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terça-feira, 16 de novembro de 2021

O Clarividente e a Polícia Holandesa

 

O Clarividente e a Polícia Holandesa

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Maio 1964

             Podem ficar surpreendidos aqueles que desconhecem que, muitas vezes, o “impossível” é possível. Nós, que estamos familiarizados com o Espiritismo e tudo quanto lhe é afim, através de leituras e até de observações, já não nos impressionamos com os fatos inabituais, levando em conta que há ainda muitas leis naturais que o mundo ainda desconhece.

            Há na Rússia soviética, mais precisamente, na Universidade de Leningrado, um Laboratório de Investigações dos fenômenos telepáticos, que esteve (não sabemos se ainda está) sob a direção do prof. L. L. Vasiliev, então presidente do Dep. de Fisiologia.

            Semelhante fato, revela que, mesmo num país de profundas e rígidas convicções materialísticas, o Espírito começa a abrir caminho...

            Em Amsterdã, Holanda, um detetive, diferente dos outros, facilitou os trabalhos da Polícia, que se achava perplexa e sem saber como agir diante de misterioso crime.

            O caso se passou assim, segundo lemos no “Diário de Notícias”, do Rio, de 4 de Janeiro do ano corrente que, data vênia, reproduzimos em parte:

             “Na madrugada de 5 de dezembro de 1948, uma mocinha de 21 anos foi atacada quando caminhava sozinha por uma estrada, nas proximidades de Wierden, na Holanda Oriental. O agressor desferiu-lhe pesado golpe com um martelo na cabeça.

            “O inspetor de polícia que atendeu à ocorrência chamou imediatamente, a seu gabinete, um dos mais estranhos detetives que já participaram de investigações policiais, Gerard Croiset, de 54 anos, ex-empregado de uma mercearia em Utrecht, hoje considerado grande vidente na Holanda.

            “Sob os olhares céticos dos policiais presente, o estranho detetive tomou nas mãos o martelo, único elemento capaz de fornecer uma pista sobre o crime, e concentrou-se durante alguns momentos. Em seguida, disse:

            “O homem que estão procurando é alto e moreno. Tem cerca de 30 anos e sua orelha esquerda é deformada. Mas este martelo não lhe pertence. Seu dono é um homem de meia-idade, que o criminoso visita com frequência em uma casinha branca perto daqui. Faz parte de um grupo de três casas idênticas.  

            “Durante meses a Polícia procurou o criminoso. Certo dia, um homem foi detido para interrogatório, sob suspeita de outro crime. Era alto, moreno, e tinha 29 anos de idade. Uma deformidade em sua orelha levou os policiais a interroga-lo sobre a agressão a martelada.

            “Finalmente, o preso confessou-se autor do ataque e contou que tomara o martelo de um amigo. A polícia investigou e descobriu que o martelo pertencia a um homem de 55 anos, residente em uma casinha branca, ladeada por duas outras casas idênticas.

             Como se vê, trata-se de um caso de Psicometria ou “pragmancia”, como querem outros. É uma das modalidades da clarividência. Na Psicometria, ensina Ernesto Bozzano, “parece evidente que os objetos apresentados ao sensitivo constituem verdadeiros intermediários adequados, que, à falta de condições experimentais adequados, que, à falta de condições experimentais favoráveis, servem para estabelecer a relação entre a pessoa e o meio distante, mercê de uma “influência” real, impregnada no objeto pelo seu possuidor. Essa “influência, de conformidade com a hipótese psicométrica, consistiria em tal ou qual propriedade da matéria inanimada para receber e reter, potencialmente, toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais, assim como tem a propriedade de receber e conservar em latência as vibrações do pensamento” (1), refere a experiência feita com uma pena de pombo-correio.

                (1) Ernesto Bozzano – “Enigmas da Psicometria”. Ed. FEB 1949, FEB, págs. 5 e 7.

             A sensitiva, Srta. Edith Hawthorne, mostrou “que o objeto psicometrado colocou-a em relação com a mentalidade animal”. (2)

                (2) Idem, idem, págs. 25 e 26.

                 Ela descreveu, com preciso, “o interior do pombal, onde existia um punhado de ervilhas e uma tigela com água”.

            Aqueles que ainda não conhecem esse livro de Bozzano, excelente como todos os que saíram das mãos desse notável estudioso dos problemas psíquicos, devem lê-lo e estuda-lo. Aprende-se muita coisa. Espiritismo não é apenas frequentar sessões e tomar passes. Demanda estudo, vontade de aprender, ânsia de adquirir novos conhecimentos. Novo mundo se abre diante dos nossos olhos, para a evolução do nossos Espírito.

            O clarividente de Utrecht, referindo-se à sua faculdade psicométrica, declarou:

             “Considero-a como um dom de Deus. Embora a polícia nem sempre o divulgue, tenha sido chamado numerosas vezes para ajudá-la em suas investigações. Realmente não me importa que acreditem ou não neste meu poder de clarividência. Não uso meu poder para obter vantagens materiais. Se o fizesse, poderia perde-lo. E nada cobro pelos meus serviços.”

             O vespertino “O Globo”, de 21 de Dezembro de 1963, além de dar a público aquele caso de Psicometria verificado com Gerard Croiset, registra o que, em Haia, o inspetor de polícia David von Woudenberg afirmara: “o homem é incrível. Se algum dia eu me tornar chefe de Polícia, não hesitarei em chama-lo toda vez que encontrar um problema difícil.”

            Para esse inspetor de Polícia não há mais dúvidas quanto aos poderes clarividentes do Croiset.

             “Na última Páscoa – conta Woudenberg – os pais de um garoto de seis anos disseram-nos que ele estava perdido. Durante mais de uma semana, procuramos em todos os edifícios vazios, campos e bosques dos arredores e dragamos todos os canais. Nada encontramos. Estávamos já desnorteados. Os pais estraram então em contato com Croiset e pediram-lhe que os ajudasse.

            “Logo que recebeu o pedido de ajuda dos pais e enquanto ainda estava em Haia, Croiset, na presença de testemunhas, fez um esboço do canal em que, afirmava, seria encontrado o corpo do menino. Desenhou uma casa de campo ao lado do canal e disse que havia um catavento perto, além de uma caixa de papelão branca, cheia de lixo. E disse ainda que do outro lado do canal havia um muro, com um portão.

                “Declarou que aquele era o local em que o menino caíra na água, mas seu corpo estava uns 600 metros de distância, levado que fora pela correnteza. Fui com Croiset de carro até o canal e ele disse que ali ocorrera o acidente. Já se passavam oito dias desde que o garoto desaparecera.

                “Encontramos o local que Croiset descrevera em seus mínimos detalhes. A caixa de papelão estava tão coberta pelo mato, que tivemos de procura-la durante algum tempo. Fomos então até uma ponte de cimento, sobre um trecho estreito do canal. Eu podia ver o suor escorrendo da fronte de Croiset, que se deteve no meio da ponte.

                ‘O rosto dele estava muito vermelho e era evidente que estava sob violenta tensão emocional. Disse-me então: “Na terça-feira, o corpo do garoto subirá à tona da água, nesta ponte.” Acrescentou que seria inútil dragar o canal. Apesar disso, fizemos dragagens durante todo o fim de semana, mas nada encontramos.

                “As 7h 45m de terça-feira, um policial viu o corpo surgir à superfície, Era realmente sobrenatural. A não ser por um estranho poder, como poderia aquele homem prever as coisas com tanta exatidão?”

             Muita razão tinha Shakespeare ao colocar na boca de uma personagem de um dos seus dramas esta frase imortal: “Há mais coisas entre a Terra e o Céu do que cogita a vossa filosofia, Horácio.”



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Subsídios para um mundo novo

Subsídios para um mundo novo

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Março 1964

             De valor incomensurável é a literatura espírita posta em circulação pelo Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Obras de valor científico e literário, a maioria das quais levando à compreensão das criaturas humanas uma doutrina superior, que valoriza as almas e fecunda as mentes.

            Temos  hábito de fazer periódicas incursões nos livros editados há alguns anos, para renovarmos a sensação de beleza moral que promana dessas obras magníficas, a maior parte delas de procedência mediúnica, outras, porém, de autoria de espíritas esclarecidos e bastante familiarizados com a Doutrina codificada por Allan Kardec.

            Não há nada mais confortador do que essa espécie de “volta a Meca”. Tornamos a visitar “Os Quatro Evangelhos”, “Renúncia”, “No Invisível”, “Missionários da Luz”, “Libertação”, “O Espírito Consolador”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Livro dos Médiuns”, “O Livro dos Espíritos” e assim por diante. Sempre que se torna a ler um livro espírita muita coisa nova ressurge e se aprende. São fontes de ensinamentos prodigiosos, essas obras.

            Há dias, abrimos “Crônicas Espíritas” de Fred. Fígner. Apreciamos, não apenas a serenidade da linguagem usada por esse eminente vulto do Espiritismo brasileiro, mas também a sua argumentação de irresistível lógica, esmagando e ao mesmo tempo esclarecendo, ensinando e educando um certo padre Dubois, que, à maneira dos Boaventuras de todos os tempos, pretendeu confundir os espíritas com sofismas e silogismos de legítima feitura jesuítica. Eis um livro que merece as atenções daqueles que ainda não o conhecem.

            Há nele muita coisa interessante e instrutiva. No capítulo em que fala do dogma católico da “Transubstanciação”, Figner ensinou ao padre Florêncio Dubois que esse dogma foi “produzido” (eis o termo adequado) pelo concílio do Trento (1545-1563), por determinação do papa Paulo III. E para evidenciar o perfil desse pontífice que o convocou, cita um trecho da página 7, volume 4, da “História dos Papas”, de Maurice Lachatre, que é de estarrecer. Vai, em seguida, ao “dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria”, detém-se no dogma da “Divindade de Jesus”, trata da “Divindade da Igreja Católica”, enfim, reduz tudo às suas reduzidas e insignificantes proporções.

            É bom reler bons livros. É bom também conhecer o que de novo vem surgindo no Espiritismo nacional. Temos, por exemplo, “Devassando o Invisível”, da médium Yvonne A. Pereira, que já nos deu “Memórias de um suicida”, “Nas voragens do pecado” e “Nas teias do Infinito”. É valioso “Estudo sobre fenômenos e fatos transcendentes devassados pela mediunidade, sob a orientação dos Espíritos-Guias da médium”. Vejam só o título de alguns capítulos: “Como se trajam os Espíritos”, “Frederico Chopin na Espiritualidade”, “Mistificadores – Obsessões”, “Sutilezas da Mediunidade”, “As virtudes do Consolador”, “Os grandes segredos do Além”.

            Quase ao mesmo tempo apareceu um novo livro da dupla magnífica de médiuns – “Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira, nomes já mundialmente consagrados. A obra foi ditada por André Luiz, cujos trabalhos anteriores dispensam adjetivos, tão importantes e mesmo revolucionários foram na literatura espírita. Desta vez ele nos deu “Sexo e Destino”. Tema difícil, perigoso, mas de palpitante atualidade, num mundo que parece obcecado pelo sexo, a tal ponto que a concupiscência se amplia, causando estragos incomensuráveis.

            A obra em si é de enorme valor. Bastaria o nome de André Luiz para recomendá-la. Acresce, porém, outro pormenor valioso: Emmanuel, Espírito cintilante por sua grande elevação moral e desmedida cultura, ditou, à guisa de prefácio, o “Prece no Limiar”, que assim começa: “Pai de Infinita bondade! Este é um livro que permitiste ao nosso André Luiz traçar, em lances palpitantes da existência, alguns conceitos da Espiritualidade Superior, em torno de sexo e destino – fotografia verbal de nossas realidades margas que entremeaste de esperanças eternas.”

            Vale a pena conhece-la por inteiro. O assunto é grave e interessa a homens e mulheres, sendo altamente recomendável à juventude, logicamente mais sujeita aos percalços da vida sexual.

            São obras, estas duas últimas, que se nivelam a outras de igual profundidade moral, que já contribuem, há muitos anos, para a orientação superior da criatura humana. Nenhuma felicidade coletiva será possível sem que primeiramente se alcance a reforma e o aperfeiçoamento de cada indivíduo. As obras espíritas têm também essa missão.

            São subsídios de imenso valor par a construção de um mundo novo e melhor.




quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Auto-de-fé em Barcelona

           

         Auto-de-fé em Barcelona

                            por Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

                                            Reformador (FEB) Outubro 1964

             Há cento e três anos (*), o mundo civilizado experimentava profundo golpe, em virtude de mais um grande crime de intolerância, verificado na católica Espanha. O episódio, embora conhecidíssimo, merece nova referência, pelo que encerrou de ensinamentos, numa época em que a liberdade religiosa é mais respeitada, embora, de quando em quando, repontem ocorrências demonstradoras de que a velha intolerância clerical não está de todo morta.

             (*) Do blog:  Hoje... 2021 – 1861 = 160 anos.

             O 9 de outubro de 1861 é uma data inesquecível nos anais do Espiritismo mundial. Retrata, em sua simplicidade, a revivescência da intolerância que se agrandou na Idade Média e aponta a saudade profunda de processos inquisitoriais, aquietada pela fogueira que queimou exemplares de ‘O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns” e da “Revista Espírita”, além de diversas obras e brochuras espíritas, num total de 300 volumes.

            Podemos imaginar o sentimento sádico com que foi ateado fogo nas obras espíritas. Não será excesso admitir que o odor do papel carbonizado pode ter recordado aos inquisidores o cheiro acre de carne humana queimada em nome de Deus, nas fogueiras que iluminaram principalmente a Europa, advertindo os povos de que a liberdade humana continuava a sua luta pela conquista integral de posições num mundo dito civilizado.

            Este trecho da ata de execução, transcrito em “Obras Póstumas” de Allan Kardec, é uma advertência permanente para que todos os espíritas continuem ativos e vigilantes, orando pela evolução dos espíritos trevosos que os acometem., em nome de Jesus, sem, entretanto, seguir lhe a trajetória fraterna e redentora:

            “Nesse dia, nove de Outubro de mil oitocentos de sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, na esplanada da cidade de Barcelona, no local onde são executados os criminosos condenados ao derradeiro suplício e por ordem do bispo desta cidade, foram queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber: ‘O Livro dos Espíritos’ por Allan Kardec, etc.”

A Sociedade da Livraria Espírita de França ainda conserva, numa urna de cristal, “um pouco da cinza apanhada na fogueira, onde se encontram fragmentos ainda legíveis de folhas queimadas”.

Felizmente, as coisas tem melhorado, embora ainda, vez por outra, no interior, apareçam reminiscências inquisitoriais, através de pressões a espíritas, de coações a casas kardecquianas, etc. Os governos do Brasil têm, de um modo geral, procurado assegurar a todas as religiões a liberdade de culto e propaganda que lhes é garantida pela Constituição.

A História fixou o 9 de outubro de 1861 como data que assinalou a fereza com que o Espiritismo era perseguido. Entretanto, depois desse acontecimento, o Espiritismo cresceu na Espanha, até que a sua expansão foi sustada por influências idênticas àquelas que inspiraram o 9 de outubro. Não obstante, ele continua conquistando corações, porque nada consegue impedir o triunfo da Verdade que, mais dia, menos dia, quebrará os diques que obstam a sua expansão e se afirmará luminosamente nos lugares em que a intolerância está mais fortalecida.

O que todos os espíritas devem fazer, em bloco, é orar para que as barreiras cedam à pressão da Verdade, e esta, que é como o Sol, brilhe para todos, a todos levando o conforto do seu calor, que é vida, que é amor, que é esperança num futuro feliz.

 


sexta-feira, 30 de julho de 2021

Unificação e Doutrina

 

Unificação e Doutrina

por Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Setembro 1962

 

            O trabalho de unificação dento do Espiritismo tem dado, fora de dúvida, excelentes resultados, embora exija ainda, e o exigirá por muito tempo, as atenções dos responsáveis pela propagação e defesa de seus princípios. Nada se deve fazer fora da Doutrina. Esta é uma norma fixa e invariável. Omiti-la ou despreza-la será como que renunciar àqueles princípios ou subordiná-los a pontos de vista meramente pessoais, nem sempre afins com os reais e altos interesses espíritas.

            Quando vemos alguns confrades entusiasmados em fundar serviços já existentes e em pleno funcionamento na zoa em que residem, lamentamos que tanto entusiasmo e tanto esforço não sejam dirigidos para revitalizar e desenvolver os trabalhos já fundados e em funcionamento. Essa dispersão de esforços não atende às necessidades legítimas da nossa causa, porque a unificação de trabalhos, a união maior para um mesmo fim, tornará possível a realização mais rápida e mais eficiente dos objetivos louváveis que engalanaram a alma desses obreiros.

            Se cada grupo puxar para um lado diferente, o resultado será muito menos satisfatório do que se todos, unidos, puxarem para um lado só. Às vezes pode ser a vaidade a inspiradora da criação de obras paralela. Em outras, porém, acreditamos, é o desejo de fazer alguma coisa mais substancial em benefício do próximo, com a presunção de que o existente não satisfaz. Ora, se todo os espíritas estiverem imbuídos de humildade; se não prevalecer a preocupação de aparecer com destaque; se concordarem em dar a sua valiosa cooperação àqueles que já lutam para sustentar e desenvolver trabalhos de finalidade idêntica, tudo melhorará. A união faz a força. Ou somos espíritas e aceitamos integralmente a Doutrina ou somos falsos espíritas e, neste caso, só aceitamos da Doutrina aquilo que nos convém em determinadas ocasiões.

            Allan Kardec, nas obras que trazem o seu nome, é um manancial de instruções preciosas. Ninguém, dentro do Espiritismo, tem o direito de ignorar a Doutrina, do contrário será, não um espírita, mas um aderente sem raízes profundas. O que dá força ao Espiritismo é justamente a sua doutrina, porque estabelece com segurança os rumos que todos devemos seguir, que nos orienta, nos instrui e nos aponta os caminhos certos da salvação quando nos encontramos em dúvida ou ficamos presos a situações criadas pela nossa própria imprevidência ou ignorância.

            O Espiritismo não pode estacionar. Mesmo que os homens, mal inspirados, tentassem fazê-lo, esbarrariam com a ação dinâmica dos Espíritos. Há trabalho, cada vez maior em nossa seara. Todos trabalham. A Federação Espírita Brasileira dá o exemplo de ação bem orientada e de trabalho fecundo, embora silencioso. Mas não se afastará, como jamais se afastou, dos deveres impostos pela Doutrina. Isto é que se precisa realçar. “A Doutrina é, sem dúvida, imperecível, porque repousa nas leis da Natureza e porque, melhor do que qualquer outra, corresponde às legítimas aspirações dos homens”, disse-o Kardec.

            Como sempre acontece à margem de qualquer movimento religioso, filosófico ou ideológico, é vezo surgirem inovadores, os que acham que não se faz nada, ou que se faz pouco ou mal, e engendram planos mirabolantes, espaventosos, por isso mesmo sem base sólida e fadados ao malogro. Ora, a Doutrina Espírita tem caráter essencialmente progressivo, conforme o Codificador acentuou:Pelo fato de ela não se embalar com sonhos irrealizáveis, não se segue que se imobiliza no presente. Apoiada tão só nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas se pôr de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade.” São também palavras de Allan Kardec.

            Todavia, essa aceitação ou assimilação terá de se sujeitar a um critério altamente ponderado. Nada poderá ser feito precipitadamente. Semelhante predisposição, contida em Kardec, prova a maleabilidade superior da nossa Doutrina, maleabilidade inerente à sua natureza profundamente progressiva.

            Quando se cogitava de dar ao Espiritismo uma orientação única, surgiram ideias variadas e curiosas. Conta Kardec: “Houve quem propusesse que os candidatos fossem designados pelos próprios Espíritos em cada grupo ou sociedade espírita. Além de que este meio não obviaria a todos os inconvenientes, apresentaria outros peculiares a semelhante modo de proceder, que a experiência já demonstrou e que fora supérfluo lembrar aqui. Não se deve perder de vista que a missão dos Espíritos consiste em nos instruir, para que melhoremos, porém não em se sobreporem ao nosso livre arbítrio. Eles nos sugerem ideias, ajudam com seus conselhos, principalmente no que concerne às questões morais, mas deixam ao nosso raciocínio o encargo da execução das coisas materiais, encargo que não lhes cabe poupar-nos. Contentem-se os homens com o serem assistidos e protegidos por Espíritos bons; não descarreguem, porém, sobre eles, a responsabilidade que incumbe ao encarnado.

            “Esse meio, aliás, suscitaria maiores embaraços do que se poderia supor, pela dificuldade de fazer-se que todos os grupos participassem de semelhante eleição. Seria uma complicação nas rodagens e estas tanto menos suscetíveis se mostrarão de desarranjar-se, quanto mais simplificadas forem.

            “O problema é, pois, o de constituir-se uma direção central, em condições de frça e estabilidade que a ponham ao abrigo de todas as flutuações, que correspondam a todas as necessidades da Causa e oponham intransponível barreira às tramas da intriga e da ambição.”

            Unificar, em todos os sentidos e de todas as formas, é o objetivo que todos os espíritas devemos perseguir sem esmorecimento. Para que se torne fácil, basta que cada qual siga a Doutrina, exemplifique seus princípios, procure colocar a Doutrina acima de atitudes personalistas e de interesses outros, porque a verdade é que ninguém perderá coisa alguma se se dispuser a obedecer àqueles princípios. Pelo contrário, somente se beneficiará, beneficiando a coletividade espírita e a Humanidade.


segunda-feira, 26 de julho de 2021

Corrupção da Juventude

 

Corrupção da Juventude

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Outubro 1962

            Nenhuma religião, que o seja efetivamente, deve estimular qualquer forma de violência ou dificultar o encontro da paz e da fraternidade. Por isto, surpreendemo-nos quando, há tempos, um sacerdote católico veio à televisão defender a pena de morte. Do mesmo modo, estranhamos que, nos Estados Unidos, se não nos falta a memória, uma freira dava instrução militar (!) a meninos. A fotografia saiu publicada aqui na Guanabara, num dos jornais de maior circulação.

            A Religião, segundo o próprio nome o indica, é o esforço para unir, conjugar, reunir, ligar. Se faz o contrário, não é rigorosamente uma religião, embora a tradição que a aponte como tal.

            Agora, lendo um jornal de Março último, encontramos este telegrama datado de 17 e procedente de Dijon, França:

             “A Polícia prendeu um sacerdote acusado de inculcar em seis jovens as ideias da proscrita organização do Exército secreto. A Polícia informo que o sacerdote Georges Nantes pregava, em seus sermões, contra a independência da Argélia. Acrescentou que admitiu que fazia que seis jovens o ajudassem a preparar material em favor da Organização do Exército Secreto e que, em seguida, enviavam a Prefeitos preeminentes da região. (UPI).”

             Não podemos deixar de lamentar o fato, de que o telegrama, publicado a 18 de Março pelo “Diário de Notícias” do Rio, nos deu ciência. Em vez de o sacerdote encaminhar os jovens pela senda de o sacerdote encaminhar os jovens pela senda do respeito à paz, do amor à fraternidade, da consideração aos fracos que desejam libertar-se, fazia justamente o contrário, tornando-se cúmplice de uma organização terrorista, que se opõe violentamente à independência da Argélia.

             A nós somente interessa o fato moral. Expusemo-lo com simplicidade e com parcos comentários, porque não desejamos faze maiores referências ao acaso. Tirem os leitores, com serenidade, partindo de um ponto de vista simplesmente humano – já não diremos evangélico – as conclusões que julgarem mais sensatas e lógicas.

             Não é a primeira vez que tal sucede: não será a última. Infelizmente, infelizmente. Ver-se um sacerdote empenhado em corromper jovens, insuflando em sua mente ideias de violência, de morte e até mesmo de traição à sua Pátria, que está desejosa de conceder a liberdade desejada pela Argélia, aspiração justa de um povo que almeja caminhar com seus próprios pés. A França, que laçou ao mundo a divisa – “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” quer dar à Argélia essa liberdade, mas um grupo sedicioso, que se denominou “Organização do Exército Secreto”, se opõe a tão justo propósito, recorrendo ao terrorismo, matando franceses e argelinos, na ânsia de impedir tão compreensível conquista.

 

domingo, 20 de dezembro de 2020

Louvável atitude

 

Louvável atitude

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)    Reformador (FEB) Novembro 1963

 

            Causaram estupefação na Europa certas declarações do arcebispo-auxiliar Dom Hélder Câmara à revista católica, “de maior penetração na França” – “Information Catholiques Internacionales”, no número de 1 de Outubro deste ano.

            O mencionado arcebispo teve a louvável coragem de dizer que acabava de enviar “a todos os meus irmãos no episcopado” uma carta revolucionária, propondo, entre outras coisas:

a)         “retorno à pobreza”;

b)         que os bispos “abandonem seus títulos de Excelências e Eminências”;

c)         que “deponham aos pés do Papa suas cruzes peitorais de ouro ou de prata, para lhe pedir cruzes de madeira ou de bronze”;

d)         que “troquem seus carros luxuosos - se os tiverem - por outros mais pequenos e mais modestos”;

f)         que deixem de lado “sua autoridade de príncipes em palácios que os separam dos fiéis e dão a estes a impressão de que os bispos aí estão para serem amados e servidos, mais do que para amarem e servirem”;

f)         que estimulem os jovens arquitetos a construir “não igrejas grandiosas, mas santuários simples”, etc.

            Isto que acabamos de transcrever foi publicado no “Diário de Notícias” do Rio, de 15 de Outubro, por seu correspondente especial em Roma, Padre Pascoal Rangel.

            A comunicação não diz se o arcebispo aludiu diretamente à pompa pontifícia, às riquezas do Vaticano, à intromissão da Igreja em assuntos políticos, e, consequentemente, da política nos atos da Igreja, etc.

            Disse Leão Tolstoi: “a fé cristã começou a perder seu verdadeiro sentido na época da conversão de Constantino.” Desde então, a Igreja não mais se desinteressou da política profana e criou a sua própria política.

            Não podendo eliminar de todo as divindades pagãs e seus templos, quando dessa concordata, achou a Igreja mais prudente e oportuno substituir as imagens pagãs pelas imagens dos santos. Com o correr dos tempos, a Igreja foi perdendo a sua legítima característica cristã, renunciou à simplicidade, deixou de seguir os exemplos do Cristo e, assim, arruinou o Cristianismo, deu alento ao ceticismo, estimulou o materialismo, trocou a sua substância espiritual e enveredou cega e decididamente pela senda utilitarista.

            A atitude do arcebispo do Rio de Janeiro mostra que não exageramos.

            Estamos argumentando em tese, pois seria injusto esquecer os sacerdotes que vivem alheios à vida opulenta, procurando seguir o caminho justo, ao contrário dos poderosos purpurados que, havendo repudiado a exemplificação do Evangelho, preferem permanecer fiéis à máxima: “façam o que nós dizemos e não o que fazemos" ...


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Responsabilidade solidária

 


Responsabilidade solidária

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)      Reformador (FEB) Dezembro 1976

             As dores que dominam a humanidade nascem de cada um de nós, dos erros que praticamos, das omissões em que incorremos, da desatenção que pomos em tudo o que não nos interessa frontalmente. Por isso é que, entra ano, sai ano, temos a impressão de que a Terra piora, os homens se tornam mais frios e calculistas, mais interesseiros e egoístas.

            Na realidade, porém, o número dos que confiam em Deus e dão alguma coisa de si, do seu esforço, para a melhoria do mundo tem crescido, ainda que nem todos disso se apercebam. Dizemo-lo pelo desenvolvimento que o Espiritismo Cristão vem registrando, principalmente neste campo de observação mais ao alcance da nossa análise. Acontece que hoje se faz às escâncaras o que, em outros tempos, era feito ocultamente. Agora; o despudor é maior, graças à influência mais forte e decisiva dos meios de comunicação que divulgam depressa e amplamente ideias tidas como importantes alterando negativamente, às vezes, os costumes e impondo hábitos de desbragada liberdade ao homem, à mulher, aos jovens e crianças em geral. Teorias anticristãs exaltadas por corifeus do materialismo, invadiram todos os países ocidentais, propugnando o abandono da educação moral, a pretexto de resguardar a criatura humana da compressão psicológica; notem que tudo isso sucede preponderantemente nesses países, ditos cristãos.  

            O “berço”, a “educação de berço” como se dizia em outros tempos, tem sido abandonada em muitos lares, porque os pais nem sempre se capacitam das responsabilidades que assumem ao contraírem casamento. Há propaganda contra o casamento tradicional no cinema, no teatro; na televisão e no rádio. Defende-se o adultério e as aberrações sexuais. A procriação é encarada quase que como um erro clamoroso e são estimulados abusos que rebaixam a espécie humana, das quais resultam consequências tristes, dramáticas, dolorosas, fáceis de imaginar. Homens e mulheres procedem como animais, irmãos irracionais que, fiéis às leis da Natureza são, nesse particular, superiores às criaturas humanas degeneradas pelo vício.

            Somos vaidosos, por aceitarmos que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Não devemos interpretar ao pé da letra o que é de caráter implicitamente simbólico, como, por exemplo, que Deus nos fez à Sua imagem e semelhança, conforme diz o “Gênesis”1:26: “Disse também Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” e (v. 27) criou, pois, Deus, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Mas na Bíblia está, outrossim, que Deus, depois de haver formado o homem do pó da terra, compreendendo que não seria bom que o homem estivesse só, adormeceu-o e... eis o trecho: “Disse, mais Deus Jeová.: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que lhe seja idônea. (...) Fez Deus Jeová cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; então tomou uma das costelas do homem e fechou a carne no lugar dela. Da costela que Deus Jeová tinha tomado do homem formou a mulher, e a trouxe ao homem. (...) Portanto, deixa o homem a seu pai e a sua mãe, e se une a sua mulher; e são uma só carne.” (2:18. 21, 22 e 24).

            Apreciamos e respeitemos o que está na Bíblia, sem, contudo, deixar de exercer o discernimento que Deus nos deu. Mas, se Deus disse “Façamos” e “nossa semelhança”. então, amigos, dar-se-á o caso de não haver estado Ele só, quando operou essas criações? Quem seria o seu acompanhante, ajudante, assistente, assessor ou que melhor nome tenha? Chi lo sa? É natural que estranhemos, pois, lá por volta dos séculos IV e V r um poeta cristão, de nacionalidade espanhola - Aurélio Clement Prudêncio -, apresentou uma teoria imaginosa, come tantas outras que andam por aí, segundo a qual o Diabo fizera crer aos outros anjos que ele era o autor e criador de si mesmo e que não devia por isso a Deus a sua existência. O Diabo também se gabava de haver sido o criador da matéria extraindo-a do seu próprio corpo.  

            Não há dúvida de que o Diabo, Satã, Demônio ou outro qualquer nome, foi uma das invenções mais célebres da história da humanidade. Tem servido para muita coisa, uma das principais a chamada “política do campanário”. Com o que se gastou com esse mito e suas terríveis proezas poder-se-ia ter acabado com a fome e a miséria na Terra. Mas os “teólogos” da antiguidade precisavam de alguma coisa que assustasse as criaturas humanas e as tornassem, pelo medo, submissas e manobráveis aos planos dos que mandavam e desmandavam, ao sabor de interesses que variavam entre o desejo de reprimir o mal com a aplicação do mal e o de encontrar uma solução cômoda, transferindo para o Diabo, um mito, a responsabilidade dos vícios e erros humanos.

 *

             Ora, “Satanás, Diabo, Demônio, são nomes alegóricos pelos quais se designa o conjunto dos maus espíritos empenhados na perda do homem”. Não se trata, pois, de um espírito especial, “mas a síntese dos piores Espíritos que perseguiam os homens, desviando-os do caminho de Deus. Desviavam-nos porque os maus Espíritos sempre se aproveitam das falhas de caráter, vícios, e defeitos morais dos homens para induzi-los à prática de ações prejudiciais ao Bem.

            No fundo, na encenação alegórica apresentada pela Bíblia, há a verdade oculta pelo véu da letra. O homem, uma vez formado e em condições de exercer o livre-arbítrio que lhe é dado com oportunidade, passa a ser responsável por seus atos. Instruído sobre a conveniência de seguir o caminho reto, quando falha, torna-se responsável por sua falta. De acordo com a Lei, que o pune na proporção da gravidade da infração cometida, sofre. Quanto mais reincide, mais padece. De nada adiantará gritar contra a dor, se não tomar a resolução de mudar seu comportamento. Foi isto que Jesus veio esclarecer e esclarece com extraordinária lucidez em seu Evangelho. Ele não veio modificar a lei transmitida através de Moisés, veio cumpri-la dando-lhe correta interpretação. Porque o Diabo é um símbolo apenas.

            Eis por que devemos ter cuidado até com o que pensamos, porque o pensamento tanto pode exercer influência favorável, positiva, como desfavorável, negativa, contra e a nosso favor, contra e a favor de terceiros. O mal que podemos causar a outras pessoas quando emitimos pensamentos de inveja, ódio, despeito, antipatia, etc., recai sobre nós, aumenta o nosso débito cármico. O Evangelho de Jesus veio para que a humanidade pudesse ter mais operantes elementos de auto educação moral e, igualmente, para, colaborar na educação e reeducação de seus semelhantes. Desde que nos eduquemos para o bem, higienizando as ideias que emitimos, as palavras que proferimos e os atos que praticamos, impediremos a poluição da nossa mente e da mente daqueles que recebem nossas vibrações.

            Ajudando-nos a melhorar, também contribuiremos para melhorar o ambiente em que estamos e, concomitantemente, colaboraremos para ajudar a humanidade a melhorar também. A felicidade do mundo não é conquista fácil e a curto prazo. Pelo contrário. Mas, se cada qual, a despeito das dificuldades e até dos insucessos, não desistir de procurar realizar o bem, mesmo quando o mal aparente ou não seja o resultado provisório dos seus esforços, plantará semente benéfica, cujos frutos surgirão fatalmente, mais cedo, ou mais tarde.

            Os que acreditam na existência real do Diabo e os que possam acreditar na fantasia de ele ter sido o criador de si mesmo, poderão admitir, talvez, que tenha sido ele o “outro” que estaria com Deus quando o homem foi criado? Quantos absurdos juntos! Mais ainda: se o Diabo foi o criador de si mesmo é porque já existia quando se criou... E caímos ainda mais na confusão de palavras, tentando dar nexo a esse contra senso.

            Pensemos no que temos a modificar em nós, ao me8mo tempo procurando consolidar as virtudes, se é que já possuímos alguma. O mal do mundo é derivado do mal dos homens, que ainda persistem em não reconhecer a realidade de uma Inteligência Prodigiosa - DEUS, que dirige os mundos e a vida. Mas porque Deus? - perguntarão os céticos. Porque foi esse o nome que se convencionou dar a essa Inteligência Superior que excede a qualquer definição humana. Como pode o inferior negar o superior, o finito contestar o infinito, o mal sobrepujar o bem? Tudo é questão simples de lógica mais elementar. Deus não deixará de existir só porque os materialistas O negam, apegados ao ateísmo tolo de quem contesta o que está além da sua capacidade de julgar. Mas, como todos estamos sujeitos a reencarnações progressivas, nós e os que negam a Deus, dia virá em que os contestadores compreenderão o que hoje recusam aceitar, com empáfia ridícula, pois estamos todos subordinados ao mecanismo psicovibratório da Lei de Causa e Efeito, que registra, aceita e devolve a cada um os sentimentos experimentados e externados no curso de sua existência. Os sentimentos, que são forças vibratórias que saem de nós, voltam para nós, beneficiando-nos ou castigando-nos conforme sua natureza.

            Tudo quanto de mais secreto queiramos saber de Deus poderá ser, um dia, do nosso conhecimento, quando nos encontrarmos suficientemente evoluídos para suportar o impacto de tão transcendentais  revelações.  

            Não nos esqueçamos, entretanto, de que somos responsáveis na situação atual do mundo, por nosso passado espiritual ou por nosso presente delituoso. E há somente um caminho de alívio até que seja eliminado o peso dessa imensa cumplicidade: praticar o bem, exercitar sem esmorecimento a fraternidade, fazendo pelos outros pelo menos o que desejamos que os outros nos façam. Fora daí nada conseguiremos, a não ser sobrecarregar o fardo que carregamos, multiplicando nossas preocupações e nossos sofrimentos, porque estamos num mundo em que tudo tem de ser solidário. Busquemos o melhor, sendo solidários com o bem.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Reencarnação - Lei de justiça

Reencarnação – Lei de Justiça

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Março 1963

             A Humanidade vai, a pouco e pouco, aprendendo as verdades relacionadas com a reencarnação. As barreiras levantadas contra ela, principalmente nos países europeus, estão sendo desfeitas e dia virá em que todos compreenderão a necessidade de um melhor policiamento de suas existências, a fim de que o seu futuro espiritual não seja afetado profundamente, em obediência à Lei do Carma.

            Grandes e numerosas têm sido as provas da reencarnação, mas os Tomés de todos os tempos não aceitam a lógica nem o raciocínio. Querem ver, pôr o dedo no caroço, para terem a sensação de que se trata mesmo de caroço...

           Quem quer que examine a opinião de eminentes vultos da Humanidade, encontrará o ponto de vista da reencarnação explícita ou implicitamente exposto em suas ideias. Por exemplo: Baruch Spinoza, o filósofo do panteísmo, não temeu afirmar que "temos em nossa experiência a percepção de que somos eternos. Para o espírito não é sensível só o que ele compreende mas o que ele recorda... Entretanto, ainda que não nos lembremos de que existimos antes do corpo, percebemos, contudo, de que o nosso espírito é eterno, de tal sorte distante que leva a essência do corpo a ficar sob a categoria de eternidade e isto quer dizer que a sua existência, não pode ser definida pelo tempo nem interpretada pela duração.” (“Ética”).

            Outro grande vulto das letras e da filosofia - François Marie Arouet, o imortal Voltaire, fez, a respeito da reencarnação, a seguinte e muito interessante observação: “É  muito menos surpreendente nascer duas vezes do que nascer uma vez só. Tudo na Natureza é ressureição."

            Todos sabemos que Voltaire foi adversário tenaz da Igreja, que o acusou de impiedade e ateísmo. Voltaire, entretanto, nunca foi uma coisa nem outra. Recusou apenas aceitar o Deus antropomórfico que a Igreja apresenta ao mundo. Não acreditou jamais que o homem seja a imagem de Deus, porque isto, a seu ver, importava numa diminuição do Pai, até mesmo num sacrilégio.

            Há povos ateus”, assevera Bayle em suas “Pensées Sur les Comètes”, e continua: "Os cafres (infiéis) hotentotes, tupinambás e muitas outras pequenas nações não têm Deus." “É possível - acrescenta Voltaire. Mas isso não quer dizer que neguem Deus: não o negam nem o afirmam, porque nunca ouviram falar em tal. Dizei-lhes que Deus existe, e crê-lo-ão facilmente. Dizei-lhes que tudo se faz pela natureza das coisas, e crê-lo-ão da mesma forma. Pretender que sejam ateus é o mesmo que pretender que sejam anticartesistas: não são nem contra nem a favor de Descartes. São verdadeiras crianças. Uma criança não é ateia nem teísta: não é nada.”

            Mas, não saiamos do objetivo deste artigo. Outro filósofo, Davíd Hume, também autorizado historiador, confessou acreditar na reencarnação: “A alma, se imortal existiu antes do nosso nascimento, O que é incorruptível é ingerável.” Mas, como era muito comum no passado, quando a ideia de reencarnação se confundia com a de metempsicose, Davíd Hume, embora falando nesta, claramente se vê que fazia referência àquela: “A metempsicose é o único sistema de imortalidade que a filosofia pode aceitar.”

            Aqueles que não se demoram um pouco mais no estudo dos problemas do espírito. muitas vezes confundem a reencarnação com a transmigração e a metempsicose. Compreende-se, peja leitura do que escreveram, que querem referir-se à reencarnação.

            Outros filósofos eminentes, como Fichte, Lessing, Schlegel e Herder foram indiscutivelmente reencarnacionistas. Se não se aprofundaram mais no estudo do problema, dever-se-á talvez a que o ambiente filosófico da época não comportava o debate profundo sobre semelhante assunto, tanto a mais que o Catolicismo e o Protestantismo criavam, como criam ainda, todos os obstáculos imagináveis à difusão dessa manifesta verdade. E o fazem de maneira paradoxal, porque nada mais evidencia a imortalidade da alma do que a reencarnação. Se a alma é eterna, logicamente a reencarnação é um fato.

           Se a reencarnação é um fato, como aceitamos que o é, logicamente a alma é eterna. Dizemos alma quando melhor fora dizermos espírito, porque, para nós, kardequistas, espirito é a alma desencarnada; alma é o espírito encarnado.

            Em “Destino do Homem”, o célebre filósofo Fichte desenvolve comentários favoráveis à reencarnação, Schlegel descreveu a Natureza como - a “escada da reencarnação”.       

            Vejamos outro nome de escol: Benjamim Franklin, que foi o primeiro grande filósofo das Américas. Disse ele, com aquela franqueza bem-humorada constante de seus trabalhos: “Deste modo, achando que eu existo no mundo, acredito que, de uma maneira ou de outra, Sempre existi. E, com todas as inconveniências decorrentes da vida humana, não farei objeção a que volte aqui em uma nova edição de mim, desejando, contudo, que seja feita antes uma revisão correta da edição anterior.”

            O grande poeta Walt Whitman também acreditava na reencarnação. Escreveu: “E a você, Vida, eu considero como a soma de inúmeras mortes (Não tenho dúvida de que já morri antes, dez mil vezes)."

            O chamado “pai da antropologia moderna”. Dr. E. B. Tylor, admite aceitar o princípio reencarnacionista, neste trecho: “Parece-me que a ideia original de transmigração é honesta e razoável, porque as almas dos seres humanos renascem em novos corpos humanos.”

            A. J. Anderson escreveu um artigo sob o título “Proofs of Reincarnation” (Provas da Reencarnação), em que cita uma passagem referente a Napoleão Bonaparte, o Corso: “Napoleão foi um exemplo. Homem, nascido na mais humilde e condição de vida, elevou-se até dominar impérios e destronar reis com uma simples palavra. Erguer-se da obscuridade aos pináculos do poder humano. Um homem que, nas estranhas e anormais condições em, que se encontrou várias vezes, gritou para os seus marechais: “Eu sou Carlos Magno. Vocês sabem quem sou eu? Sou Carlos Magno.”

            Os exemplos são numerosíssimos. Estamos apenas mencionando alguns nomes de relevo na vida dos povos. A reencarnação se manifesta em todas as camadas sociais, porém os incrédulos, se sorriem quando os testemunhos são de pessoas de projeção, que não fariam se fossem citadas criaturas humildes, do seio do povo? Mas, continuemos.

            O professor Thomas H. Huxley, um dos maiores biólogos e pensadores do século dezenove, admitiu a razoabilidade da reencarnação, nestas palavras; “Conforme a doutrina da evolução, a da transmigração tem raízes tem raízes no mundo da realidade e pode reivindicar igual apoio com o grande argumento que a analogia é capaz de fornecer.”

            Poderíamos citar nomes como Gandi, Tagore e outros. É preferível, entretanto, apresentar somente a opinião de ocidentais, pois os orientais já se acham perfeitamente integrados na ideia da reencarnação.

            Convém repetirmos que frequentemente há confusão entre os termos  “transmigração” e “reencarnação”. Quando dizem “transmigração", querem referir-se à “reencarnação”. O mesmo acontece, às vezes, acerca da palavra “metempsicose”. Por isso, onde se lê “transmigração”, leia-se, porque o próprio sentido das frases o indica, “reencarnação”.

            Sir H. Ridder Haggard, famoso novelista inglês, em sua autobiografia "The Days of my Life”, no capítulo destinado à religião, escreveu:  “Compreendo o Juízo Final, depois de muitas vidas de crescimento para o bem eu para o mal - e, na verdade, a fé que eu sigo o afirma.”

            Ridder Haggard ergueu sua voz contra a revoltante crença de que o nosso futuro eterno depende apenas do que fizemos numa única vida.

            O célebre industrial Henry Ford foi positivo ao declarar:

            “Adotei a teoria da reencarnação quando tinha 26 anos”, acrescentando: “Um trabalho banal não me dá completa satisfação. Todo trabalho será fútil se não pudermos utilizar a experiência, que recolhermos numa vida futura. Quando descobri o que era a reencarnação, isso foi para mim como se descobrisse um plano Universal. Compreendi que havia uma oportunidade para trabalhar por minhas ideias. O tempo não é demasiadamente limitado. Eu não era mais um escravo do relógio. Havia tempo bastante para planejar e criar.

            “A descoberta da reencarnação pôs o meu espírito em sossego. Senti-me firme. A ordem e o progresso se achavam presentes no mistério da vida. Nunca mais procurei em  outros lugares solução para o enigma da vida.

            “Se vocês conservarem a lembrança desta conversa, escrevam-na para deixar  tranquilo o espírito dos homens. Desejo transmitir a todos a calma que a visão ampla da vida nos traz.

            “Todos nós guardamos, embora debilmente, a lembrança de passadas existências. E frequentemente sentimos que testemunhamos uma cena, ou a vivemos, em dado momento de alguma existência anterior. Mas isso não é essencial. A essência, o fundamento, o resultado das experiências, são experiências, são aquisições valiosas e permanecem conosco.”

            Quem quer que se dê ao trabalho de verificar, encontrará no Velho e no Novo Testamentos numerosas citações em favor da reencarnação, que é lei de justiça e de progresso. Aceitem-na ou não, ela se fará sentir pelos séculos afora, porque é parte inseparável do “mecanismo” da evolução humana.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

"Fenômeno é Espiritismo"

 

Fenômeno é Espiritismo

por Túlio Tupinambá   Reformador (FEB) Janeiro 1963

 

            É sempre útil o estudo paciente da Doutrina Espírita e das conclusões dos exegetas de grande autoridade no movimento. Os fenômenos mediúnicos constituem um estudo profundamente interessante e de importância inegável para a penetração e difusão do Espiritismo.

            Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, demonstrou a importância desse estudo, no Capítulo IX – “Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal”. Dizer-se que “o fenômeno mediúnico não é Espiritismo” constitui uma afirmativa ousada e inverídica, porque é o contrário que se dá, pois o que especifica o Espiritismo é o fenômeno mediúnico. Entretanto, certo estará quem disser que o Espiritismo não é só o fenômeno. Aí, sim, estará completa a definição.

            A parte oral é de importância fundamental para a educação da Humanidade. Poderá levá-la à felicidade que constitui a aspiração máxima da criatura humana. Por isto, reconhecendo sua magna importância, foi que surgiu “O Evangelho segundo o Espiritismo”, porque nada é mais necessário ao homem do que evangelizar-se. O Evangelho dá Iuz, orientação, paz, coragem, paciência, resignação, energia e esperança.

            Para coadjuvar a educação evangélica ministrada em “O Evangelho segundo o Espiritismo", de Kardec, para coadjuvar e reforçar essa educação, temos “Os Quatro Evangelhos”, de Roustaing, obra admirável, ditada pelos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João, através da médium Sra. Collignon, mãe do Prefeito de Bordéus, França.

            Às vezes alguém alude a uma atitude negativa de Kardec em relação a essa obra. Entretanto, sempre é bom repetir, em “Revue Spirite”, de Junho de 1866, Allan Kardec, ao noticiar o aparecimento desse trabalho, julgou-o “considerável e com o mérito de não estar em contradição, por qualquer dos seus pontos, com a doutrina ensinada no O Livro dos Espíritos e no dos Médiuns, e que ele, Kardec, não havia realizado trabalho semelhante porque não julgara oportuno fazê-lo, antes que a opinião geral estivesse familiarizada com a ideia espírita (Veja-se a obra “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”).

            Ninguém pode, a meu parecer, considerar-se suficientemente enfronhado no estudo evangélico do Espiritismo sem dedicar também algum tempo a “Os Quatro Evangelhos”.

            Mas Kardec não se deteve naquela apreciação pois, na mesma revista, esclareceu: “Estas observações, subordinadas à sanção do futuro, em nada diminuem a importância da obra que, de par com algumas coisas duvidosas, segundo o nosso ponto de vista, outras contém incontestavelmente boas e verdadeiras e será consultada, com proveito, pelos espíritas conscienciosos.”

            Voltando à importância do fenômeno, diremos, porém, que seu estudo não é indispensável à educação moral do homem. Esta parte diz respeito à parte moral da Doutrina, ao “Evangelho segundo o Espiritismo”, assim como a "Os Quatro Evangelhos" (que também esclarece, ao elucidar, o papel que o fenômeno teve na passagem de Jesus por este planeta).

            Finalizando, diremos àqueles que nos lerem estas palavras de Paulo a Timóteo (I-4:15): “Medita estas coisas; ocupa-te nelas para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.”


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Dupla interpretação

 

                                     


Dupla interpretação

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)  

    Reformador (FEB) Fevereiro 1963

             Houve, mesmo entre católicos, quem discordasse do apelo e do empenho dos organizadores da Cruzada do Rosário em Família em obter a antecipação do jogo decisivo do campeonato carioca de futebol, que deveria realizar-se no mesmo dia e hora da concentração religiosa supracitada. Opinavam esses discordantes que a Igreja teria excelente oportunidade de afirmar seu prestígio no seio do povo, se não temesse a concorrência.do futebol. Caso contrário, a antecipação do jogo seria a presunção clara de que a preferência da maioria se inclinava para o futebol.

            Ninguém põe em dúvida o alcance da Cruzada do Rosário em Família, que procura restabelecer entre os católicos a prece coletiva da família nos lares, objetivo há muitos decênios de rotina entre os espíritas. A gravidade do momento no mundo recomenda que os homens se entreguem um pouco mais a seus deveres espirituais, se pretendem mesmo desvencilhar-se das peias da dor e da preocupação esterilizante. O que o Espiritismo prega, nas tribunas de seus centros e na intimidade do lar de seus profitentes (quem professa uma religião), testemunha o acerto e a clarividência da sua orientação.

            Faz muitos anos, o lar espírita é uma casa de oração elevada e de plena comunhão com o mundo invisível. Estuda-se o Evangelho segundo o Espiritismo, analisa-se a moral espírita, altamente instrutiva e educativa, busca-se diuturnamente dar a cada criatura humana um rumo compatível com as suas obrigações e necessidades espirituais. Tudo isto sem alarde, sem sectarismo, sem arroubos dogmáticos.

            Os espíritas realizam seu trabalho sem temerem concorrência de quem quer que seja, porque a sua religião, que é a Religião, tem uma meta a alcançar, em relação a cada indivíduo, em relação a cada família, em relação à Humanidade em geral. A solidez da Doutrina Espírita reside justamente na clareza e na lógica da sua estrutura, na beleza e na objetividade dos seus ensinamentos morais. “O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza e estai certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo - disse o Espírito de Fénelon, numa comunicação citada por Allan Kardec.

            Em vez de perder tempo em manifestações públicas tendentes a impressionar por suas proporções, o Espiritismo faz o seu trabalho de recuperação de uns, de desenvolvimento moral de outros, orientando, amparando; levantando os que caem, consolando os falidos e conduzindo-os, paciente e persistentemente, à própria redenção, mostrando-lhes que a vida não acaba com a morte, mas, pelo contrário, continua no plano invisível, onde também se trabalha incessantemente pela salvação de cada individualidade, com a simples exposição da verdade singela constante da sua Doutrina.

            Essa verdade está em todas as religiões, embora nem sempre estas a aceitem e propaguem sem restrições dogmáticas. Está nesse caso o papel importante que os Espíritos exercem na vida humana e a ação extraordinária que desempenham no plano invisível. As condições em que se encontra o mundo, depois de tantos séculos de ascendência de um cristianismo desfigurado, pois não se identifica com o Cristianismo do Cristo, as condições do mundo - repetimos -  evidenciam a falência da orientação religiosa que se fez a si mesmo monopolizadora da herança cristã. Porque, compreendamos, o que faliu não foi o Cristianismo, mas aqueles que se fizeram depositários de Jesus, desnaturando a verdadeira doutrina do Galileu.

            Os que ainda não leram “O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários”, do Padre Alta, obra magistral editada pela Editora da Federação Espírita Brasileira, devem fazê-lo. Não para adquirirem sentimentos desfraternos para com outros credos religiosos, pois isto seria inadmissível a um espírita real, mas para terem conhecimento seguro das razões pelas quaís grande parte da Humanidade se tornou céptica ou ateísta. Outros, para guardarem aparências, são externamente religiosos, mas intimamente não o são. Frequentam templos como uma satisfação à sociedade de que fazem parte, mas não sentem a religião a que dizem pertencer. Porquê? Simplesmente porque essa religião se afastou do seu caminho, da rota traçada pela palavra e pelos exemplos do Cristo.  

            Quando uma religião chega ao ponto de se prender mais às coisas materiais do que às do espírito, quando condescende com a política, abandonando a simplicidade de Jesus para se abismar na pompa, permitindo que seus sacerdotes nem sempre desprezem as seduções do mundo pelas asperezas de uma vida legitimamente cristã - quando uma religião chega a esse ponto, não mais pode influir nos destinos da Humanidade.

            Leiam “O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários”, em tradução de Guillon Ribeiro. Não é obra de combate, mas obra erudita, de esclarecimento profundo, de análise minuciosa, de excepcional valor e indispensável a quantos queiram adquirir conhecimentos imprescindíveis a uma boa cultura.