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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Palavras e construção

 

Palavras e construção

Emmanuel por Chico Xavier

Reformador (FEB) Janeiro 1965

             Comumente nos referimos à penúria, qual se estivéssemos à frente de um monstro, instalado em definitivo, junto de nós, esquecido de que o trabalho é infalível extintor de miséria...

            Mencionamos conflitos como quem tateia chagas irreversíveis, sem ponderar que o amor opera a extirpação de todo quisto de ódio...

            Comentamos privações, dando a ideia de que se erigem à condição de flagelos permanentes, distanciados do otimismo que funciona por dissolvente da sombra.

            Reportamo-nos a enfermidades com tamanho luxo de minudências, como se fossem males eternos, injuriando os princípios de saúde, capazes de restituir-nos a euforia...

            Destacamos s parte menos feliz do semelhante, com tanto empenho, que fornecemos a impressão de rentear com seres irremissivelmente condenados às trevas, ausentando-nos do bem, à luz do qual todo nos redimiremos um dia...

            Conversemos, segundo a fraternidade e o bom ânimo que o Cristo nos ensinou a cultivar.

            Imperfeições, desastres, doenças, desequilíbrios e infortúnios assemelham-se a meros borrões em nosso caderno de experiência educativa, no aprendizado da existência transitória. Afim de senhorearmos os nossos títulos de herdeiros de Deus na vida eterna.  Claro que apagaremos tais desdouros com a lixívia do nosso próprio sofrimento, mas não adianta ampliá-los através da exaltação emotiva ou do comentário inconveniente.

            Embaixo, a Terra parece uma estância obscura, mas o Sol brilha acima...

            Recordemos a exortação de Paulo:

            - “A palavra do Cristo habite em vós ricamente.”


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Ensinos de Emmanuel

 

Ensinos de Emmanuel

Livro: “O Consolador” (Ed. FEB)

Destaques constantes da revista ‘Reformador’ (FEB) Outubro 1944


1. “O Espiritismo não deve nutrir a pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo. A sua missão divina há de cumprir-se junto das almas, nos legítimos fundamentos do Reino de Jesus.”

2. "O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhadores que militam em sua fileiras."

 3. "No Espiritismo é sempre de bom aviso evitar-se a consecução de iniciativas tendentes a estabelecer uma nova classe sacerdotal no mundo."


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O futuro pertence ao Espírito

 

O futuro pertence ao Espírito

Tasso Porciúncula (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Agosto 1977

           O psicólogo D. G. Jung advertiu, duma feita, “Não há uma Psicologia moderna, porém muitas. Isso é estranho, porque somente há uma Matemática, uma Geologia, uma Botânica, uma Zoologia, etc. Em troca, as psicologias são tantas que uma Universidade norte-americana publica todos os anos um grosso volume intitulado: “Psicologies of 1930”, etc. Creio que há tantas psicologias quanto filosofias e sucede com estas o mesmo que com aqueles: não há uma só, mas muitas.” E mais: “Não existe praticamente uma psicologia científica moderna que explique as coisas do ponto de vista do espírito.”  

            O Espiritismo é o maior repositório de estudo da alma e suas consequências, pois “tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”, afirmou Kardec. É também “uma ciência que trata da Natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Acontece, porém, e isso é uma tendência irresistível do homem, que, às vezes, a Doutrina é adulterada, sofre, de quem não a conhece ou não se identificou com ela, influências de teorias que pretendem igualmente esclarecer e explicar os fenômenos inerentes ao mundo espiritual em suas relações com o mundo material. Por isso mesmo, Kardec advertiu: “Por vender-se vinho falsificado, não se deve concluir que não existe vinho puro” (“O que é o Espiritismo”, 17º ed. FEB, 1976, pág. 58). Cabe-nos, na medida das nossas possibilidades, resguardar a pureza da Doutrina Espírita, pois sabemos que algumas pessoas, ainda não inteiramente desligadas de certas práticas, usuais em outras organizações espiritualistas, procuram, de boa-fé, sem dúvida, com uma candidez surpreendente, introduzir em seus Centros costumes incompatíveis com os princípios doutrinários do Espiritismo, conservados puros e intangíveis pela Casa de Ismael. Esquecem-se, tais “inovadores”, da asserção de Kardec: “Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.”

            Enquanto as psicologias se multiplicam e mostram certa diferença entre os postulados que adotam, o Espiritismo é uno, indivisível, tendo por estrutura a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec. Os que negam a alma em suas teorias... psicológicas, são vítimas infelizes da pior das cegueiras, porque tem olhos de ver e não veem. “O futuro pertence ao Espírito!” – exclamou uma entidade desencarnada. As psicologias sem alma são esforços materialistas destinados a aumentar a desorientação do mundo. Alguns procedem sinceramente, de acordo com os ensinamentos que lhe foram “inoculados”. Outros, movidos por preconceitos que serão destruídos pela evolução dos conhecimentos humanos. A verdade negada hoje esplenderá, livre, amanhã. “A vida corpórea é a síntese das irradiações da alma. Não há órgãos em harmonia sem pensamentos equilibrados, como não há ordem sem inteligência” – ponderou André Luiz em “Nos Domínios da Mediunidade”. “O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mento-magnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores  e receptores, conservadores e regeneradores de energia” (André Luiz – “Mecanismos da Mediunidade”, cap. V, edição FEB).

            A importância do estudo do perispírito tem sido subestimada pelos pesquisadores da Psicologia, ou das psicologias. Está ele sempre ligado à alma, durante sua união com o corpo ou depois de separar-se deste Portanto, faz parte integrante do Espírito (ou Alma), do mesmo modo que o corpo o faz do homem – esclarece Kardec. “Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação” (“O Livro dos Médiuns”, Segunda Parte, cap. I, nº 55). Embora fluídico, “o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria”, pois “o Espírito precisa de matéria para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo” (ibidem). O estudo do perispírito e de sua indispensável função na atividade da alma, encarnada ou desencarnada, é primordial para o estabelecimento seguro e definitivo, pelos conhecimentos daí derivados, de uma Psicologia legítima. Eis porque Emmanuel, em “Dissertações mediúnicas”, pondera que “a medicina do futuro terá de ser eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente alcançada, em razão da febre maldita do ouro”. Em suma, “o corpo espiritual é a alma fisiológica, assimilando a matéria ao seu molde, a fim de materializar-se no mundo físico”.


quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Socorro e Benevolência

 

Socorro e benevolência

Emmanuel por Chico Xavier

Reformador (FEB) Março 1966

             Socorro e benevolência!

            Curioso examinar como é fácil seguir o caminho da caridade até o meio; tão fácil que o princípio dele é acessível a qualquer um. Isso, porque, se o início das boas obras pode realizar-se através de impressões externas, a complementação deve ser feita no cerne da vida íntima.

            Mobilizaremos recursos materiais, diminuindo o infortúnio de companheiros que a penúria vergasta; no entanto, a fim de aprendermos as lições da bondade, é forçoso lhes saibamos doar, tanto quanto possível, esforço e presença pessoal, na solução dos problemas que lhe digam respeito.

            Partilharemos dissabores e aflições dos vizinhos, especialmente quando a própria tranquilidade nos permita articular bons conselhos, mas, para que o nosso testemunho de fraternidade seja completo, cabe-nos regozijar-nos sinceramente, quando se mostrem felizes, sem qualquer necessidade de nosso auxílio.

            Estimaremos a prestação de gentileza às pessoas que se nos façam atraentes pela humildade que evidenciam; contudo, é forçoso sustentar o mesmo concurso afetivo, junto daqueles que a revolta e a obsessão nos apresentam como sendo criaturas menos simpáticas.

            Alegrar-nos-emos com as tarefas da assistência social quando vantagens diversas nos assegurem euforia de corpo e alma; entretanto, para demostrarmos compreensão de solidariedade real, é preciso saber olvidar enxaqueca e desgosto, a fim de sorrir encorajando os irmãos em lides expiatórias.

            Caridade, indiscutivelmente, é a senda do amor; contudo, para alcançar a vitória espiritual a que ela nos guia, é necessária trilhá-la dos júbilos do começo às dificuldades do fim.


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Médiuns iniciantes

Médiuns iniciantes

Emmanuel por Chico Xavier

Reformador (FEB) Julho 1965

             No intervalo espiritual, encontramos vasto grupo de companheiros, carecedores de especial atenção - os médiuns iniciantes.

            Muitas vezes, fascinados pelo entusiasmo excessivo, diante do impacto das revelações espirituais que os visitam de jato, solicitam o entendimento e o apoio dos irmãos experimentados, para que não se percam através de engodos brilhantes.

            Induzamo-nos a reconhecer que estamos todos a frente dos Espíritos generosos e sábios, à feição de cooperadores perante autoridades de serviço, que nos esperam o concurso eficiente e espontâneo.

            Não nos compete avançar sem a devida preparação, conquanto supervisionados por mentores respeitáveis e competentes.

            Tanto quanto para nós outros, para cada médium urge o dever de estudar para discernir e trabalhar para merecer.

            Tão só porque os seareiros da mediunidade revelem facilidades para a transmissão de observações e mensagens, isso não os exime da responsabilidade na apresentação, condução e aplicação dos assuntos de que se tornam interpretes. É indispensável se capacitem de que a morte não altera a personalidade humana, de modo fundamental. Acesso à esfera dos seres desencarnados, ainda jungidos ao plano físico, é semelhante ao ingresso em praça pública da própria Terra, onde enxameiam inteligências de todos os tipos.

            Admitido a construções de ordem superior, o médium é convidado ao discernimento e à disciplina, para que se lhe aclarem e aprimorem faculdades, cabendo-lhe afastar-se do “tudo querer” e do “tudo fazer” a que somos impelidos, nós todos, quando imaturos na vida, pelos que se afazem à rebeldia e à perturbação.

            Ajudemos os médiuns iniciantes a perceber que na mediunidade, como em qualquer outra atividade terrestre, não há conhecimento real onde o tempo não consagrou a aprendizagem e que todos os encargos são nobres onde a luz da caridade preside as realizações.

            Para esse fim, conduzamo-los a se esclarecerem nos princípios salutares e libertadores da Doutrina Espírita.

            Médiuns para fenômenos surgem de toda parte e de todas as posições. Médiuns para a edificação do aprimoramento e da felicidade, entre as criaturas, são apenas aqueles que se fazem autênticos servidores da Humanidade.


quarta-feira, 7 de julho de 2021

Agradeçamos sempre

 

'Agradeçamos Sempre' 
de Emmanuel
por Chico Xavier
em 'Palavras de Vida Eterna' (9ª Ed. CEC 1986) 

"Dando sempre graças a Deus por tudo, em nome de 
Nosso Senhor Jesus Cristo..." - Paulo em Efésios 5:20

          Muita gente pergunta como se pode render graças a Deus pelas dores que sacodem a vida; entretanto, basta leve reflexão para que venhamos a reconhecer a função renovadora do sofrimento.

          Atravessaste longo período de enfermidade, da qual te refazes, dificilmente, e, se ouvires a própria consciência, perceberás que a modéstia física foi socorro valioso para que te não arrojasses a tremendas lutas de espírito.

           Foste surrupiado na vantagem financeira que te colocava em destaque no trabalho que te assegura a subsistência, e, se meditas severamente no assunto, observarás que a suposta humilhação te livrou de compromissos perigosos e arrasadores.

           Perdeste recursos materiais que apenas te acrescentariam o reconforto desnecessário, no carro da própria existência e, se te deres ao exame desapaixonado da própria situação, verificarás que alijaste o peso dourado de enfeites suntuosos que te fariam, provavelmente, a vítima de criminosos assaltos.

           Amargaste a deserção do amigo em cujo afeto depositavas a maior esperança, e, se estudares a ocorrência, com plena isenção de ânimo, concluirás que o tempo te libertou de um laço impróprio, que se transfiguraria, talvez, de futuro, em pesado grilhão.

           Não te confies às aparências.

           Louva o céu azul que te imprime euforia ao pensamento, mas agradece, também, a nuvem que te garante a chuva, mensageira do pão.

           Mesmo que não entendas, de pronto, os desígnios da Providência Divina, recebe a provação como sendo o melhor que merecemos hoje, em favor do amanhã, e, ainda que lágrimas dolorosas te lavem a alma toda, rende graças a Deus. 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

O santuário da memória

                       

O Santuário da Memória

Emmanuel por Chico Xavier

emEmmanuel(pág 130 da 4ª Ed. FEB)

             O corpo espiritual não retém somente a prerrogativa de constituir a fonte da misteriosa força plástica da vida, a qual opera a oxidação orgânica; é também ele a sede das faculdades, dos sentimentos, da inteligência e, sobretudo o santuário da memória em que o ser encontra os elementos comprobatórios da sua identidade, através de todas as mutações e transformações da matéria.


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Religião Pura

 

Religião Pura

Emmanuel por Chico Xavier

in “Palavras de Vida Eterna” (9ª Ed. CEC - 1986)

                 “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” (TIAGO, 1:27)

             Religião, diante das criaturas humanas, pode envolver atitudes diversas:

           Polemicar em torno dos atributos de Deus...

            Aditar interpretações individuais às revelações sublimes...

            Centralizar a mente na exegese...

            Consumir a exigência em casuísmo...

            Reexaminar princípios veneráveis em horas certas...

            Atender a ritualismo...

            Enriquecer a simbologia...

            Adotar posturas convencionais...

            Cultivar penitências vazias...

            Levantar monumentos de pedra...

            Ninguém nega que essas manifestações deixam de ser atestados de religião e religiosidade entre nós outros, as criaturas encarnadas e desencarnadas na Terra; e ninguém recusa o valor relativo que apresentem para determinadas pessoas, em certos estágios da evolução.

            Entretanto, o Evangelho nos ensina que a religião pura, diante de Deus, é outra coisa.

            Tiago traça a definição correta, afirmando: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.”

            Em suma, a religião irrepreensível da alma, perante a Divina Providência, segundo no-lo confirma a Doutrina Espírita em seus postulados, repousa, acima de tudo, no serviço ao próximo e no caráter ilibado, ou melhor, na caridade incessante e na tranquilidade da consciência.

 


domingo, 2 de maio de 2021

A Incógnita do Além

 

A Incógnita do Além

Emmanuel por Chico Xavier     Reformador (FEB) Janeiro 1943

             Meus amigos, Deus vos conceda muita paz espiritual no caminho diário.

            Conheço a ansiedade com que muitos de vós outros batem às portas da revelação. Sei de vossas aspirações e já experimentei vosso desejo muito.

            O homem defrontará sempre a incógnita do além túmulo, tomado de incertezas augústias, quando se distancia do alimento espiritual, matéria prima da vida eterna, o que ocorre no cenário de vosso século, repleto de acontecimentos de profunda significação científica e filosófica, cercados de realizações, da máquina e empolgados que de ideologias políticas; permaneceis à beira de abismos que solapam os séculos laboriosos de realizações.

            O homem moderno cresceu em suas realizações puramente intelectualísticas, avançando no domínio das organizações materiais; entretanto, por trás de muralhas de livros, ao longo de códigos pacientemente elaborados, a inteligência da criatura se esconde para preferir a morte. A ciência que devassou desde o subsolo até a estratosfera, manifesta a sua impossibilidade de dominar o vulcão mortífero. Vinte séculos de pensamento cristão não bastaram: Milhares de mensagens da Providência Divina, convertidas em utilidades para a civilização de nossos tempos sopitaram os novos surtos de devastações e misérias. Não lamentamos porém. Apenas nos referimos à semelhante derrocada para exaltar a grandeza da experiência espiritual.  

            O homem econômico de nossas filosofias atuais não pode subsistir no quadro da evolução divina. Um homem é espírito antes de tudo. A Terra é a nossa escola milenária, aguardando resignadamente a nossa madureza de sentimentos.

            É por isto que acorrestes à presente reunião, em vossa maioria tangidos pelo desejo de auscultar o desconhecido. E, por isto que esperáveis expressões fenomênicas que vos modificassem inteiramente. No fundo, meus amigos, desejais a Fé, quereis tocar a certeza. Entretanto, a curiosidade não pode substituir o trabalho perseverante e metódico, nenhuma técnica profissional por mais singela pode-se eximir de cultores da experiência sentida e vivida.

            Alguns dentre vós formulais indagações mentais enquanto outros aguardam manifestações que firam as percepções externas. Todavia, apesar do desejo de vos atender particularmente, não seria possível quebrar a lei universal da iniciativa de cada um no campo do livre arbítrio relativo que nos rege os destinos. Vossa ansiedade palpita em todo mundo. A humanidade suplica expressões novas que lhe definam as diretrizes para o mais alto e vossos corações permanecem cansados do atrito dispensivo. Sois, de modo geral, os viajores que, extenuados do caminho árido começam a indagar as profundezas do céu, tendo sempre uma resposta para quantos o contemplam, convictos de que a vida é testemunhos de trabalho, de realizações e de confiança. Nenhuma elevação se verificará sem o esforço próprio.

            É por este motivo que as ideias religiosas antigas, embora respeitáveis pelas mais sublimes tradições, não mais satisfazem. Os templos de pedra deixam exalar ainda o incenso da poesia, mas as vossas esperanças pedem esclarecimentos concretos e roteiros precisos.

            Sim, vossa sede é justa.

            A fonte, porém, ainda é aquela que o Mestre nos trouxe há dois mil anos.

            Procurai esta água da vida eterna.

            Não vos deixeis dominar tão somente pela ânsia que, às vezes, é doentia.

            Procurai de fato conhecer.

            Não vos restrinjais ao campo limitado da curiosidade. Toda curiosidade é boa quando conduz ao trabalho.

            Recebei, portanto, os serviços de Deus, em vós mesmos. Vosso coração e vossa inteligência constituem a grande oficina. Aí dentro operareis maravilhas desde que não condeneis vossas melhores ferramentas de observação e possibilidades de serviço à ferrugem do esquecimento.

            Que a vossa curiosidade seja um marco útil na estrada da sabedoria.

            Continuai no vosso esforço lembrando que se viestes hoje bater à porta do mais além, o mais além respondendo vem bater igualmente às vossas portas.


quarta-feira, 21 de abril de 2021

Cidade de Cafarnaum, você conhece?

 

Cidade de Cafarnaum, 

Você Conhece?

 por Roberto Macedo

         in “Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de Emmanuel” (Ed. FEB)

            Cidade da Galileia, na Palestina. Situava-se na margem norte do lago de Genesaré, também chamado mar da Galileia ou de Tiberíades. Residência de Pedro, talvez seu berço natal, se não tiver sido originário de Betsaida, na margem oeste do lago (não Betsaida Júlia, filha de Augusto). Residência temporária de Jesus e da Virgem Maria, após o episódio das bodas de Canaã. “A paisagem de Cafarnaum serviu de palco às primeiras lições inesquecíveis e imortais do Cristianismo, em sua primitiva pureza”, diz Emmanuel em “Há Dois Mil Anos...”, porque seu povo “aceitava a Lei de Moisés, mas estava muito longe das manifestações hipócritas do farisaísmo de Jerusalém.”


Não lanceis aos cães as coisas santas!

 


Não lanceis aos cães as coisas santas!

Jesus em Mateus 7,6

               Palavras pouco usuais para os nossos dias, trazem embutidas, porém, grandes ensinamentos. É no livro “Vinha de luz” (Ed. FEB), por Emmanuel em psicografia de Chico Xavier, que encontramos os mais vibrantes esclarecimentos sobre elas.

             “Certo, o cristão sincero nunca se lembrará de transformar um cão em partícipe do serviço evangélico, mas, de nenhum modo, se reportava Jesus  à feição literal da sentença.

             O Mestre, em lançando o apelo, buscava preservar amigos e companheiros do futuro contra os perigos da imprevidência.

            O Evangelho não é somente um escrínio celestial de sublimes palavras. É também o tesouro de dádivas da Vida Eterna.

            Se é reprovável o desperdício de recursos materiais, que não dizer da irresponsabilidade na aplicação das riquezas sagradas?

            O aprendiz inquieto na comunicação de dons da fé às criaturas de projeção social, pode ser generoso, mas não deixa de ser imprudente.

            Porque um homem esteja bem trajado ou possua larga expressão de dinheiro, porque se mostre revestido da autoridade temporária ou se destaque nas posições representativas da luta terrestre,  isto não demonstra a habilitação dele para o banquete do Cristo.

             Recomendou o Senhor seja o Evangelho pregado a todas as criaturas; entretanto, com semelhante advertência não espera que os seguidores se convertam em demagogos contumazes e, sim, em mananciais ativos do bem a todos os seres, através de ações e ensinamentos, cada qual na posição que lhe é devida.

    Ninguém se confie à aflição para impor os princípios evangélicos, nesse ou naquele setor da experiência que lhe diga respeito. Muitas vezes, o que parece amor não passa de simples capricho, e,  em conseqüência dessa  leviandade,  é que encontramos verdadeiras maltas de cães avançando em coisas santas.”


terça-feira, 20 de abril de 2021

Assassinato de inocentes

 


Assassinato de Inocentes

                       O tema bíblico - Assassinato de Inocentes -, citado em Mateus 2:16-18,  torna-se bem atual quando transportado ao nosso tempo e rebatizado de aborto.

            São milhões os espíritos que tem adiadas suas oportunidades de resgate e regeneração pelo ato impensado do aborto e, ninguém melhor que Emmanuel, por Chico Xavier, para nos ilustrar sobre o tema em o livro “Religião dos Espíritos” (Ed. FEB):

              Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais... Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância...

            Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinquência, erguem-se cárceres e fundem-se algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão.

            Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação.

            Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz.

            Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!  

            Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a turpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes.”


segunda-feira, 5 de abril de 2021

Mortos amados

Mortos Amados

Emmanuel por Chico Xavier

Do livro: “Na Era do Espírito(Ed. GEEM)

             Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte, sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito.  Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram. E bastas vezes, tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas às estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos. Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo indagando porquê...  Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior.

            Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição de criatura invisível; mas não de todo ausente.

            Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam. Enfeita lhes a memória com as maiores lembranças que consigas enfileirar e busca tranquilizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor. Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas. Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação. Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma, no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.


quinta-feira, 25 de março de 2021

Bilhetes

 

Bilhetes

por G. Mirim (Antônio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Agosto 1946

             Francisco Cândido Xavier recebeu mediunicamente de André Luiz, o esclarecido médico em viagem de instrução pelo Espaço, mais um livro: “Obreiros da Vida Eterna”. Como os outros três, anteriormente publicados, é esse, não há dúvida, uma obra de incontestável mérito, quer pelos ensinamentos e quer pela erudição do Autor, que, todos sabemos, não é o nosso Chico, nem poderia sê-lo.

            Quando apareceu "Parnaso", não faltaram à ribalta os eternos adversários da Verdade, bufoncando (trazendo) os seus fracos, instáveis e incôngruos argumentos. Depois, com a publicação dos romances de Emmanuel, novamente tentaram voltar ao tablado, mas ficaram nos primeiros ensaios dos seus frágeis arrazoados. Em seguida, ao surgirem as edições de “Emmanuel” e de o “O Consolador”, emudeceram todos e eclipsaram-se definitivamente com o aparecimento de "Missionários da Luz", obra que ocasionou admiração em todos os nossos meios médicos e culturais.

            Neste último livro – “Obreiros da Vida Eterna” - o plano analisado e estereotipado pelo Autor, com a sua supervisão, é bem diferente dos anteriormente descritos. Estamos mais terra-a-terra, “crostalmente”, diria o escritor. Entre os inúmeros obreiros da vida eterna que passam à nossa frente, depara-se nos o velho e inolvidável presidente da Federação, o grande Bezerra de Menezes.

            Há cenas comoventes, emocionantes. Ora é um pai, Fábio, a se despedir dos filhos no momento do decesso; ora uma viúva que coloca mentalmente o Cristo na direção do lar orfanado; ora, enfim, a comoventíssima narrativa da despedida de um exposto, Joãozinho, de sua querida protetora. Ao lado de ensinamentos valiosos para a coletividade em geral, há trechos dedicados à teoria de Freud, à Psiquiatria terrena e a outros assuntos correlatos.

            Diante das obras do Chico, nós, os espíritas, que conhecemos todo o movimento mundial do Espiritismo, ficamos perplexos. Sim, porque até hoje jamais apareceu na Terra um médium que se lhe aproximasse pela quantidade e qualidade das produções. Um, apenas, poderia ser-lhe comparado: Andrew Jackson Davis, mas, ainda, assim, sem as características que distinguem o nosso Chico.

            É preciso que não nos esqueçamos de que este médium jamais se concentrou com o fim premeditado de receber um livro. Os Espíritos é que se aproveitam da ocasião em que ele se encontra em recolhimento e prece para lhe ditarem a obra que têm em mira enviar ao Planeta, aliás, antecipadamente determinando que os originais deverão ser entregues a certa editora, completamente de graça, o que realmente sempre se verificou.

            Não podemos prever quando os Espíritos nos deixarão de enviar essas obras instrutivas; não nos é possível sequer compreender a missão que ao mundo trouxe o médium humilde de Pedra Leopoldo. Sabemos, porém, e isso porque sentimos, que ensinamentos admiráveis nos têm sido transmitidos através dessa mediunidade ímpar, dessa literatura única.


terça-feira, 23 de março de 2021

Ouçamos atentos

 

Ouçamos atentos

Emmanuel por Chico Xavier   Reformador (FEB) Julho 1946

             “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça." - Jesus, (Mateus, 6:33).

             Apesar de todos os esclarecimentos do Evangelho, os discípulos encontram dificuldade para ajustar convenientemente a bússola do coração.

            Recorre-se à fé, na sede de paz espiritual, no anseio de luz, na pesquisa da solução aos problemas graves do destino; todavia, antes de tudo, o aprendiz costuma procurar a realização dos próprios caprichos; o predomínio das opiniões que lhe são peculiares; a subordinação de outrem aos seus pontos de vista; a submissão dos demais à força de que é portador; a consideração alheia ao seu modo de ser; a imposição de sua autoridade personalíssima; os caminhos mais agradáveis; as comodidades preciosas do dia que passa; as respostas favoráveis aos seus intentos e as satisfações do imediatismo vulgar.

            Raros aceitam as condições do discipulado. Recusam, em geral, o título de aprendizes do Divino Mestre. Querem ser favoritos de Deus.

            Conhecemos, no entanto, a natureza humana, da qual ainda somos partícipes, não obstante a posição de Espíritos desencarnados. E sabemos que a vida burilará todas as criaturas nas águas pesadas da experiência.

            Lutaremos, sofreremos e aprenderemos, nas variadas esferas de luta evolutiva e redentora.

            Considerando, porém, a extensão das bênçãos que nos felicitam as estradas, acreditamos seria útil à nossa felicidade e equilíbrio ouvir, atentos, as palavras do Senhor: - "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça".


sexta-feira, 19 de março de 2021

Saibamos cooperar

 

Saibamos cooperar

Emmanuel por Chico Xavier       Reformador (FEB) Maio 1947

           “Porque sem mim, nada podeis fazer." – Jesus em João, 15:5

             O divino poder do Cristo permanece batente em todas as criaturas. Todos os homens receberam-lhe sagrados dons, ainda que muitos se mantenham afastados da mística religiosa.

            Referimo-nos aqui, porém, aos cultivadores da fé que iniciam o esforço laborioso e longo da descoberta dos valores sublimes que vibram em si mesmos.

            Grande parte suspira por espetaculares demonstrações de Jesus em seus caminhos e companheiros incontáveis acreditem em apenas cooperam com o Senhor os que se encontram no ministério da palavra, no altar ou na tribuna de variadas confissões religiosas.  

            Urge, entretanto, retificar esse erro interpretativo.

            O Senhor está conosco em todas as posições da vida. Nada poderíamos realizar sem o influxo de sua vontade soberana.  

            Diz-nos o Mestre com segurança: “eu sou as videiras, vós as varas”. Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial?

            Efetivamente, os aprendizes arguciosos poderão objetar que, nesse critério, também encontraremos os que praticam o mal, alicerçados nas mesmas bases.  Respondendo, consideraremos somente que semelhantes infelizes enxertam cactos infernais na Videira Divina, por conta própria, pagando elevado peço, perante o Governo do Universo.

            Reportamo-nos aos companheiros tímidos e vacilantes, embora bem intencionados, para concluir que, em todas as tarefas humanas podemos sentir a presença do Senhor, santificando o trabalho que nos foi cometido. Por isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria abençoado qualquer esforço no bem, ainda que fosse apenas o de ministrar um copo de água pura em Seu Nome.  

            O Mestre não se encontra tão somente no serviço daqueles que ensinam a Revelação Divina, através da palavra acadêmica, instrutiva ou consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem as ordenanças do caminho, concorrendo na edificação do futuro melhor, nas organizações materiais e espirituais. Permanece no lado dos que revolvem o chão do planeta, cooperando na estruturação da Terra Aperfeiçoada, como inspira aos missionários da inteligência na evolução dos direitos humanos.

            Saibamos cooperar, desse modo, nos círculos de serviço a que fomos chamados ao concurso cristão.

            Faze tanto bem, quanto esteja em tuas possibilidades, à obra parcial confiada às tuas mãos.

            Por hoje, talvez te enganes, supondo servir às autoridades terrestres; no entanto, chegará o minuto revelador, no qual reconhecerás que permaneces a serviço do Senhor. Une-te, pois, ao Divino Artífice, em espírito e verdade, porque o problema fundamental de nossa paz é justamente o de saber se vivemos n'Ele tanto quanto Ele vive em nós.


quinta-feira, 18 de março de 2021

Que fazeis de mais?

 

Que fazeis de mais?   

Emmanuel por Chico Xavier   Reformador (FEB) Julho 1946

             “Que fazeis de mais?" – Jesus. (Mateus 5:47)

             Iniciados na luz da Revelação Nova, os espiritistas cristãos possuem patrimônios de entendimento muito acima da compreensão normal dos homens encarnados.

            Em verdade, sabem que a vida prossegue vitoriosa além da morte; que se encontram na escola temporária da Terra, em favor da iluminação espiritual que lhes é necessária; que o corpo carnal é simples vestimenta a desgastar-se cada dia; que os trabalhos e desgostos do mundo são recursos educativos; que a dor é o estímulo às mais altas realizações; que a nossa colheita futura se verificará, de acordo com a sementeira de agora; que a luz do Senhor clarear-nos-á os caminhos, sempre que estivermos a serviço do bem; que toda oportunidade de trabalho no presente é uma bênção dos Poderes Divinos; que ninguém se acha na Crosta do Planeta em excursão de prazeres fáceis e sim em missão de aperfeiçoamento; que a justiça não é uma ilusão e que a verdade surpreenderá toda a gente; que a existência na esfera física é abençoada oficina de trabalho, resgate e redenção e que os atos, palavras e pensamentos da criatura produzirão sempre os frutos que lhes dizem respeito, no campo infinito da vida.

            Efetivamente, sabemos tudo isso.

            Em face, pois, de tantos conhecimentos e informações dos planos mais altos, a beneficiarem nossos círculos felizes de trabalho espiritual, é justo ouçamos a interrogação do Divino Mestre:

            - Que fazeis mais que os outros?


Mensagem de Emmanuel

 

Mensagem de Emmanuel

Reformador (FEB) Junho 1946

             Ter paz em Cristo não é ter paz no mundo. É encontrar o tesouro eterno, no testemunho eterno e no suor de cada dia. Não é fugir ao serviço, é aceitá-lo seja onde for, como e quando determine a Vontade daquele que prossegue em ação redentora, junto de todos nós.

            Muitos homens sempre buscaram a tranquilidade dos cadáveres; mas o discípulo fiel sabe que tem esforços e tarefas, em todos os dias da existência. Atingindo semelhante zona de compreensão, o aprendiz conhece o segredo da paz em Cristo, com o máximo de lutas na Terra. Para ele, continuam batalhas, atritos, trabalhos e testemunhos no planeta; entretanto, nenhuma situação lhe modifica a serenidade interior, porque alcançou o luminoso caminho, experimentando a tranquilidade em Jesus.


segunda-feira, 1 de março de 2021

A natureza do indivíduo

                   Emmanuel

A natureza do indivíduo

Emmanuel por Porto Carreiro Neto

Reformador (FEB) Março 1949

 Amigo,

            Não estejamos a ingerir-nos em o que não nos toca, mas empenhemo-nos em o que nos concerne. Muitos problemas há, que não nos cabe resolver. São transcendências para nós, que mal enxergamos no grande oceano de nossas poucas faculdades e muita ignorância. Busquemos estudar o círculo em que nos debatemos, antes de procurar ultrapassá-lo; baste-nos esse círculo, que já é imenso para nossa pequenez. Olhemos em torno, e veremos quanto há que fazer. Sobram-nos problemas de como havemos de vencer a nós mesmos. Lutamos nas canseiras do desespero e da incompreensão, ansiados por libertar-nos desse círculo de ferro em que nos aprisionamos, enclausurados numa cegueira que nos furta a visão de maiores grandiosidades. Reconheçamos nossa mesquinhez dentro dum Universo infinito. Vejamos nossa miséria olhando a nós mesmos, empecidos (dificultados) os passos na áspera via do progresso, enquanto nos é fácil o torvo caminho das paixões. No altar divino, do Senhor Nosso que é longanimidade, sacrifiquemos a jactância (arrogância) e toda sofreguidão de transcender nosso minúsculo âmbito de conhecimentos. Repito-te: pesquisemos esse círculo, que muito já estudaremos e muito alcançaremos. Saibamos compreendê-lo, que ele se dilatará; e então, sem dele sairmos, verificaremos que os horizontes recuam.

            A Natureza é infinita; a cada qual é concedida uma parte, e a parte primeira é o nosso mundo interior. Quem somos? É o indivíduo um complexo tão grande, que pudéramos dizer ser ele uma Obra-prima da Criação de Deus. Nele se enfeixa tudo quanto o Senhor criou de belo. Mas o homem se incorpora as mais negras vilanias (mesquinharias), que empanam (dificultam) a virtude maior - O Amor; tece em torno do raio divino a névoa mais densa e caliginosa (tenebrosa). Onde exuberaria a grandeza, reina a sordícia (sordidez); onde estrugiria (ecoaria) a sublimidade, dorme pesado sono um abismo asqueroso. Como há de, então, embevecê-lo o fulgor das estrelas, se vive na sombra; como enlevá-lo a harmonia, quando é paradoxo e contraste em si mesmo; como extasiá-lo a maviosa linguagem das aves, quando a sufocam os sinistros urros de fera?

            Estudemo-nos a nós mesmos, na maravilha da Criação. As leis universais em nós mesmos se enquadram e a nós próprios se aplicam. O equilíbrio que governa o Universo em nós se faça, para não negarmos que somos realmente obra do Arquiteto insuperável. Então, expungir-se-ão (desaparecerão) de nós o egoísmo e a megalomania: viveremos em nós, mas não para nós; e, não ultrapassando a nós, encerraremos, por isto mesmo, a grandeza da Criação.