Dogmas e
mais dogmas
por I. Pequeno (Antonio Wantuil de
Freitas)
Reformador
(FEB) Novembro 1946
Enquanto os nossos irmãos protestantes não aceitam
sequer a virgindade de Maria, os católicos dia a dia procuram conduzir aquele
Espírito a uma categoria mais elevada. Depois de a apresentarem como mãe de
Deus e de a subdividirem em tantas nossas-senhoras, quantas sejam necessárias
aos interesses da Igreja, sob os mais extravagantes nomes, procuram agora
convencer-nos, baseados numa lenda, de que Maria subiu aos Céus. tal qual
Jesus, com o mesmo corpo apresentado entre nós.
Referindo-se a esse culto prestado a
Maria, em que a colocam em superioridade ao próprio Deus, por ser a genitora de
uma das suas pessoas, disseram-nos os Espíritos que esse culto já ultrapassa ao
que a Igreja rende ao próprio Cristo (Roustaing, IV-221); assim, diante dessa
tendência do clero para deificar a Virgem, como Já o fizeram com Jesus,
julgamos necessário transcrever o que disseram os Espíritos, quanto à posição
espiritual de Maria, extraindo alguns trechos da 3ª edição da obra “Revelação
da Revelação”:
- Maria era Espírito
perfeito quando encarnou em missão: Perfeito, relativamente a nós, ao nosso
planeta; não o era, porém, com relação aos mundos superiores. Espírito
superior, de mui elevada hierarquia espírita, com relação a nós, não tinha
ascendido ainda à perfeição sideral. (I-330).
- Após uma encarnação
fluídica num planeta mais adiantado que a Terra, encarnação sofrida como consequência
de pequenina falta, retornou aquele Espírito o caminho simples e reto do
progresso e até hoje o trilha, pois que ainda não chegou ao cume, à perfeição
sideral. (I-333).
-
Conquanto não se ache ainda na categoria dos Espíritos puros, suas atuais
encarnações estão de tal forma acima de nossas inteligências, que não podemos
fazer ideia do que sejam. Sabemos, porém, que Maria é um Espírito inferior,
muito inferior a Jesus. (I-331).
- O Senhor estava com
Maria, mulher entre todas bendita, por ser, entre todas, Espírito muito puro no
desempenho de uma missão na Terra. (I-369).
- Recomendando João a
Maria e esta àquele, Jesus deu o testemunho da sua solicitude pelos encarnados
e homenageou os sentimentos que devem animar os filhos com relação aos pais,
sentimentos que devem ligar a grande família humana. (IV-498).
Como vemos, apesar do muito respeito
e da muita estima que nos merece o elevado Espírito de Maria, ao qual temos
recorrido muitas vezes, não podemos concordar com os dogmas da Igreja, dogmas
que tendem a fazer da Virgem o que já fizeram com o Cristo, deificando-a
igualmente.
Os espíritas também dirigimos preces
a Maria, como o fazemos igualmente aos nossos guias e protetores; porém, entre
a nossa veneração à Virgem e a outros grandes Espíritos e a divinização que lhe
quer dar a Igreja, vai um infinito, um abismo quase igual ao que existe entre a
criatura e o Criador, ou entre um planeta e o Universo.
Se assim continuarem, dentro de mais
alguns séculos já não mais terão a Trindade, visto que se tornará necessário
criar um novo termo, no qual possam incluir as atuais três pessoas e mais o
Espírito de Maria e talvez mesmo o de João Batista.
Até lá, porém, o mundo já estará
recristianizado. Os Espíritos já terão levado a verdade a todos os cantos da
Terra, e os dogmas já não impressionarão a coletividade.
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