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quarta-feira, 21 de março de 2018

...E o Messias baixou à Terra



...E o Messias baixou à Terra
por Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Junho 1946

PARTE 1

Citação do Evangelho segundo João:

“Cap. I: 
1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 - Ele estava no princípio com Deus.
3 - Todas as coisas foram feitas por ele: e nada do que foi feito, foi feito sem ele.
4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens."

Ao contrário dos outros evangelistas, João teve um modo todo especial de relatar a vida do Cristo e os fatos com a mesma relacionados; tudo, em sua descrição, representa partes de um todo, cheio de sublimes revelações, denotando uma forma toda especial de interpretar a vida do Divino Mestre.

O início de seu Evangelho é magnífico, representando uma grandiosa Revelação, por si só; à luz dos ensinamentos espiríticos, a interpretação do primeiro capítulo do referido Evangelho representa verdadeiro deslumbramento espiritual.

Tentaremos demonstrar a nossa afirmativa com um comentário interpretativo simples, que, dada a nossa deficiência, deixará muito a desejar em relação à grandiosidade que o ensino evangélico representa.

Começando sua narrativa, João afirma que "no princípio era o Verbo, e que o Verbo estava com Deus". Que significará isso? a que se referirá esse "princípio"? Procurando penetrar o pensamento profundo e de ampla síntese do evangelista, só podemos chegar à seguinte conclusão lógica: no momento da formação do orbe, na ocasião em que se reuniam os fluidos e as forças que formariam o nosso planeta e condicionariam a vida dos seres no mesmo, nessa ocasião sublime, de um dinâmico trabalho, sobrepairava e dirigia tudo, a figura simbolizada como sendo o "Verbo". E o que, ou quem, seria esse "Verbo"? Era, simplesmente, um glorioso Espírito, nos píncaros do progresso espiritual, com poderes excepcionais, representando a Luz Divina, representando a sublime força espiritual que ficaria encarregada da salvação e orientação de uma comunidade inteira de Espíritos, pois o Verbo significa Luz e Ação Divina. E quem está simbolizado na figura do Verbo, encarregado de presidir à tarefa organizadora do nosso planeta? É a figura inimitável do Cristo, como será comprovado, a seguir, em outras palavras reveladoras do evangelista, e seguindo um critério lógico, sem sombra de dúvidas.

Mas, depois de afirmar que o Verbo estava com Deus, o evangelista logo a seguir esclarece que "o Verbo era Deus", como que obscurecendo o sentido. Desse simples trecho os interpretadores católicos quiseram servir-se - e se servem até hoje - para tentar firmar o edifício, de base falsa, do dogma da S.S. Trindade, querendo fazer crer que o mesmo significa a unidade de natureza, toda misteriosa, na diversidade das pessoas do Pai e do Filho, acrescentando, ainda, a terceira pessoa - o Espírito Santo. (Três pessoas diversas formando, misteriosamente, a unidade de natureza Divina). Porém, a interpretação lógica, concordante com o restante da obra evangélica, não é essa, sob pena de irmos, em outros pontos, a verdadeiros absurdos. Que significará então? simplesmente isto: que Jesus, estando presidindo à formação de um planeta e estando encarregado de velar por uma humanidade inteira, estava identificado com o Pensamento e a Vontade de Deus, que percebia diretamente, dado o seu altíssimo progresso; que Deus lhe dera poderes únicos- e lhe conferira um mandato especial que o identificava com o Plano Divino, de trabalho altamente espiritual, de modo que toda a obra do "Verbo" era como se executada diretamente por Deus. Jesus vinha a ser um "embaixador extraordinário", um ministro com plenos poderes, perfeitamente conhecedor de todas as ideias e planos daquele que lhe conferira o mandato e perfeitamente capacitado para executá-los. Daí não ser de estranhar o fato de que "estivesse com Deus" e "fosse Deus". Até pelo fato de o evangelista afirmar que Jesus estava com Deus já faz sua distinção de pessoas e naturezas. De fato, se Jesus fosse Deus, no sentido real das palavras, o narrador empregaria outra linguagem: para Jesus o termo Filho - para a outra pessoa divina o termo - Pai. Porém, ele já começa falando em Deus e Jesus (Verbo). E tanto é assim, e tão lógica é essa interpretação, que o versículo 2, automaticamente, a corrobora, pois, após afirmar, no versículo 1, que o Verbo estava com Deus e era Deus, vem dizer no seguinte "Ele estava no princípio com Deus", confirmando a distinção e como esclarecendo que não se tratava de união real de natureza, procurando com isso, dissipar quaisquer dúvidas que pudessem surgir do trecho anterior. (Este 2º versículo, porém, já não é comentado pelos sacerdotes, especialmente em confronto com o primeiro). (Parece que o evangelista já deixou aquela segunda passagem como uma luz para os obreiros de boa vontade, um farol para impedir as trevas da mistificação).

A seguir, João mostra, no versículo 3, que todo o plano da Criação - naturalmente se referindo ao nosso planeta -- foi presidido pelo Cristo e, no versículo 4, que ele era o farol que conduziria os homens, isto é, o Espírito puro e sublime encarregado de espalhar a verdade entre os homens e fazer frutificar entre eles o trabalho espiritual. E, tanto é lógico que a referência é ao nosso planeta, somente, que João afirma que o Verbo será a "luz dos homens". (Se fosse referência a outros planetas, que se supusesse habitados, deveria forçosamente empregar outra expressão que pudesse identificar os seus componentes). No versículo 9 ainda vemos esta expressão: "ele era a luz verdadeira que alumia a todo o homem que vem a este mundo", o que prova que era ao nosso planeta que se referia aquele "princípio", mencionado no versículo 1, e mostra mais que a Humanidade aqui encarnada estava inteiramente sob o lúcido amparo espiritual do "Verbo" (Cristo), indicado igualmente no versículo 1. Isso é mais uma prova, também, da distinção real entre - Jesus e Deus -, pois Deus criaria e alumiaria todos os planetas, e não somente o nosso, além de que tal fato seria desnecessário referir, dado a compreensão mínima que se possa fazer de Deus. Quanto a Jesus, como mandatário especial de Deus na organização deste planeta e na orientação e salvação da humanidade que o habitaria, sim: era necessária uma referência e uma distinção especial, tal como fez sabiamente o evangelista.

......................................................................
Continuação

...E o Messias baixou à Terra
por Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Julho 1947


Continuando em nosso comentário, muito embora todos os versículos apresentem diversos fatos interessantes, poderemos, para focar os assuntos mais palpitantes, saltear para os belos ensinamentos dos de nºs 14 e 15, que se casam tão bem com a doutrina espirítica, confirmando a lógica da interpretação que anteriormente fizemos: “E o Verbo se fez carne. E habitou entre nós; e nós vimos a sua GLÓRIA COMO DE FILHO UNlGÊNITO DO PAI, cheio de graça e de verdade.
(14) João dá testemunho dele, e clama; dizendo: Este era o de quem eu disse: O que há de vir depois de mim foi preferido a mim, porque era antes de mim.” (15) Por uma forma tão singela o narrador evangélico deixa entrever o que havia de grandioso na descida à Terra do glorioso Mestre, dando a entender que ele veio ao nosso planeta por uma circunstância extraordinária, tendo "habitado" entre os homens, o que revela a sua superioridade sobre estes (sob o ponto de vista do adianto espiritual, como veremos). E o trecho "o Verbo se fez carne" parece indicar que o Cristo, pela sua pureza, pelo seu adiantamento e pelos seus poderes, dirigiu a sua própria encarnação, tomando a forma humana, talvez, por um modo todo especial, dado o domínio que possuía sobre todas as forças cósmicas e espirituais. Aliás, os outros evangelistas relatam fatos excepcionais ligados ao ato do nascimento de Jesus, divergindo do comum dos homens. É um ponto delicado, porém, e que, no final, não afeta a sua doutrina nem modifica o que possamos compreender em relação à sua sublime pessoa (tal fato não altera a sua natureza espiritual, e pouco importa o modo como o Cristo formou e tomou o invólucro material: interessa é compreendermos a sua natureza espiritual, a sua posição e a sua missão, conhecermos e praticarmos sua doutrina e sua moral verdadeiramente excepcionais, pois não tinham mácula de materialidade nem de mesquinharias terrenas, e sim eram verdadeiros diamantes trabalhados por mão Divina). Agora, porém, nos defrontamos com outra expressão que aparenta dificuldades: "nós vimos a sua glória como de filho unigênito do Pai". Os católicos querem que tal expressão valha como outra escora para o dogma da Trindade, pretendendo afirmar: que Ele (Jesus) era o Filho unigênito por ser "pessoa divina", fazendo parte da natureza de Deus como uma de suas três pessoas e procedendo do Pai, por um modo especial e misterioso. (Ver p. ex., a propósito, os ensinos de Mons. Cauly, em sua Apologética "Cristã" (?); chegados a esse ponto nebuloso, dizem que é impossível explicar isso, por constituir um mistério indevassável, que devemos respeitar. Entretanto, bem outra se mostra a explicação lógica, coordenada com o ensino restante, nada tendo de indevassável: o termo "Filho unigênito" significa, tão somente, que, em relação ao comum dos homens que ele justamente viera guiar e salvar, o Cristo era o único que percebia diretamente o Pensamento Divino e que de Deus recebia ordens, poderes e mandatos diretos, sendo que os próprios profetas e missionários recebiam dele as parcelas de verdade necessárias para cada missão e revelação. E isto é tão verdadeiro que logo após é corroborado, com a comparação que João, o Evangelista, coloca na boca de João (o Batista): "o que há de vir depois de mim (Jesus - a respeito do qual o evangelista está circunscrevendo os fatos) foi preferido a mim, porque era antes de mim". O que, em outras palavras, pode ser dito desta forma: "Jesus, que desceu à Terra depois de minha encarnação, embora a minha missão importante, embora tenha vindo depois, embora o meu estado espiritual elevado, foi o escolhido para a grandiosa missão de redimir a Humanidade, porque antes de mim já era, isto é. antes de que eu completasse um determinado ciclo de elevação espiritual e de provas espirituais já atingira o estado espiritual superior que o dispensaria de novas provas planetárias e o colocara em excepcional posição de dirigente mandatário direto do Pai". E com isso, fazendo esse paralelo espiritual com o Cristo, afirma implicitamente outro ponto: que todos os Espíritos devem progredir continuamente e que o Batista já de muito vinha seguindo a carreira espiritual de Jesus; mas, perguntar-se-á: de que forma, se já ficou claro que o Messias era um Espírito elevadíssimo desde a criação do planeta, há milênios foi feita tal carreira espiritual? Como pode João Batista fazer tal comparação, que supõe que Jesus lhe houvesse, de há muito, ultrapassado na carreira espiritual? só será compreensível se aceitarmos o fato através do princípio do progresso contínuo segundo sucessivas encarnações, por numerosos orbes planetários. (Tal como ensina o Espiritismo moderno – 3ª Revelação, o Esoterismo tal como ensinaram antigos missionários e profetas, como Hermes e Pitágoras). E mais se evidencia que é nesse sentido que o evangelista orienta sua dissertação que, logo a seguir ele cita as palavras dos sacerdotes que interrogavam o Batista: "És tu Elias?" (vers. 21). Ora, sabemos que Elias é um dos antigos profetas judeus, e, na ocasião, há muito já deixara o plano terreno. Isso prova mais que o princípio das reencarnações era aceito com naturalidade, na época, e que os discípulos do Mestre não o repeliram. e, ainda pelo contrário, se basearam no mesmo em trechos e afirmativas de magna importância (e, se tal orientação fosse falsa, Jesus, que viera para prepará-los como obreiros da salvação da Humanidade, os teria esclarecido e impediria que eles propagassem ideia tão errônea). E, mais que tudo isso: este luminoso princípio das reencarnações e do progresso sucessivo, que nos abre tão consoladoras esperanças, foi confirmado pelo Mestre na célebre resposta a Nicodemos e na explicação que deu a seus discípulos sobre o "cego de nascença". (Ver os trechos próprios, dos Evangelhos - em todos os quatro evangelistas).

E assim. através dos Evangelhos, observando com cuidado, vamos encontrar numerosos trechos, que se ligam maravilhosamente, vindo confirmar a Doutrina Espirítica ou serem logicamente explicados por esta, enquanto, ao reverso, vem mostrar os absurdos das interpretações dogmáticas, baseadas abusivamente em trechos
isolados e desconexos, com o desvio dos trechos claros e positivos e sem ligação com estes.

Ainda resta mais uma conclusão a respeito do paralelo feito peta Batista: é que, se o mesmo não se referisse a duas carreiras espirituais idênticas em natureza, isto é. se o Batista fosse um simples Espírito criado e Jesus fosse verdadeiramente Deus (ou outra entidade especial), ele não ousaria fazer tal comparação, não falsearia a verdade: ainda mais que ele viera, justamente, para preparar a vinda do Mestre e servir-lhe de testemunho, como reiteradamente afirmou e o Messias confirmou, ao procurá-lo, quando devia iniciar, propriamente, sua grande missão na Terra (ver o trecho relativo ao "batismo de Jesus por João Batista).

Depois de chegarmos a este ponto, porém, em que vários princípios foram esclarecidos e positivados, com toda a clareza de argumentos, ainda pode restar objeção, como, p. ex.: a interpretação foi feita com base em poucas e obscuras palavras de um só dos evangelistas, e feita em concordância com modernas explicações espiritualistas, que podem não ser verdadeiras (supondo alguém que queira atacar de modo sistemático, por apego aos dogmas ou aos princípios materialistas). Podemos dizer que esses fatos que positivamos com um evangelista podem ser comprovados através dos Atos dos Apóstolos, que se reveste de precisão por ser feito logo no início da pregação evangélica; pelas epístolas dos Apóstolos, e, entre estes, escolhendo, especialmente, a figura de Paulo de Tarso, que, com profundeza, prestou largos esclarecimentos sobre a pessoa do Cristo, natureza dos anjos, etc. Vamos, assim, formar um segundo trecho, estudando, em especial, o cap. 1º da Epístola de Paulo
aos Hebreus.

(Fim da 1ª parte)


Continuação
...E o Messias baixou à Terra
Benildo Leal de Moraes
Reformador (FEB) Agosto 1946

(2ª Parte)

Citação da Epístola de Paulo Apóstolo aos Hebreus : Cap. 1 - (1) - Deus, tendo falado muitas vezes, e de muitos modos, noutro tempo, a nossos pais, pelos profetas. (2) Ultimamente, nestes dias, nos falou pelo Filho, ao qual constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também os séculos; (3) O qual, sendo o resplendor da glória, e a figura da sua substância, sustentando tudo com a palavra da sua virtude, havendo feito a purificação dos pecados, está assentado à direita da majestade nas alturas; (4) Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles" (8) Mas acerca do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsistirá no século do século; vara será de equidade e vara do teu reino (9) Tu amaste a justiça, e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria sobre os teus companheiros, (10) E noutro lugar: Tu, Senhor, no princípio fundaste a Terra, e os céus são obras das tuas mãos... (13) Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos por estrado de teus pés "... Capítulo TI - (7) Tu o fizeste por um pouco de tempo menor do que os anjos, tu o coroaste de glória e de honra, e o constituíste sobre as obras das tuas mãos, (8) Tu lhe sujeitaste todas as coisas, metendo-lhas debaixo dos pés.

Os ensinamentos de Paulo, especialmente os da Epístola aos Hebreus, são, como os de João Evangelista, extraordinários e adiantadíssimos. Mas, entremos logo a comentar esses poucos versículos acima citados, mais positivos e que nos dão, desde logo, maiores esclarecimentos e argumentos, bem como provas irretorquíveis.

Inicialmente, o Apóstolo compara os profetas e Jesus (Filho), como enviados de Deus, por intermédio dos quais Ele falará; isso prova, de imediato, sem qualquer dúvida, que esses enviados eram Espíritos puros e elevados, revestidos de um dom especial para receberem e transmitirem a palavra divina: era o que a nossa Doutrina, hoje, poderia chamar - poderosos médiuns. Por aí já se nota a identidade de natureza espiritual, entre Jesus e os seus predecessores - os chamados "profetas". O Apóstolo, porém, vem explicar que esse enviado era revestido, ainda, de honras especiais: ele fizera "os séculos" e "era herdeiro de tudo", isto é, dirigira a criação da Terra, a vinda de vários grupos de Espíritos para o nosso planeta - a fim de povoá-lo e desenvolvê-lo - e estava incumbido de acompanhar-lhe o progresso. É a única interpretação lógica do trecho, concordando com a que fizemos do Cap. 1º do Evangelho de João e confirmando a mesma. Ambas se completam c comprovam. E, se não fora assim, por que Jesus fora "constituído" herdeiro de tudo? Isto é, por que deveria receber a glória de todo o trabalho de criação da Terra, de sua evolução, e do progresso da Humanidade respectiva? 

Nos versículos 3 e 4 o Apóstolo esclarece que o Filho "herdara" poderes e honras maiores que as dos anjos e que se tornara de qualidades superiores às dessas entidades, colocando-se "à direita de Deus". Isso comprova que Jesus (o Filho) não era Deus (como querem os católicos, através do citado dogma), pois, se assim fosse, teria todas as coisas "de toda a eternidade", e não iria recebê-las do Pai em dado momento nem seria colocado "ao lado direito da Majestade". (Se fosse uma pessoa da Trindade estaria nela integrado, e não "ao lado" de uma das outras pessoas divinas!) Além disso, se assim fosse, o Cristo não necessitaria fazer a "purificação dos pecados" nem seria o "resplendor da glória" e a figura da "substância divina"; seria a própria Glória Divina e a própria Substância Suprema! (e, poderíamos novamente dizer, se assim fosse, porque o Apóstolo não referiu a 3ª pessoa Divina? Por que não aproveitou para explicar onde ela se encontrava?) A palavra desses versículos mostra, ainda mais, que, como as demais criaturas de Deus, Jesus fizera também sua carreira espiritual, em razão da qual atingira categoria superior à dos anjos, e isso antes de haver o nosso planeta, cuja organização veio dirigir, como já vimos! Novamente verificamos a necessidade de aceitar a doutrina da pluralidade de mundos habitados. pois "há muitas moradas na casa do Pai", e a das reencarnações sucessivas para realização do progresso espiritual, pois "não poderá entrar no reino de Deus quem não nascer de novo"; só essa doutrina permitirá compreensão lógica desse trecho, assim como, atualmente, é só ela que permite compreendermos, de modo razoável, o "porquê da vida", o problema "do ser e do destino".

Por tudo isso, pois, é que os versículos 9 e 10 dão a entender, taxativamente, que Jesus, entre outros espíritos de alto progresso ("teus companheiros"), foi o escolhido por Deus para a importante obra de organização do planeta Terra ("no princípio fundaste a Terra") e da orientação e salvação de sua Humanidade. Devido a tal fato é que ele é referido com o título honroso de Filho, Filho de Deus, Filho Unigênito do Pai, isto é, em relação aos homens era o espírito enviado por Deus, de quem recebia a Vontade direta (pois estava "à sua direita") e, em relação a outros espíritos de grande progresso, era o escolhido, recebendo o Pensamento Divino e poderes especiais. Era, enfim, Filho Unigênito porque, em relação ao planeta que dirigia, era o único que recebia poder direto de Deus e não estava sujeito a novas encarnações, dada sua excepcional situação!

Os versículos 7 e 8 do cap. II vêm corroborar as conclusões que fizemos, afirmando que Jesus, por certo tempo, fora "menor do que os anjos", mas que, após, recebera poderes excepcionais, por mérito especial e escolha entre "os companheiros". Muitos outros trechos poderíamos citar, sempre com a mesma lógica e verdade; a concordância seria admirável; mas isso seria extenso e fastidioso (Ver, p. ex., os vers. 1 a 6 do Capítulo III; 14 a 16 do Cap. IV, 5 a 10 do Cap. V, 19 e 20 do Cap. VI, 22 a 28 do vers. 1 e 2 do VIII; fora outras epístolas desse e de outros apóstolos e os Atos dos Apóstolos!). Ficamos aqui, pois.

Temos mais uma vez confirmada a doutrina do progresso espiritual contínuo, a de identidade de natureza espiritual entre Jesus, os anjos, e os homens, como criaturas de um mesmo Deus, em diferentes estados de progresso espiritual; e temos, além de tudo, provada, mais uma vez, insofismavelmente, a falsidade absurda e estupefaciente do dogma católico da Trindade, que, há mais de 16 séculos, procura abroquelar consciências e deturpar os Evangelhos!



domingo, 6 de outubro de 2013

XIXa et XIXb. 'Apreciando a Paulo'

XIX a
‘Apreciando a Paulo’
      comentários em torno
    das Epístolas de S. Paulo
   por Ernani Cabral

Tipografia Kardec - 1958


“Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que
a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?”
Epístola aos Romanos, 7:1.

            Vivemos no mundo material sob o império das leis humanas, que coordenam e tutelam nossas atividades; mas, como também temos espírito, sabemos que a lei divina “tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive”, conforme a palavra verdadeira de Paulo de Tarso.

            As leis humanas são de vigência temporária e, portanto, sujeitas a alterações, de acordo com as necessidades do meio ambiente, em consequência das novas relações jurídicas que surgem entre os indivíduos, e até entre os Estados, em face da complexidade sempre crescente dos fenômenos jurídico-sociais. Mas a lei divina é eterna e completa, perfeita em seu conjunto, tendo força coercitiva estável sobre todas as criaturas do Universo, e ninguém dela se poderá esquivar! Todavia, apresenta-se com aspectos diferentes, conforme o carma, ou seja, consoante o grau de merecimento, de entendimento e de conduta de cada um.

            “A quem muito se deu, muito se pedirá.” Quanto mais elucidado for o indivíduo, mais responsável pelos seus atos perante a justiça divina.

            É por isto que nós, espíritas, não podemos invocar certas atenuantes para nossos erros porque fomos mais esclarecidos. Destarte, nossa responsabilidade é maior perante Deus, e nosso exemplo deve ser o mais puro possível.

            Por consequência, não podemos demonstrar intolerância para com nossos irmãos de outras crenças, pois sabemos que cada um gravita no círculo mental ou religioso que lhe é característico, e que terá da ser superado, quando for exaurido.

            Até o materialista, que esgota uma fase pessoal de entendimento, é aluno de certa classe na grande universidade da vida.

            Assim, os espíritas não devemos externar incompreensão e nem rudeza para com nosso irmão, pelo simples fato de ele ainda não poder ou querer subir para a planura iluminada onde pontifica o Consolador.

            Com efeito, o Espiritismo restaura na Terra o Cristianismo puro; interpreta as palavras do Divino Mestre “em espírito e verdade” e nos ensina a sermos retos no proceder, pacientes e tolerantes, cheios de bondade e de misericórdia, perdoando sempre, para sermos felizes.

            Mas como é difícil a ascese ou o caminho evolutivo, a luta contra nossas próprias imperfeições! É o egoísmo que sempre devemos combater, através de suas inúmeras expressões inferiores: o orgulho, a vaidade, a impureza nas palavras ou nos julgamentos, o ódio, a vingança, a intolerância - e que se manifesta pelo desrespeito à liberdade de sentir ou de não querer sentir de nosso semelhante -, a ambição, o sensualismo, enfim, as diversas manifestações das trevas, que escurecem nossa trajetória de luz.

            A lei se concretiza em poucas palavras, que por sua vez sintetizam a justiça divina, conforme foi enunciado em Mateus, 16 :27, repetindo as lições do Velho Testamento (I Sam., 2:3): “a cada um será dado segundo as suas obras”, mesmo porque, até a própria fé, sem obras, é morta (Tiago, 2:17 e 20)

            Representamos hoje a consequência lógica de nosso passado e faremos a colheita do que agora plantamos. Nosso “hoje” é o produto natural do “ontem” e o adubo do “amanhã”.

            Se uma pessoa anda fora da lei de Deus, fazendo o mal, sendo ingrata ou perversa para com sua família, por exemplo, mais cedo ou mais tarde colherá o resultado daquilo que faz ou de como procede, porque, como- diz a sabedoria popular, “quando a justiça divina tarda, vem em caminho”...

            Devemos procurar viver honestamente. Nós, homens, sobretudo, somos atacados pelo mal da sensualidade, que materializa e rebaixa os sentimentos. É mister nos esforçarmos para ver na mulher, não a fêmea, mas a criatura do Senhor, que merece ocupar um lugar honesto na Criação, dentro de seu processo evolutivo, sempre entremeado de dores. Aprendamos a olhá-la como se fosse nossa irmã ou nossa mãe. Respeitemos e dignifiquemos a mulher, pois Jesus teve piedade até da prostituta, tirando Maria Madalena do charco para colocá-la, pela reabilitação moral, na convivência de seus apóstolos. E ela demonstrou ao mundo quanto pode o poder renovador da fé, pois foi seguidora do Nazareno até o fim, purificando-se pela regeneração, pela conduta cristã e pelo amor divino!

            Nós, homens, geralmente temos o senso moral intoxicado pelos anseios de gozos inferiores. O sexo é função nobre e sagrada, quando posta a serviço da produção da espécie, dentro do matrimônio. Fora daí é círculo escuro de materialidade, que entrava a evolução do Espírito. Precisamos aprender a domar tais instintos, não os colocando jamais a serviço de conquistas inferiores, nem de ligações injustificáveis. Há muito mais nobreza em quem resiste às tentações, do que naquele que cede a um sentimento pecaminoso que nem merece o nome de amor.

            Amor é pureza, é abnegação e sacrifício. Manifesta-se às vezes, primitivamente, pela atração sexual. Mas é preciso que se revista de mais nobreza com o correr dos anos. Tem escalas de elevação, é verdade, mas não se aprofunda no charco da animalidade... Deve procurar elevar-se, espiritualizando-se.

            E que cada um seja fiel à sua mulher, carne de sua carne, como disse Jesus (Mateus, 19:5), o que nos faz repetir as palavras do profeta Malaquias “... e ninguém seja desleal com a mulher da sua mocidade”. (Malaquias, 2:15, in fine.)

            Jesus somente admitiu o divórcio em caso de adultério (Mateus, 5:32), e fora daí “o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mateus, 19:6), pois não temos direito de demonstrar dureza de coração, sejam quais forem as circunstâncias da vida. Portanto, que cada cristão ou cristã suporte a cruz que Deus lhe deu para provação ou expiação de seu passado delituoso.

            Sim, meus irmãos, nos vínculos matrimoniais há sempre uma razão, um motivo determinante, que se prende à lei ou à justiça divina. Não é sem razão que duas pessoas se unem na Terra, pouco importando os motivos aparentes que determinaram o casamento. Se outrora escravizamos, se fomos tiranos domésticos em outra encarnação, se não nesta mesma, é preciso que a lei se cumpra e que nosso carma seja exaurido, pois temos de pagar “até o último ceitil” (Mateus, 5:26). Se nos revoltarmos, se atirarmos a carga ao longo da estrada, pior para nós. Deixaremos de evoluir espiritualmente e teremos de repetir a lição, em encarnações vindouras, tantas vezes quantas se tornarem necessárias, até aprendermos a ser humildes e misericordiosos. Não adianta criticarmos a lei divina, nem nos rebelarmos contra seus desígnios, porque ela é justa e também não dá a cruz superior às nossas forças. Sejamos mais sinceros para com Jesus, perdoemos sempre, pois quem perdoa será algum dia perdoado, como ele disse no Pai Nosso, a prece sábia que nos ensinou.

            A lei de Deus só se manifesta com justiça, embora seu rigor, às vezes necessário, seja abrandado pela sua misericórdia. Somos devedores insolváveis, consoante afirma o Velho Testamento. Se o Senhor nos cobrasse todos os débitos, jamais nos libertaríamos do jugo do pecado. Mas os principais, pelo menos, Ele exige, até adquirirmos as virtudes cristãs, indispensáveis à nossa evolução, à nossa felicidade futura, que será eterna.


XIX b
‘Apreciando a Paulo’
      comentários em torno
    das Epístolas de S. Paulo
   por Ernani Cabral

Tipografia Kardec - 1958

            Então, quando atingirmos o estado de pureza no mundo espiritual - daqui a séculos talvez -, veremos e compreenderemos melhor quanto Deus foi e é bom, permitindo certos sofrimentos para nosso Espírito, indispensáveis à trajetória de luz para o Infinito, que havemos de trilhar.

            Este mundo é sempre perfeito, mesmo através de suas imperfeições aparentes, pois os desígnios de Deus são insondáveis e não nos devemos esquecer que vivemos, como ensina Allan Kardec, em um “planeta de provas e de expiações”. Muita gente, erroneamente, quer exigir que a Terra se transforme, desde já, em um Céu, e, como isto não é possível, cai no desespero e vive a queixar-se, quando se trata apenas de sua própria incompreensão quanto à verdade, por falta também de resignação.

            Cada Espírito encarna no ambiente a que faz jus ou se liga à família que lhe é apropriada, e as leis de sua hereditariedade, que são materiais, correspondem exatamente ao seu mérito ou às suas necessidades evolutivas, porque a lei divina é perfeita, e a ela estaremos sujeitos, como diz Paulo, por todo o tempo de nossa existência, que é eterna. Não é escravidão, pois o jugo do Senhor é leve e suave, visando nossa felicidade. Se nascemos dentro da lei e a ela estamos circunscritos, dela não devemos querer fugir pela rebeldia ou pela incompreensão deliberada, porque será pior. Deus é bom e quer nossa salvação. Vibremos em sintonia com sua lei, que é de amor, certos de que “só o amor constrói para a eternidade”.

            Se alguém nasce na pobreza, por exemplo, tem o direito de se esforçar para melhorar suas condições pecuniárias, mas não se deve revoltar com essa pobreza, pois tudo corresponde ao planejamento divino, que é perfeito. Não há arbitrariedade nem injustiça com os homens, pois tudo tem sua razão de ser, tudo é articulado e previsto pela lei de Deus. Mesmo quanto aos governos, certo filósofo sentiu a verdade, quando afirmou: “cada povo tem o governo que merece”. Mas isso não quer dizer que o homem ou a Humanidade se quede indiferente a tudo, porque o progresso individual e coletivo tem de ser alcançado pelo esforço ou pelo trabalho próprio. Mas, se temos liberdade de ação, essa liberdade se circunscreve ao plano do determinismo divino, à vontade de Deus. O esforço deve ser nosso, porém, o coroamento da obra a Ele pertence, porque conhece melhor o coração de seus filhos.

             Até a percepção ou o entendimento tem um limite, e varia de criatura a criatura, conforme seu grau de evolução. Todos temos nossa “zona lúcida”, a expressão máxima da consciência individual, além de cujo ponto não podemos avançar, nem perceber. Somente as encarnações sucessivas vão ampliando nosso campo de experiências e aumentando nossa inteligência, sendo certo que em uma encarnação, por exemplo, poderemos evoluir mais do que em duas outras anteriores, se nos esforçarmos no sentido de compreender a ciência e a moral, sendo úteis a nossos irmãos. Evolveremos à medida que vamos perdendo o egoísmo e tornando-nos iluminados pela ciência e pelo amor, que é individual, mas também universal: “Ama a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo; nisto se resumem as leis e os profetas.” Mateus, 22:37 a 40; Marcos, 12:30 a 32)

            Há na Terra Espíritos de diversas idades, porque o Pai cria incessantemente, e sua obra é eterna e infinita. E, por isto mesmo, não devemos ser intolerantes para com nossos irmãos que gravitam ainda em círculos mentais atrasados, de religiões singelas e primitivas, nas quais ainda se adora a Deus através de dogmas ou de rituais, assim como os que têm um verdadeiro tabu ou um apego exagerado à letra das Escrituras, olvidando ainda as palavras de Paulo de que “a letra mata e o espírito vivifica”. É mister “tirar da letra que mata o espírito que vivifica”, compreendendo que as palavras de Jesus são “espírito e vida”, e que devem ser traduzidas sempre num sentido de tolerância, de perdão e de caridade.

            E, fácil concluir do que afirmamos, de acordo com os ensinos dos Espíritos superiores, que a verdade absoluta não está na Terra. A parte que dela possuímos, vive fragmentada em todas as religiões, com maior ou menor intensidade, perceptível consoante o entendimento ou conforme o grau de amor do crente para com seu semelhante, porque Deus é a verdade e Deus é amor. Logo, a verdade suprema é o amor.

            Mas a religião que contém em si uma fração maior da verdade, porque ensina a perfeita maneira de amar a Deus e o próximo, é o Espiritismo, a Terceira Revelação, o Consolador prometido aos homens por Jesus (João, 16:12 a 14 e 14:26).

            O Espiritismo é a religião que nos ensina a compreender mais exatamente o mecanismo da lei divina: lei que é justa e misericordiosa, cheia de bondade, malgrado as asperezas da vida, a jornada de nosso calvário; lei que tem domínio sobre o homem, como diz o apóstolo Paulo, mas cujo jugo, quando o Espírito a ela se torna submisso, é leve e suave; lei plena de piedade para com todas as criaturas, pois o que erra pode repetir a lição, de vez que não será condenado, irremediavelmente, ao inferno; lei que deseja com muito amor “que ninguém se perca, mas que todos se salvem e tenham a vida eterna”.

            Sim, meus irmãos, é esta a lei de Deus, que o Espiritismo veio demonstrar à Humanidade. E algum dia, através de vidas sucessivas, todos se convencerão de que “só o amor constrói para a eternidade”. Então, haverá “um só rebanho e um só pastor”, conforme disse o Senhor Jesus, em João, 10:6.

            “Os tempos estão chegados”, como anunciam os Espíritos que se comunicam com os homens de boa vontade. Cumprem-se as profecias de Joel prenunciadoras de melhores dias:
E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões.” (Joel, 2:28)

            É o fim deste ciclo evolutivo da Terra, que ora se manifesta, às portas do terceiro milênio.

            Mas a lei de Deus continuará a ter domínio sobre os homens, conforme a palavra autorizada de Paulo, nesta imortal Epístola aos Romanos.


            A lei divina é da evolução eterna no amor, dando a cada um segundo as suas obras. Deus é amor (I João, 4:8). E nós estaremos sempre jungidos a essa lei de amor evoluindo sempre, dentro desse amor! 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Trecho de 'As Marcas do Cristo'


 Trecho de
 ‘As Marcas do Cristo’  
por Hermínio C Miranda

in ‘As Marcas do Cristo’ (FEB) Vol 1 - 1ª Ed 1979

             


            --“Efetivamente --- diz Paulo aos Coríntios (I Cor., 9:22 e seg) – sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o mais que pudesse.

            Com os judeus fiz-me judeu para ganhar os judeus; com os que estão sob a lei, como quem está sob a lei – ainda que sem o estar --, para ganhar os que estão sob ela.
            Com os que estão sem lei, como quem está sem lei, para ganhar os que estão sem lei, não estando eu sem a lei de Deus, senão sob a lei do Cristo.
            Fiz-me fraco com os fracos para ganhar os fracos.
            Fiz-me tudo com todos para salvar, a todo custo, alguns.
            E tudo isto faço pelo Evangelho para ser partícipe dele.”



sábado, 25 de junho de 2011

01 Aron pergunta...



Em 'Paulo de Tarso' de Hubert Rohden (Ed Martin Claret) encontramos diversas citações originalmente recebidas através do livro 'Atos dos Apóstolos' como, por exemplo:

''Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade nada obscura da Cilícia' (At. 21,39)

'Eu sou cidadão romano de nascimento' (At.22,28). 

As citaçoes não são conflituosas pois que os nascidos em Tarso foram guindados à condição de cidadãos romanos por decisão de Pompeu (ou teria sido Cícero?) uns 70 anos a.C..

O que me intriga é como poderia Paulo comprovar essa condição?
 Evidenciava-se por um anel, um pedaço de pergaminho, um colar?
 Não encontro a resposta...
Em tempos em que a palavra valia muito pouco, 
como e por que deveriam as pessoas acreditar na afirmação de Paulo?

Deixo a pergunta no ar na expectativa de que um estudioso de História esclareça-me.

Fraternalmente,

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Palavra de Paulo no 'Evangelho segundo o Espiritismo'


Por 2 vezes Paulo comparece com sua palavra no ESE. 
Vale a pena reler:

O Evangelho Segundo o Espiritismo      Cap.  X / 15

            Perdoar aos inimigos, é pedir perdão para si mesmo: perdoar aos amigos, é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se tornou melhor. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve, como quereis que Deus esqueça que, cada dia, tendes maior necessidade de indulgência? Oh! ai daquele que diz: “Eu não perdoarei jamais”, porque pronuncia sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo em vós mesmos, não haveis sido o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por um golpe de espinho e acaba por uma ruptura, não haveis iniciado o primeiro golpe? se uma palavra ofensiva se não vos escapou? se haveis usado de toda moderação necessária? Sem dúvida, vosso adversário errou em mostrar muito suscetível, mas é para vós uma razão para serdes indulgentes e de não merecer a censura que vós lhe endereçais. Admitamos que fostes realmente o ofendido numa ciscunstância, quem diz que não haveis envenenado a coisa por represálias, e que não haveis feito degenerar em querela séria aquilo que teria podido facilmente cair no esquecimento? Se dependia de vós impedir-lhe as conseqüências, e se não tendes absolutamente nenhuma censura a vos fazer, e com isso, não tereis senão maior mérito em vos mostrar clementes.
            Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem de seus adversários: “Eu lhe perdôo”, enquanto que, interiormente, experimentam um secreto prazer do mal que lhe acontece, dizendo para si mesmas que não tem senão o que merece. Quantos dizem: “Eu perdôo” e que acrescentam: “mas não me reconciliarei nunca; não quero vê-lo pelo resto da vida.” Está aí o perdão segundo o Evangelho? Não; o verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado; é o único que vos será contado, porque Deus não se contenta com a aparência: ele sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos; não se lhe engana com palavras e vãos simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de rebaixamento e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece nos atos bem mais que nas palavras.
                                   (Paulo, apóstolo, Lião, 1861)

O Evangelho Segundo o Espiritismo      Cap XV / 10

            Fora da Caridade Não Há Salvação
            Meus filhos, na máxima: Fora da Caridade não há salvação, estão contidos os destinos dos homens na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque aqueles que a tiverem praticado, encontrarão graça diante do Senhor. Esta divisa é a luz celeste, a coluna luminosa que guia o homem no deserto da vida para conduzí-lo à Terra Prometida, e brilha no céu como uma auréola santa na fronte dos eleitos, e na Terra está gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, vós os benditos de meu Pai. Vós os reconhecereis pelo perfume de caridade que espargem ao seu redor. Nada exprime melhor o pensamento de Jesus, nada resume melhor os deveres do homem, do que esta máxima de ordem divina; o Espiritismo não podia provar melhor sua origem do que dando-a por regra, porque ela é o reflexo do mais puro Cristianismo; com um tal guia o homem não se perderá jamais. Aplicai-vos, pois, meus amigos, em compreender-lhe o sentido profundo e as conseqüências, e em procurar, por vós mesmos, todas as suas aplicações. Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade, e vossa consciência vos responderá; não somente ela vos evitará de fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem; porque não basta uma virtude negativa, é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal basta, freqüentemente, a inércia e a negligência.
            Meus amigos, agradecei a Deus que vos permitiu pudésseis gozar da luz do Espiritismo; não porque só aqueles que a possuem podem ser salvos, mas porque vos ajudando a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos; fazei, pois, que em vos vendo, se possa dizer que só o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, porque todos aqueles que praticam a caridade são os discípulos de Jesus, qualquer seja o culto a que pertençam.
 ( Paulo, apóstolo, Paris, 1860 )
           

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Paulo e Pedro



Paulo e Pedro


Ditado recebido na FEB,
 em 29 de Junho de 1921, Dia de São Pedro
        publicado no Reformador datado de 16 de Junho de 1921.

            “Meus filhos, paz. Seja o trabalho de hoje farto em intenção do apóstolo da fé. Ele, o espírito legião, sobre o qual assentava a herança do divino Mestre. Vós que lutam, no mínimo pela implantação de uma semente mesquinha na seara imensa, provando, ainda assim, mil e uma hostilidades, podeis, graças a Deus, entrever a grandeza e robustez moral daquele que, sob a estamenha grosseria de rústico pescador, guardava uma têmpera capaz de concentrar todas as necessidades da verdade nascente para o mundo. E que mundo, meus amigos! Também, por isso, ele selou com o martírio o ciclo da sua trajetória e hoje fulgura na direção espiritual da Cristandade como símbolo da Fé. Eu o saúdo, mais do que nunca e mais que nunca compreendo que a minha palavra não justificará sem os testemunhos de sua fé. Porque, se não arrebata, só a outra edifica.

            Pelo mesmo Jesus, por quem lidamos, em homenagem ao grande Apóstolo, eu vos concito a meditardes na sua firmeza inabalável ao serviço do Mestre e Senhor. Paz, e que a Virgem vos abençoe. 
                                                                        Paulo


quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Palavra de Paulo

?

A Palavra de Paulo,
 Apóstolo dos Gentios
            Reformador, 1º de Março de 1921
                               Mensagem recebida em 3.2.1921
           
            “Meus filhos, paz em nome do meu Senhor.

         “Muitas outras obras operareis em Meu nome”, disse o divino Mestre a seus discípulos e disse também: “o que faço em nome de meu Pai é para que o façais em Meu nome”. E assim foi que vimos seus discípulos levantar paralíticos, dar vista a cegos e curar enfermos de toda ordem. Pedro testemunhou ao Mestre a sua fé, exercitando-se na prática da caridade, pregando o Evangelho. Jamais se atemorizou das ameaças e da ação dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas de sua época; antes, dava graças ao Senhor por ter experimentado o seu servo, fazendo-o sofrer por causa do seu nome. Continuava sempre a pratica o bem, ferindo com a palavra os interesses dos fariseus, embora as ameaças viessem e os castigos o martirizassem. Negara o seu Mestre pelo muito amor que lhe consagrava, mas tinha o propósito de não negar nunca mais.   Nada o atemorizava, quando pregava a palavra do Cristo e aliviava os aflitos. Não o amedrontavam os homens. Desde que ali estava para servir ao seu Senhor, havia de permanecer sempre nele.

             Lembrava-se de que o Mestre lhe dissera que, quando mesmo todos emudecessem para pregar a sua doutrina, as próprias pedras falariam. Ele pregava apoiado na sua fé robusta e no amor ao seu Jesus. Sucedesse o que sucedesse, estaria sempre a batalhar pela causa santa, que é a vida eterna.

            Também vós, filhinhos, sede perseverantes, segui sempre adiante, cheios de fé, humildes e resignados, sem revolta, mas sem vacilações nem temores. A justiça dos homens é dos homens e convém obedecer-lhes às leis no que concerne à parte material, mas a justiça perfeita é de todos os tempos, porque é de Deus, e vale mais servir a Deus do que aos homens.

            Persevere com humildade, praticando sempre obras de N.S. Jesus Cristo. Tende fé, crede e Nele permanecerei, com Nele permaneci desde que lhe aprouve fazer-me tombar na estrada de Damasco, a fim de que O servisse. E eu O servi tanto quanto as minhas forças o permitiram e O sirvo com toda vontade e desejo de minha alma.

            Que Ele vos ilumine e ampare são os votos do vosso irmão, 

                                                                       Paulo, o apóstolo.” 

Paulo e Saulo

?


Saulo de Tarso ou Paulo, da tribo de Benjamim, tinha de seu pai a cidadania romana. 
História da Igreja Cristãpor Williston Walker, Co-Ed. JUERP-ASTE.
           

Por decreto de  Pompeu confirmado por Júlio César todo cidadão de Tarso 
- nascido livre - teria o privilégio da cidadania romana. 
         “Saulo, o predestinado!” por João Duarte de Castro Reformador (FEB) Fevereiro 1991[1])

Saulo e Paulo

por Pedro de Camargo, o Vinícius
Reformador (FEB)   pg. 381 Ano 1932
               
           Saulo, ardendo em zelos, perseguia desapiedadamente os primeiros prosélitos do Cristianismo nascente.
            Dirigindo-se, certa vez, à Damasco, respirando ameaças por todos os poros contra os discípulos do Senhor, teve uma visão, quando se aproximava daquela cidade. Subitamente, brilhou-lhe ao derredor uma luz intensa que, descendo do alto, o envolveu completamente, e ele ouviu uma voz dizer-lhe em tom claro e distinto: “-Saulo, Saulo, por que Me persegues?”
            Aturdido com o insólito fenômeno, Saulo retrucou:
-Quem és Tu que assim me falas?”  “-Eu sou Jesus a quem persegues!”, responde a voz do céu; “mas, levanta-te e entra na cidade, lá saberás o que deve fazer.”
            Ergueu-se Saulo e, abrindo os olhos nada viu; guiado pelas mãos dos outros, entrou em Damasco.
            Esse acontecimento transformou Saulo, o inimigo fidagal do Cristo e de sua doutrina, em Paulo, o grande pioneiro, o arauto incomparável do Cristianismo de Jesus.
            Mas por que será que o Senhor se manifestou ao adversário declarado de sua igreja, provocando de tal maneira a sua conversão?
            A razão é simples: Saulo repudiava Jesus, porque não O conhecia; e Jesus o buscava porque sabia muito bem quem era ele.
            A Verdade sabe que aqueles que a combatem o fazem por ignorância do que ela realmente é. E Jesus é a Verdade.
            Quando os Saulos chegam a perceber e sentir o resplendor da Verdade, convertem-se logo em Paulos. Demais, Saulo estava mais próximo da Verdade, combatendo-a com lealdade, de viseira erguida, do que entre os que a defendiam dissimulando interesses rasteiros e subalternos.
            A Verdade não se deixa enganar: conhece perfeitamente os que dela se tornam dignos. Não julga pelas aparências: sonda o íntimo, penetra o âmago dos corações, revelando-se aos que de fato a buscam e querem.
            O traço indelével do caráter de Saulo era a sinceridade. É precisamente esse o caminho que conduz à Verdade. Combatendo embora o Cristo, Saulo ia, sem perceber, ao seu encontro porque Jesus mesmo é a Verdade. 


[1] Esta informação aparece também à página 39 da 3ª Edição FEB do livro “As Marcas do Cristo” Volume I  - onde o autor - Hermínio C. Miranda - registra que Ernani Cabral a colheu em “Scholem Asch”.