Espiritismo e Ciência - 1
por Antonio Wantuil Reformador (FEB) 16 Dezembro 1936
(Antonio Wantuil foi Presidente da FEB
de 1943 a 1970)
Conferência lida na Federação, em 15 de novembro de 1936,
pelo diretor Antonio Wantuil de Freitas.
Caros companheiros de lutas e de provações:
Jamais sonhamos com essa felicidade,
tão inesperadamente às nossas mãos chegada. E não esperávamos porque, entre
outros motivos, não cultivamos a dificílima arte da palavra.
É hábito, entretanto, nesta Casa,
que seus diretores sejam designados para presidir às reuniões domingueiras. E,
como bondosos amigos nos elegeram para o cargo de gerente do venerando Reformador, aqui estamos obedientes a
essa velha praxe, abusando da vossa tolerância, azucrinando-vos os ouvidos,
habituados que estão às harmonias que brotam das palavras dos inspirados
conferencistas; que aqui tendes ouvido.
Conversemos, pois, amistosamente, sobre assuntos vários, relacionados com essa Doutrina que, para felicidade nossa, nos foi dado conhecer na encarnação por que passamos.
O Espiritismo, essa doutrina cuja
dístico é - Fora da Caridade não há
salvação, apesar de ser relativamente novo, conseguiu espalhar-se pelo
mundo, em tempo tão breve, graças à cooperação dos próprios Espíritos que,
iluminados do Alto, produzem a disseminação da Verdade, provando-nos a
continuação da vida no Além e ensinando-nos a interpretar os Evangelhos que nos
legou o Cristo.
Durante séculos a evolução se foi
processando, até os nossos dias; e essa evolução continuará pelos séculos fora.
A comunicação dos Espíritos,
conhecida desde os tempos dos Vedas e de Moisés, e anunciada por todas as
religiões do Oriente e do Ocidente, religiões essas cujas revelações estão cheias
de fatos, de fenômenos e de mistérios, só agora, após a preparação da
humanidade, nos foi revelada racionalmente pela Codificação de Allan Kardec.
Quem se der ao trabalho de examinar
as centenas de religiões do globo verificará que todas têm a mesma essência e o
mesmo princípio de Amor ao Próximo.
Elas prepararam o terreno em que
deveria germinar a semente do Espiritismo, do Paracleto, do Consolador
prometido.
Negar a possibilidade das
comunicações é negar a veracidade dos livros considerados sagrados pelas religiões
e mui principalmente a da Bíblia, sobre a qual assenta o Catolicismo e o
Protestantismo.
Ela está cheia de fenômenos e de
comunicações, até mesmo nos fala do abuso dessas comunicações, obrigando Moisés
a proibi-las, porquanto o povo, em sua quase totalidade, as procurava para fins
ilícitos, como ainda hoje se pratica nos meios vulgarmente denominados -
macumbas.
O Espiritismo também proíbe essas
invocações, mostra-nos os perigos que acarretam e nos ensina o porquê dessas
proibições, apresentando-nos ao raciocínio aquilo que Moisés, porque não era
chegada a época, não pode apresentar - as leis por que se regem essas
comunicações e os fins a que se destinam.
Assim, o Espiritismo não pode ser
responsabilizado por essas práticas proibidas por Moisés e condenadas pela
Doutrina, mesmo porque quem as adota não é espírita e jamais leu sequer os seus
dois livros básicos.
E tanto isso é verdade, que esses locais
estão cheios de altares, de imagens, de velas e de ritos, demonstração cabal de
serem essas invocações praticadas por criaturas que pertencem a outro meio, bem
distanciado do espírita, onde não há ídolos, nem dogmas, nem velas, nem ritos.
O adepto de qualquer religião, e que
a tenha estudado, não pode, pois, negar a possibilidade das comunicações.
De outro lado, encontraremos a ciência
oficial, aliada eterna da religião dominante de cada país. Ela nega. Nega
simplesmente. Nega-se a examinar essa possibilidade, porque seria contrariar os
poderosos que a alimentam com sinecuras e posições sociais.
Ela nega, alegando que não pode existir a alma, porque
jamais a viu ao examinar cadáveres. Crê, entretanto, que a hidrofobia é causada
por um “vírus”, que caminha do local contaminado para o cérebro, sem jamais ter
visto esse “vírus”, que ela sabe existir, que ela procura destruir fazendo
chegar antes dele, ao cérebro, o remédio de Pasteur - desse mesmo Pasteur que
ela pretendeu levar à guilhotina como charlatão, simplesmente porque anunciava
uma teoria contrária aos seus princípios. E a cabeça de Pasteur não rolou ao
cesto da guilhotina, porque a sua aliada, que enclausurou as ideias de Galileu
durante 200 longos anos, já não tinha ao seu dispor os cárceres da “Santíssima”
Inquisição.
Mas, felizmente, vultos maiores, bem
maiores que essa pretensa classe de cientistas, têm estudado os fenômenos
durante dezenas de anos, tornando todas as precauções contra as possibilidades
de truques e de ilusões, e, apesar de contrariados no seu desejo de provar o
embuste e a mentira, tiveram, e têm ainda, a dignidade de afirmar aos seus
colegas das Academias que os fatos são reais e inteligentes e, que só podem ser
atribuídos às almas dos desencarnados.
Apesar de todos esses inimigos,
senhores, o Espiritismo conseguiu, em 80 anos, cristianizar maior número de criaturas
do que todas as seitas, que, durante séculos, tiveram a seu favor o ouro, as
leis draconianas e o apoio dos poderosos.
Dizem as estatísticas que existem no
mundo 250 milhões de católicos, e nesses 250 milhões estão computados 40 milhões
de brasileiros. Vós que sabeis não existir, aqui, esses 40 milhões, concluireis
que o número de 250 milhões não representa a verdade. Mas, admitindo que o
seja, veremos que o Catolicismo, em dois mil anos, não conseguiu senão 10% da
humanidade. E isso simplesmente porque foi enxertado com dogmas e encíclicas
que o distanciaram do amor pregado pelo Cristo de Deus.
Ser espírita é ter a alma voltada
para a luz, procurando-a. É resignar-se na dor, confortar os que sofrem,
perdoar os que no afrontam e pedir pelos que nos ferem: é, enfim, amar ao
próximo, como exemplificou Jesus.
Nesse caso, direis: - Não somos espíritas!
Sereis sinceros se assim o fizerdes, mas esqueceis que a Terra é um planeta de
reparação: - é, portanto, espírita todo aquele que se esforça no combate às
suas próprias imperfeições.
Ao se nos deparar um infeliz, amemo-lo,
pouco nos importando que pertença a um credo religioso que nos deseja ver
perseguidos e atirados às prisões. Respeitemos-lhe a crença e só lhe falemos da
nossa, se ele não sentir consolação com a que lhe ensinaram, ou lhe obrigaram a
seguir.
O Espiritismo prega a evolução da
humanidade com a preparação do homem.
A República Brasileira não nasceu do
ódio ao seu monarca, aquele bom que, durante meio século, governou a Pátria que
tanto amava. Não foi proclamada contra o soberano, porque este era o maior dos
republicanos, o mais justo e o mais caridoso dos homens do seu País. Ela foi
proclamada, porque ele não a procurava evitar e o povo estava farto dos homens
que formavam os ministérios, e temia que, desaparecendo Pedro de Alcântara, os
políticos se apoderassem do governo.
É de notar, senhores, que essas
evoluções se passam em todos os países com derramamento de sangue, enquanto
aqui ela se efetuou sem vítimas, nem atos extremos, a não ser o comovente banimento
sofrido pelo Imperador, aliás inevitável.
A Rússia, a Espanha e vários países
da velha Europa passam no momento por transições dolorosas, geradas do
materialismo ocasionado pelos mistérios, pelos dogmas e pela pressão do clero,
aliado sempre de todos os governos. Na Rússia, a pressão sobre as classes
proletárias era absoluta. Fácil foi a um grupo de exaltados inverter a ordem
das coisas. Em vez de governarem os de sangue azul, governariam os mais
destemidos, sob a capa de proletários.
Na Espanha, berço da Inquisição e
dos autos de fé, a materialismo das massas campeia e se espalha.
E tanto isso é verdade que essas
explosões populares não são apenas a expressão das doutrinas socialistas, mas a
revolta contra a escravidão mental em que os mantiveram durante largo tempo os
seus pseudo guias espirituais - os padres. Daí a iconoclastia contra templos suntuosos,
basílicas tradicionais, cuja destruição lamentam todos quantos admiram e
veneram a arte e o passado.
Não podemos apoiar esses atos
monstruosos e vandálicos, apesar de reconhecermos neles a lei do efeito.
Condenemo-los e esforcemo-nos para
que o Brasil não seja presa desse materialismo grosseiro que destrói lares e
ocasiona desgraças e, para isso, levemos a nossa palavra aos meios onde os Evangelhos
são ridicularizados, porque lh’os ensinaram pela letra e ainda os deturparam
com interpretações capciosas.
Parece-nos que essas organizações
políticas, que pretendem governar pela força, não entrarão jamais no Brasil,
onde vimos ensinando os Evangelhos ao povo, na sua simplicidade divina, sem
intolerância e sem deturpações. Podemos, ainda, afirmar que elas não
encontrarão aqui o ambiente propício, porque, no Brasil, não obstante as
reiteradas tentativas de pressão exercida por fanáticos, existe ainda, mercê de
Deus - a liberdade espiritual.
Levemos a nossa palavra a todos os cantos da Pátria,
preguemos a verdade evangélica na sua doçura e mostremos ao povo que ele sempre
foi enganado com subterfúgios que os opressores procuraram para justificar cruzadas,
inquisições e autos de fé.
A Ilha de Vera Cruz precisa ser
cristianizada. Só a difusão dos Evangelhos poderá proteger a Terra de Santa
Cruz dessa avalanche de ódios concentrados durante séculos e séculos.
E então veremos o Brasil, como
modelo dos velhos países, servir de padrão aos estadistas que surgirem das
cinzas das velhas nações.
Preparemos o povo para resistir a
essa hecatombe, ensinemo-lo a amar o seu semelhante, mesmo porque um crime não
justifica outro.
Todas essas transformações estão
previstas nos livros espíritas, e Léon Denis, no seu livro - O Problema do Ser, do Destino e da Dor,
parece escrever para à época atual, Leiamos esse livro, sigamos os conselhos do
mestre, que nos ensina que “a evolução
gradual e progressiva é a lei fundamental da natureza e da vida. Insurgir-se
contra essa lei seria tão insensato como querer parar o movimento da terra. As
transformações violentas, sem a preparação do povo, deslocam os apetites, as
ambições, os sofrimentos e substituem as opressões do passado por um despotismo
novo, mais intolerável ainda”.
Propagando
o Espiritismo, ensinando aos nossos filhos a verdade da lei da reencarnação, um
grande passo teremos dado, porque das crianças de hoje sairão os estadistas de
amanhã. E, quando os Países forem dirigidos por homens que saibam que, além do
seu poder, existe um outro mais forte, que os fará voltar à Terra para reparar
males que disseminaram, veremos, então, que o planeta evoluiu, progrediu
assustadoramente, reinando entre o povo a felicidade há tantos séculos
procurada pelas baionetas e pelos canhões.
Ainda há pouco, D. Pedro II
enviou-nos uma longa mensagem através do aparelho de Zilda Gama, mensagem essa
publicada pelo “Diário de Notícias”, desta Capital.
O sábio Imperador, habituado e
experimentado a governar, fala-nos exatamente na necessidade da educação das crianças.
Ele, melhor do que todos nós, já
pela experiência, já pelo seu maior poder de visão, prevê que das crianças de
hoje depende o futuro do nosso Brasil.
Espalhemos as leis espiritas,
mostremos à humanidade que os infelizes de hoje foram os poderosos de ontem e
que os desumanos de hoje serão sem dúvida os desgraçados de amanhã.
Conhecendo a justiça da dor e como
evita-la do futuro, o homem compreenderá a necessidade de ser bom.
Como podem amar um Deus, que lhes
dizem ser justo, e que cobra as dívidas de um imaginário Adão? Como podem amar
um Deus que cria almas, destinando-as a corpos informes ou a existências de
contínuas misérias?
Como compreender que esse Deus seja
justo, se após 60 anos, média da vida humana, atira suas criaturas à eternidade
dos suplícios do inferno?
Como compreender que, numa família
de pessoas medianamente boas, nasçam aleijados?
Porque nasci pobre e vivo sempre
faminto, enquanto o meu vizinho vive entre riquezas e tendo cães melhor
alimentados do que eu?
Essas questões, que as religiões não
sabem e não podem explicar racionalmente, envolvem princípios, que lhes não
convém assimilar. E, porque continuam a interpreta-las como artigos de fé,
baseados, em pleno século XX, - no “credo
quia absurdum”
(creia
mesmo que lhe pareça absurdo), são,
por isso, a causa originária da infelicidade dos habitantes da terra.
O “credo quia absurdum”, frase atribuída sem provas a Santo Agostinho,
jamais produziu progresso espiritual na humanidade e sua existência na
atualidade só produz revolta nas massas, revolta natural dos que foram durante
séculos escravizados com os suplícios dos Torquemadas.
Só o Espiritismo pode responder satisfatoriamente a
essa multidão de incógnitas, criadas pelos interesses dos homens, responsáveis
pelos destinos espirituais do mundo. Só ele consegue explicar racionalmente, de
maneira assimilável a qualquer inteligência, essa multidão de mistérios,
inventados no correr dos séculos, de acordo com as necessidades do domínio em
cada época.
Tanto abusaram na criação desses
absurdos, que denominaram mistérios e dogmas, tanto se excederam na exigência
ao “credo quia absurdum”, que o mundo
se tornou materialista, caindo no caos em que se encontra a velha Europa.
E nós, amigos, que talvez tenhamos
sido companheiros dos opressores da idade média, aqui estamos novamente na Terra,
para saldar dívidas velhas e reparar males que espalhamos.
Lembremo-nos dos primeiros adeptos
do Cristo, da abnegação com que levaram os Evangelhos e os introduziram entre
os adoradores de Júpiter; lembremo-nos dos martírios que padeceram, e
concluiremos que a nossa tarefa é bem mais suave e sigamos as pegadas que eles
nos deixaram, levando ao povo a nossa palavra de amor, de conforto e
sinceridade, pregando os Evangelhos de Jesus à luz da Verdade, à luz da
Terceira Revelação, sem subterfúgios e sem interpretações subalternas.
Renovemos o mundo. Levemos aos 32
pontos do horizonte o facho luminoso dos Evangelhos. As velhas mentiras,
habituadas à escuridão, fugirão espavoridas e o planeta se transformará,
lentamente sim, porém mais rápido do que supomos.
O materialismo cresce, alastra-se,
desenvolve-se nas Escolas Superiores, onde os professores, não acreditando nos
mistérios, tombam para o ateísmo, acompanhados pela mocidade, por essa mocidade
que amanhã os substituirá na cátedra. - Quantos males gerados pelos mistérios !..
Comecemos por preparar essa mocidade. Argumentemos com
ela, provemos a existência de Deus, chamemos a sua atenção para os milhares de
mundos que rolam obedientes a uma lei uniforme e constante, mostremos-lhe que
essa lei deve ter uma causa, deve obedecer a uma força inteligente e que a essa
força nós lhe chamamos - DEUS, como poderíamos chamá-la de força incógnita ou
de força suprema.
Discutamos cientificamente com essa
mocidade promissora. Comparemos a igualdade, a uniformidade das leis que regem
os movimentos dos planetas com os movimentos perfeitamente iguais aos elétrons de
um átomo. No átomo, nessa partícula infinitesimal da matéria, encontraremos
planetas girando em torno do núcleo central sem jamais se encontrarem.
Mostremos a essa mocidade que, nesse núcleo, outros prótons e elétrons giram
ainda, e sem nunca se chocarem.
O movimento desses elétrons infinitesimais
é, pois, uniforme com o dos planetas, e não só com o dos planetas, mas com o de
todos os sois, que centralizam outros tantos sistemas. E isso tudo é a própria ciência
que no-lo ensina e prova, dizendo-nos que o sol tem também seu movimento de
translação em direção da estrela Vega, em torno de um ponto da esfera celeste,
ainda desconhecido, denominado Apex.
Esse ponto, pouco conhecido pela ciência
de hoje, corresponde ao ponto central do núcleo do átomo, núcleo este há poucos
anos por ela conhecido.
E, finalmente, mostremos que Kardec
anunciou a unidade da matéria há 80 anos, época em que ninguém aceitava a hipótese
de Prout (1), e a ciência de hoje, apesar de chamar de corpos simples aos 86
elementos conhecidos, já agora quase no meio do século, concorda que os elétrons
são perfeitamente iguais, tanto assim que ela procura destruir um desses elétrons
para transformar o mercúrio em ouro. E isso nos parece realizável, porque já
conseguiram produzir o hidrogênio, pelo bombardeamento de alguns corpos
simples.
Ora, se os elétrons são iguais, a matéria de que são
formados deve ser una.
Para demonstrarmos que todos os astros partiram de uma
mesma fonte, a que chamamos - DEUS, podemos argumentar com a própria ciência oficial
ou não. É ela quem nos afirma que o Sol contém os metais e os metalóides que
existem aqui no nosso planetazinho, corpos esses que também existem nos demais
astros, como nos mostra a composição química dos bólidos que, a miúde, caem na Terra.
É bem verdade que alguns desses
elementos não foram ainda descobertos na Terra, mas também não é menos verdade,
e a própria ciência afirma, que os corpos simples devem ser 92, mas que só foram
descobertos até hoje 80. Quem nos dirá que os seis que nos faltam conhecer não
sejam os que ela encontrou no Sol?
A estes poderemos ainda, apoiados
nos próprios conhecimentos atuais da ciência, demonstrar que não é absurda a
crença de que Deus esteja em toda a parte.
Está provado pela ciência que o
vácuo não existe e, entre as experiências comprovantes de ele não existir,
temos a de que, no vácuo das máquinas pneumáticas, o calor de um corpo se
transmite a outro, devendo portanto haver um veículo para que essa transmissão
se efetue. A esse veículo, inodoro, incolor, imponderável e invisível, chamaram
- ÉTER.
Ora, conhecendo todos nós a existência
das ondas hertzianas, que levam o som do “estúdio” a milhares de léguas,
conhecendo a radiotelefotografia e a radiotelevisão, como poderemos achar
absurdo que, existindo o éter em todas as partes do Universo, seja impossível a
um Ser Supremo estar em contato com toda a sua obra?
Empunhemos a nossa bandeira – “Fora da Caridade não há salvação” - hasteemo-la em todos os corações. Não há maior caridade que essa de implantar, nos refolhos da alma da mocidade, o conhecimento das leis de Deus.
Levemos a nossa bandeira de Amor. Os
jovens a aceitarão, porque a mocidade é boa, é caridosa e possui sentimentos
nobilíssimos que a farão distinguir o que lhe anunciamos do que lhe pretenderam
ensinar.
Então, amigos, veremos as velhas
religiões passarem, como passaram as crenças mitológicas. O diabo será um ser mitológico,
residente num lugar imaginário chamado inferno. As cerimonias litúrgicas
passarão ao rol das coisas esquecidas, estudadas como velharias, assim como
hoje tomamos conhecimento das cerimônias primitivas de que nos fala a História.
Ensinemos que Deus é o criador dos
trilhões de mundos que giram pelo infinito; que Deus jamais abandonou esses
mundos colossais para se encarnar neste minúsculo planeta. Ensinemo-la a amar o
Cristo, pelo seu grande valor, pela sua pureza, pela sua perfeição, mas não
ofendamos o Criador, confundindo suas criaturas com Ele próprio.
Lancemos
a semente do puro Cristianismo no âmago da mocidade. Ela germinará viçosa, e
frutos dulcíssimos alimentarão a humanidade futura.
Mostremos que o nosso Deus é muito
diferente do deus colérico e mal que lhe pretenderam fazer crer. Chamemos a sua
atenção para o Deus que adoramos, um Deus que não vinga, não castiga, não
condena e que se apieda igualmente de ateus e de crentes. E veremos que a
mocidade pura e boa, tornada perigosa pela descrença, procurará estudar o
Espiritismo, ansiosa por encontrar esse Deus de Amor, de quem nunca ouviu
falar. Ansiosa, sim, porque ninguém é completamente ateu; todos têm uma leve
dúvida, todos possuímos o sentimento intuitivo da existência de um Ser Supremo.
Provemos a essa mocidade, que
dirigirá os destinos do mundo de amanhã, que ela tem vivido enganada. Que o
Espiritismo não é o conjunto de loucos e de ignorantes que lhe disseram ser.
Que o Espiritismo foi codificado por um homem de ciência e que ao nosso lado
estão centenas dos maiores sábios do planeta, muitos dos quais seus conhecidos
e por ela colocados em altares, recebendo o perfume sutil das ânforas da
Sabedoria.
Então, um mundo novo surgirá. As
Escolas Superiores, hoje materialistas, terão a sua cadeira de psiquismo. Estudarão
oficialmente os fatos, tirarão conclusões, absurdas em começo, lutarão para
vencer a verdade da causa dos fenômenos supranormais, mas os laboratórios se
encarregarão de demonstrar que suas hipóteses não satisfazem, como aconteceu a
Richet. E do psiquismo passarão os estudantes para o Espiritismo, catalogando
os fatos, estudando-os como produzidos pelos Espíritos, sem discussões de teorias
absurdas e incoerentes, assimilando finalmente a pureza do Cristianismo, por
intermédio do - Livro dos Espíritos.
Assim como do negro carvão surge o
diamante e deste, após lapidações que o ferem, sai o brilhante com reflexos
luminosos, assim também veremos a mocidade de hoje transformar-se numa mocidade
luminosa, cristianizada.
O homem pode estacionar, pode continuar
na rebeldia da encarnação anterior, mas, um dia, quando encontrar quem o
encaminhe, ele progredirá.
No túmulo de um dos faraós,
sepultado há três mil anos, encontraram-se sementes de trigo. Três mil anos
elas dormiram! Plantaram-nas. Faltava-lhes o meio próprio para germinar, mas,
alguns dias depois de plantadas, brotaram viçosas, como se tivessem dias de
colhidas. Assim somos nós.
Há, em física, um fenômeno
denominado convecção, que consiste em esquentar-se uma vasilha pelo fundo, para
demonstrar que os líquidos fervem de baixo para cima, formando correntes contínuas,
subindo as quentes e descendo as frias. As frias descem para receber o calor. A
vaporização da humanidade, o seu progresso, também é assim. Desce, cai, recebe
a dor, sofre-a; sobe depois, mas, por pesada e impura, torna a descer, e assim,
em alternativas, um dia chega a espiritualizar-se, subindo, tal como acontece
com os vapores da água da experiência física.
O Espiritismo tem, sobre as religiões antigas, a
qualidade de não ser estacionário e de caminhar ao lado das ciências humanas.
Ele se antecipa muitas vezes à ciência com seus enunciados, e isto
naturalmente, porque é ele o gerador do progresso humano, ora permitindo que
Espíritos de sabedoria venham trazer intuições aos sábios estudiosos da Terra,
auxiliando-os em suas descobertas; ora apresentando fenômenos novos que
destroem completamente as teorias sofisticamente criadas para explicar os fatos
anteriores.
Nosso trabalho é, pois,
relativamente pequeno, porque é do Alto, como sempre, que vem a maior força e
os mais fortes argumentos, para obrigar os rebeldes a aceitarem a Verdade das
Verdades: - O Cristianismo do CRISTO. Dizemos do Cristo, do Ungido, porque o
Cristianismo que afirmam existir, que anunciam espalhado por 800 milhões de
homens de várias religiões chamadas cristãs, não é o Cristianismo puríssimo do
Enviado divino, e não o é porque só existe nos lábios, quando seu lugar é na
pureza evangélica da fé; é no coração, é na alma, e, por isso, só se manifesta
nas obras dos seus iniciados.
Como vos dissemos, estamos muito acima das velhas
crenças misteriosas que tanto se distanciaram da ciência, quando deveriam, se
ambas se originam do mesmo foco - que é DEUS, caminhar de mãos dadas, na mesma
direção, tal como o Espiritismo, que não proíbe que se lhe examinem os fatos,
que os discutam, mas, antes, convida a todos para estuda-los, pesquisando a
verdade da existência da alma e de sua imortalidade, e não só em investigações
meticulosas, onde médiuns e Espíritos se prestam a experiências físicas e químicas,
senão, ainda, em gabinetes, apresentando os fenômenos classificados como oriundos
de uma força inteligente, que eles denominam de desconhecida, para não
confessar que é dos Espíritos.
Não é só aos que nos procuram que
deveremos socorrer com a nossa palavra de amor. A estes é bem fácil encaminhar,
mas é principalmente aos que nos desprezam e mesmo aos que nos odeiam, que
devemos e temos a obrigação de tirar do lamaçal da descrença ou da dúvida em
que se acham, infelizmente, chafurdados.
Aos que nos odeiam, mostremos que
não somos ruins e que os amamos, aproveitemos todas as oportunidades que se nos
depararem, para patentear-lhes que o nosso desejo é vê-los felizes, tirando-os
da dúvida em que se debatem.
Aos descrentes, aos que se riem de
todos nós que acreditamos na existência da alma, falemos da nossa felicidade,
da nossa fé, da certeza no Além, na justiça da dor e de sua purificação; porque
eles, meus amigos, rirão ainda, mas por fim se convencerão, como nós nos
convencemos, de que só se pode encontrar a felicidade, palmilhando a estrada
luminosa dos Evangelhos de N. S. Jesus Cristo.
Sejamos trabalhadores, conquistando,
para o rebanho do Senhor, as ovelhas desnorteadas que se encontram estacionárias
e as que têm o Cristo nos lábios, mas não o compreendem, temendo-o, em vez de amá-lo.
Um dos meios, que julgamos muito
eficientes para propagação da doutrina, consiste em provocarmos que a acusem.
Quantos e quantos abraçam o Espiritismo, depois de atacá-lo. Combatiam-no
porque o não conheciam. Discutiam sem base, sem alicerce, sem conhecimento.
Mas, depois de serem vencidos por argumentos de amigos, no desejo de se
tornarem invencíveis, procuraram ler as obras de Kardec e a luz se lhes abriu,
aclarando-se lhes a razão.
Conhecemos uma senhorita, interna de
um dos maiores e mais afamados colégios do Rio, que, a conselho nosso,
aproveitava todas as oportunidades, quer com diretores e professores, quer com
suas colegas, para dizer-se adepta do Espiritismo.
Disse-nos essa moça que, a princípio,
todos se admiraram de ela abraçar uma doutrina que faz loucos, que conversa com
demônios e outras infantilidades, e acrescentou que as colegas mais íntimas
passaram a fazer chacotas com a sua crença.
Tolerante e boa, essa moça
argumentava com tanta fé e humildade, que suas verdadeiras lições de
Espiritismo acabaram por destruir essa zombaria, transformando-a em respeito,
bem como animaram outras colegas a se declarar espíritas, e hoje, em tal colégio,
todas as alunas estão preparadas para receber a Doutrina, porquanto já sabem
que o Espiritismo é a síntese de todas as religiões, é a síntese das verdades
esparsas, encontradas em todas as seitas, mas que por elas foram deturpadas no
correr dos séculos.
Finalizemos, senhores, porque o assunto é vasto e por
demais complexo para ser tratado no correr de uma palestra.
Concluamos, mas saiamos daqui
impregnados de fé, com o desejo de cooperarmos para o progresso da humanidade,
fazendo que todos compartilhem desse banquete de felicidade, que a bondade de
Deus nos permitiu usufruir.
Chama-se em ciência - equilíbrio
térmico - ao fato de um corpo quente, colocado junto a um outro corpo frio,
comunicar-lhe o seu calor, ficando ambos, dentro de algum tempo, em
temperaturas iguais.
Nós, amigos, que já recebemos de
Deus o calor espiritual dos Evangelhos do Cristo, saiamos daqui decididos a
produzir na humanidade o equilíbrio espiritual, de que ela precisa, para que a
terra se torne em harmonia com o INFINITO.
Espiritismo e Ciência - 2
por Antonio Wantuil Reformador (FEB) 16 Março 1937
Conferência lida na Federação a 17 de janeiro último, pelo diretor WANTUIL DE FREITAS.
Com os olhos espirituais voltados para o Alto, tangemos as cordas sensitivas da alma, na esperança de que as vibrações geradas possam transmitir ao Ser dos Seres o nosso reconhecimento, por permitir-nos nova oportunidade de palestrar convosco.
Crede que sentimos admiração,
vendo-vos novamente presentes à reunião de hoje, porquanto alguns jornais
anunciaram que o orador seríamos nós. Antes, pois, de entrarmos no assunto das
nossas cogitações, cumpre-nos apresentar-vos agradecimentos pelo conforto que
nos trazeis, bem como cientificar-vos de que nos ufanamos dessa grande dose de
benevolência, que, mais uma vez, verificamos caracterizar os espíritas.
Como já percebestes, as nossas
palestras giram em torno da obra luminosa que os Espíritos nos transmitiram,
esforçando-nos por demonstrar que seus ensinamentos anteciparam o progresso da
ciência humana, que, dia a dia, mais se aproxima das verdades, conhecidas por
nós outros, há tantos anos, através do Livro
dos Espíritos.
Procuramos seguir a mesma orientação desse livro de
Sabedoria, no qual é, aliás, observada a sequência geral a todas as religiões:
Primeiro - Deus, depois a matéria e, finalmente, o Espírito.
Todos os livros considerados
sagrados obedecem a essa ordem, e a orientação dos Espíritos da Terceira
Revelação não na alterou.
Digressamos algumas vezes,
desviando-nos do objeto da palestra, levado pelo entusiasmo do espírito diante
da grandiosidade e perfeição da obra do Senhor, ou perante a doçura e pureza dos
ensinamentos do seu Cristo, mas, espíritas que sois, deveis compreender que esses
arrebatamentos nos são habituais.
Aliás, não temos a pretensão de
esgotar o assunto deste ou daquele ponto, nem a presunção de que isso nos seria
possível. Desejamos, apenas, estimular os espíritas ao estudo e à meditação, e
apresentar-lhes, entre os argumentos que já lhes são conhecidos, outros que
reputamos úteis para conseguirem aproximações de criaturas ao Criador.
Na palestra anterior, demonstramos, racionalmente e de
acordo com a ciência, que a matéria é una, como nos ensinaram os Espíritos. Falamos
do bombardeamento de alguns corpos simples produzindo o hidrogênio, corpo único
que se encontra no período inicial da formação das nebulosas e que, único no
começo, acaba por transformar-se, gerando os corpos simples encontrados em
todos os planetas.
Não falamos apenas dos movimentos
dos elétrons, perfeitamente iguais aos dos planetas em redor do Sol, movimentos
esses de translação em órbitas elípticas, mas referimos, também, os de rotação,
que neles igualmente se verificam.
Tudo isto vem corroborar os ensinos
que do Alto nos estão vindo há oitenta anos, conhecimentos que têm sido
renegados pelas Academias, onde, infelizmente, sempre predominou o materialismo
ou a comodidade religiosa dos que preferem estar bem com os potentados. Ambos,
materialistas e apáticos, pouco se preocupam com o que lhes não aumente os
prazeres materiais da existência. Muito mais fácil lhes é, enchendo-se de filáucias (amar-se a si mesmo
na medida certa, sem excessos), acadêmicas,
classificarem de loucos os que lhes apresentam fatos novos, acima da sua
capacidade de assimilação. Assim fizeram com o fonógrafo de Edison, assim procedem,
com mais fortes razões, com os fenômenos que se não produzem por máquinas nem
pela vontade do homem.
Uma força, todavia, muito maior,
inspirando os verdadeiros cientistas, auxiliando-os em novas descobertas, vem
derrubando o edifício dos filauciosos, tirando-lhes a fonte de suas concepções,
o alicerce de suas teorias - a realidade da matéria, tal como a supunham.
E esses homens, guindados a posições
de destaque como orientadores da cultura da humanidade, são, entretanto,
empecilhos ao desenvolvimento rápido da ciência, constituindo obstáculos aos
que desejam ir além do que eles conseguiram, armazenar, porque seus cérebros estacionaram
após a conquista dos títulos acadêmicos.
Parece desarrazoada essa nossa
afirmativa, mas não o é. Os maiores inimigos do progresso espiritual da
humanidade, tirante os padres, sempre foram esses pretensos cientistas de
literatura, como se esse arremedo polimático, que os elevou a falazes glórias,
pudesse merecer nome de ciência, quando, na realidade, cientistas só o são os
físicos, os químicos e os astrônomos, e, ainda assim, cada qual dentro da sua
esfera, sem passar além das chinelas de Apeles - “Ne sutor ultra crepidam” (sapateiro, não (vá)
além do sapato).
Aos fenômenos espíritas, chamam-lhes absurdos e impossíveis;
a nós taxam-nos de loucos e até de velhacórios (velhacos) esquecem-se de que vultos geniais da ciência
verificaram esses fenômenos; negam-se a estuda-los e, nessa ignorância
absoluta, afirmam que tudo é mentira, fraude ou ilusão, estribados tão somente
no orgulho néscio exatamente como o analfabeto que dissesse louco o homem, a
quem surpreendera somando letras do alfabeto na resolução de um problema
algébrico.
Discutir sobre um assunto que se não conhece é o mesmo
que criticar a Ilíada de Homero, sem nunca ter, sequer, folheado a
Mitologia.
Como podem saber que os fenômenos
não existem se os não estudaram? Como desejam merecer o nosso respeito,
ambicionando que nele vejamos dentistas e sábios, se concluem, opiniaticamente,
sem exame e, sobretudo, sem nada provar! “Sapiens nihil affirmat quod non placet.” (O sábio não afirma
aquilo que não lhe agrada)(?).
Olvidam que Richet, o gênio da
Medicina do Século, levou quarenta anos examinando os fenômenos espíritas; que
Crookes, a quem devem dúzias de descobertas científicas, afirma a sua
realidade; que centenas de outros gênios os observaram durante longos anos em
laboratórios para esse fim escolhidos; esquecem-se de tudo e continuam falando
parvamente, como se a humanidade hodierna fosse a mesma que esperou cem anos,
para que eles confirmassem o movimento da Terra.
Felizmente, porém, a base, sobre a qual lhes assentam
as convicções materialistas, a matéria - já os começa a desorientar, já lhes
está fugindo, porquanto a química, tendo provado o poder de difração dos elétrons,
colocou a matéria em posição embaraçosa, visto que este predicado não lhe era
admitido, só o sendo para as ondulações, dela desprovidas.
De outro lado, ainda a Física e a
Química, com o aparecimento dos elementos radioativos, descobrindo lhes
variedades de raios que podem ser fotografados, raios que têm influência sobre
a célula viva, ora auxiliando ou paralisando o desenvolvimento dos tecidos, ora
destruindo-os, obrigam os materialistas a meditar sobre o nada, a que sempre se
agarraram.
Não conhecem a formação, a estrutura e as
transformações do que chamam matéria, e querem que aceitemos teorias criadas
sobre alicerces que eles próprios ignoram, no desejo de, com elas, nos provarem
a não existência do Espírito, quando tais teorias, formadas com magia plástica
de palavras, não satisfazem aos homens do século XX, que só aceitam estilo de
ideias, de compreensão, de intelectualidade, de raciocínio.
Vai fazer setenta anos, senhores, e
portanto muito antes das descobertas dos raios X e da teoria moderna da
constituição dos átomos, que Kardec nos dizia ser a solidificação da matéria um
estado transitório do fluido universal, podendo mesmo voltar a esse estado
primitivo.
Claude Bernard, o grande fisiologista, já afirmava, nos
fins do século XIX, que a matéria é privada de espontaneidade, que nada gera, e
é movida pela força que a criou. E, referindo-se à matéria cerebral, confessava
que ela não tem noção do pensamento que se manifesta, e que a Medicina, da qual
era ele expoente, não sabe porque pesa a matéria, nem como a substância
nervosa, que também é matéria, tem a faculdade de pensar.
Se os nossos capitosos (cabeçudos) homens de ciência, procurassem ao menos ler o que se
passa no mundo científico do Espiritismo, ficariam mais bem informados e talvez
se resolvessem a repetir a velha frase: “Sei que nada sei”; não nos mais livelando (nivelando), então, aos seus amigos - os
vendedores de lugares no Céu - nem se aliando a estes em cerimônias teatrais,
cultos faustosos e exteriorizações ridículas - recursos políticos mui
distanciados dos princípios do Cristianismo.
Sabem que dois corpos se combinam para formar um
terceiro, completamente diverso dos corpos originários, entretanto nada
entendem da essência desses corpos e muito menos da força que os faz reagir;
sabem a matéria, que dizem inerte, ser difrativa (as lentes difrativas (1-2) dividem a luz
em igual quantidade para perto e para longe) e
movimentada, mas nada conhecem além disto; sabem que um grão de trigo germina
milhares de anos depois de colhido, mas ignoram porque conserva ele essa
vitalidade; no entanto, a nós, que compreendemos todos esses fenômenos,
pretendem dar-nos lições de sabedoria, chamando-nos ignorantes.
Ainda agora, os jornais franceses noticiam que vários
cientistas se preocupam com, certas radiações emitidas pelo solo, radiações a
que atribuem uma infinidade de efeitos, desde o desenvolvimento de vegetais,
até a causa de moléstias várias, inclusive os cânceres. Esses estudos têm à
frente o sábio, astrônomo francês, Henri Deslandes, membro do Instituto. É bem
possível que, amplificando suas experiências, melhor venham explicar essas radiações, as quais devem
existir, não só em virtude da eletricidade da Terra, senão por se conciliarem
com as descobertas de Curie, que puseram em evidência a formação de corpos
radioativos novos, sob a influência de substâncias radioativas já existentes,
e, ainda, por se acordarem com a nossa teoria do Fluido Universal.
Os Espíritos sempre disseram
encontrar dificuldades para apresentar-nos certas questões de ciência, visto
que a nossa pobreza de linguagem os impossibilita de se explicarem mais
claramente; contudo, com o progresso da ciência da Terra, já se vão
descortinando aos poucos os ensinamentos que eles desejaram e tentaram dar e os
quais, só agora, se tornam mais compreensíveis.
Sem querermos plagiar a Trindade dos
católicos, teoria só admissível nos meios panteístas e nos do paganismo,
podemos dizer que existe uma Tríade que alimenta o Universo - Deus, Espírito e Fluido.
A primeira Pessoa é a criadora das outras duas, e estas as executoras dos
desejos d'Aquela.
Do Fluido Universal tanto provêm os
fluidos magnéticos e elétricos, como os diversos estados da matéria e a força
mecânica dos seres inanimados.
Do Espírito vem a vitalidade, e, com
esta, urna longa escala, desde as inteligências rudimentares até as inteligências
elevadas.
O perispírito, espécie de roupagem
do espírito, é formado desse fluido, levemente materializado, ou seja matéria
quintessenciada. E tanto isso é real, que ele se deixa fotografar quando
auxiliado com a reunião da matéria mais densa do médium, podendo mesmo
tornar-se visível, palpável e até readquirir, por alguns momentos, todas as faculdades peculiares aos
encarnados, ao ponto de turvar com a respiração a água de cal e de se deixar
auscultar por médicos.
Como matéria, que não deixa de ser, ele
se modifica de planeta a planeta, assim como toma as aparências permitidas pelo
grau de adiantamento do Espírito.
Incorpóreo, traspassa qualquer
matéria, e nisto não pode haver dúvida, por isso que inúmeros gases, de matéria
muitíssimo mais densa, atravessam as paredes de recipientes, aos nossos olhos
intransponíveis. O perispírito é pois matéria, mas tão diferente da que
conhecemos, como o vapor em relação à água.
Vemos, portanto, existir a matéria
visível e ponderável, e uma infinidade de estados diferentes de sua
apresentação; daí classificá-la como energia estável e energia instável,
incluindo-se nesta última a luz, o magnetismo, a eletricidade, etc.
Se a matéria ainda está tão mal
analisada, como pretendermos compreender a formação do Espírito?
Sabemos, no entanto, existir o Espírito,
não só por no-lo terem ensinado, como por não podermos admitir que a matéria
pense.
Ele só pode ser a causa da inteligência,
e esta o seu efeito. Os relógios elétricos, diz Kardec, dão uma vaga ideia
dessa causa. Desligada a corrente elétrica, que também não vemos, o relógio
para.
Não podemos explicar cientificamente
como são formados os Espíritos; não podemos compreender a sua constituição, nem
porque são imortais; mas explicamos melhor que todas as filosofias, religiosas
ou não, donde partimos, e aonde nos encaminhamos, para que existimos e por que
sofremos, e isso, sem recorrermos a jogo de palavras, a hipálages (figura sintática e
semântica da transposição das relações naturais de dois elementos em uma
proposição é feita com outra: o sapateiro meteu o sapato na fôrma, em vez de o
sapateiro meteu a fôrma no sapato) e
a metalepses
(é uma
figura de linguagem em que se toma o antecedente pelo consequente e vice-versa.
Ex: Sonorosas trombetas incitavam, os ânimos alegres ressoando.)
Desconhecem os nossos antagonistas o que
eles próprios são, não sabem onde reside a consciência, ignoram onde se
localiza a virtude e a maldade, não explicam os segredos da fecundação e os da
morte; vivem às apalpadelas, desnorteados, destruindo hoje as teorias que ontem
criaram; entretanto, creem-se gênios, quando não passam de vermes presunçosos.
E - como lhes não podemos apresentar a composição química do espírito e a
compreensão exata do infinito, obras do Gênio Máximo -- julgam-nos vencidos.
Isso importava querer exigir a um analfabeto a compreensão exata, qual a tem o
o homem culto, da numeração infinita. Pois é justamente o que nos querem pedir
a nós sob-color (de direito estrito?) de que tudo devêssemos explicar, até
mesmo o que só é dado ao Espírito Supremo.
Pode-se ser humilde, afirmando ignorar, ou orgulhoso,
negando a verdade.
A crença na existência do Espírito,
e mesmo na reencarnação, faz parte dos ensinamentos de todas as religiões
antigas, inclusive o Bramanismo.
E mais recentemente, alguns anos
antes do nascimento do Cristo, Virgílio, no livro VI da Eneida, fala-nos que os
seres que habitam no inferno são imagens aéreas que voejam sob incorpóreas
formas, e mais adiante, no mesmo capitulo, diz-nos pela boca de Anquises: “As almas destinadas a habitar outros corpos
bebem, nas águas do Letes, a tranquilidade e o longo esquecimento. Elas
tornarão à face da terra, voltando a novos corpos”.
Como vemos, essa crença não é nova;
mas, só o Espiritismo, com a apresentação dos fenômenos, conseguiu demonstrar
essas verdades e pode amplificar os conhecimentos anteriores, afirmando aos
saduceus de hoje que os Espíritos atravessam a matéria, transportam-se com a
velocidade do pensamento e irradiam, de acordo com o seu grau espiritual,
mensagens para diversas direções, como o fazem a luz e a eletricidade.
Flammarion foi um dos que mais defenderam a existência
de forças superiores dirigindo a natureza. Em seu “Tratado de Astronomia”,
afirmava que há na natureza alguma coisa além da matéria cega, que existe uma
lei intelectual de progresso governando a criação e que a morte universal não
reinará jamais.
Vede, senhores, que ele assegurava
que a morte universal não existe, e hoje, decorridos tantos anos, podemos, com
os próprios conhecimentos adquiridos ultimamente pela ciência ampliar a Lei de
Lavoisier, asseverando: “Nada se perde,
nada se cria e nada morre na natureza: tudo se transforma.” E dizemos -
nada morre - porque está provado que tudo tem movimento. A matéria, que
julgavam morta, contém elétrons que giram sempre, porque esta matéria está integrada
com a energia que a não deixa perecer e antes a transforma pela influência
direta do Fluido Universal ou sob sua ação catalisadora.
Paracelso, o fundador da Iatroquimica (doutrina médica que
atribuía a causas químicas tudo o que se passava no organismo, são ou enfermo) no século XVI, enunciava que o homem
é um composto químico e que as moléstias têm por causa uma qualquer alteração
deste composto. Ele falava com os conhecimentos da época, pois ainda não se
havia descoberto a ação do magnetismo e nem se sonhava com a do Fluido
Universal, que, há oitenta anos, os espíritas vimos anunciando. .
O Espiritismo apresenta-nos teoria mais desenvolvida
que a de Paracelso: vai além da matéria visível, atingindo a energia instável.
Bebemos água e ingerimos bicarbonato
de sódio. Junte-se a cada molécula de água um átomo de hidrogênio, ou tire-se o
hidrogênio do bicarbonato, e ambos ficarão intoleráveis e com suas propriedades
terapêuticas modificadas. Porque não é, pois, possível que inteligências, que
nos são mui superiores, possam produzir, pelo conhecimento que têm do Fluido
Universal, modificações ou alterações no nosso organismo, quando sabemos ser
esse fluido o elemento básico de todos os corpos denominados simples?
Daí concluirmos que a água
fluidificada sofre a ação da força magnética ou fluídica, adquirindo
propriedades terapêuticas capazes de modificar, alterar, substituir ou
fortalecer esse mesmo fluido componente da matéria do corpo humano.
Daí
inferirmos e assegurarmos que há criaturas aptas a servir de transmissoras do
fluido vital modificando, com os “passes”, os fluidos de quem os recebe,
suprindo deficiências e até mesmo evitando que a vida se extinga.
Falamos em linguagem clara, sem ambiguidades, procurando esclarecer as verdades que nos foram legadas sob a forma alegórica pelo Cristo de Deus, e, por isso, recomendamos o cultivo da mediunidade curadora, por Ele praticada e por Ele ordenada aos seus discípulos. Não conseguimos tanto como o Cristo, porque Ele era intermediário de Deus e nós outros simples e imperfeitos médiuns de Espíritos.
E é exatamente por se dedicarem os
nossos médiuns a socorrer o próximo, que se insurgem contra nós os mercenários
que veem suas rendas diminuídas - os padres e os médicos sem clínica. Dizemos
sem clínica, visto como os que a possuem não são os que desejam inibir- nos de
praticá-la, sendo até conhecida a frase do príncipe Miguel Couto: e “Ai da pobreza do Rio se não fossem os espíritas!”
Os que têm clínica, nasceram com esse dom de médiuns receitistas ou de médiuns
curadores, recebendo intuições que lhes facilitam no diagnóstico e na terapêutica,
enquanto os outros, que não receberam essa dádiva, veem afastar-se os doentes
pela razão de que, mal possuindo os conhecimentos humanos, não podem exercer
satisfatoriamente a Medicina.
Por que estudaram Medicina? Que
culpa temos nós de não terem eles nascido médiuns? No entanto, são os nossos
maiores inimigos, quando desejávamos que eles possuíssem e cultivassem essa mediunidade,
de que não auferimos lucro material e que preferíamos existir somente com os
médicos, pois eles seriam melhores receptores da obra benéfica dos Espíritos.
Tempo virá em que os pais só
matricularão, nas Escolas de Medicina, os filhos que possuírem tais
mediunidades. E, então, não haverá mais necessidade dos médiuns, a quem tanto
combatem hoje.
E é exatamente por tudo chatinarem (fazer comércio) que nada alcançam do Mestre, de
quem pretendem ser os representantes, quando dia a dia mais se separam d'Ele,
já por sepultarem a religião no mistério de uma língua morta, já por viverem
com a boca cheia de Deus e a consciência cauterizada de interesses mundanos.
Essa suposta representação gerou o
ridículo dogma da infalibilidade papal, e como naturalmente desse dogma se
deduz que todos os Santos-Padres foram indefectíveis, não sabemos como se conseguem
harmonizar as múltiplas incoerências das suas deliberações.
A teoria de Copérnico, que afirmava mover-se a Terra em
redor do sol, foi condenada como herege, absurda e ridícula pelo Concílio
tridentino, que pelo Espírito Santo se dizia inspirado; todavia, Benedito XI,
mais tarde, a mandou aceitar. Facilmente se concluirá que o Concilio não
recebeu inspirações de Espíritos Santos, mas de espíritos atrasados, e, assim,
todas as deliberações do referido Concilio mereciam revogadas.
Aliás, senhores, todos os dogmas
criados pelo clero são oriundos de fontes suspeitas e gerados com o fito
exclusivo de comercialismo, tal qual procediam os sacerdotes do ano 30 da nossa
era.
Absorveram tudo que de mau possuía o
Paganismo e a Mitologia, veeiros onde beberam inspirações para as suas fábulas
ineptas, senis e falaciosas.
A lenda do inferno e dos anjos mais
se assemelha à de Zeus (Júpiter, dos Romanos), que expulsou Cronos do céu,
arrastando-o para a região que se estende por baixo da Terra e dos oceanos.
A história de Noé, que tão bem
compreendemos, explicam-na tal como a Mitologia, que nos diz só se terem salvo
do dilúvio Deucalião e sua mulher Pirra.
A Mitologia tinha deuses secundários com o encargo de proteger certas classes sociais, determinadas profissões e certos fenômenos, e os padres aproveitaram a ideia, criando enorme série de santos canalizadores de vultosa renda para os seus áureos cofres, explorando com isso a credulidade humana.
Lançaram anátemas sobre os Maniqueus
que apresentavam o Bem e o Mal como criadores do mundo, para a eles se
igualarem oferecendo-nos o mitológico satã, com poderes sobre a quase
totalidade das almas.
Suas bênçãos, como as do Paganismo, são vendidas a preços tabelados, quais gêneros de feiras-livres, e muitas só são acessíveis a burgueses endinheirados, embora o Cristo sempre nos ensine que as bênçãos de Deus chovem igualmente sobre o rico, sobre o mendigo das ruas e sobre os infelizes dos cárceres.
As reuniões da época inicial do Cristianismo foram substituídas por festas luxuosas, onde pontificam homens entrajados com roupas ricas e apalhaçadas, idênticas às dos sacerdotes judaicos, num ambiente de perfumes voluptuosos e de frêmitos de vestidos de seda, sem recato e sem respeito à presença do Cristo que eles supõem transubstanciado no cibório (armação constituída por dossel e quatro colunas que resguardava estátuas, aras etc.) de ouro ou na custódia de pedras preciosas. Suas festas externas, com bandeirolas, charangas, foguetes e charolas (corredor semicircular entre o corpo da igreja e o altar-mor) carregadas por homens vestidos de vermelho, lembram, a um tempo, as festas do Paganismo e as do tríduo carnavalesco.
Entretanto, riem-se dos “passes” espíritas, chamam-nos
histéricos e endemoniados, confundindo os nossos “passes”, que são transmissões
de fluidos do Alto, com os passes monetários das suas bênçãos, com os passes
que passam maneirosamente o dinheiro da bolsa do passivo para as arquetas (arcas pequenas) da Igreja, dessa mesma Igreja que, há
séculos, vive do embrutecimento das massas populares, vendendo graças que sabe
não possuir, que não possui, e que, evangelicamente, não são negociáveis.
E essas cobiças irreplegíveis (insaciável) continuarão por muito tempo, com o
apoio dos indiferentes, até que se possa extrair da consciência do povo o joio
clerical, substituindo-o pelo trigo que alimenta, pelas verdades que rolam, pérolas
desfeitas, dos ensinamentos de Jesus, até atingir os penetrais da alma da
humanidade.
Não admitem as nossas comunicações psicofônicas
e psicográficas, classificam como obras de satã os fenômenos produzidos pelos
Espíritos; todavia, quando os fatos se passam com freiras, insuladas em
conventos, esperam que os anos corram e, então, após a morte da freirazinha,
baseados na sua mediunidade, elevam-na à categoria de santa, para que assim o
seu comércio sacrílego apresente novidades aos compradores de bênçãos e de
indulgências.
E a nós, senhores, que não vemos na mediunidade
sintoma, indício ou cheiro de santidade, que não exploramos esse dom oferecido
por Deus às suas criaturas para beneficiar o próximo; a nós, que explicamos sem
mistérios a origem e o fim da mediunidade, procuram acusar-nos como
representantes de um cerebrino (que adota ou prefere soluções intelectualizadas, por vezes
excessivamente abstratas, fantasiosas) diabo,
no receio, infundado e louco, de que lhes possamos fazer concorrência nos
exorcismos com defumadores de incenso.
De graça damos tudo que de graça recebemos,
e mais ainda, pois todos nós contribuímos para a manutenção de asilos, enquanto
eles, nada oferecendo, ainda cobram, dos que se deixam embair pela sua lábia, ordenados
de freiras e de capelães de asilos, de hospitais e de irmandades.
Penalizamo-nos das suas atitudes,
porquanto sabemos que cada um há de, por força, sofrer a lei do efeito; anelamos
que não aumentem suas faltas vendendo as bênçãos de Jesus Cristo, mas, assim
como o Messias, não nos podemos calar, porque Jesus, o Amor máximo que passou
pelo planeta, nos deu o preceito, apontando ao povo os vendilhões do Templo que
desrespeitavam o Pai.
Bem queiramo-nos uns aos outros, porém
não levemos a nossa afeição ao ponto de tolerar que um grupo de cegos conduza a
humanidade por caminhos, onde ela se elanguesce no amor das coisas materiais,
continuando sujeita às ondas de dor, que constantemente descem para regenerar
os rebeldes.
Esclareçamos o povo,
demonstrando-lhe que o Espiritismo não é o amontoamento de cenas burlescas que
o clero lhe expõe, confundindo, maldosamente, Espiritismo com religiões de
origem africana. A Terceira Revelação se caracteriza, visivelmente, pela ausência
absoluta de ritos, de ídolos, de velas, de liturgia, de tudo enfim que é material.
O Espiritismo está mais distanciado
da macumba do que o Catolicismo das cerimônias, profundamente romanas, com as
quais Lampião prepara diabólicos planos de assalto, rezando e fazendo donativos
a Igrejas.
Para nós, a humanidade é oriunda da mesma fonte e a
essa origem deverá regressar sem que se lhe perca uma única criatura. Não
dogmatizamos a nossa Doutrina, não temos privilégios nem títulos para distribuir
e nem, tão pouco, reconhecemos a superioridade anímica da raça italiana, para que
dela exclusivamente pudessem nascer os antropolátricos (adoradores do
homem)
e infalíveis de Roma.
Não vemos diferenças de raças e de homens.
É, para nós, mais cristão o ateu caridoso que os rezadores egoístas de qualquer
religião. Aquele levará para o Além a fortuna do cristão, enquanto o pietista (que afirma da
superioridade da fé sobre a razão) carregará
a matéria dos bentinhos, das verônicas (a imagem de Cristo estampada, gravada ou pintada sobre um tecido),
dos escapulários
(objeto
símbolo da religião católica, que consiste em duas imagens, uma do Sagrado
Coração de Jesus Cristo e outra de Nossa Senhora, e possui o significado de
"proteção" física e espiritual) e
dos ídolos de argila.
Expomos a nossa Filosofia ao estudo dos que a desejam
conhecer e quem quer que a examine, com sinceridade, concluirá, como tantos
outros materialistas: - “De todas, é a única racional, a única que não argumenta
com paralogismos.”
(Raciocínio
falso, feito de boa fé por falta de consciência de sua falsidade.)
Os fenômenos físicos, que afirmamos existir, não são
apresentados em clausuras; não são anunciados para canonizações de médiuns; não
se realizam a troco de espórtulas (esmolas); não se produzem pela nossa ou pela vontade do médium;
não nos trazem lucros materiais; não são reservados para uso interno; não
exploram a tecla das penas aquerônticas (relativo ao Aqueronte, rio dos Infernos na
mitologia clássica);
não têm para nós senão pequena e relativa importância; não são interpretados como
sobrenaturais; não são praticados em nossas reuniões; não são efetuados por Espíritos
Superiores; não foram por nós criados, contudo, eles existem, existiram e existirão
sempre.
E não somos nós somente que asseveramos a veracidade
dos fenômenos. Os sábios, os gênios da Física, da Química, da Medicina, da
Engenharia e do Direito, que os estudaram, durante dezenas de anos, no desejo
de provar-nos a sua irrealidade, criando teorias complexas e nomes abstrusos
para explicá-los à luz dos conhecimentos acadêmicos, acabaram rendendo-se à
Verdade e afirmando que existem e que são produzidos pelos Espíritos desencarnados.
Sábios, não concluíram sem observá-los; doutos, não
tinham interesse direto em comprova-los; peritos, usaram de todas as precauções
e meios científicos; gênios, não se preocuparam com o riso sardônico dos
coetâneos
(o que
é da mesma época/idade),
e, finalmente, como sábios
e gênios, contribuíram para o progresso da humanidade.
Não foi meia dúzia de gênios que os verificaram, foram
centenas, e de todos os países do globo terráqueo, com imparcialidade e sem a
menor ambição material. Não eram espíritas, não estavam ligados ao Espiritismo,
não tencionavam favorece-lo, e, sobretudo, tinham a responsabilidade da auréola
de sábios com a qual o mundo lhes ornara a cabeça.
Basearem-se os nossos contraditores
em afirmativas do clero, interessado mor de que a Luz da Verdade não apareça,
para não lhes perturbar o funcionamento da guitarra purgatorial; apoiarem-se em
conclusões de dois ou três sábios ligados diretamente às arcas dos benzedores
de canhões; fundamentarem-se na ginástica de palavras dos que jamais procuraram
tomar conhecimento dessa parte do Espiritismo, reconhecida já pelos sábios como
científica e capaz de revolucionar os conhecimentos atuais da humanidade, é
fossilizarem o desenvolvimento da cultura dos povos, é, como ontem, acreditarem
em Roma, desprezando Galileu.
Queríamos, dizem outros, que nos apresentassem um fenômeno.
Conseguido o primeiro, ainda outros julgariam necessários, e depois de muitos
observarem, afastar-se-iam, porque acima da Verdade, que favorece a espécie
humana, colocam as convenções e os preconceitos sociais que mais diretamente lhes
interessam. Como nos seria possível atender a esses milhões de curiosos, a essa
multidão de novos Tomés se os médiuns de efeitos físicos são relativamente
poucos e só um pequeno número se submete a essas experiências, principalmente
para satisfazer a curiosidades de pessoas ineptas para estudos científicos!
Como acreditam em tantas conclusões da
ciência astronômica, se nunca viram sequer um telescópio! Como se contentam com
a palavra dos sábios em milhares de assuntos que não compreendem, e negam a possibilidade
dos fenômenos espíritas que eles asseveram!
Entretanto, no Espiritismo, que
demonstra ser a morte a origem da vida real; que ensina não estar a alma
destinada a umbráticos lugares denominados inferno, purgatório e limbo; que
prova o nenhum valor das purificações e das hissopadas (borrifadas) na matéria; que evidencia nada
valerem os amuletos e os bentinhos; que não pratica cerimônias materializadoras
do que é divino; ao Espiritismo chamam-lhe conjunto de explorações e de mentiras,
quando essas características pertencem às religiões acamptas (inflexíveis), que há dois mil anos vêm
embelecando (enganando) a humanidade.
Se para os sofâmonos,(que querem passar por sábios) o Espiritismo é assunto néscio e frívolo,
para os sábios é objeto de meticulosos estudos.
Foi a luz que primeiro defendeu os homens primitivos da
ferocidade dos animais selvagens. É o Espiritismo quem ampara os homens
modernos contra a fereza das religiões Jeóvicas
(com
base em Jeová).
A luz propaga-se em linha reta, em todas as direções. O
Espiritismo anuncia-se retilineamente sobre todos os povos.
A luz produz sombra invertida,
quando o orifício da câmara escura é pequenino. O Espiritismo só é mal
interpretado, quando o poder de assimilação do homem é insignificante.
A luz, sendo branca, decompõe-se nas cores prismáticas, O Espiritismo, sendo Foco Luminoso de Amor, esparge-se em resplendores de virtudes.
E “O LIVRO DOS ESPIRITOS”, esse Evangelho do século que por ordem do Cristo nos foi enviado, emanando Sabedoria e Verdade, é o jorro de Luz Celígena (que nasceu no céu) que ilumina os cérebros obumbrados; é a Estrela dos Magos que conduzirá a Humanidade pela estrada espiritual por onde caminhamos - o CRISTIANISMO.
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