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sábado, 21 de julho de 2012

Cristo-Redenção ou Clero-Redenção?



“Cristo-Redenção
ou Clero-Redenção?”
           

            Desde os primórdios do século 4º, quando os cristãos saíam das catacumbas e o Cristianismo iniciava a sua organização teológica e social, começou a manifestar-se uma ideologia peculiar sobre o caráter da redenção realizada pelo Cristo.

            Em que consiste a redenção?

            Como é ela aplicada ao homem?

            Esta ideologia foi ganhando terreno. E, na medida em que a hierarquia eclesiástica se robustecia, o aspecto humano foi prevalecendo cada vez mais sobre o carácter divino da redenção. Por fim, a Cristo-redenção foi sucumbindo totalmente ao impacto da clero-redenção: a obra do Cristo foi dependendo da atuação do clero.

            No século 13, Tomás de Aquino codificou eruditamente, sobre a base da filosofia dualista de Aristóteles, essa teologia clerical, que representa uma vitória do "poder" sobre a "Verdade".

            No século 16, o Concílio de Trento oficializou, para toda a igreja romana, esse conceito da redenção, e anatematizou todos os que pensassem de modo diferente.

            Na segunda metade do século 20, alguns papas, a começar por João XXIII, concederam certa liberdade de pensamento aos teólogos - e logo se manifestou enorme onda de revolução e evolução no seio do catolicismo, diminuindo grandemente o poder da hierarquia onipotente. Vozes libertas do meio do clero ousaram dizer o que nós, da ALVORADA e de outros setores do Cristianismo não-clerical, vínhamos afirmando havia diversos decênios.

            Segundo o conceito clerical dominante, a redenção foi realizada pelo Cristo - mas a sua aplicação individual ao homem depende da presença e atuação de um representante do clero; se não há padre, a redenção do Cristo não funciona, é totalmente nula e ineficiente. Quer dizer que a presença e atuação do padre é decisiva e indispensável para a redenção e salvação do homem. Sem o clero não há salvação. O Cristo depende do clero.

            Quem não vê que essa ideologia dava poder imenso ao clero - mas destruía totalmente a Verdade do Evangelho do Cristo? A Verdade do Cristo era literalmente derrotada pelo poder do clero. E assim o clero se tornava anti-crístico.

            Suponhamos que existe algures um grande depósito de mantimentos, um armazém fechado a chave; ao redor do depósito milhares de homens morrem de fome, se não aparecer alguém com a chave e abra o armazém de víveres.

            Deste modo, estaria a redenção do Cristo condicionada à atuação do clero; a presença de um padre faria funcionar a redenção do Cristo; a ausência do padre anularia essa redenção.

            Segundo a teologia romana - do catolicismo clerical, não da catolicidade crística - o centro e cerne do Cristianismo é a missa, cuja alma é a consagração, isto é, a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus, cuja recepção é indispensável para a salvação.

            Segundo a mesma teologia, somente o padre pode absolver alguém de seus pecados, condição necessária para a salvação.

            Ora, tanto a missa, como também a confissão e comunhão são privilégio privativo do padre; nenhum leigo tem o poder de dizer missa, de absolver dos pecados e de dar aos homens o corpo e sangue de Jesus.

            Quer dizer que a salvação do homem depende inteiramente da atuação do clero. Sem o padre não há salvação.

            É este o zênite do poder clerical - e o nadir da verdade crística.

            É o anticristo derrotando o Cristo.

            E, por cúmulo de males, a bandeira do Cristo é hasteada sobre o quartel-general do anticristo.

            Este movimento anticrístico em nome do Cristo começou no século 4º, culminou nos séculos 13 a 16, e vai em declínio no fim do século 20.

            Nesse longo período de muitos séculos não conseguiu a mensagem do Cristo exercer o seu poder redentor, porque os cristãos lhe obstruíram o caminho, sob o pretexto de levarem adiante o Evangelho do Cristo.

            Que admira que esse Cristianismo anticrístico tenha sido totalmente ineficiente, e até profundamente nocivo à pobre humanidade iludida?

            Nenhuma outra parcela da humanidade cometeu tantos crimes e tantas guerras de extermínio, em nome de Deus e do Cristo, como precisamente a humanidade cristã do ocidente, cujo bimilênio vai ser celebrado daqui a poucos decênios. A única celebração condigna do ano 2000 seria a decretação de um luto mundial de três dias, com todas as bandeiras a meia-haste. E a cristandade toda devia mergulhar em três dias de silêncio, de exame de consciência, de jejum e de oração ... E rezar, em profundo silêncio de contrição, o confiteor das suas maldades: Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa ...

            Assim, pelo menos, a nova humanidade em Cristo teria caminho aberto para a sua verdadeira cristificação.

            Quem melhor expôs essa deplorável substituição da Cristo-redenção pela clero-redenção foi o célebre "Cura d'Ars", segundo a biografia que dele escreveu o padre Monnin, com a devida aprovação eclesiástica. O padre João Batista Vianney, mais conhecido como o "Cura d'Ars", certamente não teve a intenção de desmascarar sua própria teologia; mas como sua inteligência estava sempre abaixo de zero - tanto assim que, no seminário, nunca foi aprovado em nenhum exame de teologia - disse com grande simplicidade e ingenuidade o que outros tentam disfarçar quanto possível.

            No citado livro do padre Monnin sobre o "Cura d'Ars" lê-se o seguinte:

            Se tu tivesses aí uma legião de anjos, não te poderiam absolver dos teus pecados - mas o mais humilde dos padres te diz "eu te absolvo dos teus pecados", e estás livre dos teus pecados. Se pedisses à Virgem Maria que te desse o corpo de Cristo, ela não o poderia - mas qualquer padre o pode; ele diz sobre um pedaço de pão "este é o meu corpo" - e eis que tem Jesus em suas mãos e te pode dar para tua salvação. Maria fez baixar Jesus à terra uma única vez - o padre o faz descer sobre o altar todos os dias. Ela fez descer à terra o Criador do mundo - o padre o faz descer todos os dias. Isto é mais que criar o mundo - é criar o próprio Criador do Universo; de um pedaço de pão, ele faz um Deus.

            E conclui o "Cura d'Ars", segundo a biografia do padre Monnin: Todo e qualquer benefício de Deus nos vem através do padre. Pobres dos povos que não têm padre! assim não se podem salvar.

            Será que o autor ignora que a imensa maioria da humanidade não tem padre? e os muitos milhões que viveram antes do Cristo e antes da origem do clero?

            De maneira que essa clero-redenção culmina na mais horripilante caricatura de Deus e do Cristo.


Huberto Rohden
in “Que vos parece do Cristo?”
(Livraria Editora Sabedoria - 1970)





quarta-feira, 17 de agosto de 2011

'Sobre o Suicídio'


Sobre o Suicídio

por Adelaide Augusta Câmara (Aura Celeste)

in 18º fascículo de “DO ALÉM” Comunicações mediúnicas- 1941

           
            Deus seja louvado. Que Jesus, na Sua caridade infinita, se compadeça da pobre humanidade. É triste pensar no que se desenrola na face do vosso planeta. É verdadeiramente triste prestar os cuidados que nós somos obrigados a prestar, no intuito de fazer o bem, como é nosso dever. As mortes, as hecatombes, as desgraças, tudo isto provindo da maldade humana, desenrola a guerra em vosso mundo, de espíritos fracos povoado, e aquele que tem algum conhecimento cristão, pelo sentimento de que se acha possuído, sofre pelo amor à humanidade.

            Meus amigos, vós não ignorais que a vida não tem solução de continuidade: a vida é uma só. Cortá-la é pensamento fútil, atrasado, que só um espírito acanhado pode conceber. Cortar o fio da existência material é tão somente limitar a vida da matéria, porque o espírito continua a viver, com o agravante de que suportava motivos que torturavam o seu corpo, acrescidos do peso da responsabilidade espiritual, pelo retardamento do seu progresso.
           
            Quando estais no espaço e os vossos guias vos mostram a imagem negra dos vossos erros, a vossa alma, desejosa de progresso, de adiantamento, aceita qualquer tábua de salvação. Desceis à Terra... E as lutas começam, os dissabores, as contrariedades, as calúnias, a falta de fraternidade, a traição, o perjúrio, e, tudo isso vos assedia, e vós caís no laço traiçoeiro, lançado pelos espíritos obscuros, para fugirdes pela porta falsa do suicídio! Mas o suicídio nunca salvou ninguém: o suicídio agrava qualquer situação. O fato material desaparece, porque o corpo acaba; mas as vibrações do espírito são tão fortes, tão dolorosas, que o espírito desencarnado, sente como se ainda passasse os tormentos materiais, ou o choque dos nervos materiais. Gravai no íntimo do vosso pensamento esta sentença que eu vos digo, como amigo: – O suicídio não salva ninguém, agrava qualquer situação.

            Tu, alma sofredora, que aqui viste hoje em busca de alguma palavra do Alto que te possa ajudar a caminhar esta caminhada fastidiosa que realizas no mundo, tu, que lá fora também lutas e que também procuras reagir contra esse pensamento que estende as suas teias traiçoeiras sobre ti, arranca de ti essa ideia. Lembra-te que, se hoje és criatura humana, amanhã serás espírito. Como todas as criaturas, procura melhorar, mas não esqueças: sê fiel à tua prova; aguenta a experiência da Terra; e quando parecer que as forças te faltam para prosseguir, suporta com resignação, volvendo os olhos para o Mártir do Calvário! Aquele quadro doloroso, expressão máxima do sofrimento! Ele, o Santo, o Puro, o Divino! Cheio de dor, a gotejar sangue por todos os poros, com uma coroa de espinhos na cabeça, sedento, exangue, e nem uma gota d’água para lhe molhar os lábios ressequidos!... E para cúmulo, escarnecendo de Sua majestade divina fizeram-No empunhar uma cana, blasfemando: – “Não és rei?” – Foi o escárnio, a injúria, o impropério, e não obstante tudo isso, a Sua palavra suave, mansa e boa a dizer: “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem!” E tu, diante desse quadro, recomeçarás... tomarás a tua cruz e seguirás o caminho indicado pela prova...

            Não foi à toa que aqui vieste! Vieste para escutar estas palavras. Mais uma vez te repito: O suicídio não põe termo a sofrimento algum: AGRAVA-O.

            Deus te abençoe e te ensine melhor a compreender Sua verdade.
                       
   Jean Marie Vianney      (Novembro / 1940)