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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Conto convosco...

 


Página mediúnica (Grupo Ismael)

Bittencourt Sampaio por Albino Teixeira

Reformador (FEB) Maio 1919

            Conto convosco...

            Meus companheiros, paz em nome de Jesus.

            Como eu, fostes chamados pelo Senhor e colhidos nas vielas escuras, coxos e estropiados e, Evangelhos nas mãos, trazidos à mesa farta do seu banquete de Amor e Caridade.

            Cumpre assim, terem guarida em vossos corações os sentimentos fraternos de concórdia, para, repercutidos no espaço, vibrarem sonoros e uníssonos com os dos mensageiros de Jesus, prepostos ao progresso da humanidade, à sua ascensão na escala infinita das esferas.

            Responsabilidade grande a vossa, pois uma vez chamada é porque o Divino Mestre em vós confia para colaborardes firmemente na sua obra, fazendo jus à sua misericórdia.

            Eu espero, portanto, que, resolutos e firmes em vossa fé, crentes nas graças divinas, sejais um braço forte com que aqui possamos contar para romper as linhas tenebrosas que se antepõem ao andamento do progresso e da verdade.

            Conto convosco para abrir brecha através as trevas do erro e da ignorância, indo alcançar a luz bendita que irradia do seio de Jesus, essa luz que é o único caminho, verdade e vida, e que nos conduzirá sem desvios ao foco supremo – o seio amoroso do Pai Celestial!

            Crentes da nova doutrina regeneradora da humanidade, impávidos conservai os vossos espíritos, mas serenos e calmos também, para que levemos a bom termo a tarefa que me impus.

            Estudai na santa paz do Senhor e que Jesus vos abençoe.

 


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Da obra espírita

 


    “Desde que a obra espírita é de sentimento, necessário se faz que os grupos se afinem com os seus maiores, não em curtos instantes, mas constantemente, por meio da oração e de uma perfeita vigilância, a fim de que os trabalhos sejam produtivos e úteis. Fora disto, é remar contra a maré, como dizeis aí no vosso mundo.”

Bittencourt Sampaio (Espírito)

Reformador (FEB) Novembro 1944


sábado, 30 de janeiro de 2021

Pedro e Paulo

        

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio
Nascimento: 1º Janeiro 1834         Desencarne: 10 Outubro 1895


 Grupo Ismael

A Redação / Bittencourt Sampaio

Reformador (FEB) 16 Setembro 1918

 Grupo Ismael

             A comunicação mediúnica que abaixo inserimos, dada pelo operoso e lúcido espírito do companheiro que na Terra chamou Bittencourt Sampaio, é daquelas que não deixam dúvidas sobre a sua procedência. Na estrutura rigidamente bela de um estilo inconfundível, sente-se a profundeza dos conceitos emanados como de fonte não toldada das incertezas e dúvidas humanas.

            Os prismas da ideia apresentam cambiantes novas e mal entrevistas do mundo, na apreciação de problemas e personagens, que a superstição e o fanatismo de vinte séculos adulteraram de muito, senão inteiramente.

            Apreciando a missão dos dois vultos mais eminentes do Apostolado Cristão, no dia em que a humanidade os comemora com pompas e galas terrenas, retumbante mas inexpressivamente, o companheiro de lides espirituais, pensador e poeta evangélico por excelência aproveitou o ensejo para dar às letras espíritas uma página de alto relevo filosófico-religioso na qual, estamos certos, e vão desalterar muitos corações e muitas inteligências, ávidas de consolações e verdades. Cedendo, a nossa primeira página a tão emérito hóspede, resta-nos a convicção de que melhor não poderíamos corresponder ao nosso tradicional programa.  

            Eis a comunicação, ou antes o ensinamento que epigrafamos:

 

Pedro e Paulo

 

          Bendito seja o meu Senhor!

            Meus caros amigos:

             Reúnem-se corações de homens imensamente gratos pelos benefícios recebidos, para comemorarem esses dois vultos eminentes que a Cristandade aprecia e ama. Chama-se isso comemoração. Se-lo-á? No sentido restrito da palavra sim; mas no sentido lato - não. Pedro e Paulo!

            Ainda é bem possível que séculos se passem até que eles possam ser melhor comemorados, porque, espíritos cuja envergadura mal o homem compreende, não podem de modo algum ser apreciados como deveriam ser. De fato, onde estão os seus imitadores?  E, no entanto, são decorridos dois mil anos, quase, que eles deram os exemplos mais eloquentes de fé viva, ardente, quo os conduziu ao sacrifício do martírio! Ninguém, nenhum mortal surpreendeu, por um instante sequer, de um daqueles lábios uma palavra de desalento, um instante de desfalecimento! A impulsioná-los sempre para a frente estava a fé, a fé que se patenteava na certeza de que seus espíritos a possuíam e quaisquer que fossem os obstáculos que tivessem de vencer, a figura do seu amado e divino Mestre jamais se deliria nas suas consciências!

             Raciocinando assim, raciocinavam também, que tudo se cumpria pela vontade sublime de Deus.  

             Hoje, os cristãos novos que devem marchar na vanguarda da Era Nova, da Verdade anunciada a todos os instantes e em todos os recantos pelas bocas dos mensageiros celestes, podem tê-los sempre como esteio vivo, procurando na medida das suas forças dar uma demonstração positiva de que são discípulos de Pedro e Paulo.

            As velhas religiões assumiram grande responsabilidade na direção da humanidade; sobre elas pesam grandes culpas por não falarem a verdade ao mundo; e o mundo sempre ignorante dessas coisas, sempre propenso a desfrutar todos os proventos materiais, pouco se incomodou com as coisas espirituais.

            De degradação em degradação, de decadência em decadência, de erro em erro, de princípio em princípio chegou no abismo insondável da descrença.

            Mas, esse estado não pode, não deve continuar a prevalecer.

            Deus, ouvindo não os clamores do mundo, mas as vozes dos seus mensageiros celestes, ouvindo as súplicas desses espíritos diletos, cuja intervenção na nossa vida é tão grande, tão extraordinária mas que mal percebeis, Deus faz baixar sobre esse mesmo mundo a sua misericórdia e o eu valor, envia o Consolador prometido, e ei-lo a trabalhar, a agir de feição a reunir os homens de boa vontade, a convida-los a vir trabalhar na seara que há de conduzir não só eles, mas todos, à felicidade eterna. Aproxima-se hora das lutas, os espíritos não cessam de lançar a cada canto o seu grito de alarma. Homens adormecidos engolfados nas suas cogitações materiais; uns acumulando o que têm, outro desfrutando os prazeres mundanos na orgia sempre acidentada, a humanidade caminha em erro e os grandes vultos são lembrados na terra uma vez cada ano e isso mesmo ainda como leve passatempo! Oh! Singular maneira de comemorar os grandes benfeitores da humanidade!!

            Repito, esse estado de coisas não pode continuar: surge a necessidade palpitante da reforma individual e, por consequência, social.

            O mundo está completamente revolucionado, todas as ideias que nele germinam permanecem em conflito latente. As velhas religiões do passado ainda se mantêm de pé a custa de um equilíbrio extraordinário, conseguido unicamente pelos ouropéis (aparência enganosa de luxo), pela astucia, pela habilidade política posta em jogo pelos seus mais eminentes representantes. Essas instituições seculares, que benefício algum têm trazido à humanidade, pois que a ela só lhe tem trazido dores, desvarios, decepções, lutas as mais encarniçadas e tremendas: essas religiões, todas elas rolarão por terra, para dar lugar ao ressurgimento de uma época nova na qual o amor, a caridade, a fraternidade, começam conjugadas a sua grande obra de confraternização universal, a união de todos os povos, tendo apenas uma só religião e um só entendimento.

            Esse efeito não será para a vossa vida terrena, mas que importa isso se haveis de vir em novas etapas para concluir a tarefa da reforma planetária? Porque, sabeis, cada um tem seu papel definido neste grande empreendimento; de sorte que haveis de vir novamente tomar lugar designado nessa grande transformação.

            E para que a tarefa seja bem desempenhada e o tarefeiro tenha certeza do papel que está representando, é necessário, é imprescindível que ele desde já se reforme, batalhe consigo mesmo, lute e faça com que o homem velho sucumba para dar lugar ao homem novo; que surja cheio de vigor, cheio de esperança, cheio de fé. E onde deveis buscar esse elemento de força) de vitalidade para, empreender esta campanha extraordinária, a mais extraordinária talvez de que os vossos espíritos tenham tido consciência?

            No Evangelho, nesse Evangelho que fez a grandeza dos vultos a que os vossos corações vêm aqui reunidos trazer um preito de estima e admiração. E eu, peregrino, embora libertado da carne, tendo a visão mais nítida e perfeita das coisas de Deus, julgo-me sem merecimento algum sequer para pronunciar os nomes de Pedro e Paulo! Que poderei dizer das suas individualidades?

            O que vos posso dizer é que um representa tanto amor, tanta caridade e o outro tanta fé que é cedo, muito cedo para poderdes compreender a extensão de tais predicados neles. Só no dia que a humanidade acordar deste sono em sono em que está mergulhada, no dia que ela despertar para a realidade das coisas, então, compreendera a grande obra de Pedro e Paulo .Sem medo, sem receio direi: eram precisos esses dois vultos para que o Evangelho de Jesus fosse propagado na Terra; eram precisos esses dois corações aliados, esses dois cérebros extraordinários, para que o homem tivesse certeza de que Jesus viera ao  mundo e legara à humanidade o seu código de amor, de verdade e, sobretudo, de caridade.

            Novos Paulos, outros tantos Pedros deverão surgir, não que se precise converter gentios, não que se precise de nova pedra angular para a Igreja de Jesus, mas porque se precisa de novos Paulos e novos Pedros da fé, pelo sentimento e pela razão.  

            E no dia que assim suceder, e no dia que esses novos arautos surgirem, pode-se perfeitamente dizer que nesse dia começou a felicidade do mundo.

            É preciso que se fale com franqueza: espíritas, é preciso que se pregue com amor, sim, mas com energia também; já é tempo de se cuidar melhor das coisas de Deus. Sabeis que muito se pedirá a quem muito se houver dado ... E quem mais tem recebido do que os representantes da Boa Nova?

            É preciso agir, é preciso trabalhar. Que temos feito?

            Eu vos respondo, muito; mas tendes necessidade de fazer mais, muito mais. Fazer com o vosso vizinho, com o vosso próximo em geral? Sim, mas antes fazer convosco mesmos.

            Sabeis que a misericórdia de Deus sempre está em contato com as vossas consciências: e no entanto, às vezes, com tristeza vemos os vossos desfalecimentos.

            Pergunto: os estudantes do Evangelho devem ou não devem ter fé? Sabem ou não sabem que jamais serão desamparados por seu Mestre?

            O divino Mestre tem os olhos voltados para a humanidade inteira e se a humanidade sofre, geme e chora, é porque lhe tem voltado completamente as costas.

            Vós outros, porém, desde que abrais vossos corações, desde que a vossa penitência seja verdadeira, eu vos garanto categoricamente a sua misericórdia para que sintais o alívio, o bálsamo consolador que cura todas as feridas, todas as lepras inclusive a lepra da consciência culpada.

            Perdoai-me esse arrebatamento, eu falo assim convosco e não poderia ter a mesma linguagem que os demais, porque m’s permitis e sobretudo porque me amais.

            Unido a vós por um passado tão longo, porque deixaria de falar desta maneira quando se comemora o espírito dos representantes máximos da fé, dessa fé que representa a franqueza, a lealdade?

            Aceitai, meus companheiros, o que vos digo neste momento, como penhor máximo da minha estima.

            Dia virá no qual todos unidos, cá em cima, continuaremos a trabalhar, preparando a nossa volta e esse mundo que hoje habitais.

            Vamos pedir a Deus, vamos rogar a Jesus e sobretudo ao Anjo Tutelar da humanidade, que é Maria, para que, quando tivermos de voltar novamente, as condições dos nossos espíritos sejam outras; para que possamos sem desfalecimento, sem tibieza, sem fraqueza, sem esmorecimento de qualquer espécie, apresentarmo-nos de viseira erguida a luta e dizer: Senhor, cumpra-se em todos nós a tua santa vontade!  

            Ainda duas palavras:

            Os olhos do mundo estão voltados para a doutrina de Jesus e vós, como seus representantes na Terra deveis vos conduzir com o máximo critério em todos os atos da vossa vida, para que ninguém lance sobre a doutrina de Jesus, em virtude dos vossos desatinos e acertos, o ridículo.

            Tende cautela, as perseguições continuam incessantes, todos os meios são lícitos para os nossos inimigos e eles só contam com um único elemento de triunfo: a vossa fraqueza.

            Sede firmes, sede fortes, examinai bem as vossas consciências, e por esta forma não deixeis aberta a porta, para que o lobo traiçoeiro não entre no redil.

            Sede estudiosos, sede amorosos, notai bem: praticai a caridade da alma, o amor sincero e eu vos garanto mais uma vez que a assistência dos vossos amigos e protetores será um fato.

            Nas horas das vossas dores implorai a esse espírito amoroso a sua proteção e eu vos asseguro, meus amigos, ele virá em vosso socorro. Refiro-me a Maria.

            Que a misericórdia de Deus baixe sobre vossos espíritos e vos faça compreender que ama-lo é vosso primordial dever.

                                                                       Bittencourt Sampaio


terça-feira, 20 de outubro de 2020

O Suicídio

 


O Suicídio   

por A Redação / Bitencourt Sampaio (Espírito)

Reformador (FEB) Junho 1924

             Se algum livro, folheto ou opúsculo há que mereça amplíssima divulgação, sucessivas e intermináveis edições, é esse que há anos publicou sob o título acima, o nosso devotado e saudoso confrade Francisco Chaves, que hoje frui no mundo espiritual o prêmio do seu esforço por afastar da senda do maior dos crimes os seus irmãos da terra.

            Abrindo com o incomparável ditado do Espírito de Camillo Castello Branco, dirigido ao seu amigo Silva Pinto que pensava em suicidar-se, o volumezinho de Francisco Chaves contém, ora resumida, ora desenvolvidamente, o que a doutrina espírita ensina, com relação a esse ato de fraqueza, de desespero e, sobretudo, de incredulidade, que se chama - suicídio, cujas consequências, no mundo da verdade, são as mais horríveis e dolorosas a que se pode condenar o ser humano. De par com o que a doutrina expõe a cerca de tão nefando atentado, o maior de todos, contra as leis divinas, emanadas do amor infinito, o folheto a que nos referimos corrobora os ensinos doutrinários com o testemunho dos que, como o grande escritor cujo nome vimos de citar, puderam verificar a realidade da desgraça imensa que é o suicídio.

            A obrinha de Francisco Chaves (1) é, pois, também, como se vê desde logo, excelente repositório do que de melhor se pode responder em breves palavras aos que, no insano propósito de combater o Espiritismo, vivem a alegar, por ignorância, ou por felonia (crueldade), que ele é caminho franco para o suicídio, quando a realidade é que ainda nenhuma doutrina, filosofia ou credo religioso conseguiu fundam entrar a condenação desse ato funestíssimo pela maneira irretorquível por que o faz o Espiritismo, que apoia a sua profligação (derrota) na mais eloquente das provas - a dos fatos.

 

                (1) Do blog: Não encontramos a obra citada em nenhuma de nossas fontes. Caso o leitor disponha de um exemplar em sua biblioteca solicitamos contato pela gentileza de uma cópia. Grato.

 

            Bem compreendendo tudo isso e sentindo viva a necessidade de colocar em todas as mãos um livrinho tão útil e tão benéfico, nesta época em que, entre nós como por toda a parte, se observa o que se poderia chamar a epidemia do suicídio, o nosso prezado companheiro Frederico Fígner teve a feliz e generosa inspiração de mandar fazer, por sua conta, larga reedição do precioso volume, para distribui-lo copiosamente.

            Querendo, porém, que a nova edição trouxesse alguma coisa de novo e, mais ainda, alguma coisa que aumentasse o valor já não pequeno da caridosa obra de Francisco Chaves lembrou-se aquele companheiro de pedir ao bondoso Espírito de Bittencourt Sampaio, esteio dos mais fortes da Federação no mundo espiritual, um prefácio ou prólogo para o volume que se está reimprimindo. Aquiescendo, como era de esperar, a essa justificada solicitação, Bittencourt Sampaio prometeu que daria o que desejava Fígner e com ele os seus companheiros desta casa. Cumprindo a promessa, ditou a página que adiante se vai ler e que, antes de realçar o valor da obra a que se destina, dará às colunas desta revista um brilho e um relevo que lhe não são habituais.

            Eis o que disse o luminoso Espírito, a quem tantos benefícios e tão caridosa assistência devem os que mourejam nesta oficina de trabalho espiritual, que é a Federação:

 ADVERTÊNCIA AOS QUE DESESPERAM

             Vai, ó criatura, e conquista, com o suor de teu rosto, o pão de cada dia.

            Palmilha, passo a passo, a via dolorosa da expiação para limpares teu Espírito das manchas que o cobrem. Eis a exortação que ao Espírito fazem os que velam pelo seu progresso, quando a lei das existências várias o arroja a tomar a libré da terra.

            E porque vez o Espírito à masmorra da carne? Será por um capricho da Divindade? Será por uma manifestação da cólera divina, que os pretensos representantes de Deus lhe atribuem para manterem, em seu proveito, presa a humanidade ao terror supersticioso? Não, o Espírito delinquente, aquele que um dia olvidou a lei do amor que esqueceu a sua origem, que fez tábua rasa (esqueceu) da humildade, esse sim, é condenado à estação de cura, pelas paragens da dor. E nada, que não ela, o pode libertar dessa lei, que é a manifestação mais lídima do amor do Deus.

            Se as religiões radicadas nas massas ensinassem ao homem a razão de ser da dor, se lhe mostrassem a dupla significação das lágrimas, que tanto podem ser a expressão de um sofrimento horrível, como a cristalização da alegria mais pura do Espírito cheio de gratidão, por certo, livros como este não precisariam ser espalhados em nossos dias. Mas... não é aqui o lugar próprio para grafar em letras candentes a responsabilidade que pesa sobre os ombros dos primeiros convidados para o banquete do Pai de Família.

            A amizade de um irmão dedicado quis colocar o meu nome no frontispício desta obra. Esse desejo traduz mais uma prova de afeto, a que prazerosamente correspondo, do que necessidade de valorizar a obra, já de si mesma tão valiosa, pelo seu contexto. Quero, apenas, dizer o que meu Espírito sabe destas coisas; quero bradar aos incautos, que caminham na vida conduzidos por cegos, que o fosso os espera, se não se precaverem da companhia. Isto tenho de o dizer com o Evangelho na mão, porque só esse é o roteiro capaz de levar a porto seguro a nau da vida.

            Não valem sofismas, não colhem subterfúgios, nem há ritos, nem dogmas, nem fórmulas, nem aberrações que evitem o exato cumprimento da lei. A vida do homem é divina, porque é criação e desígnio do Ser Supremo. Ele no-la dá, Ele no-la mantém e quer somente com ela e por ela a purificação do delinquente. Como, pois, fugir à dor física, ao opróbio (vexame), a desonra, se esse foi o ferrete que nodoou o nosso Espírito, marcando-o, até que a purificação apague o estigma? Como evitar a chaga, quando o sentimento destila veneno que empeçonha a alma?

            Insensatos, que desprezam o único meio de regeneração que a misericórdia lhes concede em meio de sua desdita! Cegos, que têm o remédio nas mãos e o deixam escapar ofuscados pela tentação da liberdade, uma liberdade que a falta de fé mal lhes deixa vislumbrar!

            Eu, porém, digo a quem me ler: só há uma saída para o prisioneiro da dor; só há uma chave para abrir a porta do cárcere expiatório - é a resignação; é aceitar a vida terrena tal qual seja, dolorosa, rude, cheia de pesares e desilusões.

 *

             Pretendia apenas colocar ao lado do de Camilo o meu nome; com isto teria dito tudo quanto poderia dizer sobre tão relevante assunto. Suas “Palavras aos Desgraçados” são um grito da experiência, são o brado da sinceridade que a sua consciência de Espírito arrependido soltou aos quatro ventos, a fim de ser ouvido pelos tentados à deserção do campo da luta. Ele disse, enumerando os crimes mais hediondos que podem aculcar (?) a consciência de um filho de Deus: “o suicídio é a suprema ofensa a Deus.” De fato, ninguém definirá melhor, ninguém poderia ligar palavras que exprimissem tão ao vivo o que representa esse crime para a vida do Espírito. Pintando com cores carregadas a região onde choram os desgraçados falidos, disse, com aquela sinceridade tão sua, que nem o Dante soube combinar as tintas para patentear aos olhos humanos o quadro que se defronta ao suicida, ao ingressar nas regiões do Infinito.

            Poderia eu dizer mais? Não, nem creio mesmo que alguém pudesse faze-lo, de modo a melhor calar no ânimo dos que aí são levados à tentação, pelo peso do fardo que não sabem tornar leve.

            Mas, e não posso tornar mais tétrico o quadro, permite, no entanto, o Senhor eu Deus que o servo possa tornar mais suave as tintas da paisagem triste, que leva o Espírito inclinado ao máximo crime a descrer da própria salvação. Permite o meu Senhor que eu diga ao peregrino da dor: Sofreia as tuas cogitações pessimistas e olha para as aves que te cercam, para a vegetação que te rodeia, para esse ar festivo que a Natureza ostenta, É a mão do Criador que aí se patenteia! Nesse ritmo perfeito, que tudo move e tudo regula, está a ação da invisível Vontade que domina sobre tudo quanto é criado.

            Detém-te, pois, nas tuas cogitações pessimistas, mísero pecador; dá novo rumo ao teu pensamento. Leva-o para o seio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aí, aguarda a voz do teu guia e ele te dirá: “Será possível que a mão que veste de galas a erva do prado e põe na garganta dos pássaros o gorjeio de alegria possa ferir-te, a ti criatura dotada de livre arbítrio? Dirá mais essa voz amiga: “Penetra, sofredor, no âmago de ti mesmo e procura no teu sentimento pecaminoso a causa do teu sofrer. Então, sim, poderás compreender a dor, bendize-la mesmo, porque só ela será capaz de fazer brotar no teu Espírito alvoradas sem fim.”

            Posso ainda dizer: Olha para a frente caminheiro: na estrada a percorrer há caminhos íngremes e carreiros suaves, numa promiscuidade que assombra o teu olhar; mas, fita ao longe e verás, embora distante, o oásis reparador, onde poderás restaurar as forças combalidas, para recomeçares a jornada, já agora, por trilhas menos ásperas.

            Toma o teu bordão e segue.

            Eis o que posso dizer aos que me lerem. Só esse caminho liberta o Espírito das urzes da viagem terrena. O outro, de que fala o Camilo, é o atalho que leva à montanha escarpada do desespero.

             Bittencourt  


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O Ódio do Mundo

 

O Ódio 

do Mundo          

 15,18 “ -Se o mundo vos odeia, sabei que  Me  odiou,  antes  que  a  vós. 

15,19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém,  não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. 

15,20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: “O servo não é maior que o seu senhor”. Se Me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a Minha palavra, hão de guardar também a vossa.  

15,21 Mas, vos farão tudo isso por causa do Meu nome, porque não conhecem Àquele que Me enviou. 

15,22 Se Eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam erros, mas, agora, não há desculpa para o seu erro;   

15,23 Aquele que não Me ama, não ama também a Meu Pai! 

15,24 Se Eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam errado, mas agora as viram e odiaram a Mim e a Meu Pai. 

15,25 Mas, foi para que se cumpra a palavra que está escrita na Sua Lei  "Odiaram-se sem motivo.” (Salmo 34,19 et 68,5)  

15,26 Quando vier o Consolador, que Vos enviarei de parte do Pai, O Espírito de Verdade, dará testemunho de Mim. 

15,27 Também vos dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. 16,1 Tenho-vos dito estas coisas, para que vós não vos escandalizeis.

16,2   Expulsar-vos-ão das sinagogas e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus. 

16,3 E isso vos farão, porque não conhecem ao Pai nem a Mim.      1

16,4 Disse-vos, porém, estas palavras para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo anunciei. E, não vô-las disse desde o princípio, porque estava convosco.

                            

            Para  Jo  (16,1) -Ouvistes? - leiamos a Emmanuel por Chico Xavier em “Vinha de Luz "(Ed. FEB):

               Antes de retornar às Esferas Resplandecentes, o Mestre Divino não nos deixou ao desamparo, quanto às advertências no trabalho a fazer.

            Quando o espírito amadurecido na compreensão da obra redentora se entrega ao campo de serviço evangélico, não prescinde das informações prévias do Senhor.

               É indispensável ouvi-las para que se não escandalize no quadro das obrigações comuns.

            Esclareceu-nos a palavra do Mestre que, enquanto perdurasse a dominação da ignorância no mundo, os legítimos cultivadores dos princípios da renovação espiritual, por Ele trazidos, não seriam observados com simpatia. Seriam perseguidos sem tréguas pelas forças da sombra. Compareceriam a tribunais condenatórios para se inteirarem das falsas acusações dos que se encontram ainda incapacitados de maior entendimento. Suportariam remoques de familiares, estranhos à iluminação interior. Sofreriam a expulsão dos templos organizados pela pragmática das seitas literalistas. Escutariam libelos gratuitos das inteligências votadas ao escárnio das verdades divinas. Viveriam ao modo de ovelhas pacíficas entre lobos famulentos. Sustentariam guerra incessante contra o mal. Cairiam em ciladas torpes. Contemplariam o crescimento do joio ao lado do trigo. Identificariam as marcas da cruz. Experimentariam a incompreensão de muitos. Sentiriam solidão nas horas graves. Veriam, de perto, a calúnia, a pedrada, a ingratidão...

            O Mestre Divino, pois, não deixou os companheiros e continuadores desavisados.

            Não oferecia a nenhum aprendiz, na Terra, a coroa de rosas sem espinhos. Prometeu-lhes luta edificante, trabalho educativo, situações retificadoras, ensejos de iluminação, através da grandeza do sacrifício que produz elevação e do espírito de serviço que estabelece luz e paz.

            É importante, desse modo, para quantos amadureceram os raciocínios na luta terrestre, a viva recordação das advertências do Cristo, no setor da edificação evangélica, para que se não escandalizem nos testemunhos difíceis do plano individual. ”

 

        Para Jo (16,3) -Porque não conhecem ao Pai nem a Mim... -  tomemos  “Pão Nosso”(Ed. FEB), de Emmanuel por Chico Xavier:

                       “Dolorosas perplexidades não raro assaltam os discípulos, inspirando-lhes interrogações.

            Por que a desarmonia, em torno do esforço fraterno? A jornada do bem encontra barreiras sombrias. Tenta-se o estabelecimento da luz, mas a treva penetra as estradas. Formulam-se projetos simples para a caridade que a má fé procura perturbar ao primeiro impulso de realização.

            Quase sempre, a demonstração destrutiva parte de homens assinalados pela posição de evidência, indicados pela força das circunstâncias para exercer a função de orientadores do pensamento geral.  São esses que, na maioria das ocasiões, se arvoram em expositores de imposições e exigências descabidas.

            O aprendiz sincero de Jesus, todavia, não deve perder tempo com interrogações e ansiedades que não se justificam. O Mestre Divino esclareceu esse grande problema por antecipação.

            A ignorância é a fonte comum do desequilíbrio. E se esse ou aquele grupo de criaturas busca impedir as manifestações do bem, é que desconhece, por enquanto, as bênçãos do Céu.

            Nada mais que isto.

            É necessário, pois, esquecer as sombras que ainda dominam a maior parte dos setores terrestres, vivendo cada discípulo na luz que palpita no serviço do Senhor. ” 

             Para Jo (16,4) -O Quadro Negro - atentemos   a   Emmanuel  por  Chico Xavier,  em “Vinha de Luz” (Ed. FEB):

             Referia-se Jesus aos próprios testemunhos, entretanto, podemos igualmente aplicar-lhe os divinos conceitos a nós mesmos, desencarnados e encarnados.

            Cada discípulo terá sua hora de revelações do aproveitamento individual.

            As escolas primárias não dispensam o habitual quadro-negro, destinado às demonstrações isoladas do aluno.

            À frente do professor consciencioso, o aprendiz mostrará quanto lucrou, sem os recursos do plágio afetuoso, entre companheiros.

            Sobre a zona escura, o giz claro definirá, fielmente, a posição firme ou insegura do estudante.

            E não será isto mesmo o que se repete na escola vasta do mundo? O homem, nas lutas vulgares, poderá socorrer-se, indefinidamente, dos bons amigos. O Pai permite semelhantes contatos para que as oportunidades de aprender se lhe tornem irrestritas; no entanto, lá vem “aquela hora” em que a criatura deve tomar o giz alvo e puro das realizações espirituais, colocando-se junto ao quadro-negro das provas edificantes.

            Alguns aprendizes fracassam porque não sabem multiplicar os bens, nem dividi-los.

            Ignoram como subtrair a luz das trevas, somam os conflitos e formam equações de ódio e vingança. Esquecem-se de que Jesus salientou o amor, por máxima glória, em todas as situações do apostolado evangélico e que, mesmo na cruz, depois de receber os fatores da injúria, da perseguição, da ironia e do desprezo, somou-os na tábua do coração, extraindo a divina equação de serenidade, entendimento e perdão.

             Oh! vós, que ides ao quadro-negro das atividades terrestres, abandonai o giz escuro da desesperação! escrevei em caracteres de luz o que aprendestes do Mestre Divino! Revelai o próprio valor! Lembrai-vos que instrutores benevolentes e sábios vos inspiram as mãos! Abençoai o quadro-negro que vos pede o giz de suor e lágrimas porque junto dele podereis conquistar o curso maior!...

 

            Para  Jo (16,23) -Quando vier o Consolador ... - leiamos Bittencourt Sampaio por Frederico Jr em “Jesus perante a Cristandade”(Ed. FEB):  

 

            Está pois, sobre a terra o Consolador  - O Espiritismo; e vós, espíritas, trabalhadores da última hora, permiti que o mais humilde servo do Senhor vos chame  a  atenção para a responsabilidades que vos pesam sobre os ombros.

            Lembrai-vos que, assim como a Igreja deturpou os ensinamentos do Amado Mestre, possível é também que alguém tente deturpar os ensinamentos da Doutrina Espírita, que é o reflexo da Código Divino.

            Tende bem presente à vossa memória como a Casa de Deus foi transformada em mercado de sacramentos e de indulgências, é possível também que alguns dos que se dizem espíritas procurem fazer da sua oficina de trabalho o meio da satisfação dos seus interesses  individuais.

            Mas, ai dos que assim praticarem!

            Melhor fora que nunca tivessem lido esse livro de salvação, melhor fora nunca terem compreendido Deus!

            Espíritas, lembrai-vos de que Jesus vos escolheu para a reivindicação das verdades que Ele proferiu  na Terra.

            Elas constituem um esplêndido tesouro que, qual pérola de grande preço, estava oculto dos homens; vós o descobristes. Pois bem, a preço das vossas virtudes, comprai o campo que o encerra e não o abandoneis jamais, pois que Jesus confia na seriedade das crenças que dizeis professar, esperando que saibais empregar esse tesouro para a vossa salvação e para a salvação de todo o seu rebanho na Terra!

            Médiuns ou não, procurai estar sempre em contato com os vossos Guias, a fim de que deles possais receber a inspiração do que vos convém fazer quotidianamente, para que se acelere o estabelecimento do reinado de Jesus sobre a Terra, que é o da paz e do amor!

            Varrei da vossa alma o interesse e o egoísmo e vigiai para que, sob pretexto algum, penetre a moeda na vossa oficina de trabalho!

            Se sois médiuns, receitistas ou curadores, dai de graça o que de graça recebeis; buscando os trilhos sagrados dos verdadeiros discípulos de N.S. Jesus Cristo, predisponde a vossa alma a todos os sacrifícios pela humanidade!

            Assim como os primeiros cristãos se entregavam gostosamente a todos os martírios, cantando hosanas ao santo nome de Jesus, procurai resistir, com toda a coragem da vossa fé e da vossa crença, a esse terrível embate que não tarda a dar-se, pois que é chegado o momento da queda de Roma, para o império do Evangelho.

            E tais são os amargos frutos da maldade dos homens: após dezenove séculos de lutas, assiste o mundo pensante ao tremendo espetáculo - Roma não pode conciliar-se com o Evangelho, o Evangelho não se pode conciliar com Roma!

            A religião, estatui o Syballus, não se pode conformar com o progresso!

            E, no entanto, assim deve ser. O progresso é lei eterna que preside aos destinos dos povos, pelo influxo da vontade de Deus; ele resulta do estudo e da prática dos ensinamentos de N.S. Jesus Cristo, que condenam os prejuízos do obscurantismo.

            O progresso tem a sua origem e o seu fim na Bíblia; e, desgraçadamente, a maldade dos homens vai até o ponto de induzir as massas ignorantes a considerarem esse substantivo sagrado uma expressão de injúria, de afronta e de desprezo.

            E, assim, certamente, a religião não se pode conciliar com o progresso, pois que Roma é a sede da mentira, ao passo que o Evangelho é a sede da verdade, onde todos os progressos são possíveis!

            Chegamos, porém, ao termo da penosa jornada: basta de hipocrisia, basta de perfídia!

            E vós, espíritas, legionários da revelação nova, como leões, fortes na fé, e mansos no amor, quais pombas, vinde levantar nas consciências mortas o cruzeiro do Gólgota!

            E, apontando-o aos vossos irmãos, dizei-lhes:

            -Filhos pródigos dos grandes tesouros do céu, eis o símbolo do amor, que esteve oculto aos vossos olhos!  Amai-vos! Eis a cruz sacrossanta - o símbolo da humildade - onde expirou, por amor de vós, o mais puro dos Espíritos, que têm baixado à Terra: o Cordeiro de Deus! Sede humildes! Levantai nas vossas consciências o culto da justiça e do dever, que é o culto do Senhor; abri mão dos vossos prejuízos mundanos e vinde para a grande vinha cultivar as sementes do Evangelho, que isso importa a vossa salvação e a vossa felicidade futura!

            Assim deveis falar à cristandade, nessa linguagem enérgica do verdadeiro crente, pois que os tempos são chegados e cumpre que desempenheis a missão que vos foi dada, de levantar esse código de salvação - o Evangelho de Jesus - das ruinarias e dos escombros a que o lançou a Igreja de Roma.

            Loucos e visionários chamar-vos-ão, sem dúvida; mas, não vos intimidem esses epítetos.

            Tomai das vossas armas, as armas do Evangelho, e , impávidos, entrai nos prélios, porque a vitória será vossa, a vitória da verdade!...”

             


domingo, 20 de setembro de 2020

A negativa de Pedro

 

 

A Negativa de Pedro       

          13,36    Perguntou-Lhe  Simão Pedro: -Senhor, para onde vais? Jesus disse-lhe:     “- Para onde vou, não podes seguir-Me agora. Seguir-Me-ás mais tarde.” 

13,37  Pedro tornou a perguntar: -Senhor, por que Te não posso seguir agora? Darei a minha vida por Ti!   

13,38  Respondeu-lhe  Jesus: “- Darás a Tua vida por Mim?! Em verdade, em verdade Te digo, não cantará o galo até que me negues três vezes.”


           Para   Jo (13,36-38), -A Negativa de Pedro - busquemos a palavra de Bittencourt Sampaio em “Jesus perante a Cristandade” (Ed. FEB):

             “Pedro, portanto, também fora escolhido pelos espíritos das trevas para escandalizar o Senhor; eles pretendiam joeirá-lo também, e o conseguiriam talvez, pela fraqueza da carne que o revestia, se o Divino Mestre não intercedesse pelo velho pescador, a quem confiara na Terra a chefia da sua igreja.

            Isso prova, cristãos em Cristo, o quanto devemos ser no mundo vigilantes, principalmente quando pelo nosso Mestre e Senhor nos tivermos resolvido a dar a nossa vida e a nossa alma.

            E, parecendo uma incongruência, é isso uma verdade!

            Quanto mais se procura o Espírito desprender-se dos vícios e paixões que o degradam mais o cercam os infelizes, buscando demovê-lo dos seus bons intentos.

            Pedro era homem, o seu espírito vestia a carne que, como tantas vezes disse o Divino Senhor, é fraca; e, ainda que desejando ardentemente não abandonar um só instante o seu doce Amigo, influências estranhas atuam sobre ele e, não podendo corromper-lhe os seios dalma, porque esses já tinham  recebido os bafejos sacratíssimos do seu Divino Mestre, infundem-lhe o terror, por meio do qual conseguem fazê-lo negar publicamente a Nosso Senhor Jesus Cristo, realizando-se o escândalo por eles tão desejado.

            E assim, lendo no futuro, foi que o Manso Cordeiro lhe predisse que ele o negaria por três vezes.”


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Anúncio da traição

 

Anúncio da Traição      

 13,21  Dito isso, Jesus  falou de forma aberta: “ -Em verdade, em verdade vos digo, um de vós há de Me trair!” 

13,22  Os discípulos olhavam uns para os outros sem saber de quem falava Ele. 13,23  Um discípulo, a quem Jesus amava, estava à mesa, reclinado ao peito de Jesus; 

13,24  Simão  Pedro   acenou-Lhe,  para  dizer-Lhe: -Diz-nos de quem Ele fala! 

13,25 Reclinando-se, este mesmo discípulo, sobre o peito de Jesus, interrogou-O: -Senhor, quem é? 

13,26 Jesus respondeu: “ -É aquele  a  quem Eu der o pão embebido.” Em seguida, molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotis. 

13,27 Logo que ele o engoliu, um espírito do mal apossou-se dele. Jesus disse-lhe, então: “ -O que queres fazer, fazei-o depressa” 

13,28  Mas ninguém dos que estavam à mesa soube por que motivo lho dissera; 

13,29  pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe falava -Compra aquilo de que temos mister para a festa ou... -Dá alguma coisa para os pobres...

13,30  Tendo Jesus recebido o bocado da pão, apressou-se em sair. E era noite...

 

           Para Jo (13,21-30), -Anúncio da Traição - leiamos a Bittencourt Sampaio por Frederico Jr. em “Jesus perante a Cristandade”:

             “ ...E não sejam os vossos erros motivo de desânimo; lembrai-vos que o Divino Jesus, à mesa da Ceia Pascal, deu também a Judas, que o devia atraiçoar, o pão e o vinho que repartira com todos os seus discípulos; lembrai-vos que aos seus pés ele se ajoelhou, também, para lavá-los!

            E do alto da cruz, invocando o perdão para todos os que o odiavam, ele estende o seu infinito amor, a sua divina misericórdia a todos aqueles que o buscam nas asas da prece fervorosa, enveredando-os pelo luminoso carreiro que os deve conduzir, puros e limpos das máculas do pecado, aos pés do seu e nosso Criador e Pai!

            Sem nos determos, porém, nessa sublime passagem dos evangelhos em que mais se exalta Jesus, o nosso Divino Mestre, o maior dos Espíritos baixado à Terra, humilhando-se aos pés dos homens, acompanhemos a narrativa do Discípulo Amado, buscando novos ensinamentos que, dando-nos alento, nos encorajem na nova cruzada em que nos empenhamos, para o restabelecimento das verdades evangélicas.

            E, visto que não podemos, de modo algum, tomar ao pé da letra aquilo que se encontra nos Evangelhos, cumpre nos esforcemos para, interpretando em espírito e vida os sublimes ensinamentos, bem compreendermos a Boa Nova de N.S. Jesus Cristo.

            Diz-nos o Discípulo Amado que, depois que o Senhor deu a Judas o pão molhado, nele entrou Satanás, que devia, na Terra, levá-lo à prática da negra traição ao Divino Mestre.

             Se interpretarmos à letra as palavras do evangelista, cairemos no absurdo de admitir que N.S. Jesus Cristo dava ao espírito das trevas a posse de Judas, no alimento que lhe oferecera à mesa da Ceia Pascal.

            Essas palavras, porém - entrou nele Satanás -, são figuradas e apenas significam que no espírito de Judas germinava a ideia do crime, que então se fazia resolução.

            Era chegado o momento de se realizarem as profecias; cumpria que o Manso Cordeiro fosse levado ao sacrifício, para redenção dos homens!

             E, folheando os Evangelhos, encontrareis, cristãos em Cristo, em muitas passagens, o nosso Divino Mestre perseguido pelas multidões que tentam tirar-lhe a vida, encobrindo-se às suas vistas, pois que o seu momento ainda não era chegado, o que em abundância prova que o corpo que o revestia era de natureza fluídica.

            O príncipe deste mundo, isto é, o mal, não podia ainda ter acesso naqueles que deviam levar à morte o Amantíssimo Cordeiro; rodeava-o uma atmosfera de luz onde não podiam penetrar os maus - aqueles que odiavam a Jesus e aos seus queridos discípulos, os encarregados de espalhar sobre a superfície da Terra a santa doutrina do amor e de perdão que Ele pregara.

            Findo o banquete divino, tendo o Senhor feito o seu testamento, isto é, tendo dado aos seus discípulos as instruções necessárias para que eles pudessem desempenhar a santa missão de que os incumbira na Terra, desfaz-se essa atmosfera de luz, por ação da sua divina vontade, principiando, então, o reinado das trevas; e, perfeitamente livres, os pérfidos e ingratos atuam sobre aqueles nos quais encontram os elementos necessários para o sacrifício do Divino Redentor!