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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Desapontamentos

 


Desapontamentos

Valérium por W. Vieira

Reformador (FEB) Fevereiro 1962

 

            O homem ocioso repousara em excesso e perdera o sono.

            Tentando dormir mais uma vez, recolheu-se em aposento isolado.

            Depois de algum tempo, ressonava...

            Respiração estertorosa.

            Assobios estridentes.

            Passa um, quarto de nora.

            Emitindo sons mais altos, acorda a si mesmo.

            Levanta-se e sai, furioso, procurando o suposto responsável pelo desagradável ruído que o despertou...

 *

             Muitos atos das criaturas são semelhantes a esse.

            Aspiram simplesmente ao sono do repouso falso.

            E, quando, despertam, contrariadas, para a realidade espiritual que as cercam, buscam, em desespero, alguém a quem possam incriminar por sua incúria e desgosto, mas encontram, invariavelmente, em si mesmas, as únicas responsáveis.  

            Assim ocorre nas pequeninas contrariedades da vida humana e nas grandes desilusões da vida espiritual, após a viagem da morte.

 *

          Não culpe a ninguém por suas frustrações, presentes ou futuras.

            Ore, vigie e analise os próprios desapontamentos e verá que, ressonando na ociosidade e acordando na dolorosa vigília do arrependimento, o único responsável por eles é sempre você mesmo.


terça-feira, 6 de outubro de 2020

Conclusão da pesquisa

 


Conclusão da pesquisa

Ignácio Bittencourt por W. Vieira         Reformador (FEB) Março 1963

 

            Companheiro espírita, que não entendes ainda nos princípios do Espiritismo?

            A singela pergunta surge com imensa importância, porque sem o necessário entendimento do Espiritismo há sempre falhas na utilização do estágio terrestre.

            É imprescindível assimilar a Doutrina Espírita, nas entranhas da própria alma, para que seja vivida nas ações cotidianas.

            Para senti-la, porém, urge compreendê-la, raciocinando.

            Com todos os ensinamentos excepcionais divulgados pelas ciências e pelas filosofias da atualidade, não encontrarás a explicação das Leis que orientam a Vida Eterna, tanto quanto na intimidade da fé positiva que esposamos.

            Quase todos os setores da existência humana já foram motivos para revelações espirituais.

            Quase todos os fenômenos que sensibilizam a consciência já receberam na Terra essa ou aquela palavra esclarecedora do Mais Além.

            Mas o ideal espírita só abrasará o mundo se o acendermos no imo do próprio ser. Evitemos a derrota prévia das almas amodorradas na rotina e construamos o tempo do estudo.

            Ócio é coágulo da vida.          

            Não te contentes em declarar que conheces os postulados que abraças. Aprendizado não decorre de geração espontânea.

            Analisa o teu conhecimento doutrinário nas horas de decisão. Em tais circunstâncias é que demonstrarás para ti mesmo e para os outros como se te gradua o brilho do Espiritismo no âmago da razão.

            E faze testes rigorosos contigo, medindo a própria aplicação: abre indiscriminadamente um compêndio básico de Doutrina e verifica se dominas o assunto tratado nas páginas descerradas.

            Visita uma biblioteca espírita e observa quantos volumes já analisaste com atento.

            Ouve um orador e repara se estás percebendo o conteúdo das palavras pronunciadas.

            Considera qual o esforço que despendes por dia, por semana ou por mês, para realizar esse ou aquele estudo pessoal dos princípios que esposas.

            Sopesa como e quanto já favoreceste, sem imposição, a benéfica renovação dos parentes, amigos e colegas que te cercam.

            O homem não deve ser espírita apenas por inclinação.

            Os Emissários Espirituais dos Planos Divinos não ditam mensagens, desde os albores da Codificação Kardequiana, somente com interesse literário. Visam a elevado fim: a instrução da Humanidade.

            Por esses e outros motivos, reconhecemos o acerto da opinião indiscutível dos Excelsos Dirigentes do Espiritismo, nas Esferas Superiores, que, após minuciosa pesquisa, chegaram à conclusão de que, junto às calamitosas quedas morais e às deserções deploráveis de numerosos companheiros responsáveis pelo serviço libertador, entre todas as causas que dificultam a marcha da Nova Revelação na Terra, destaca-se, em posição de espetacular e doloroso relevo, a preguiça mental.


domingo, 4 de outubro de 2020

Trovas do mais além

 


Trovas do mais além

Reformador (FEB) Março 1963

Médium: W. Vieira

 

 

“Ternura, bênção, perfume,

Grandeza, glória e esplendor,

Tudo isso Deus resume

Nas quatro letras do amor.”

Eufrásio de Almeida

 

“Há uma alegria que cobra

Duas penas no caminho,

É aquela de ter de sobra

O pão que falta ao vizinho.”

Oscar Baptista

 

“Quando a morte o olhar nos cerra

Não sei, efetivamente,

Se a gente fica na Terra,

Se a Terra fica na gente.”

Toninho Bittencourt

 

“As coroas de finados,

Na campa de quem morreu,

São grandes zeros dourados

Se a vida nada valeu.”

Cornélio Pires

 

“O mal é o mesmo em ofensas

De obsessões infelizes,

Quando dizes e não pensas,

Quando pensas e não dizes.”

Marcelo Gama

 

 

“Em todo e qualquer caminho,

O Bem que jamais se cansa,

Na ponta de cada espinho,

Põe a rosa da esperança.”

Eugênio Savard

 

“Depois da morte é que vi,

Nas cenas de toda hora,

Muita tristeza que ri,

Muita alegria que chora.

Sebastião Rios

 

“Há duas coisas na gente

Por onde o mal se intromete:

Raciocínio que não sente,

Coração que não reflete.

Carlos Estevam

 

 

“No mundo, ninguém conhece

A força da redenção

De uma lágrima que desce

Dos olhos ao coração.”

Carlos Ferreira

 

Vai o berço, vem a cova;

Sai o prazer, surge a dor...

O tempo tudo renova,

Mas o amor é sempre o amor...

José Bartolotta


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A quem se aproxima



A quem se aproxima

Kelvin Van Dyne
por W. Vieira
Reformador (FEB) Julho 1964

            Muitos, em se aproximando das revelações espirituais, julgam que, imprimindo seriedade à vida, matam a alegria de viver. Sem dúvida, os dias humanos são desfrutáveis, em júbilo sadio. Mas aparecem excessos e distorções.
            Há quem viva na festança irresponsável, no abuso sistemático ou na excitação absorvente; em certo instante surge o desastre, a crise e a alteração perigosa, por desafios do destino convidando ao balanço moral. E o espírito mergulha em reflexões e confissões inaudíveis para os outros. E sofre. Para que sofrer sem necessidade?
            A alegria real, que nunca foi simplesmente agitação de músculos faciais, há de partir da aceitação da vida continuada, à luz da consciência em paz. Regozijos de convenção quase sempre não passam de exibições fantasistas, fugazes, falsas. E, por trás deles, insatisfações inarredáveis perduram.
            A intuição vulgar determina sejamos capazes de servir ao bem numa parada de máscaras. Já embriagar-se de ilusões dentro dela será mistificar a nós próprios, adiar o Inadiável. Ninguém condena o conforto: ideal de todos para todas. Apenas carecemos de orientação para evitar futuros infortúnios.
            Esposar as realidades do espírito não implica refugiar-se a criatura em padrão claustral de solidão e tristeza. Vivamos como os demais renovando o que exige renovação. Em qualquer parte, a ausência do bem é maior e tão grave quanto a presença do mal.
            Não se descure da conta corrente da sua encarnação. Ninguém encontra a tarefa pronta. Felicidade não mora na estação do menor esforço, à nossa espera. Os urubus acham prato feito, mas nós, consciências responsáveis, jamais somos chamados a banquetear-nos com vitórias fáceis e sim conclamados a bater-nos pelo triunfo legítimo de nossas aspirações com o risco onipresente de fracasso.
            Se se ordena tudo que o homem faz porque deixar ao sabor das circunstâncias a execução do melhor? Porque somente ajudar aos outros nos instantes trágicos, nos repentes da emoção? Necessário escolher entre as duas veredas: viver em si ou fora de si, para si só ou para os outros também.
            Compense o máximo de palavras batidas com um mínimo de ações novas, pelo menos. Que pessoas você fez mais felizes, na semana? Que exemplos de maturidade espalhou? Que atitudes assumiu para educar-se e beneficiar os que lhe partilham a convivência? A vida é jornada no Sempre. Todo ato faz-se companheiro invisível. Vejamos os companheiros que elegemos hoje para a viagem.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O administrador infiel \ Nenhum servo pode servir a dois senhores



O Administrador Infiel - Parábola  /
        Nenhum Servo Pode Servir a dois Senhores                  

16,10 “ -Aquele que é fiel nas coisas pequenas, será também fiel nas coisas grandes. E, quem é injusto nas coisas pequenas, ser-lo-á também nas grandes;       
16,11 Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas ilusórias, quem vos confiará as verdadeiras? 
16,12 E, se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? 
16,13 Nenhum servo pode servir a dois senhores: Ou há que odiar a um e amar o       outro ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” 16,14 Ora, ouviam tudo isso os fariseus, que eram avarentos e zombavam dele. 
16,15 Jesus disse-lhes: “ -Vós procurais parecer justos aos olhos dos homens, mas, Deus  vos conhece os corações, pois o que é elevado aos olhos dos homens é abominável aos olhos de Deus.” 
16,16 A lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus e cada um faz esforços para aí entrar 
16,17 mais facilmente, porém, é mais fácil passar o céu e a terra, do que se perder uma só letra da lei. 
16,18  Todo o que abandonar sua mulher e casar com outra, comete adultério; e quem casar com a mulher rejeitada comete adultério também.”  

         Para Lc (16,13) -Nenhum Servo Pode Servir a Dois Senhores -,  “Caminho, Verdade e  Vida”, de Emmanuel por Chico Xavier, nos fornece a orientação: 

            “Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações de perplexidade nas estradas do mundo é que, depois dos apóstolos e dos mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a que devem servir.

            Como o Reino do Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfazer a Jesus e ao mundo, a um só tempo. O vício e o dever não se aliam na marcha diária. Que dizer de um homem que pretenda dirigir dois centros de atividade antagônica, em simultâneo esforço?

            Cristo é a linha central de nossas cogitações.

            Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da Terra, com direitos inalienáveis, porquanto é a nossa luz do primeiro dia evolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seu amor.

            Somos servos d’Ele. Precisamos atender-lhe aos interesses sublimes, com humildade. E, para isso, é necessário não fugir do mundo, nem das responsabilidades que nos cercam, mas, sim, transformar a parte de serviço confiada ao nosso esforço, nos círculos de luta, em cédula de trabalho do Cristo.

            A tarefa primordial do discípulo é, portanto, compreender o caráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestre como centro da vida e oferecer aos semelhantes os seus divinos benefícios.”

            Ainda para Lc (16,13) -Nenhum Servo Pode Servir a Dois Senhores  - cabe, agora, aprender com a palavra de André Luiz por Waldo Vieira, em “Conduta Espírita”:

“Conduta Espírita nos Embates políticos...

            -Situar em posição clara e definida as aspirações sociais e os ideais espíritas cristãos, sem confundir os interesses de César com os deveres para com o Senhor. Só o Espírito possui eternidade.

            -Distanciar-se do partidarismo extremado. Paixão em campo, sombra em torno.

            -Em nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas comovedoras em nome da caridade. O despistamento favorece a dominação do mal.

            -Cumprir os deveres de cidadão e eleitor, escolhendo os candidatos aos postos eletivos, segundo os ditames da própria consciência, sem, contudo, enlear-se nas malhas do fanatismo de grei. O discernimento é caminho para o acerto.

            -Repelir acordos políticos que, com o empenho da consciência individual, pretextem defender os princípios doutrinários ou aliciar votos ou solidariedade a partidos e candidatos. O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos.

            -Não comerciar com o voto dos companheiros de ideal, sobre quem a palavra ou cooperação possam exercer alguma influência. A fé nunca será produto para mercado humano.

            -Por nenhum pretexto, condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrativas de interesse público, mas sim orar em favor deles, a fim de que se desincumbam satisfatoriamente dos compromissos assumidos. Para que o bem se faça, é preciso que o auxílio da prece se contraponha ao látego da crítica.

            Impedir palestra e discussões de ordem política nas sedes das instituições doutrinárias, não olvidando que o serviço de evangelização é tarefa essencial. A rigor, não há representantes oficiais do Espiritismo em setor algum da política humana.”

            Para  Lc (16,18)  -Casamento e divórcio - leiamos um pequeno trecho de autoria de Antônio Luiz Sayão em “Elucidações Evangélicas”(Ed. FEB):

            “Relativamente ao divórcio, o objetivo imediato do ensino de Jesus foi impedir se multiplicasse o número de mulheres repudiadas sob os mais fúteis pretextos, como era de costume entre os judeus, mediante a carta de divórcio que Moisés permitira.

             Nem foi com objetivo diverso que, doutra feita, apoiando-se na letra da Gênese, se referiu figuradamente, à criação inicial de um homem e de uma mulher, para origem da Humanidade, a fim de concluir recomendando não se separasse o que Deus unira.

             De fato, o homem não deve equiparar-se ao bruto, tendo a mulher apenas como meio de satisfazer aos seus apetites materiais, ao instinto da procriação. Cumpre-lhe, ao contrário, considerá-la    o que ela realmente é - um Espírito criado como o dele, a este em tudo semelhante e posto na Terra, pela encarnação, para também expiar e resgatar faltas, depurar-se, progredir, suportando, do mesmo modo que ele, os trabalhos e, como ele, gozando das alegrias que lhe proporcione a vida humana.”     
        

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Orai e Vigiai



Orai e Vigiai

26,36  Retirou-se Jesus com eles para um  lugar  chamado  Getsêmani  e disse-lhes:
“Assentai-vos aqui enquanto Eu vou ali orar.” 
26,37  E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu (Tiago e João), começou  a  entristecer-se e  angustiar-se. 
26,38  Disse-lhes, então : “-Minha alma está numa angústia profunda, que pode até me matar. Fiquem  aqui  em  vigília comigo.”
26,39  E, indo um pouco à frente, prostrou-se com o rosto em terra e rezou: “ -Meu Pai, se for possível, afastai de mim este cálice! Mas, não aconteça como Eu quero, mas sim como Vós quereis!” 
26,40 E voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste velar comigo? 
26,41 Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação, porque o espírito está disposto para o bem, mas a natureza é fraca!                                                                                         
26,42  Retirou-se, de novo, e, pela segunda vez, rezou: “ -Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, seja como Vós quereis! 
26,43  Em seguida, voltou e encontrou-os dormindo, pois eles tinham os olhos pesados de sono. 
26,44  Deixando-os, retirou-se e rezou pela terceira vez,, repetindo as mesmas palavras. 26,45  Depois, voltou para junto dos discípulos e lhes disse: “ -Agora podem continuar a dormir e a descansar, Está chegando a hora e o filho do homem vai ser entregue às  mãos dos pecadores.
26,46  Levantem-se! Vamos!  Está perto aquele que vai me entregar!”    
                                                                
        Para Mt (26,41) - Orai e Vigiai, encontramos em “Caminho, Verdade e Vida” de Emmanuel por Chico Xavier, o que se segue:

            “Jesus  veio à Terra acordar os homens para a vida maior.

            É interessante lembrar, todavia, que, em sentindo a necessidade de alguém para acompanhá-lo no supremo testemunho, não convidou seguidores tímidos ou beneficiados da véspera e, sim, os discípulos conscientes das próprias obrigações.

             Entretanto, esses mesmos dormiram, intensificando a solidão do Divino Enviado.

            É indispensável rememoremos o texto evangélico para considerar que o Mestre continua em esforço incessante e prossegue convocando cooperadores devotados à colaboração necessária. Claro que não confia tarefas de importância fundamental a Espíritos inexperientes ou ignorantes; mas, é imperioso reconhecer o reduzido número daqueles que não adormecem no mundo, enquanto Jesus aguarda resultados da incumbência que lhes foi cometida.

            Olvidando o mandato de que são portadores, inquietam-se pela execução dos próprios desejos, a observarem em grande conta os dias rápidos que o corpo físico lhes oferece. Esquecem-se de que a vida é a eternidade e que a existência terrestre não passa simbolicamente de “uma hora.” Em vista disso, ao despertarem na realidade espiritual, os obreiros distraídos choram sob o látego da consciência e anseiam pelo reencontro da paz do Salvador, mas ecoam-lhes ao ouvido as palavras endereçadas a Pedro: Então, nem por uma hora pudeste velar comigo?

            E, em verdade, se ainda não podemos permanecer com o Cristo, ao menos uma hora, como pretendermos a divina união para a eternidade?”

            Ainda para (Mt 26,41) -Orai e Vigiai - tomemos nota das recomendações de André Luiz por Waldo Vieira, em...

Conduta Espírita perante a oração...

            -Proferir a prece inicial e a prece final nas reuniões doutrinárias, facilitando-se, dessa forma, a ligação com os Benfeitores da Vida Maior. A prece entrelaça os Espíritos.

            -Quanto possível, abandonar as fórmulas decoradas e a leitura maquinal das “preces prontas”, e viver preferentemente as expressões criadas de improviso, em plena emotividade, na exaltação da própria fé. Há diferença fundamental entre orar e declamar.

            -Abster-se de repetir em voz alta as preces que são proferidas por amigos outros nas reuniões doutrinárias. A oração, acima de tudo, é sentimento.

            -Prevenir-se contra a afetação e o exibicionismo ao proferir essa ou aquela prece, adotando concisão e espontaneidade em todas elas, para que não se façam veículo de intenções especiosas. Fervor d’alma, luz na prece.

            -Durante os colóquios da fé, recordar todos aqueles a quem tenhamos melindrado ou ferido, ainda mesmo inconscientemente, rogando-lhes, em silêncio e a distância, o necessário perdão de nossas faltas. Os resultados da oração, quanto os resultados do amor, são ilimitados.

           -Cancelar as solicitações incessantes de benefícios para si mesmo, centralizando o pensamento na intercessão em favor dos menos felizes. Quem ora em favor dos outros, ajuda a si próprio. Controlar a modulação da voz nas preces públicas, para fugir à teatralidade e à convenção. O sentimento é tudo.”

            Para  Mt  (26,41) -Vigiai e orai...- tomemos a orientação de Emmanuel por Chico Xavier, em “Fonte Viva”:

            “As mais terríveis tentações decorrem do fundo sombrio de nossa individualidade, assim como o lodo mais intenso, capaz de tisnar o lago, procede do seu próprio seio. 

            Renascemos na Terra com as forças desequilibradas do nosso pretérito para as tarefas do reajuste.  

              Nas raízes de nossas tendências, encontramos as mais vivas sugestões de inferioridade. 

            Nas íntimas relações com os nossos parentes, somos surpreendidos pelos mais fortes motivos de discórdia e luta.

             Em nós mesmos podemos exercitar o bom ânimo e a paciência , a fé e a humildade.

             Em contato com os afetos mais próximos, temos copioso material de aprendizado para fixar em nossa vida os valores da boa vontade e do perdão, da fraternidade pura e do bem incessante.

            Não te proponhas, desse modo, atravessar o mundo, sem tentações. Elas nascem contigo, assomam de ti mesmo e alimentam-se de ti, quando não as combates, dedicadamente, qual o lavrador sempre disposto a cooperar com a terra da qual precisa extrair as boas sementes.

            Caminhar do berço ao túmulo, sob as marteladas da tentação, é natural. Afrontar obstáculos, sofrer provações, tolerar antipatias gratuitas e atravessar tormentas de lágrimas são vicissitudes lógicas da experiência humana.

            Entretanto, lembremo-nos do ensinamento do Mestre, vigiando e orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda. ”

            Coroando as contribuições sobre o tema - Oremos  e  Vigiemos-  fomos buscar, em
 “Veleiro de Luz” a palavra do Dr. Bezerra de Menezes, por Mª Cecília Paiva:

            “No mar revolto da vida, quando as populações buscam para seu regozijo, entretenimentos vários, quando a nau humana quase soçobra, sem um porto de salvação, sem bússola, sem fé, quando homens e mulheres esquecem os sagrados deveres da vida e no tombadilho da distração perdem a jóia preciosa do tempo, e as crianças crescem como aves desgarradas dos ninhos, prontas a naufragarem, quando a metralhadora é o divertimento favorito, enfim quando a Humanidade terrestre sente o abraço de Caim e busca o festim de Baltazar, olvidando a hora angustiosa que por certo se aproximará, é preciso e forçoso que os obreiros do Cristo perseverem firmes, trabalhando incessantemente, sem desânimo.

            Obreiros, sob quaisquer títulos, sejam como médium, radiotelegrafistas do grande além, sejam assistentes técnicos ou profissionais variados, é necessário que a harmonia do conjunto auxilie a grande massa humana a suportar o choque do resgate.

            Irmãos que recebeis as mensagens de amor, oração, vigilância, caridade, paz e progresso, que vos sintonizais com os amigos de mais alto, que sentis a esperança acalentando os corações, que sabeis o momento como oportunidade preciosa para a vossa redenção, que vos comprometestes como soldados briosos a substituir aqueles que já seguiram mais avante, tomai sentido cada instante, usai o silêncio e a fé como bússola, a caridade como apoio e enfrentai a grande batalha que se trava no nosso planeta entre as forças positivas e negativas, o bem e o mal, a dor e a alegria, a luz e a treva.

            Não ignorais que Cristo é vosso comandante, vosso arrimo, a Luz Auroral de vosso futuro.

            A luta é grande, a tempestade varre os domínios terrestres, a flor do bem murcha nos corações fracos e mal dispostos.

            Todavia, a Estrela fulgurante da manhã, não tardará a iluminar os caminhos terrestres, as ondas bravias cederão lugar ao remanso, a paz voltará, porque Cristo é a Suprema Esperança do vosso planeta.

            No silêncio de nossos corações, comunicando-nos com as Forças do Bem em busca de orientação mais alta, busquemos o Cristo de Deus, confiados no porvir e na glória que espera todos aqueles que sabem sobrepujar suas fraquezas e vencer com denodo os seus erros, vindos como manchas seculares de um passado longínquo.

            Avante, irmãos. A hora sexta se aproxima. Jesus nos espera. Oremos e vigiemos.”   

segunda-feira, 11 de março de 2019

Marta e Maria



Marta e Maria

10,38  Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada  Marta,  o  recebeu  em   sua   casa.   
10,39  Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-Lo falar
10,40  Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: -Senhor, não Te importa que minha irmã me deixe só a servir? 10,41  E respondendo, disse-lhe Jesus: “ -Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas;
10,42 Mas uma só coisa é necessária; e Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.”    


            Para Lc (10,41-42) -Marta e Maria - reproduzimos o trecho que se segue, extraído de “Conduta Espírita”, de André Luiz por Waldo Vieira:

Conduta Espírita da Mulher...

            -Compenetrar-se do apostolado de guardiã do instituto da família e da elevada tarefa na condução das almas trazidas ao renascimento físico. Todo compromisso no bem é de suma importância no mundo espiritual.

            -Afastar-se de aparências e fantasias, consagrando-se às conquistas morais que falam de perto à vida imperecível, sem prender-se ao convencionalismo absorvente. O retorno à condição de desencarnado significa retorno à consciência profunda.

            -Afinar-se com os ensinamentos cristãos que lhe situam a alma nos serviços da maternidade e nas bênçãos da mediunidade santificante. Quem foge à oportunidade de ser útil, engana a si mesmo.

            -Sentir e compreender as obrigações relacionadas com as uniões matrimoniais do ponto de vista da vida multimilenária do Espírito, reconhecendo a necessidade das provações regenerativas que assinalam a maioria dos consórcios terrestres. O sacrifício significa o preço da alegria real.

            -Opor-se a qualquer artificialismo que vise transformar o casamento numa simples ligação sexual sem as belezas da maternidade. Junto dos filhos apagam-se os ódios, sublima-se o amor e harmonizam-se as almas para a eternidade.

            -Reconhecer grave delito no aborto que arroja o coração feminino à vala do infortúnio. Sexo desvirtuado, caminho de expiação.

            -Preservar os valores íntimos, sopezando as próprias deliberações com prudência e realismo, em seus deveres de irmã, filha, companheira e mãe. O trabalho da mulher é sempre a missão do amor, estendendo-se ao infinito.”

            Para Lc (10,42) - Mas só coisa é necessária - leiamos  “Segue-me!” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te descerrará realidades, com as quais nem sonhas de leve...

            Adiministrarás variados interesses, entretanto não poderás controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio de ação de todos os missionários da elevação.

            Amealharás enorme fortuna, todavia ignorarás, por muitos anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.

            Improvisarás preciosos discursos, contudo desconheces as consequências de tuas palavras.

            Organizarás grande movimento em derredor de teus passos, no entanto se não construíres algo dentro dele para o bem legítimo cansar-te-ás em vão.

            Experimentarás muitas dores, mas se não permaneceres vigilante no aproveitamento da luta teus dissabores correrão inúteis.

            Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso, todavia é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e a ociosidade de muitos.

            Uma só coisa é necessária, asseverou o Mestre em sua lição a Marta, cooperadora ativa e dedicada.

            Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada ante os desígnios do Todo Poderoso, avançando seguindo o roteiro que nos traçou a Divina Lei. Realizando esse necessário, cada acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustará, a nossos olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de sintonia com o Celeste Instrutor é muito difícil agir com proveito.”


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dores de lá e de cá


Dores
de cá e de lá
Manuel Quintão
por W. Vieira
Reformador (FEB) Março 1962

            Sim, existem multidões de Espíritos que ainda experimentam largas torturas na forma etérea em que se lhes plasmava o corpo de carne!

            E como não senti-las?

            Sabes que mesmo aí, nos domínios da matéria densa, pessoas que sofreram a amputação de um membro sentem-no ainda, através de terebrantes dores. Que não sentirá alguém que traga o corpo enfermo e a alma verminada, após sofrer a amputação da existência física?

            De cá e de lá, somos defrontados por vivos, mortos e semimortos, pois somente revela habilidade, para morrer, a alma que demonstrou esforço para viver corretamente; ninguém é promovido de carrasco a salvador ou de réu a herói, a passe de mágica.

            Cada homem traz a sentença pessoal lavrada na mente e, ao resvalar do catafalco para o seio da terra, dele depende a liberdade espiritual ou o encarceramento nas sólidas e indesertáveis prisões da consciência.

            Se a evolução patrocina o êxodo perpétuo das sombras de nosso íntimo, nem por isso conseguiremos apagar, de um dia para outro, com operações plásticas irrepreensíveis, as mil cicatrizes de nossos erros, insculpidas na própria alma.

            Na febre de perecedouros interesses terra-a-terra, o homem, muitas vezes, envolto na cerração do engano a toldar lhe a vista, afunda-se no pântano lodacento da incerteza e, desse modo, surgem, aos milhares, os irmãos duvidadores na Terra. Depois do trespasse, errantes e irredimidos, quando a consciência resmunga, ainda maculados de lama em prodigiosos ergástulos fluídicos, uns sorriem, outros gargalham... o sorriso fixo da idiotia, a gargalhada estentórica da loucura... estigmatizados pelas farpas dos dissabores mais díspares.

            Em razão disso, urge tornar espontâneo, em nós, o gesto de cooperar, seguindo as Almas Maiores que não medem o bem que fazem.

            Adota a sinceridade na voz, proscrevendo o aguilhão da astúcia camuflada no glacê da melifluidade, decorrente de intenções escusas que forçam a criatura a exibir atitudes camaleonescas na vida diária.


            Reconheçamos que, nas pegadas do Cristo descrucificado, ninguém é fraco para lutar contra o infortúnio nem é vencido perante a provação; a fé soerguedora mantém desnublada a face padecente, ainda mesmo quando busque romper caminho sob a avalanche de destroços morais em que se agita, por eleger na caridade a antiga e sempre nova tarefa que todos necessitamos desempenhar, cada hora, uns para com os outros, em demanda da vitória sobre nós mesmos, na tecedura interminável do destino. 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Muralhas...


Muralhas...

Leopoldo Cirne
por W. Vieira
Reformador (FEB) Março 1972


            Espíritas! Fugi à inconstância do vento que passa, despreocupado... Não brinqueis de viver.

            Toda a Lei Divina é inderrogável. A bússola do Criador jamais emperra.

            Os sentidos humanos são restritos e enganadores: num diminuto ponto do infinito que contemplais, quantos milhões de mundos não se ocultam? Numa gota d’água, quantos milhares de vidas? Numa página simples, quantas formas de pensamento? Numa frase comum, quanta ideia a brilhar? Apenas o estudo pode induzir-vos a ultrapassar as balizas estreitas do vosso cérebro limitado.

            Avançai incessantemente, na Terra, por labirintos de incógnitas desafiadoras. Por isso, não desistais de aprender.

            Nossa inteligência é fonte sublime a correr, inestancável, e, quase sempre, se perde desaproveitada na vacuidade do inútil. Não malbarateis o talento das horas e o dom da saúde física.

            Cada volume compendia determinado tipo de experiência.

            Mergulhai raciocínio e atenção nos livros edificantes que ensinam a libertação interior.

            Os transeuntes da carne demandam a Eternidade, e o que se aprende, agora, grava-se na memória de maneira indelével.

            Valorizemos na carteira do trabalho o abecedário da Vida.

            Não cultiveis fadigas esmagadoras nem desilusões amargosas. Derribai os muros da ignorância que vos interceptam o caminhar, superando os obstáculos sorrateiros atulhados no próprio “eu”: aqui, o mofo pestilencial do desânimo; ali, a traça insaciável do vício; além, a ferrugem corruptora da preguiça; alhures, a entranhada poeira da indiferença.

            Entesouremos, hoje, a centelha de uma página; amanhã, o revérbero de uma lição; depois, a pequenina chama de um bom conselho, varando os turbilhões de trevas que se nos enquistam na vereda a palmilhar.

            O estudo - seara do aprendizado - é semelhante à plantação em que a leira devolve as sementes multiplicadas centenas de vezes.

            Estudai servindo, seja envergando a bata do Magistério, o avental da Ciência, a beca da Filosofia, a estamenha da Fé, a túnica do Lar, a manta da Lavoura, o burel da Arte ou o macacão do ofício obscuro.

            Conquistai as muralhas encadernadas das bibliotecas.

            Estudar - eis a palavra de ordem para a escalada aos montes resplendentes da vida!

            Se não há corações impermeáveis à energia do amor, não existem mentes impenetráveis ante a força da luz!