda de um cúmplice, o enterrara no recanto do bosque, que designou.

            Refere-nos, também, a História que o poeta Petrarca um dia escreveu de Parma uma carta, que foi arquivada, a seu amigo, o bispo de Giovam Andreia, dizendo-lhe que tivera um mau sonho - tinha visto um outro amigo seu, o bispo Colona, sair de sua companhia, só, pálido, e limitando-se apenas a lhe dizer que ia a pé até Roma. Petrarca, na sua carta, deduziu que o bispo seu amigo tinha morrido. De fato, vinte e cinco dias depois, recebeu as comunicações da morte do bispo Colona, ocorrida na mesma hora em que despertava do seu sonho e na mesma noite.

            Tácito conta que Basilides apareceu a Vespasiano num templo de Alexandria, apesar de se achar doente a muitas léguas de distância.

            Afonso de Liguori, estando adormecido em Arienzo, pode assistir à morte do papa Clemente XIV, cm Roma, e anunciou ao acordar que vira esse fato.

            Antônio de Pádua, estando a pregar na Espanha, em meio do serviço adormeceu, aparecendo em Pádua, onde seu pai, acusado falsamente de homicídio, marchava para a morte. Antônio de Pádua salvou o pai, provando a sua inocência e mostrando o verdadeiro criminoso. Camille Flammarion relata-nos que u'a moça, ao fim de 7 anos de ternas relações, havia-se separado do homem que amava. Este casou-se e ela nunca mais teve notícias suas. Passaram-se alguns anos, quando em uma noite de Abril de 1893 viu ela entrar em seu quarto uma forma humana, que se lhe dirigiu e debruçou-se sobre ela. Sentiu, então, nos lábios, com terror, o demorado beijo de uma boca gelada. No dia seguinte, cerca de meio-dia, correndo a vista pelos jornais, leu a notícia do falecimento e dos funerais do homem que amara.

            Stuart Mill diz que a linguagem da Ciência tem de ser esta; isto é ou não é, isto se dá ou não se dá. Os fatos existem e deve ser de todo interesse da Ciência estudá-las rigorosamente. Todos os cientistas que os têm estudado, rendem-se à verdade e tornam suas aquela afirmativa sincera de William Crookes: -

             “Tendo-me assegurado da realidade dos fenômenos espíritas, seria uma covardia moral recusar-lhe o meu testemunho. Após seis anos de experiências rigorosamente científicas, não digo que os fenômenos são possíveis, digo que são reais.”

 


domingo, 24 de janeiro de 2021

Religião Espírita

 


Religião Espírita

I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)   

Reformador (FEB) Março 1950

 

            O Espiritismo não é uma religião, e, sim, a Religião; isto porque só ele ensina que todas as criaturas se salvarão independentemente dos credos que professem, religando-se todas elas, um dia, ao Criador e Pai.

            Assim, não prometendo o Espiritismo a salvação exclusiva e dogmaticamente para os seus adeptos, mas proclamando que os ensinos de todos os agrupamentos religiosos conduzem a Deus, etc., o Espiritismo, será nos tempos vindouros olhado como a verdadeira religião do Planeta.

            O Espiritismo não é uma religião porque seu fito não é destruir as centenas de religiões e seitas em que se dividiram os homens ou mesmo tomar-lhes o lugar. É, sim, o de penetrar em todas elas, levando-as, através do conhecimento das novas revelações, a se adaptarem à evolução determinada de Mais Alto, qual aconteceu na época em que Jesus esteve entre nós.

            Se alguns grupamentos religiosos forcejarem contra a Luz de Cima, assistiremos então à derrocada e ao desaparecimento deles, exatamente como aconteceu com a maior e mais poderosa organização religiosa do mundo, na época da Roma dos Césares - o Paganismo.

            À palavra religião ligaram os homens a ideia de cerimônias litúrgicas, e, daí, a necessidade de se criar um novo termo ou de se fazer voltar ao vocábulo religião a sua verdadeira significação.

            Não havendo possibilidade de se introduzir um novo termo, por estar registrado o já existente na legislação de todos os países todo o esforço deverá então ser feito no sentido de aplicar à palavra religião o seu significado nato.

            Há empenho, da parte dos nossos adversários em provar às autoridades do País que o Espiritismo não deve ser considerado como religião e que, assim sendo, não se encontra sob a proteção da Constituição Nacional.

            É apenas ciência!" - dizem eles. Mais além, retomam: “Kardec assim o afirmou!” -

A respeito desses pontos, "Reformador' de Outubro de 1949 já esclareceu devidamente, pela pena do próprio Codificador, em trabalho por ele escrito quatro meses antes do seu decesso, afirmando que o Espiritismo não é uma religião, um culto, mas, a religião.

            Em S. Paulo, há tempos, certa autoridade deixou de atender a um justo pedido que os espíritas lhe dirigiram, porque, alegou aquela autoridade, o Espiritismo não é uma religião.

            Quando se processou o último censo da população do Brasil, colocaram, nas fichas distribuídas com o povo, várias religiões e não falaram em Espiritismo, porque, disseram também eles o Espiritismo não é religião.  

            Como vemos, por essa pequena mostra bem fez a Federação Espírita Brasileira declarando taxativamente, em seus novos Estatutos que ela é uma sociedade religiosa.       r

            Vamos ver, agora, diante dessa afirmativa dos Estatutos da Casa Máter, se os nossos irmãos católicos ainda continuarão a espalhar que a Constituição do País não nos coloca em igualdade de direitos com os demais agrupamentos religiosos!