A Criação
A Redação Reformador (FEB) Maio 1949
Sem comentários, traduzimo-lo, aqui,
para os companheiros de jornada e espírita-cristã, no Brasil:
“O propósito fundamental da história bíblica é a exaltação de Deus, como Criador, e Fonte de tudo o que é.
Concordam
em que escalpelar as particularidades do Gênesis, de modo a coloca-las em
harmonia com as descobertas científicas atuais, seria talvez desfigurar a poesia
sublime e o profundo sentido das letras sagradas; todavia, é imperioso
reconhecer que assunto é próprio das indagações intelectuais, mormente no que
concerne à concepção cristã que identifica em todo o processo criativo do mundo
a ação e o propósito de um Deus vivo.
Compreendemos,
à luz do Evangelho, que o divino trabalho criador não é alguma coisa que se
revele inalterável, em determinado ponto do Universo, “a vez por todas”, nem o absoluto
prevalece dentro da natureza em que nos encontramos, qual acreditava o deísta
do século XVIII.
O
processo da Criação é contínuo.
Deus
pode ser sentido, invariavelmente, em atividade experimentalista e santificante
em todo o Cosmos, que lhe constitui obra, propriedade e domínio, sustentando-o,
ordenando-lhe os movimentos e guiando-o na direção dos seus sábios e imperscrutáveis
destinos.
Logicamente, assim deve
ser, se entendemos no Supremo Senhor o Deus vivo. Tal credo, entretanto, trás consigo
certas consequências de grande importância para a vida humana. Ele sugere a Divindade
imanente no processo histórico do Planeta, embora muitos estudiosos na
atualidade considerem esta afirmação por simples arcaísmo, tão dilatado é o mau
uso da vida a que o homem se entregou nos domínios da própria liberdade.
Realmente
nunca foi fácil ao pensador religioso harmonizar a soberania divina com a
independência humana, mas urge considerar que é parte substancial da doutrina cristã
a certeza de que o Amor Onipotente não pode ser frustrado em tempo algum e que
Deus é também o Senhor da História e que seus objetivos paternais quanto ao homem
serão, por fim, atingidos.
Que
o homem, um dia, refletirá mais perfeitamente a natureza divina, através da
purificação santificadora, é convicção que Jesus nos legou a, efetivamente, um
dos mais poderosos estímulos evangélicos.
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