Companheiros
mudos
Emmanuel por Chico Xavier Reformador (FEB) Março 1963
Com excelentes razões, mobilizas os
talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.
Selecionas os melhores conceitos
para os ouvidos de assembleias atentas.
Aconselhas o bem, plasmando
terminologia adequada para a exaltação da virtude.
Estudas Filologia e Gramática no
culto à linguagem nobre.
Encontras a frase exata, no momento
certo, em que externas determinado ponto de vista.
Sabes manejar o apontamento
edificante, em família.
Lecionas disciplinas diversas.
Debates problemas sociais.
Analisas os sucessos diários.
Questionas serviços públicos,
Indiscutivelmente, o verbo é luz da
vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.
Entretanto, nesta nota simples,
vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa
destreza vocabular não consegue servir em sentido direto.
Comparecem, às centenas, aqui e ali...
Jazem famintos e não comentam a
carência de pão.
Amargam dolorosa nudez e não
reclamam contra o frio.
Experimentam agoniadas depressões morais,
sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.
Sofrem prolongados suplícios orgânicos,
incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da Medicina.
Pensa neles e, de coração
enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de
roupa ou da xícara de leite, da poção medicamentosa ou do minuto de atenção e
carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes que nos rodeiam são as criancinhas
necessitadas e padecentes que não podem falar.
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