"A Igreja romana não relegou para segundo plano o pai, fazendo do filho o objeto exclusivo de seu culto de adoração? E o culto prestado a Maria já não ameaça substituir o que ela, a Igreja, presta ao filho? "Mas virá o tempo, e já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em ESPÍRITO E VERDADE; esses são os adoradores que o pai quer. " "Os Quatro Evangelhos" de J.-B. Roustaing, à pág. 221 - Vol 4 - 7ª Ed. (FEB) 1990.
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sábado, 28 de novembro de 2020
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Em torno da liberdade
Em torno da liberdade
Emmanuel por Chico Xavier Reformador (FEB) Abril 1963
- Paulo. Gálatas 5:13.
Quanto mais se agiganta a evolução intelectual da
Terra, mais se propalam reclamos em torno da liberdade.
Há povos que se batem por liberdade
mais ampla.
Aparecem os chamados campeões da
liberdade, levantando quartéis de opressão e esfogueadas legendas de rebeldia.
Fala-se em mais liberdade para a
juventude.
Pede-se liberdade para a criança.
No entanto, basta uma vista de
olhos, nas máquinas aperfeiçoadas do mundo moderno, para que se reconheça o
impositivo inevitável da disciplina.
O automóvel chispa, vencendo
barreiras, mas, se o motorista foge do equilíbrio ao volante ou se desobedece
aos sinais do trânsito, o acidente sobrevem.
O avião devora distâncias,
transportando o homem, através de todos os continentes, no espaço de poucas
horas; todavia, se o piloto não atende aos planos traçados na direção, o desastre
não se faz retardio.
Louvemos a liberdade, sim, mas a
liberdade de construir, melhorar, auxiliar, elevar...
Ninguém, na Terra, foi mais livre que o Divino Mestre. Livre até mesmo da posse, da tradição, da parentela, da autoridade. Entretanto, ninguém mais do que ele se fez escravo dos Desígnios Superiores para beneficiar e iluminar a comunidade.
Eis porque nos adverte o apóstolo,
sensatamente: “Fostes chamados à
liberdade, mas não useis a liberdade, favorecendo a devassidão; ao invés disso,
santifiquemos a liberdade, através do amor, procurando servir.”
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Tais quais somos
Tais quais
somos
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1963
Deitas aflitivo olhar para fora e
frequentemente cobiças, sem perceber, as condições de amigos determinados,
perdendo valioso tempo em descabidas lamentações.
“Se eu contasse com mais saúde...” - alegas em tom amargo.
Em corpos enfermos, todavia, há
Espíritos que entesouram paciência e coragem, fortaleza e bom ânimo, levantando
o padrão moral de comunidades inteiras.
“Se eu conseguisse um diploma
distinto...” - afirmas com menosprezo a ti próprio.
Não te é lícito desconhecer, porém,
que o dever retamente cumprido é certificado dos mais nobres, descerrando-te
caminho a conquistas superiores.
“Se eu tivesse dinheiro...” -
reclamas, triste.
Mas esqueces-te de que é possível
socorrer o doente e abençoar o próximo, sem acessórios amoedados.
“Se eu possuísse mais cultura...” -
asseveras, mostrando verbo desapontado.
E não te aplicas ao esmero de
lembrar que nunca existiram sábios e autoridades, sem começos laboriosos e sem
ásperas disciplinas.
“Se eu alcançasse companheiros
melhores...” - dizes, subestimando o próprio valor.
Entretanto, o esposo transviado e a
esposa difícil, os filhos-problemas e os parentes complicados, os colaboradores
insipientes e os amigos incompletos são motivos preciosos do teu apostolado
individual, na abnegação e no entendimento, para que te eleves de nível, ante a
Vida Maior"
Errados ou inibidos, deficientes ou
ignorantes, rebeldes ou faltosos, é necessário aceitar a nós mesmos, tais quais
somos, sem acalentar ilusões a nosso respeito, mas conscientes de que a nossa
recuperação, melhoria, educação e utilidade no bem dos semelhantes, na sustentação
do bem de nós mesmos, podem principiar, desde hoje, se nós quisermos, porquanto
é da Lei que a nossa vontade, intimamente livre, disponha de ensejos para
renovar o destino, todos os dias.
Ensinou-nos Jesus que o Reino de
Deus está dentro de nós.
Fujamos, pois, de invejar os
instrumentos de trabalho e progresso que brilham na responsabilidade dos
outros. Para superar as dificuldades e empeços (obstáculos) de nossos próprios
limites, basta abrir o coração ao amor e aproveitar os recursos que nos enriquecem
as mãos.
Eles, antes.
Eles, Antes
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Março 1963
“Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados.”
Decerto que o Divino Orientador não estabelecia a
desistência das relações fraternais, nem o abandono do culto às afinidades do
coração. Considerando, porém, a Humanidade por família única, induzia-nos a
observar os irmãos menos felizes, na categoria de credores principais de nossa
atenção, à maneira de enfermos queridos, que esperam no lar a prioridade de
assistência por parte daqueles que lhes comungam o mesmo sangue.
Nas celebrações da alegria, é inútil
convocar os entes amados, de vez que todos eles se encontram automaticamente
dentro delas. Recorda os que jornadeiam no mundo sob as algemas de austeras privações,
e partilha com eles as vantagens que te felicitam a vida.
Obtiveste merecimentos sociais
elevados, pelos títulos de competência que granjeaste a preço de trabalho e de
estudo, e, com semelhantes valores, é razoável te empenhes no reconforto a
beneficio dos que viajam no carro de tuas facilidades terrestres. Antes deles,
contudo, atende à cooperação em favor dos que jazem cansados nas provações sem remédio.
Desfrutas extensa possibilidade
econômica, na qual ê compreensível te devotes a obsequiar os amigos do teu
nível doméstico. Antes deles, todavia, socorre os que esmorecem de fadiga e
penúria, para quem, muitas vezes, a felicidade reside num sorriso amistoso ou
num pedaço de pão.
Amealhaste conhecimento e, nos
tesouros culturais que adquiriste, é justo te aprazas, nos torneios verbais de
salão, enriquecendo o cérebro dos ouvintes que te respiram as normas superiores.
Antes deles, porém, divide a luz que te clareia o mundo mental com os irmãos do
caminho que se debatem, ainda, na noite da ignorância.
Ele próprio, certa feita, asseverou
aos companheiros de apostolado: “Já não
vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; chamo-vos,
amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai.”
Com os amigos, entretanto,
consagrou-se primeiramente a aliviar a carga de todos os sofredores, como a
dizer-nos que todos podemos cultivar afeições preciosas que nos alentem as
energias, mas à frente dos que choram, nos transes de dolorosas necessidades, é
preciso adotar a legenda - "eles, antes."
Doutrinar, intensa e profundamente
Doutrinar
intensa e profundamente
Tasso Porciúncula (Indalício Mendes) Reformador (FEB) Março 1963
Há cada vez maior necessidade de se propagar o estudo metódico e a explicação clara e paciente da Doutrina Espírita, que constitui o instrumento primordial da preparação do homem para compreender a vida no plano material e no plano espiritual.
De pouco vale a assiduidade no
recebimento de passes e no comparecimento fiel a reuniões de trabalhos práticos
e de palestras, se a tudo isso não se juntar o conhecimento real da Doutrina e
o consequente esforço - continuado e crescente - para exemplificar as lições
aprendidas.
O Espiritismo recebe diariamente
novos reforços de elementos que, desiludidos com as religiões que professavam,
buscam na Terceira Revelação o que não encontraram nos credos anteriormente
abraçados, Esses reforços, por muito bem intencionados que estejam, trazem, quase
sempre, com o seu natural entusiasmo pela nova crença, uma bagagem de ideias
feitas e de hábitos herdados das antigas religiões em que militavam. Não será
exagero acrescentar que alguns jamais conseguem despir-se de costumes sectários
e preconceitos mantidos no ambiente religioso de que provieram.
Então, vamos verificando a
infiltração de ideias, pensamentos e hábitos incompatíveis com os princípios
tradicionais do Espiritismo. Se um Espírito, se manifesta e transmite ideias
tipicamente católicas, há quem as aceite sem exame, sem verificar estarem em
antagonismo com o que se ensina e se aconselha em face da Doutrina Espírita. O
fato de a ideia provir de um comunicante desencarnado não quer dizer deva ser
aceita passivamente, sem análise. Hoje, quanta coisa se diz e se faz em certos
centros espíritas, que representam uma mistura de práticas espíritas e ideias
católicas! Já ouvimos de um adepto do Espiritismo a expressão “Menino Deus”; de
outro, até o vezo muito católico de considerar Jesus como Deus. Leiam “Jesus, nem
Deus nem homem”, de Guillon Ribeiro; “O
Cristo de
Deus”, de Manuel Quintão; “Elos Doutrinários”, de Ismael Gomes Braga, ou, então,
obras de maiores proporções, como “Os Quatro Evangelho”, de Roustaing, e “Elucidações
Evangélicas”, de Sayão. Neles, por exemplo, ver-se-á o erro, em que certos
espíritas já estão incidindo, de atribuir divindade a Jesus, de aludir ao dogma
humano da “santíssima trindade” e outras excrescências que pseudo-espíritas,
desconhecedores da Doutrina, acolhem e mantêm, colhidas no mistifório católico.
Precisamos, pois, ter cuidado como
adverte Manuel Quintão, em “0 Cristo de Deus", com o “ensino duvidoso e
fragmentário que do Além nos chega, sem visos de iniludível autenticidade”.
Não deixamos de reconhecer e
salientar a elevadíssima hierarquia espiritual de Jesus, um dos Cristos, ou
Enviados, que Deus disseminou no Universo, cada qual com a responsabilidade de
instruir, educar e orientar o Planeta sob a sua imediata direção.
Não vemos Jesus inerte, eternamente
pregado à cruz, o corpo dilacerado e ensanguentado. Vemos Jesus vivo, envolto num
manto radiante de luz, a amenizar as dores da Humanidade com a sua ternura inexcedível.
Para nós, espíritas, Jesus está vivo, presente aos destinos da Terra, atento
aos problemas humanos, mas também fiel à observância purificadora do Carma,
que, através das reencarnações, prepara cada Espírito para os serviços de
assistência aos sofredores e desorientados,
Não amamos o cadáver de Jesus, mas o
Jesus-Espírito, o Jesus-vivo, derramando pelo mundo a sua bondade, o seu
altruísmo, a sua extraordinária capacidade de amar o próximo, a sua fecunda
tolerância, o seu intenso labor em favor dos fracos e oprimidos, a sua luta incessante
pela recuperação dos maus, para que, um dia, nesta ou em outras reencarnações,
se tornem eles também devotados e exemplares trabalhadores efetivos da sua
abençoada Seara.
Para evitar todas as infiltrações prejudiciais
à unidade do pensamento espírita, é indispensável o estudo público, com a
respectiva explicação de cada período, de toda a Doutrina Espírita.
Abramos os braços a quantos nos
procurem e busquem conforto em nossa religião, mas não os deixemos ficar sem os
ensinamentos indispensáveis a que se tornem realmente espíritas, conhecedores
da Doutrina, para que possam desfazer-se definitivamente da bagagem de hábitos,
ideias e preconceitos que, involuntariamente, tragam das religiões de onde
promanem.
A igreja se adapta
A Igreja se
adapta
por M.S. Reformador (FEB) Fevereiro 1962
Quando o Espiritismo anunciou, há 106 anos, que eram
milhões os mundos habitados e que foi a esses mundos que Jesus se referiu, ao falar
nas várias moradas do Pai, toda a Igreja, do seu mais alto dignitário ao menor
vigário de aldeia, combateu essa “heresia” tal qual o havia feito no passado condenando
Galileu à prisão, Giordano Bruno à fogueira, etc. Os discípulos de Kardec não
foram para as fogueiras, porque, em 1857, já não tinha o Clero, ao seu dispor,
o apoio dos césares e os cárceres da “Santíssima” Inquisição; todavia, o
combate se manifestou através de excomunhões, de calúnias e de perseguições de
todo o gênero, inclusive com o açulamento de fanáticos, qual ainda vem
acontecendo, queimando-se Centros Espíritas e apedrejando-se residências de espiritistas.
Agora, o Jornal do Vaticano - Osservatore Romano – (segundo noticia “O
Globo” à página 8 de sua edição de 17 de Dezembro de 1962), à frente das façanhas
astronáuticas desses últimos tempos, diz, docemente: “não existe razão
teológica que negue a possibilidade de existência de vida em outros planetas além
da Terra.”
O mais interessante, porém, é que a Igreja,
que sempre se disse inspirada pelo Espírito Santo, no mesmo artigo assevera: “A questão de saber se de fato existe vida
em outros planetas do nosso sistema não pode ser resolvida tomando-se por base
considerações de natureza filosófica ou teológica.”
Dessa forma, os dogmas por ela
criados também não merecem crédito, porque foram tomados por considerações de
natureza teológica.
Tudo isso é contraditório e
evidencia que o chamado Espírito Santo, guia da Igreja, nunca esteve presente
às deliberações dos concílios e dos papas, dirigidos, isso sim, por espíritos “santos”
encarnados, de carne e osso.
Dia a dia a Igreja vai “entregando
os pontos”, procurando adaptar-se ao que ensinam e fazem os espiritistas. Até o
antigo hábito de os espiritistas se reunirem em família, em prece, até este vem
sendo imitado e recomendado. As reuniões vespertinas, que sempre foram
realizadas pelos Centros Espíritas, serviram de modelo para as suas missas a
qualquer hora da tarde. Tudo isto, e muita coisa mais vem sendo, e será cada
vez mais, copiado do Espiritismo, mas cremos ser muito tarde para a Igreja
reconquistar o coração do povo.
Quanto a nós, espíritas, concluam os
homens de ciência de hoje dessa ou daquela forma, continuaremos a afirmar: Há
milhões de mundos habitados. Jamais poderemos conceber um Deus que crie trilhões
de mundos para deleite apenas da sua vaidade entre os homens da Terra.
Companheiros mudos
Companheiros
mudos
Emmanuel por Chico Xavier Reformador (FEB) Março 1963
Com excelentes razões, mobilizas os
talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.
Selecionas os melhores conceitos
para os ouvidos de assembleias atentas.
Aconselhas o bem, plasmando
terminologia adequada para a exaltação da virtude.
Estudas Filologia e Gramática no
culto à linguagem nobre.
Encontras a frase exata, no momento
certo, em que externas determinado ponto de vista.
Sabes manejar o apontamento
edificante, em família.
Lecionas disciplinas diversas.
Debates problemas sociais.
Analisas os sucessos diários.
Questionas serviços públicos,
Indiscutivelmente, o verbo é luz da
vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.
Entretanto, nesta nota simples,
vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa
destreza vocabular não consegue servir em sentido direto.
Comparecem, às centenas, aqui e ali...
Jazem famintos e não comentam a
carência de pão.
Amargam dolorosa nudez e não
reclamam contra o frio.
Experimentam agoniadas depressões morais,
sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.
Sofrem prolongados suplícios orgânicos,
incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da Medicina.
Pensa neles e, de coração
enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de
roupa ou da xícara de leite, da poção medicamentosa ou do minuto de atenção e
carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes que nos rodeiam são as criancinhas
necessitadas e padecentes que não podem falar.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Reencarnação - Lei de justiça
Reencarnação – Lei de Justiça
Túlio
Tupinambá
(Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Março 1963
A Humanidade vai, a pouco e pouco, aprendendo as verdades relacionadas com a reencarnação. As barreiras levantadas contra ela, principalmente nos países europeus, estão sendo desfeitas e dia virá em que todos compreenderão a necessidade de um melhor policiamento de suas existências, a fim de que o seu futuro espiritual não seja afetado profundamente, em obediência à Lei do Carma.
Grandes e numerosas têm sido as
provas da reencarnação, mas os Tomés de todos os tempos não aceitam a lógica
nem o raciocínio. Querem ver, pôr o dedo no caroço, para terem a sensação de
que se trata mesmo de caroço...
Quem quer
que examine a opinião de eminentes vultos da Humanidade, encontrará o ponto de
vista da reencarnação explícita ou implicitamente exposto em suas ideias. Por
exemplo: Baruch Spinoza, o filósofo do panteísmo, não temeu afirmar que "temos em nossa experiência a percepção de
que somos eternos. Para o espírito não é sensível só o que ele compreende mas o
que ele recorda... Entretanto, ainda que não nos lembremos de que existimos antes
do corpo, percebemos, contudo, de que o nosso espírito é eterno, de tal sorte
distante que leva a essência do corpo a ficar sob a categoria de eternidade e
isto quer dizer que a sua existência, não pode ser definida pelo tempo nem interpretada
pela duração.” (“Ética”).
Outro grande vulto das letras e da
filosofia - François Marie Arouet, o imortal Voltaire, fez, a respeito da
reencarnação, a seguinte e muito interessante observação: “É muito menos surpreendente nascer
duas vezes do que nascer uma vez só. Tudo na Natureza é ressureição."
Todos sabemos que Voltaire foi
adversário tenaz da Igreja, que o acusou de impiedade e ateísmo. Voltaire,
entretanto, nunca foi uma coisa nem outra. Recusou apenas aceitar o Deus
antropomórfico que a Igreja apresenta ao mundo. Não acreditou jamais que o homem
seja a imagem de Deus, porque isto, a seu ver, importava numa diminuição do
Pai, até mesmo num sacrilégio.
“Há
povos ateus”, assevera Bayle em suas “Pensées
Sur les Comètes”, e continua: "Os cafres (infiéis) hotentotes, tupinambás
e muitas outras pequenas nações não têm Deus." “É possível - acrescenta Voltaire. Mas isso não quer dizer que neguem Deus: não o negam nem o afirmam,
porque nunca ouviram falar em tal. Dizei-lhes que Deus existe, e crê-lo-ão facilmente.
Dizei-lhes que tudo se faz pela natureza das coisas, e crê-lo-ão da mesma
forma. Pretender que sejam ateus é o mesmo que pretender que sejam anticartesistas:
não são nem contra nem a favor de Descartes. São verdadeiras crianças. Uma
criança não é ateia nem teísta: não é nada.”
Mas, não saiamos do objetivo deste
artigo. Outro filósofo, Davíd Hume, também autorizado historiador, confessou acreditar
na reencarnação: “A alma, se imortal existiu
antes do nosso nascimento, O que é incorruptível é ingerável.” Mas, como
era muito comum no passado, quando a ideia de reencarnação se confundia com a
de metempsicose, Davíd Hume, embora falando nesta, claramente se vê que fazia
referência àquela: “A metempsicose é o
único sistema de imortalidade que a filosofia pode aceitar.”
Aqueles que não se demoram um pouco
mais no estudo dos problemas do espírito. muitas vezes confundem a reencarnação
com a transmigração e a metempsicose. Compreende-se, peja leitura do que
escreveram, que querem referir-se à reencarnação.
Outros filósofos eminentes, como Fichte,
Lessing, Schlegel e Herder foram indiscutivelmente reencarnacionistas. Se não
se aprofundaram mais no estudo do problema, dever-se-á talvez a que o ambiente
filosófico da época não comportava o debate profundo sobre semelhante assunto,
tanto a mais que o Catolicismo e o Protestantismo criavam, como criam ainda,
todos os obstáculos imagináveis à difusão dessa manifesta verdade. E o fazem de
maneira paradoxal, porque nada mais evidencia a imortalidade da alma do que a
reencarnação. Se a alma é eterna, logicamente a reencarnação é um fato.
Se a
reencarnação é um fato, como aceitamos que o é, logicamente a alma é eterna.
Dizemos alma quando melhor fora dizermos espírito, porque, para nós,
kardequistas, espirito é a alma desencarnada; alma é o espírito encarnado.
Em “Destino do Homem”, o célebre filósofo Fichte desenvolve comentários
favoráveis à reencarnação, Schlegel descreveu a Natureza como - a “escada da reencarnação”.
Vejamos outro nome de escol:
Benjamim Franklin, que foi o primeiro grande filósofo das Américas. Disse ele,
com aquela franqueza bem-humorada constante de seus trabalhos: “Deste modo, achando que eu existo no mundo, acredito
que, de uma maneira ou de outra, Sempre existi. E, com todas as inconveniências
decorrentes da vida humana, não farei objeção a que volte aqui em uma nova
edição de mim, desejando, contudo, que seja feita antes uma revisão correta da edição
anterior.”
O grande poeta Walt Whitman também
acreditava na reencarnação. Escreveu: “E
a você, Vida, eu considero como a soma de inúmeras mortes (Não tenho dúvida de
que já morri antes, dez mil vezes)."
O chamado “pai da antropologia moderna”. Dr. E. B. Tylor, admite aceitar o princípio reencarnacionista, neste trecho: “Parece-me que a ideia original de transmigração é honesta e razoável, porque as almas dos seres humanos renascem em novos corpos humanos.”
A. J. Anderson escreveu um artigo
sob o título “Proofs of Reincarnation”
(Provas da Reencarnação), em que cita uma passagem referente a Napoleão
Bonaparte, o Corso: “Napoleão foi um exemplo.
Homem, nascido na mais humilde e condição de vida, elevou-se até dominar
impérios e destronar reis com uma simples palavra. Erguer-se da obscuridade aos
pináculos do poder humano. Um homem que, nas estranhas e anormais condições em,
que se encontrou várias vezes, gritou para os seus marechais: “Eu sou Carlos
Magno. Vocês sabem quem sou eu? Sou Carlos Magno.”
Os exemplos são numerosíssimos.
Estamos apenas mencionando alguns nomes de relevo na vida dos povos. A
reencarnação se manifesta em todas as camadas sociais, porém os incrédulos, se
sorriem quando os testemunhos são de pessoas de projeção, que não fariam se fossem
citadas criaturas humildes, do seio do povo? Mas, continuemos.
O professor Thomas H. Huxley, um dos
maiores biólogos e pensadores do século dezenove, admitiu a razoabilidade da
reencarnação, nestas palavras; “Conforme a
doutrina da evolução, a da transmigração tem raízes tem raízes no mundo da realidade
e pode reivindicar igual apoio com o grande argumento que a analogia é capaz de
fornecer.”
Poderíamos citar nomes como Gandi,
Tagore e outros. É preferível, entretanto, apresentar somente a opinião de
ocidentais, pois os orientais já se acham perfeitamente integrados na ideia da
reencarnação.
Convém repetirmos que frequentemente
há confusão entre os termos “transmigração”
e “reencarnação”. Quando dizem “transmigração", querem referir-se à “reencarnação”.
O mesmo acontece, às vezes, acerca da palavra “metempsicose”. Por isso, onde se
lê “transmigração”, leia-se, porque o próprio sentido das frases o indica, “reencarnação”.
Sir H. Ridder Haggard, famoso novelista inglês, em sua autobiografia "The Days of my Life”, no capítulo destinado à religião, escreveu: “Compreendo o Juízo Final, depois de muitas vidas de crescimento para o bem eu para o mal - e, na verdade, a fé que eu sigo o afirma.”
Ridder Haggard ergueu sua voz contra
a revoltante crença de que o nosso futuro eterno depende apenas do que fizemos
numa única vida.
O célebre industrial Henry Ford foi
positivo ao declarar:
“Adotei
a teoria da reencarnação quando tinha 26 anos”, acrescentando: “Um trabalho banal
não me dá completa satisfação. Todo trabalho será fútil se não pudermos
utilizar a experiência, que recolhermos numa vida futura. Quando descobri o que
era a reencarnação, isso foi para mim como se descobrisse um plano Universal.
Compreendi que havia uma oportunidade para trabalhar por minhas ideias. O tempo
não é demasiadamente limitado. Eu não era mais um escravo do relógio. Havia tempo
bastante para planejar e criar.
“A
descoberta da reencarnação pôs o meu espírito em sossego. Senti-me firme. A ordem
e o progresso se achavam presentes no mistério da vida. Nunca mais procurei em outros lugares solução para o enigma da vida.
“Se
vocês conservarem a lembrança desta conversa, escrevam-na para deixar tranquilo o espírito dos homens. Desejo transmitir
a todos a calma que a visão ampla da vida nos traz.
“Todos
nós guardamos, embora debilmente, a lembrança de passadas existências. E
frequentemente sentimos que testemunhamos uma cena, ou a vivemos, em dado momento
de alguma existência anterior. Mas isso não é essencial. A essência, o fundamento,
o resultado das experiências, são experiências, são aquisições valiosas e permanecem
conosco.”
Quem quer que se dê ao trabalho de
verificar, encontrará no Velho e no Novo Testamentos numerosas citações em
favor da reencarnação, que é lei de justiça e de progresso. Aceitem-na ou não,
ela se fará sentir pelos séculos afora, porque é parte inseparável do “mecanismo”
da evolução humana.
A conversão de Jubamba
A Conversão de Jubamba
por José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Fevereiro 1963
- Tire daí essa garrafa, meu amigo. Não bebo álcool.
-
Deixe disso, Estou festejando hoje o meu aniversário e todos aqui têm de beber a
minha saúde. Uma recusa como a sua representa um insulto e eu não gosto de ser
insultado. Vamos, beba! – concluiu o interlocutor com certa irritação na voz.
Namiba
olhou tranquilamente para o homem que o intimava a beber e retrucou, sem
vacilar:
-
Desejo que Deus lhe dê muita saúde e, sobretudo, muito esclarecimento, meu amigo.
Estou alegre por participar involuntariamente dessa inesperada festa de aniversário.
Seja feliz, muito feliz, mas não insista, porque não beberei álcool em hipótese
alguma.
Jubamba,
assim se chamava o homem, fechou a cara, cerrou os punhos e desferiu potente soco
na mesa, gritando:
-
Aqui ninguém me desobedece! Hoje é um dia diferente. Você beberá à minha saúde,
nem que seja forçado, ouviu?
Namiba
ficou sério, mas não deixou transparecer a preocupação que o assaltava. Olhos
para Jubamba e procurou dar à voz, sem perda da energia indispensável, um tom
de cordialidade.
-
Não briguemos. Não há razão para isso. Beberei à sua saúde, desde que troque o
álcool pela água. Respeite o meu gosto. Não perturbemos um dia como este, que
assinala a sua data aniversário. É, portanto, um dia de amizade, de alegria e
de congraçamento, meu amigo. De acordo?
Antes
que pudesse defender-se, Namiba sentiu o punho poderoso de Jubamba na sua face
desprotegida.
Caiu
com os lábios sangrando, meio tonto, por conta da passividade que a covardia
impunha a quantos ali se encontravam, temerosos da reação de Jubamba, o desordeiro.
Namiba ergueu-se, endireitando a cadeira para sentar-se quando Jubamba voltou a
falar:
-
Como é? Você vai ou não vai beber o que está nesta garrafa? - e apontou para a
mesa.
-
Quando Jubamba quer, faz-se. Aprenda isso.
-
Pois bem, Jubamba. Você está habituado a ser obedecido servilmente. Mas não serei
eu que, para satisfazer a um capricho seu, vou renunciar a um hábito que sigo
desde pequeno. Não beberei, nem que você me mate. Mas, ouça, se você crê em
alguma coisa que está no plano invisível e acompanha todos os nossos pensamentos
e todos os nossos atos; se você continuar assim, estará plantando dores para o
futuro. Assim é a lei.
Jubamba
rugiu e avançou para ele, erguendo raivosamente o braço. Mas, quando o punho forte
ia descer sobre Namiba, que não se afastara um centímetro, Jubamba soltou um
gemido, que era mais um urro desesperado:
-
Uuuui! - E o braço continuou suspenso.
Jubamba,
olhos fora das órbitas, gritando:
-
Dei um jeito no braço! Ai! Ai! Ai!
Todos,
menos Namiba, correram para ele. Arranjaram unguentos e começaram a friccionar o
ombro e o braço do agressor que cada vez parecia sofrer mais.
-
Isso não é gente, é o diabo! – esbravejou Jubamba fora de si – É o diabo! Fora com
ele, fora!
Mas
ninguém ousou aproximar-se de Namiba.
Passados
alguns momentos, este se aproximou de Jubamba, que recuou, apavorado:
-
Saía daqui! Não se aproxime de mim! Você pagará caro o que fez!
-
Amigo, ouça: não lhe quero mal, não lhe fiz nada nem desejo que sofra. Quero apenas
que seja compreensivo. Tomos somos irmãos ou pelo menos nos devemos considerar e
tratar-nos como tal. Se me permitir, tentarei aliviar suas dores...
Mas,
ao aproximar-se, Jubamba, raivoso, explodiu:
-
Saia! Não quero nada com o diabo! Nada, nada, nada!
E,
antes que Namiba pudesse tomar qualquer atitude, foi ele, Jubamba, que se retirou,
o braço erguido, sem poder baixa-lo, e sofrendo, cada vez sofrendo mais.
Algumas
pessoas ficaram na casa em que se encontrava Namiba. E, embora um tanto esquivos,
procuraram conversar com ele. Então, Namiba foi franco:
-
Realmente, não fiz nada para molestar Jubamba. Ele está pagando o que comprou
pela violência. Na vida, todos nós colhemos sempre o que semeamos. A violência é
uma expressão e uma manifestação do mal. Somente seremos felizes se adotarmos a
não – violência como norma de nossas resoluções. O homem paciente triunfa das
dificuldades, quando se guia pela inteligência esclarecida.
Fez
um pequeno intervalo para prosseguir:
-
O álcool desfigura a personalidade humana, atira a criatura nos braços da violência
e da miséria. Pode conduzi-la ao crime, através da estrada da degradação.
Quanto mais nos prendemos à Terra, mais nos distanciamos da legítima felicidade.
Sei o que aconteceu a Jubamba, Mas não fui eu quem o provocou... Foi ele mesmo
que, atraindo sobre si forças maléficas que se identificavam com a sua injustificada
revolta, acabou presa do infortúnio.
Jubamba
fora conduzido a um médico que o examinou detidamente, sem encontrar meios de
explicar o que lhe havia acontecido. Procurou definir o caso com palavras
esquisitas, fora do alcance daquelas pessoas de condição humilde. Mas, ao fim
de duas ou mais, Jubamba continuava sem apresentar melhora.
Já
não gemia mais. Chorava também.
-
Ai! Ai! Ai!, que dor terrível! Não aguento mais!
E
as lágrimas lhe desciam pela cara de barba hirsuta.
Já
alta hora da noite, quando o desespero de Jubamba havia atingido o auge, alguém
a medo sugeriu:
-
Quem sabe que aquele homem que o enfeitiçou, poderá quebrar o feitiço?
-
Não sei, não sei... – respondeu titubeante o infeliz Jubamba. Em seguida, ajuntou
quase como uma insinuação: - É mesmo, quem sabe?
-
Se quer vou procura-lo já - ofereceu-se alguém.
-
Então ... então, vá... - Concordo, desconcertado, o violento Jubamba.
-
Custei a encontrar o homem, Ele estava dormindo na hospedaria de Koluba. Quando
lhe disse que você o desejava ver, ele levantou-se depressa, solícito, respondendo:
"- Onde está Jubamba! Bem, pode ir
que eu sairei daqui o mais depressa possível.” Então, eu saí. Mas ele está
demorando tanto!
-
Talvez não venha – atalhou Jubamba entre dois gemidos. – Talvez tenha medo de
mim... Se eu não estivesse assim, ele seria estraçalhado.
Compreendeu
que não poderia atender ao sofrimento de Jubamba sem um auxiliar adequado. Foi
quando se lembrou de que vira, na tarde anterior, uma jovem franzina, com todas
as características de mediunidade. Foi busca-la. Obteve de seus pais autorização
para acompanha-lo:
-
Tenho que ir ver Jubamba que está sofrendo muito. Mas preciso de alguém que me auxilie.
Mas preciso levar em minha companhia a jovem Tilena?
Depois
de algumas dificuldades, teve o assentimento dos pais da mocinha.
-
Receba-me como seu amigo, Jubamba. Estou aqui como um irmão que visita outro
irmão. Só lhe peço que você ponha o pensamento
em Deus...
-
Em Deus? E você não é o diabo em pessoa? Indagou, surpreendido, o impulsivo
Jubamba.
-
Não. Sou apenas humilde servidor de Deus, no roteiro do Cristo. O diabo só
existe na imaginação das pessoas. O diabo simboliza o mal e todos aqueles que
são maus e toleram o mal, esses sim, podem personificar essa figura lendária.
Diabos somos todos quantos nos afastamos do bem, acredite.
-
Quem fez “isto”, então? – perguntou Jubamba.
-
Em, última análise, foi você mesmo. Quando falamos e agimos, trazemos para junto
de nós influências boas ou más, segundo o nosso estado d’alma. O mundo
invisível é habitado por Espíritos de várias condições morais. Depende de nós,
exclusivamente, chamarmos os bons Espíritos ou os Espíritos que ainda não encontraram
o caminho luminoso do Bem. Todos, porém, um dia, sereis bons, porque não há castigos
eternos. O facínora de hoje poderá ser o santo de amanhã. Jubamba: olhe para mim
como para um irmão que lhe quer muito bem. O que se passou, passou. Se você me
ajudar com a sua boa vontade, talvez possa ficar livre desse sofrimento muito depressa.
-
Como? – indagou Jubamba.
-
Obedecendo cegamente ao que eu lhe determinar que faça. Antes, porém, preciso ficar somente com você e
Tilena.
-
E que vem essa franguinha fazer aqui? Não gosto que mulher veja um homem gemer...
E eu sou um homem!
-
Jubamba: seja humilde, aceite tudo quanto se passar aqui, com tranquilidade e
confiança. Veja o que ver, ouça o que ouvir, não diga nada, não faça nenhum
gesto. Espere. Espere sempre. Sei que você
não tem medo nem há razão para medo. Está certo? Faça um esforço e pense
fortemente no Cristo ou em Deus. Está de acordo?
-
Sim.
*
De
repente, Tilena sofreu um estremecimento ligeiro e saudou Namiba: - Irmão, aqui estou, atendendo ao seu
chamado. Sabe quem é?
-
Sei: o irmão Tanaka.
-
Estou com a falange inteira, pronto a trabalhar. Aquele pobre irmão (e apontou
para Jubamba) está “carregado”. A falange de Aismã o acompanha de longa data. É
um obsidiado. Hoje, porém, vamos libertá-lo de uma vez. Vou deixar a médium, mas
estarei a seu lado, protegendo-a. Seu “aparelho” servirá para trazer à sua
presença. Numiba, aqueles que perturbam Jubamba. Doutrine-os e o resto deixe
por nossa conta.
Foi
um trabalho terrivelmente fatigante. 0s obsessores pareciam invencíveis, mas,
afinal, enfraquecidos pela doutrinação cerrada de Namiba, afrouxaram um pouco a
ação perniciosa exercida sobre Jubamba. Envolvidos pela falange de Tanaka,
retornaram ao mundo invisível depois de se manifestarem pela incorporação em
Tilena. E partiram.
Namiba
aplicou passes no braço de Jubamba e, logo depois, ele não mais sentia dor alguma
e movimentava aquele membro com desenvoltura, maravilhado. Notava-se também que
seu estado d’alma se modificara. Não estava ali o homem violento, agressivo e
mau, mas um outro, humi1de e acessível.
-
Amigo - disse ele a Namiba - estou sentindo um alívio inexplicável. Parece que
mudei de alma. Estou mesmo confuso. Não sei bem o que me sucedeu, a não ser que
sofri muito.
-
Você foi vítima de obsessores, Jubamba. Está livre e ficará livre enquanto
permanecer fiel ao programa que, mais tarde, traçarei para você. É muito mais
grave do que certas pessoas supõem, o abandono do espírito e do corpo às coisas
materiais, aos vícios, à revolta e à violência.
Ficarei nesta terra durante dois meses, pois tenho aqui
compromissos ligados à minha profissão. Durante esse tempo, se o quiser, estudaremos
juntos, porque somente o estudo, ligado à perseverança e à fé, pode levar-nos a
bom rumo.
E assim foi feito.
Dois meses após, quando Namiba se despediu,
os olhos de Jubamba estavam deslizando em lágrimas de de tristeza. Era outro
homem. Adquira virtudes que antes desconhecia. Tornara-se um exemplo: não
bebia, não brigava, não altercava. Forte como um touro, era humilde como um
cordeiro. Aprendera que, podendo esmagar alguém com as mãos possantes, preferível
se tornava solucionar as dúvidas com brandura. Os verdadeiros valentes são
aqueles que, podendo punir, contentam-se em perdoar, esclarecendo. A legítima valentia
não está no exercício da superioridade física, mas no emprego da tolerância construtiva,
da paciência edificadora, da humildade consciente, que se faz de força moral, que
se multiplica para que o bem não deixe ao mal nenhuma oportunidade.
E dava gosto ouvir-se Jubamba, anos
mais tarde, diante de numerosos jovens, alguns impetuosos e impertinentes,
rematar suas lições com estas palavras:
- Se vocês querem ser fortes, perdoem!
Se querem ser fracos, castiguem!
E apanhando um livro que estava
aberto sobre a mesa, concluiu:
- Está finda, por hoje, a nossa lição.
E saiu sobraçando “O Evangelho
segundo o Espiritismo”...
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Oração das Mães
Oração das
Mães
Meimei por Chico Xavier Reformador (FEB) Maio 1963
Senhor!
Abriste-me
o próprio seio e confiaste-me os filhos do teu amor!
Não
me deixes sozinha na estrada a percorrer.
Nas
horas de alegria, dá-me temperança.
Nos
dias de sofrimento, sê minha força.
Ajuda-me a governar o coração para que meu sentimento não mutile as asas dos anjos tenros que me deste e adoça-me o raciocínio para que a minha devoção afetiva não se converta em severidade arrasadora.
Defende-me
contra o egoísmo para que a minha ternura não se transforme em prisão daqueles
que asilaste em meus braços.
Ensina-me
a corrigir com amor, para que eu não possa trair o mandato de abnegação que
depuseste em meu espírito.
Nos
minutos difíceis, inclina-me à renúncia com que devo iluminar o trilho daqueles
que me cercam.
Senhor,
auxilia-me a tudo dar sem nada receber.
Mostra-me
os horizontes eternos de Tua Graça, para que os desejos da carne não me
encarcerem nas sombras.
Pai,
sou também tua filha!
Guia-me
nos caminhos escuros, a fim de que eu saiba conduzir ao Infinito Bem os
promissores rebentos de Tua Glória.
Senhor,
não me desampares!
Quando
a Tua Sabedoria exigir o depósito de bênçãos com que me adornaste a estrada por
empréstimo sublime, dá-me o necessário desapego para que eu te restitua as joias
vivas de meu coração, com serenidade e alegria; e quando a vida me impuser, em
Teu Nome, o desprendimento e a solidão, reaquece minh'alma ao calor de Teu
Carinho Celeste para que eu venere a Tua Vontade para sempre.
Assim
seja.