Allan Kardec
"A Igreja romana não relegou para segundo plano o pai, fazendo do filho o objeto exclusivo de seu culto de adoração? E o culto prestado a Maria já não ameaça substituir o que ela, a Igreja, presta ao filho? "Mas virá o tempo, e já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em ESPÍRITO E VERDADE; esses são os adoradores que o pai quer. " "Os Quatro Evangelhos" de J.-B. Roustaing, à pág. 221 - Vol 4 - 7ª Ed. (FEB) 1990.
Allan Kardec
Prece
por Camille Flammarion
Reformador (FEB) 16
Setembro 1918
Ó misterioso Incógnito! Ser grandioso! Ser imenso! O
que somos nós, pois? Supremo autor da harmonia! Que és tu, se tão grande é tua obra?
Pobres insetos humanos que te julgam conhecer! Ó Deus! Ó Deus! Átomos, nadas! Quão
pequenos somos! Quão pequenos somos!
Como tu és grande! Quem pois ousou nomear-te
pela primeira vez? Qual é o orgulhoso insensato que pela primeira vez pretendeu
definir-te? '! Deus! Ó meu Deus! Todo poderoso eterno! Imensidade sublime e
impossível de conhecer!
E que nome dar àqueles que te tem negado,
àqueles que em ti não creem, àqueles que vivem fora do teu pensamento, àqueles
que nunca sentiram a tua presença, ó Pai da Natureza!
Grupo Ismael
A
Redação / Bittencourt
Sampaio
Reformador
(FEB) 16 Setembro 1918
Grupo Ismael
Os prismas da ideia apresentam cambiantes
novas e mal entrevistas do mundo, na apreciação de problemas e personagens, que
a superstição e o fanatismo de vinte séculos adulteraram de muito, senão inteiramente.
Apreciando a missão dos dois vultos
mais eminentes do Apostolado Cristão, no dia em que a humanidade os comemora
com pompas e galas terrenas, retumbante mas inexpressivamente, o companheiro de
lides espirituais, pensador e poeta evangélico por excelência aproveitou o ensejo
para dar às letras espíritas uma página de alto relevo filosófico-religioso na
qual, estamos certos, e vão desalterar muitos corações e muitas inteligências, ávidas
de consolações e verdades. Cedendo, a nossa primeira página a tão emérito hóspede,
resta-nos a convicção de que melhor não poderíamos corresponder ao nosso
tradicional programa.
Eis a comunicação, ou antes o ensinamento
que epigrafamos:
Pedro e Paulo
Bendito seja o meu Senhor!
Meus caros amigos:
Ainda é bem possível que séculos se
passem até que eles possam ser melhor comemorados, porque, espíritos cuja envergadura
mal o homem compreende, não podem de modo algum ser apreciados como deveriam
ser. De fato, onde estão os seus imitadores?
E, no entanto, são decorridos dois mil anos, quase, que eles deram os exemplos
mais eloquentes de fé viva, ardente, quo
os conduziu ao sacrifício do martírio! Ninguém, nenhum mortal surpreendeu, por
um instante sequer, de um daqueles lábios uma palavra de desalento, um instante
de desfalecimento! A impulsioná-los sempre para a frente estava a fé, a fé que
se patenteava na certeza de que seus espíritos a possuíam e quaisquer que
fossem os obstáculos que tivessem de vencer, a figura do seu amado e divino Mestre
jamais se deliria nas suas consciências!
As velhas religiões assumiram grande
responsabilidade na direção da humanidade; sobre elas pesam grandes culpas por
não falarem a verdade ao mundo; e o mundo sempre ignorante dessas coisas, sempre
propenso a desfrutar todos os proventos materiais, pouco se incomodou com as coisas
espirituais.
De degradação
em degradação, de decadência em decadência, de erro em erro, de princípio em
princípio chegou no abismo insondável da descrença.
Mas, esse estado não pode, não deve
continuar a prevalecer.
Deus, ouvindo não os clamores do
mundo, mas as vozes dos seus mensageiros celestes, ouvindo as súplicas desses espíritos
diletos, cuja intervenção na nossa vida é tão grande, tão extraordinária mas
que mal percebeis, Deus faz baixar sobre esse mesmo mundo a sua misericórdia e
o eu valor, envia o Consolador prometido, e ei-lo a trabalhar, a agir de feição
a reunir os homens de boa vontade, a convida-los a vir trabalhar na seara que há
de conduzir não só eles, mas todos, à felicidade eterna. Aproxima-se hora das lutas,
os espíritos não cessam de lançar a cada canto o seu grito de alarma. Homens
adormecidos engolfados nas suas cogitações materiais; uns acumulando o que têm,
outro desfrutando os prazeres mundanos na orgia sempre acidentada, a humanidade
caminha em erro e os grandes vultos são lembrados na terra uma vez cada ano e
isso mesmo ainda como leve passatempo! Oh! Singular maneira de comemorar os
grandes benfeitores da humanidade!!
Repito, esse estado de coisas não pode
continuar: surge a necessidade palpitante da reforma individual e, por consequência,
social.
O mundo está completamente revolucionado,
todas as ideias que nele germinam permanecem em conflito latente. As velhas
religiões do passado ainda se mantêm de pé a custa de um equilíbrio extraordinário,
conseguido unicamente pelos ouropéis (aparência enganosa de luxo), pela astucia, pela habilidade política
posta em jogo pelos seus mais eminentes representantes. Essas instituições
seculares, que benefício algum têm trazido à humanidade, pois que a ela só lhe
tem trazido dores, desvarios, decepções, lutas as mais encarniçadas e tremendas:
essas religiões, todas elas rolarão por terra, para dar lugar ao ressurgimento
de uma época nova na qual o amor, a caridade, a fraternidade, começam conjugadas
a sua grande obra de confraternização universal, a união de todos os povos,
tendo apenas uma só religião e um só entendimento.
Esse efeito não será para a vossa
vida terrena, mas que importa isso se haveis de vir em novas etapas para concluir
a tarefa da reforma planetária? Porque, sabeis, cada um tem seu papel definido neste
grande empreendimento; de sorte que haveis de vir novamente tomar lugar designado
nessa grande transformação.
E para que a tarefa seja bem desempenhada
e o tarefeiro tenha certeza do papel que está representando, é necessário, é
imprescindível que ele desde já se reforme, batalhe consigo mesmo, lute e faça com
que o homem velho sucumba para dar lugar ao homem novo; que surja cheio de
vigor, cheio de esperança, cheio de fé. E onde deveis buscar esse elemento de força)
de vitalidade para, empreender esta campanha extraordinária, a mais
extraordinária talvez de que os vossos espíritos tenham tido consciência?
No Evangelho, nesse Evangelho que fez a grandeza dos
vultos a que os vossos corações vêm aqui reunidos trazer um preito de estima e admiração.
E eu, peregrino, embora libertado da carne, tendo a visão mais nítida e
perfeita das coisas de Deus, julgo-me sem merecimento algum sequer para
pronunciar os nomes de Pedro e Paulo! Que poderei dizer das suas individualidades?
O que vos posso dizer é que um
representa tanto amor, tanta caridade e o outro tanta fé que é cedo, muito cedo
para poderdes compreender a extensão de tais predicados neles. Só no dia que a humanidade
acordar deste sono em sono em que está mergulhada, no dia que ela despertar para
a realidade das coisas, então, compreendera a grande obra de Pedro e Paulo .Sem
medo, sem receio direi: eram precisos esses dois vultos para que o Evangelho de
Jesus fosse propagado na Terra; eram precisos esses dois corações aliados,
esses dois cérebros extraordinários, para que o homem tivesse certeza de que
Jesus viera ao mundo e legara à humanidade
o seu código de amor, de verdade e, sobretudo, de caridade.
Novos Paulos, outros tantos Pedros deverão
surgir, não que se precise converter gentios, não que se precise de nova pedra
angular para a Igreja de Jesus, mas porque se precisa de novos Paulos e novos Pedros
da fé, pelo sentimento e pela razão.
E no dia que assim suceder, e no dia
que esses novos arautos surgirem, pode-se perfeitamente dizer que nesse dia começou
a felicidade do mundo.
É preciso que se fale com franqueza:
espíritas, é preciso que se pregue com amor, sim, mas com energia também; já é tempo
de se cuidar melhor das coisas de Deus. Sabeis que muito se pedirá a quem muito
se houver dado ... E quem mais tem recebido do que os representantes da Boa
Nova?
É preciso agir, é preciso trabalhar.
Que temos feito?
Eu vos respondo, muito; mas tendes
necessidade de fazer mais, muito mais. Fazer com o vosso vizinho, com o vosso
próximo em geral? Sim, mas antes fazer convosco mesmos.
Sabeis
que a misericórdia de Deus sempre está em contato com as vossas consciências: e
no entanto, às vezes, com tristeza vemos os vossos desfalecimentos.
Pergunto: os estudantes do Evangelho
devem ou não devem ter fé? Sabem ou não sabem que jamais serão desamparados por
seu Mestre?
O divino Mestre tem os olhos
voltados para a humanidade inteira e se a humanidade sofre, geme e chora, é porque
lhe tem voltado completamente as costas.
Vós outros, porém, desde que abrais vossos
corações, desde que a vossa penitência seja verdadeira, eu vos garanto categoricamente
a sua misericórdia para que sintais o alívio, o bálsamo consolador que cura
todas as feridas, todas as lepras inclusive a lepra da consciência culpada.
Perdoai-me esse arrebatamento, eu
falo assim convosco e não poderia ter a mesma linguagem que os demais, porque m’s
permitis e sobretudo porque me amais.
Unido a vós por um passado tão
longo, porque deixaria de falar desta maneira quando se comemora o espírito dos
representantes máximos da fé, dessa fé que representa a franqueza, a lealdade?
Aceitai, meus companheiros, o que
vos digo neste momento, como penhor máximo da minha estima.
Dia virá no qual todos unidos, cá em
cima, continuaremos a trabalhar, preparando a nossa volta e esse mundo que hoje
habitais.
Vamos pedir a Deus, vamos rogar a
Jesus e sobretudo ao Anjo Tutelar da humanidade, que é Maria, para que, quando
tivermos de voltar novamente, as condições dos nossos espíritos sejam outras;
para que possamos sem desfalecimento, sem tibieza, sem fraqueza, sem esmorecimento
de qualquer espécie, apresentarmo-nos de viseira erguida a luta e dizer:
Senhor, cumpra-se em todos nós a tua santa vontade!
Ainda duas palavras:
Os olhos do mundo estão voltados
para a doutrina de Jesus e vós, como seus representantes na Terra deveis vos
conduzir com o máximo critério em todos os atos da vossa vida, para que ninguém
lance sobre a doutrina de Jesus, em virtude dos vossos desatinos e acertos, o ridículo.
Tende cautela, as perseguições continuam
incessantes, todos os meios são lícitos para os nossos inimigos e eles só contam
com um único elemento de triunfo: a vossa fraqueza.
Sede firmes, sede fortes, examinai
bem as vossas consciências, e por esta forma não deixeis aberta a porta, para
que o lobo traiçoeiro não entre no redil.
Sede estudiosos, sede amorosos, notai
bem: praticai a caridade da alma, o amor sincero e eu vos garanto mais uma vez
que a assistência dos vossos amigos e protetores será um fato.
Nas horas das vossas dores implorai
a esse espírito amoroso a sua proteção e eu vos asseguro, meus amigos, ele virá
em vosso socorro. Refiro-me a Maria.
Que a misericórdia de Deus baixe sobre
vossos espíritos e vos faça compreender que ama-lo é vosso primordial dever.
Bittencourt Sampaio
Domingos e Dias
Santos
por Vinícius (Pedro de Camargo) Reformador (FEB) Maio 1951
Conheci, em minha mocidade, um rapaz
de temperamento jovial, sempre bem humorado, que viajava para uma grande casa
comercial, com sede em Santos.
Achando-se em certa cidade do
interior, indicaram-lhe que ali se organizara uma firma para explorar o gênero
de comércio que ele representava. Dirigiu-se, então, o aludido moço, aos
componentes da nova organização, a fim de oferecer-lhes as mercadorias próprias
do ramo a que se iam dedicar. Entrando em conhecimento direto com eles,
perguntou-lhes qual era a sua firma. Responderam-lhe: Domingos & Dias
Santos. Retruca de pronto o viajante: Nada feito. Sinto muito, mas não podemos
encetar transações. Sua firma não inspira confiança porque não conta com os
dias úteis!
Nos países latinos vigora o espírito daquela firma
comercial com quem o “cometa” faceto (brincalhão) não quis entrar em entendimento. Os feriados e dias
santos, impostos por força de decretos, quebram, a cada passo, o ritmo do
trabalho, reduzindo a produção, e, consequentemente, acoroçoando (incentivando) a malandrice e a majoração do custo
da vida.
O farisaísmo (hipocrisia) de antanho (do passado) censurou o Educador Excelso - porque não impunha aos
seus discípulos a guarda dos sábados. Revidando essa crítica, disse o Mestre: O sábado foi criado para o homem, e não o
homem para o sábado. Meu Pai age sempre, nunca cessa de agir, e eu também.
Nós, os cristãos novos, fazemos
outro conceito a propósito da santificação de tempo. De modo geral achamos que
todos os dias, em si mesmos, são santos, restando, por isso, serem santificados
pelas nossas obras. O dia mais santo, segundo o nosso credo, é aquele em que
praticamos espontaneamente um grande bem; em que conseguimos amparar um irmão
que sofre, mitigando, ou, se possível, afastando a causa da sua dor. Consideramos
também, como santo, aquele dia em que vencemos uma das nossas muitas
imperfeições, mantendo à distância os tentadores da Terra e do Espaço... Finalmente,
é um dia festivo e solene para o espiritista aquele em que lhe seja concedida a
graça de levar a alegria a um coração desesperado, a um lar que se encontre em
dificuldades.
A santificação deve partir de nós,
seres conscientes e responsáveis, e não de almanaques. Nossa fé não conta dias
especiais em que seja cultuada de modo particular. Não é uma espécie de vestido
novo para atos solenes e para festividades. Ela nos inspira os pensamentos e as
preocupações de todos os instantes, revelando-se em nosso comportamento
cotidiano, tanto no seio da família como no da sociedade. Não se restringe a
datas, estas ou aquelas: domina completamente as nossas almas.
Quando o Mestre inseriu, na oração
que nos legou, esta frase: santificado seja o teu nome - referindo-se ao nosso
Pai celestial - quis dizer, com isso, que a cada um de nós cumpre o dever de
santificar, em si próprio, o nome de Deus. Ele não pode ser mais santo do que
é, visto como é a perfeição única, infinita, porém, nós, seus filhos, temos
obrigação de santifica-lo, tornando-nos os reflexos, embora pálidos, da sua
santidade, de vez que fomos criados à sua imagem e semelhança.
I. Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)
Reformador (FEB) Junho 1944
A celeuma levantada pelas colunas dos jornais “A Noite”,
“Folha Carioca” e outros diários de grande projeção, não passa de verdadeira
tempestade em copo d’água.
Não era meu desejo emitir qualquer
opinião sobre o assunto, visto não acreditar que a Família de Humberto de
Campos pretenda receber qualquer quantia pelas obras ditadas pelo espírito do
seu genitor e publicadas pela Federação Espírita Brasileira (*). Essas obras
vêm sendo editadas há alguns anos, a carinhosa mãe do saudoso escritor
reconheceu-lhes a identidade e os filhos queridos do inesquecível acadêmico
jamais fizeram a menor ameaça à Federação.
“Para esse trabalho, contou com o auxílio de vários colaboradores, todos eles mencionados por Wantuil de Freitas em "Duas palavras", apresentação desta obra.”
“A Ação Declaratória foi julgada
improcedente e o Dr. Timponi obteve brilhante vitória jurídica.”
“Lançou o livro “Magnetismo
Espiritual”, publicado pela Federação Espírita Brasileira, mas com o pseudônimo
Michaelus. Desencarnou aos 70 anos, no dia 13 de fevereiro de 1964.”
Para maiores detalhes sugerimos
a leitura do livro de Miguel Timponi “A psicografia ante os tribunais” (Ed.
FEB), 2012.”
Que essas obras são, realmente, de
Humberto, não resta a menor dúvida. O sr. Agrippino Grieco, grande crítico
literário e amigo íntimo de Humberto, apesar de não ser adepto do Espiritismo,
confessou de público que o estilo era do seu velho companheiro de muitos anos.
Outros já disseram o mesmo.
Ao serem publicadas as referidas
obras, cujo lucro é inteiramente distribuído pelos departamentos de
beneficência da editora, não se procurou formar qualquer confusão com as
escritas em vida carnal por aquele estilista. Foram apresentadas, com a maior
sinceridade, como ditadas pelo espírito do escritor, tal como o são as outras
recebidas de outros espíritos, os quais, espontaneamente, oferecem o seu
trabalho intelectual como cooperação para a obra de recristianização dos homens
e de socorro aos infelizes.
As obras que nos tem enviado o
espírito do grande Humberto são, todas elas, magníficas e lidas pelo Brasil
inteiro e até no estrangeiro, traduzidas que vêm sendo para outras línguas.
Há, no entanto, outros escritores
que preferiram o anonimato, talvez por não terem confiança nos seus herdeiros.
Entre esses últimos, encontram-se André Luiz, pseudônimo de conhecido médico
brasileiro, e Emmanuel, o mais evolvido de todos eles, que foi padre católico
em evidência no Brasil e que atualmente está sendo traduzido para o Esperanto.
Todas essas obras se vendem
igualmente, porém, as de Emmanuel vencem tiragens sobre tiragens, disputadas
que são antes mesmo de serem expostas nas livrarias.
Se algum dia a Justiça proibir o
direito de receber obras mediúnicas de espíritos conhecidos, colocar-se-ão
pseudônimos, visto que essas obras se vendem igualmente, com ou sem nome em
evidência. São disputadas, porque são boas. Se forem reconhecidas como de
Humberto, creio que ninguém poderá proibi-lo de escrever para fins humanitários
ou impedi-lo de assinar os seus trabalhos.
Se, ao contrário, dogmatizarem que
elas não foram escritas por Humberto; nenhum direito autoral poderá ser pedido.
De qualquer forma, portanto, não há
direitos autorais a pagar e nem razão para a celeuma feita por pessoas
estranhas à digníssima Família de Humberto de Campos.
Ninguém conhece melhor uma criatura
do que aquela que lhe deu a vida e lhe formou o caráter.
Em “Brasil, Coração do Mundo”, a
extremosa genitora de Humberto se confessa feliz com a prova evidente de que
seu grande filho continua vivo.
Assim, como veem, tudo não passa de
mais uma tempestade em copo d’água.
Kardec
protesta
A Redação Reformador (FEB) Abril 1947
I.
Pequeno
(Antonio
Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Outubro 1950
Nada temos com isso, mas estranhamos que, em região de
Espíritos puríssimos, a carne e os ossos lhe sejam a ela necessários.
O dogma foi cuidadosamente preparado
através de lendas e mais lendas e de interpretações artificiosas.
Conta o grande Padre Júlio Maria
(não confundir com um outro Júlio Maria, francês, fundador do jornal “0 Lutador”)
em seu livro Mulher bendita:
Os dois Sacerdotes impuseram ao
possesso a obrigação de provar teologicamente com um soneto de “rimas” indicadas,
Filho e Mãe, a Imaculada Conceição da Mãe de Jesus.
O pequeno possesso iletrado, num instante compôs
a seguinte Soneto, que é, pelo modo de dizer e pela profundeza da doutrina, uma
obra inimitável, acima da capacidade intelectual de qualquer pessoa, por mais
ilustrada que seja.
É o resumo de toda a doutrina da
Imaculada Conceição e o eco perfeito e fiel da tradição dos doze primeiros
séculos do Cristianismo:
Mãe verdadeira eu sou, de um
Deus que é Filho.
e dele filha sou, bem que sua Mãe;
ab oeterno, nasceu, mas é meu Filho,
Bem que nasci no tempo, eu sou
sua Mãe.
Ele é meu Criador, mas é meu Filho,
Sou criatura sua, e sua Mãe;
Prodígio foi divino, ser meu Filho.
Um Deus eterno e ser eu sua Mãe.
Comum é quase o ser à Mãe e ao
Filho:
Porque do Filho, teve o ser a
Mãe,
E da Mãe teve o ser também o
Filho.
Ora, se o ser do Filho teve a
Mãe,
Ou se dirá que foi manchado o
Filho,
Ou sem labéu se há de dizer a
Mãe.
Certamente outros demônios camaradas deverão ter
colaborado nos vários dogmas criados no correr dos séculos e novos demônios
aparecerão, todos favoráveis às conveniências da Santa Madre Igreja.
Para nós, porém, o que houve não foi
a intervenção amistosa do “demônio”, mas a utilização da mediunidade de um
garoto pelo Espírito de um tonsurado que, na Terra, já se batia fanaticamente a
favor do dogma.
Essa é a nossa opinião, todavia,
como não na querem admitir, deixamos-lhes a liberdade da utilização do demônio como
excelente instrumento auxiliar para a criação de dogmas.
Que lá se entendam...
27 Janeiro
Usa palavras amigas
Nascidas do afeto irmão.
O verbo que reconforta
É bálsamo ao coração.
Casimiro Cunha
por Chico Xavier
in ‘Gotas de Luz” (FEB
4ª Edição 1977)
A Criação
A Redação Reformador (FEB) Maio 1949
Sem comentários, traduzimo-lo, aqui,
para os companheiros de jornada e espírita-cristã, no Brasil:
“O propósito fundamental da história bíblica é a exaltação de Deus, como Criador, e Fonte de tudo o que é.
Concordam
em que escalpelar as particularidades do Gênesis, de modo a coloca-las em
harmonia com as descobertas científicas atuais, seria talvez desfigurar a poesia
sublime e o profundo sentido das letras sagradas; todavia, é imperioso
reconhecer que assunto é próprio das indagações intelectuais, mormente no que
concerne à concepção cristã que identifica em todo o processo criativo do mundo
a ação e o propósito de um Deus vivo.
Compreendemos,
à luz do Evangelho, que o divino trabalho criador não é alguma coisa que se
revele inalterável, em determinado ponto do Universo, “a vez por todas”, nem o absoluto
prevalece dentro da natureza em que nos encontramos, qual acreditava o deísta
do século XVIII.
O
processo da Criação é contínuo.
Deus
pode ser sentido, invariavelmente, em atividade experimentalista e santificante
em todo o Cosmos, que lhe constitui obra, propriedade e domínio, sustentando-o,
ordenando-lhe os movimentos e guiando-o na direção dos seus sábios e imperscrutáveis
destinos.
Logicamente, assim deve
ser, se entendemos no Supremo Senhor o Deus vivo. Tal credo, entretanto, trás consigo
certas consequências de grande importância para a vida humana. Ele sugere a Divindade
imanente no processo histórico do Planeta, embora muitos estudiosos na
atualidade considerem esta afirmação por simples arcaísmo, tão dilatado é o mau
uso da vida a que o homem se entregou nos domínios da própria liberdade.
Realmente
nunca foi fácil ao pensador religioso harmonizar a soberania divina com a
independência humana, mas urge considerar que é parte substancial da doutrina cristã
a certeza de que o Amor Onipotente não pode ser frustrado em tempo algum e que
Deus é também o Senhor da História e que seus objetivos paternais quanto ao homem
serão, por fim, atingidos.
Que
o homem, um dia, refletirá mais perfeitamente a natureza divina, através da
purificação santificadora, é convicção que Jesus nos legou a, efetivamente, um
dos mais poderosos estímulos evangélicos.
A natureza do indivíduo
Emmanuel por Porto Carreiro Neto
Reformador (FEB) Março 1949
Amigo,
A Natureza é infinita; a cada qual é concedida uma
parte, e a parte primeira é o nosso mundo interior. Quem somos? É o indivíduo
um complexo tão grande, que pudéramos dizer ser ele uma Obra-prima da Criação
de Deus. Nele se enfeixa tudo quanto o Senhor criou de belo. Mas o homem se
incorpora as mais negras vilanias, que empanam a virtude maior – o Amor; tece
em torno do raio divino a névoa mais densa e caliginosa (sombria). Onde exuberaria a grandeza, reina
a sordícia (sordidez);
onde estrugiria (ecoaria) a sublimidade, dorme pesado sono um
abismo asqueroso. Como há de, então, embevecê-lo o fulgor das estrelas, se vive
na sombra; como enlevá-la a harmonia,
quando é paradoxo e contraste em si mesmo; como extasiá-lo a maviosa linguagem das
aves, quando a sufocam os sinistros urros de fera?
Estudemo-nos a nós mesmos, na maravilha da Criação. As
leis universais em nós mesmos se enquadram e a nós próprios se aplicam. O
equilíbrio que governa o Universo em nós se faça, para não negarmos que somos
realmente obra do Arquiteto insuperável. Então, expungir-se-ão (limpar) de nós
o egoísmo e a megalomania: viveremos em nós, mas não para nós; e, não
ultrapassando a nós, encerraremos, por isto mesmo, a grandeza da Criação.
Sigamos
adiante
por Djalma Farias Reformador (FEB) Agosto 1947
Têm, por isso mesmo, muita razão os
Espíritos que ditaram a “Revelação da Revelação”, compilada por J. B. Roustaing,
quando nos disseram, no Volume II, pág. 367, tradução de Guillon Ribeiro,
referindo-se à Igreja do Cristo, o seguinte, que reproduzimos como ilustração
utilíssima de nossa crônica de hoje:
“Os
séculos passaram trazendo cada um o seu contingente de civilização, de
progresso, de luz.
“Só
a Igreja se obstina em manter sobre os homens o véu com que lhes cobre as
inteligências; só ela persiste em perpetuar a infância da humanidade quando
esta, em plena virilidade, se debate por lhe fugir aos entraves. Esforço vão o
dela; a seu malgrado o homem usará da sua inteligência. E quantos, impelidos
pela inteligência a que ela não quis amoldar-se, a repudiaram, considerando-a
demasiado velha para lhes satisfazer às aspirações da alma! Uns chamaram em seu
auxílio o nada; outros esperaram, por não saberem nem negar nem crer. Aproxima-se,
porém, a hora da libertação. As faixas vão cair e o espírito humano,
regenerado, esclarecido, esquecerá todos os maracás que a Igreja oferece à
infância: armar-se-á francamente com as armas do Cristo e entrará na Iiça.”
A Linguagem
da Ciência
por Djalma Farias Reformador (FEB) Abril 1947
Em 1797, Meehul tinha um amigo muito
querido, Bouveret, que desapareceu misteriosamente nos arredores do bosque de Bondy.
Dez anos depois, o Espírito de
Bouveret apareceu a Meehul, pedindo-lhe vingança. As aparições sucederam-se de
ano em ano. Certa vez, em sonho, o Espírito indicou a Meehul, com o dedo, a
silhueta de um vulto que se ocultava nas cortinas do leito. Na manhã seguinte, Meehul
constatou que um malfeitor havia entrado em sua casa, roubando-lhe objetos de
valor.
Passado algum tempo, Meehul passeava
nos Campos Elísios e sentiu a mão de um ladrão que deslizava no seu bolso. A
estupefação de Meehul foi grande, reconhecendo no criminoso o vulto que vira em
sonho. Preso e interrogado, o homem confessou que dez anos antes no bosque de
Bondy havia morto para roubar um jovem e que, com a ajuda de um cúmplice, o enterrara
no recanto do bosque, que designou.
Refere-nos, também, a História que o
poeta Petrarca um dia escreveu de Parma uma carta, que foi arquivada, a seu
amigo, o bispo de Giovam Andreia, dizendo-lhe que tivera um mau sonho - tinha
visto um outro amigo seu, o bispo Colona, sair de sua companhia, só, pálido, e
limitando-se apenas a lhe dizer que ia a pé até Roma. Petrarca, na sua carta,
deduziu que o bispo seu amigo tinha morrido. De fato, vinte e cinco dias
depois, recebeu as comunicações da morte do bispo Colona, ocorrida na mesma
hora em que despertava do seu sonho e na mesma noite.
Tácito conta que Basilides apareceu
a Vespasiano num templo de Alexandria, apesar de se achar doente a muitas
léguas de distância.
Afonso de Liguori, estando
adormecido em Arienzo, pode assistir à morte do papa Clemente XIV, cm Roma, e
anunciou ao acordar que vira esse fato.
Antônio de Pádua, estando a pregar
na Espanha, em meio do serviço adormeceu, aparecendo em Pádua, onde seu pai,
acusado falsamente de homicídio, marchava para a morte. Antônio de Pádua salvou
o pai, provando a sua inocência e mostrando o verdadeiro criminoso. Camille Flammarion
relata-nos que u'a moça, ao fim de 7 anos de ternas relações, havia-se separado
do homem que amava. Este casou-se e ela nunca mais teve notícias suas.
Passaram-se alguns anos, quando em uma noite de Abril de 1893 viu ela entrar em
seu quarto uma forma humana, que se lhe dirigiu e debruçou-se sobre ela.
Sentiu, então, nos lábios, com terror, o demorado beijo de uma boca gelada. No
dia seguinte, cerca de meio-dia, correndo a vista pelos jornais, leu a notícia
do falecimento e dos funerais do homem que amara.
Stuart Mill diz que a linguagem da
Ciência tem de ser esta; isto é ou não é, isto se dá ou não se dá. Os fatos
existem e deve ser de todo interesse da Ciência estudá-las rigorosamente. Todos
os cientistas que os têm estudado, rendem-se à verdade e tornam suas aquela
afirmativa sincera de William Crookes: -
I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)
Reformador (FEB) Março 1950
O Espiritismo não é uma religião, e, sim, a Religião;
isto porque só ele ensina que todas as criaturas se salvarão independentemente
dos credos que professem, religando-se todas elas, um dia, ao Criador e Pai.
Assim, não prometendo o Espiritismo
a salvação exclusiva e dogmaticamente para os seus adeptos, mas proclamando que
os ensinos de todos os agrupamentos religiosos conduzem a Deus, etc., o
Espiritismo, será nos tempos vindouros olhado como a verdadeira religião do Planeta.
O Espiritismo não é uma religião
porque seu fito não é destruir as centenas de religiões e seitas em que se
dividiram os homens ou mesmo tomar-lhes o lugar. É, sim, o de penetrar em todas
elas, levando-as, através do conhecimento das novas revelações, a se adaptarem
à evolução determinada de Mais Alto, qual aconteceu na época em que Jesus
esteve entre nós.
Se alguns grupamentos religiosos
forcejarem contra a Luz de Cima, assistiremos então à derrocada e ao
desaparecimento deles, exatamente como aconteceu com a maior e mais poderosa
organização religiosa do mundo, na época da Roma dos Césares - o Paganismo.
À palavra religião ligaram os homens
a ideia de cerimônias litúrgicas, e, daí, a necessidade de se criar um novo
termo ou de se fazer voltar ao vocábulo religião a sua verdadeira significação.
Não havendo possibilidade de se
introduzir um novo termo, por estar registrado o já existente na legislação de
todos os países todo o esforço deverá então ser feito no sentido de aplicar à
palavra religião o seu significado nato.
Há empenho, da parte dos nossos adversários
em provar às autoridades do País que o Espiritismo não deve ser considerado
como religião e que, assim sendo, não se encontra sob a proteção da
Constituição Nacional.
É apenas ciência!" - dizem
eles. Mais além, retomam: “Kardec assim o afirmou!” -
A respeito
desses pontos, "Reformador' de Outubro de 1949 já esclareceu devidamente,
pela pena do próprio Codificador, em trabalho por ele escrito quatro meses
antes do seu decesso, afirmando que o Espiritismo não é uma religião, um culto,
mas, a religião.
Em S. Paulo, há tempos, certa
autoridade deixou de atender a um justo pedido que os espíritas lhe dirigiram,
porque, alegou aquela autoridade, o Espiritismo não é uma religião.
Quando se processou o último censo da população do
Brasil, colocaram, nas fichas distribuídas com o povo, várias religiões e não
falaram em Espiritismo, porque, disseram também eles o Espiritismo não é
religião.
Como vemos, por essa pequena mostra
bem fez a Federação Espírita Brasileira declarando taxativamente, em seus novos
Estatutos que ela é uma sociedade religiosa. r
Vamos ver, agora, diante dessa afirmativa dos Estatutos
da Casa Máter, se os nossos irmãos católicos ainda continuarão a espalhar que a
Constituição do País não nos coloca em igualdade de direitos com os demais agrupamentos
religiosos!