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segunda-feira, 22 de março de 2021

Opinião valiosa

 

Opinião valiosa

Reformador (FEB) Junho 1946

             Opinião de Orígenes, autor de 'Princípios' conforme resumo feito pelo Abade Bérault-Bercastel:

            “Segundo Orígenes, doutor da Igreja, a desigualdade das criaturas humanas não representa senão o efeito do seu próprio merecimento, porque todas as almas foram criadas simples, livres, ingênuas inocentes por sua própria ignorância, e todas, também por isso, absolutamente iguais. O maior número incorreu em pecado e na conformidade de suas faltas, foram elas encerradas e corpos mais ou menos grosseiros, expressamente criados para lhes servir de prisão.

            Daí os procedimentos diversos da família humana. Por mais grave, porém, que seja a queda, jamais acarreta para o espírito culpado a retrocessão à condição de bruto; apenas o obriga a recomeçar novas existências, quer neste, quer em outros mundos, até que, exausto de sofrer, se submeta à lei do progresso e se modifique para melhor. Todos os Espíritos estão sujeitos a passar do bem ao mal e do mal ao bem. Os sofrimentos impostos pelo bom Deus são apenas medicinais, e “os próprios demônios” cessarão um dia de ser os inimigos do bem e o objeto dos rigores do Eterno.”

                          (‘História da Igreja’, pelo Abade Bérault-Bercastel).


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Orígenes





Coletânia
por Joseph Fabre
Reformador (FEB) Setembro 1917

Orígenes

            Discípulo e sucessor de S. Clemente, Orígenes foi espírito erudito, gênio brilhante, alma austera e entusiasta.

            Havia estudado todos os sistemas de filosofia, especialmente as doutrinas de Pitágoras e de Platão, que o inspiraram.

            A exemplo de S. Clemente, tendo porém, mais profundeza e ousadia, procurava firmar o dogma cristão em princípios racionais.

            Entendendo que não deve ater-se às noções vulgares quem pode elevar-se ao conhecimento das causas, Orígenes, como os Cabalistas, como Fílon, sustentava que uma interpretação inteligente devia ser dada à primitiva narração das Escrituras e a seus preceitos, Dizia ele:

            Se fosse obrigado a cingir-me a letra da lei, entendendo-a, como as palavras soam, teria vergonha de proclama-la como obra divina, achando que maiores e mais racionais foram as leis humanas, como as de Atenas, da Lacedemonia e de Roma. Sendo assim, onde encontrar um espírito medíocre e grosseiro para nos dizer que Deus se entregava a exercícios agrícolas, plantando árvores no Jardim do Éden? que uma delas era a árvore da vida e uma outra podia produzir a ciência do bem e do mal?
            Ninguém pode ver aí, cuido eu, senão figuras que ocultam mistérios.

            Liberto da letra da lei, Orígenes nos falava em Deus como um Ser supremo, cuja existência podemos afirmar, sem saber quem seja Ele, visto como a sua natureza está acima de a natureza de todas as categorias do pensamento humano, Pretendia explicar a formação do universo, não como criação absoluta, mas por ato inefável da Divindade, da qual tudo procede. Deus revela-se pelo Verbo.

            Segundo Orígenes, éramos perfeitos e felizes, mas decaímos desse estado, porque abusamos da liberdade, indóceis aos ditames da razão. Professava a doutrina da preexistência e transmigração das almas, que, conforme as suas culpas, ocupariam corpos mais ou menos grosseiros. A situação atual das almas encarnadas só poderia ser explicada e justificada pelos atos praticados durante as vidas anteriores.

            Depois das provações múltiplas e expiações, de acordo com as exigências da justiça, Deus, em sua bondade, acolherá todas as almas, ainda as que mais se degradaram. Quando soar a hora da redenção final, ficarão aniquilados os corpos, que são a negação do ser, sinais da nossa inferioridade e causa ocasional das faltas.
  
            Acreditava que desapareceria então o próprio princípio do mal e Satã estaria regenerado pela influência vitoriosa do Verbo. Seria o triunfo completo do espírito sobre a matéria, havendo comunhão eterna do amor entre todos os seres reunidos no seio de Deus.

            A elevada filosofia de Orígenes apaixonou o Oriente e assombrou o mundo. A igreja excomunhou o homem e condenou-lhe a doutrina. Foi anatematizado, principalmente, porque desprezava o corpo e pugnava pela reabilitação universal das almas.

            A sua última tendência foi a fusão do Cristianismo com o helenismo, a conciliação entre a fé e a razão. Os criadores do dogmatismo católico repudiaram, como era de prever o ousado comentador da Escritura. Doutos teólogos, porém, em várias épocas, o admiravam.  

            Quando faleceu, fizeram-lhe o elogio S. Panfilo e Eusébio de Cesaréia, o pai da histeria eclesiástica.

            Abelardo, no século XI, repetia de continuo que Orígenes foi o primeiro entre todos os filósofos cristãos.

            Extraído de “La pensèe chretienne”.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Um trecho de Orígenes



Um trecho de Orígenes
Reformador (FEB) Dezembro 1918

            "Não duvido de que Celso escarneça de mim; as zombarias, porém, não me impedirão de dizer que muitas pessoas tem abraçado o Cristianismo a seu pesar, tendo sido de tal modo seu coração repentinamente transformado por algum espírito, quer numa aparição, quer em sonho, que, em lugar da aversão que nutriam pela nossa fé, adotaram-na com amor até ao ponto de morrer por ela. Tomo Deus por testemunha da verdade do que digo: Ele sabe que eu não pretendo recomendar a doutrina de Jesus Cristo por meio de histórias fabulosas, mas com a verdade de fatos incontestáveis."