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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Espíritas pela segunda vez


Espíritas
pela segunda vez

de   Carlos Lomba
por W Vieira
Reformador (FEB) Setembro 1963

            O número dos reencarnados detentores de conhecimento anterior do Espiritismo aumenta e aumentará a cada dia.

            Quanto mais a individualidade consciente mentalize o mundo espiritual numa vida física, mais facilidades obtém para lembrar-se dele em outra.

            A militança doutrinária, o exercício da mediunidade ou a responsabilidade espírita vincam a alma de profundas e claras percepções que transpõem a força amortecedora da carne.

            Os princípios espíritas, a pouco e pouco, automatizar-se-ão no cosmo da mente, através de reflexos morais condicionados pela criatura, assentados no sentimento intuitivo da existência de Deus e no pressentimento da sobrevivência após a morte que todos carregam no imo do ser.

            Daí nasce o valor inapreciável da leitura, da. meditação e da troca de ideias sobre as verdades que o Espiritismo encerra e a sua consequente realização no dia-a-dia terrestre.

            Estudar e exercer as obrigações de caráter espírita é construir para sempre, armazenar para o futuro, libertar-se de instintos e paixões inferiores, rasgar e ampliar horizontes e perspectivas que enriqueçam as ideias inatas, destinadas a se desdobrarem quais roteiros de luz, na época da meninice e da puberdade, nas existências próximas.

            A maior prova da eternidade do Espiritismo, nos caminhos humanos, é essa consolidação de seus postulados na consciência, de vida em vida, de século em século, esculpindo a memória, marcando a visão, desentranhando a emotividade, sulcando a inteligência e plasmando ideias superiores nos recessos do espírito.

            A Terra recepciona atualmente a quinta geração de profitentes do Espiritismo, composta de número maior de criaturas que receberão a responsabilidade espírita pela segunda vez. Esse evento, de suma importância na Espiritualidade, reclama vigilante dedicação dos pais, mais viva perseverança dos médiuns, mais acentuada abnegação dos evangelizadores da infância, maior compreensão de todos.

            Um exemplo de alguém, uma página isolada, um livro que se dá, um fato esclarecedor, uma opinião persuasiva, uma contribuição espontânea, erigir-se-ão, muita vez, por recurso mais ativo na excitação dessas mentes para a verdade, catalisando lhes as reações de reminiscências adormecidas, que ressoarão à guisa de clarins na acústica da alma.

            Amigo, o Espiritismo é a nossa Causa Comum.

            Auxilia os novos-velhos mergulhadores da carne, divide com eles os valores espirituais que possuis. Oferece-lhes a certeza de tua convicção, a alegria de tua esperança, a caridade de tua ação.


            Se eles descem à tua procura, é indispensável recordes que esses companheiros reencarnantes contigo e o teu coração junto deles "serão conhecidos", na “Vida Maior", "por muito se amarem".

quinta-feira, 9 de maio de 2013

17 (e final). 'Didaquê Espírita'




17

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

DEVEMOS CONFABULAR COM OS MORTOS?

            Levítico 19:31 - "Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não busqueis contaminar-vos com eles".
               Deuteronômlo 18:10 e 11 - "Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognostigador, nem agoureiro, nem feiticeiro; - Nem encantador de encantamentos, nem pergunte a um espírito, nem mágico, nem pergunte aos mortos".

            Buscam fundamentos reacionários contra o ESPIRITISMO - citando Moisés em Levítico e Deuteronômio, como acima vimos - o clero romano e pastores de outras seitas religiosas. Moisés, porém, assim o fez porque essa prática, quase que generalizada naquela época milenarmente distante, conduzia o homem para a mais completa irresponsabilidade dos seus cometimentos e obras, pois que tudo procurava saber e indagar dos Espíritos, fugindo assim ao seu livre arbítrio e à séria responsabilidade pessoal de seus atos, conduta e ações.

            Também assim o faz e proíbe, com maior severidade e rigor, o próprio ESPIRITISMO. Essa proibição de Moisés, entretanto, confirma e prova que a comunicação dos "mortos" com os "vivos" é, não só possível, mas também fácil de ser conseguida, visto que os povos atrasados daquela era já sabiam provocá-la e exercitá-la. Assim, Moisés afirmou uma grande verdade: a possibilidade dessas comunicações. E só proibiu que dela se utilizassem para fins irreverentes, perigosos e ilícitos, tanto assim que não se referiu aos Profetas, que eram os MÉDIUNS de então, os quais continuaram a falar com os mortos.

            Ainda que admitindo haver Moisés condenado tais comunicações, sabemos que muitas outras proibições mosaicas não foram aceitas e não são aceitas pelo Cristianismo, e que essa proibição de comunicação com os mortos foi abolida pelo próprio Cristo de DEUS, visto que Jesus conversou com os mortos, com Elias e com o próprio Moisés ... (Mateus 17:1 a 6).

            Pois que Jesus, Ele mesmo, presidindo a uma sessão espírita, de efeitos físicos, deixou assinalada, no Monte Tabor, a possibilidade de tais fenômenos, hoje presididos pelo Espírito da Verdade, o CONSOLADOR que Ele prometera aos homens da Terra, para os tempos atuais (João 14:15 a 28).

            Consequentemente, quem negar a possibilidade da comunicação dos mortos com os vivos, colocar-se-á em absoluta discordância com os ensinamentos de Moisés e de Jesus.

            Com fins e propósitos nobres, sérios, puros e elevados, podemos e devemos confabular com os mortos, prodigalizando ou recebendo luzes.

DEVEMOS CURAR OS ENFERMOS?

            A resposta a esta pergunta, temo-la no :Evangelho segundo S. Marcos (Cap. 16, vers. 18), onde ficou registrado haver Jesus apresentado como sinal que distinguiria os seus discípulos:  "porão as mãos sobre os enfermos e os curarão."

            Jesus não só curava, impondo as mãos sobre os doentes, senão que também recomendou a todos os seus discípulos que fizessem o mesmo. É bem verdade que Jesus e seus discípulos foram perseguidos porque curavam, pois tais curas despertavam a inveja dos poderosos sacerdotes da religião dominante e oficial entre os judeus, mas, nem por isso, Ele e seus discípulos de então e de todas as épocas se amedrontaram, antes,
mais cheios de fé se dedicaram à cura dos enfermos, que os procuravam, quer antes, quer depois da Ascensão do Senhor.

            Na história de todas as religiões encontraremos essas curas, consegui das exatamente pelo processo recomendado pelo Cristo de DEUS.

            Não é necessário ser espírita para que se possa operar a cura dos enfermos. É preciso, porém, que se tenha fé e que o intermediário da cura e o doente mereçam a graça solicitada.

            A vida de Jesus foi toda ela dedicada à pregação dos ensinamentos divinos e à cura dos enfermos, que a Ele recorriam; todavia, não se esqueceu Ele de dizer e repetir: “Dai de graça o que de graça recebestes".



ORAÇÃO DOS MENINOS

João de Deus
 por Chico Xavier
in ‘Jardim da Infância’ (Ed. FEB)

Pai Nosso, que estás nos Céus,
Na glória da Criação,
Ouve esta humilde oração
Dos pequenos lábios meus.

Santificado, Senhor,
Seja o teu nome divino
Em minhalma de menino
Que confia em teu amor.

Venha a nós o teu reinado
De paz e misericórdia,
Que espalha a luz da concórdia
Sobre o mundo atormentado.

Que a tua vontade, assim,
Que não hesita, nem erra,
Seja feita em toda a Terra
E em todos os Céus sem fim...

Dá-nos, hoje, do celeiro
De tua eterna alegria
O pão nosso que sacia
A fome do mundo inteiro.

Perdoa, Pai, nesta vida,
Os erros que praticamos,
Assim como perdoamos
Toda ofensa recebida.

Não deixes que a tentação
Nos vença a carne mortal
E nem permitas que o mal
Nos domine o coração.

Em tua luz que me beija
E em teu reino ilimitado,
Que sejas glorificado,
Agora e sempre... Assim seja!



POSFÁCIO

            Aos pais e professores cumpre realizar este nobre e delicado trabalho: o de despertar na criança o mais vivo interesse pelas aulas de moral cristã.

            E para realizá-lo com êxito, a paciência e a boa vontade devem ser irmãs e companheiras inseparáveis dos preceptores.       

            Não há negar a sua magnética e soberana influência sobre os alunos, atraindo-os a si e
aprisionando-os à sua simpatia e amabilidade.

            Tornar-se fascinante, caricioso, tolerante, alegre, comunicativo e amigo, são do professor deveres e condições imprescindíveis, aliando tais virtudes à maior e à mais simples naturalidade, sem praticar exageros.

            Nem se poderia compreender que as lições de JESUS fossem ministradas de outra maneira.

            As crianças, de um modo geral, fogem às pessoas carrancudas, austeras, que ralham, que repreendem, que gritam e fazem ameaças, com atitudes de prepotência e arrogância.

            Jamais exigirmos que os meninos decorem e papagueiem as lições marcadas.

            A missão do professor é formular as perguntas e ele próprio responder a elas, iluminando
claramente a inteligência infantil.

            Depois, sim, entrará com habilidade a fazer perguntas, sondando a capacidade de apreensão
e o aproveitamento do aluno, sem jamais molestá-lo, coagi-lo ou repreendê-lo, e sem propinar lhe o veneno da inferioridade, ao lado de seus colegas mais vivos e atilados. Preparado o ambiente da aula cristã, depois da prece inicial, começa-se assim "Era uma vez...”

            É método feliz iniciar-se a aula com a narrativa de uma historiazinha, de um conto, de uma fábula ou apólogo que se relacione, mais ou menos, com a aula do dia.

            Há um quê de magia nesta frase - era uma vez... 

            Tem ela uma influência especial, sui generis, sobre a alma dos meninos.

            Desperta Ihes a atenção, aguça lhes o sentido, prepara lhes o ensejo da receptividade, a ação passiva da compreensão e do entendimento.

            Conta-se, então, a pequenina história ou fábula e entra-se na lição, descendo-se o mais possível à mentalidade infantil, ministrando-lhe o ensino de tal modo que possa ser bem compreendido e assimilado, com uma linguagem cuidadosamente simples e tão singela quanto possível.

            Fazer que os meninos nos escrevam cartinhas, falando-nos de DEUS e da Natureza que nos envolve, de Jesus e de seus ensinamentos, enfim: da caridade, da fraternidade, da imortalidade da alma, da reencarnação, da justiça, do amor e do perdão. Exercitá-los na exteriorização de todas as virtudes cristãs.

            Essas cartinhas, que são verdadeiros tesouros de graça, de inocência e de simplicidade, lidas em aula, como estímulo e emulação, dão-nos oportunidade para renovar esclarecimentos, ampliando comentários que mais iluminem a inteligência dos meninos, tornando-os ao mesmo tempo alegres e felizes, por sentirem apreciadas as suas missivas.

            Dar-lhes poesias escolhidas e apropriadas, para que as decorem, fazendo que uma ou duas crianças, ao fim de cada aula, as recitem com sentimento e aprimorada dicção.

            Convidá-las sempre para a mesa, duas ou quatro de cada vez, ladeando a cadeira central do professor, tocando a uma delas fazer o Pai Nosso na abertura das aulas, e a uma outra proferir igual prece, no encerramento das mesmas, todos de pé.

            Ao professor compete prosseguir, dar continuidade à prece da criança, tanto no princípio como no fim das aulas, iniciando-as ou encerrando-as, em nome de JESUS.

Carlos Lomba

Fim


terça-feira, 7 de maio de 2013

16. 'Didaquê Espírita'



16

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO XI


RELIGIÕES


404. Quantas religiões existem no mundo?

            - Centenas de religiões parecem existir no mundo, mas, se bem examinarmos os livros básicos de qualquer delas, chegaremos à conclusão de só existir uma única, visto que todas pregam mais ou menos os mesmos princípios.

405. Não teriam umas das outras copiado esses livros?

            - Durante séculos houve sempre quem apresentasse essa suposição, mas, hoje, que sabemos serem todas elas revelações trazidas à Terra, revelações adaptadas a cada povo e a cada época, podemos asseverar que os Espíritos incumbidos dessa elevada missão recebiam instrução da mesma fonte, d'Aquele que presidiu à formação do próprio Planeta e o governa ainda nos dias atuais: Jesus-Cristo.

406. Como então vivem essas religiões em luta?

            - Pela incompreensão, senão que pela vaidade dos homens, ora porque nelas enxertaram os seus princípios pessoais, ora porque deturparam a interpretação do amor contido em seus ensinamentos.

407. Que se deve pensar do Islamismo?

            - Por mais paradoxal que nos pareça, a religião dos maometanos é uma seita do Cristianismo, e, em alguns pontos, mesmo, mais acorde com a interpretação atual do Espiritismo, que aquela oferecida pelos que se dizem verdadeiros e únicos cristãos.

408. Como assim?

            - O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, exalta a personalidade de Jesus, chama-lhe profeta e descreve lhe o nascimento respeitosamente, mas,como os espíritas, rejeita a crença na Trindade e classifica como monstruosa a suposição de que DEUS se subdividisse.

409. E o Budismo?

            - Como o Cristianismo, o Budismo também surgiu na Ásia, no vale do Ganges, quinhentos anos antes daquele. Sua disciplina e sua moral perfeita anunciam as quatro verdades: a dor; a origem da dor; a destruição da dor; o caminho para a destruição da dor. A vida presente da criatura está dependente de atos cometidos em vidas precedentes. A reparação do mal é dever indeclinável da criatura. - Veem-se, pois, inúmeros pontos de contato entre o Budismo e o Espiritismo.

410. Se já existiam tantas religiões porque surgiu o Espiritismo?

            - O Espiritismo não veio para ser uma religião mas para ser a ligação de todas as religiões em torno do seu ponto de Partida, do seu foco originário, expurgando-as da parte humana nelas existentes.

411. Não se pode, então, dizer: Religião Espírita?

            - Sim ou não, conforme a acepção que se dê à palavra religião. Se a compreendermos como o amontoado de cerimônias que os homens foram inventando no correr dos séculos, responderemos negativamente; mas, se a considerarmos na sua verdadeira significação, diremos que o Espiritismo não é uma religião pois que é a RELIGIÃO.

412. Qual a maior diferença entre o Espiritismo e o que, com impropriedade, se chama atualmente Cristianismo?

            - Não ser ele exclusivista. Não prometer prêmios para os seus adeptos e castigos para os que lhe são contrários. Nada exigir do homem, senão que ele reja bom e caridoso. Nada receberem os seus adeptos pelo benefício que possam levar ao próximo. Asseverar que todos se salvarão, todos, de qualquer religião, mas que só o conseguirão pelo esforço individual de cada um.

413. Quer dizer, então, que todos os missionários, fundadores das religiões existentes, foram enviados à Terra sob a égide do Cristo de DEUS?

            - Sem dúvida alguma! Moisés, Hermes, Pitágoras, Buda, Sócrates, Platão, Maomé, Lutero, Calvino, Comte e outros, jamais estiveram dissidentes no terreno da Moral e do Bem. Provocaram, sim, atritos e contendas nos domínios da inteligência, da lógica e da razão, soerguendo a mentalidade do Mundo, despertando a receptividade das almas, para que, todos nós e só agora, pudéssemos receber as bênçãos do ESPÍRITO DA VERDADE, bênçãos de luzes do CONSOLADOR prometido - o ESPIRITISMO.



segunda-feira, 6 de maio de 2013

15. 'Didaquê Espírita'




15

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO X


CONSIDERANDO A PRECE


367. Que é a prece?

            - Um ato de fé e humildade, da criatura para com o Criador.

368. Haverá fórmulas determinadas para esse ato?

            - Não. Todas as fórmulas são plausíveis, pois o que vale é a intenção.

369. E se a intenção não for mais que aparente, ou convencional?

            - Deixa de haver prece.

370. Não basta, então, querer e pedir?

            - É preciso antes compreender e sentir o que se pede.

371. Mas, como explicar o efeito positivo de certas preces, nalguns casos?

            - Pela fé, como pelo merecimento dos postulantes, de vez que nada ocorre por acaso, à revelia da Lei.

372. Que lei?

            - A Lei divina, que está inscrita na consciência de toda a criatura pensante, e que definimos por Amor e Justiça.

373. Mas, se nem todos podem amar e nem mesmo sabem distinguir o bem do mal?

            - O amor, que é a virtude das virtudes, por excelência, foi dado em germe a todas as criaturas, a fim de estas se integrarem nos desígnios de DEUS. O que chamamos - mal, não infirma, antes confirma a existência do amor, que é o bem.

374. Que dizer então?

            - Que, quem ama o mal, ama alguma coisa e apenas não sabe, ou não pode, de outra forma, utilizar a faculdade latente e incoercível.

375. E como explicar essa disparidade de aptidões nas criaturas de DEUS?

            - Pela diversidade de graus na escala da evolução dos Espíritos.

376. Mas, sendo eles, os Espíritos, criados em pé de igualdade absoluta, como admitir a diversidade de graus? 

            - Primeiro, porque DEUS não cessa jamais de criar, e segundo porque, no exercício do seu livre arbítrio, pode a criatura, em gamas infinitas, não elidir, mas alterar e retardar o ritmo de sua própria evolução.

377. E poderíamos conceber que DEUS não pudesse melhor obrar, criando-nos perfeitos, antes que perfectíveis?

            - A razão humana é limitada. Querer penetrar os desígnios de DEUS, fora loucura. Não sabemos o essencial de coisa alguma, não nos conhecemos a nós mesmos. Entretanto, vivemos, e os postulados da consciência nos advertem de que não há efeito sem causa.

378. E daí?

            - Razão maior para aceitarmos como se nos ela apresenta.  Para efeitos inteligentes, causas inteligentes.

379. Mas os cépticos, os negadores de todos os tempos, criaturas inteligentes, sábias, racionalistas também ...

            - Em substância, nada de positivo e concreto demonstraram, a não ser que o negativismo é ainda uma prova da realidade de DEUS, visto que ninguém concebe a negação do inexistente. De nada, nada.

380. E a Revelação Espírita nos dará da Entidade Divina uma prova Positiva, integral, absoluta?

           - Indiretamente, sim.

381. Porque?

            - Por que demonstra à saciedade a sobrevivência integral do ser consciente, na eternidade.

382. Mas ... DEUS?

           - Em imanência de causa, é claro que melhor se entremostra na dilatação dos efeitos. É pela maior compreensão do Universo que melhor sentimos a existência de DEUS e a necessidade da prece.

383. Mas, dir-se-á que DEUS tenha necessidade das nossas preces?

            - Absolutamente. Nós é que temos necessidade de orar a DEUS, e por isso dissemos que a prece antes deve ser sentida, que articulada.

384. Então, as crianças? Como podem elas orar?

            - Às crianças devemos ensinar a oração compatível com o desenvolvimento do seu raciocínio, tendo em vista, sempre, as fórmulas simplificadas e capazes de lhes suscitar confiança, antes que temor de castigos, ou esperanças vãs de prêmios fantasistas e ilusórios.

385. Serviria, então, o "Pai Nosso?"

            - A oração dita dominical, a única que Jesus autorizou formalmente, é, na sua consubstancial singeleza, a mais profunda das orações. Podendo ser aproveitada em função exemplificadora, ela, como quaisquer outras orações, formuladas ou improvisadas, precisa ser compreendida e sentida. Repita-se: a prece não é um ato formal, nem verbal, mas essencialmente emocional. Um pensamento, um olhar, uma lágrima e até um sorriso, podem melhor traduzi-la que um milhão de palavras.

385. Então as missas litúrgicas?

            - Dissemos que tudo vale pela intenção. Toda prece sincera, todo pensamento de amor, aproveita a quem dá e a quem recebe. Por isso, os Espíritos elevados nos disseram que a prece emocional aproveita sempre.

387. Mas, se Jesus disse que o Pai sabe o de que necessitamos, não se justificaria deixássemos correr nosso destino à mercê da Lei inelutável?

            - O homem é orgulhoso e mal conhece a Lei. Ignorante do passado, ignorante do futuro, uma vez na Terra, cheio de faltas, esquecido de sua origem, tudo pede ao mundo e no mundo, para concluir, absurdamente, que só não cabe pedir ao SENHOR do mundo! Entretanto, por justificar a hipótese, necessário lhe fora reconsiderar o mundo das causas, onde engendrou a necessidade de recorrer às fontes da Divina Misericórdia.

388. E como conciliar a misericórdia com a justiça, de DEUS, se a Lei é absolutamente íntegra?

            - A misericórdia não é fragmentação, diminuição, nem alteração da Lei; é antes um elemento de exação, no sentido de revigoramento das energias morais ou físicas, do recorrente, por bem cumprir a sentença que se impôs na carne e pela carne.

389. E com relação aos desencarnados?

            - É a mesma coisa, porque no plano astral se refletem os atos da criatura, que pode sofrer tanto ou mais do que na Terra.

390. Mais do que na Terra?

            - Sem dúvida, visto que, mais tênue e delicado o seu invólucro, mais vivazes se lhe tornam as ideias e as sensações.

391. Mas, os Espíritos superiores também terão necessidade de orar?

            - Todos o fazem, ainda os da mais alta hierarquia, como Jesus.

392. Que necessidade pode impelir à prece um Espírito como Jesus?

            - O conhecimento da obra de DEUS, atento a que a Ciência Universal é indefinita e imanente,
qual o próprio DEUS ...

393. Acredita que mal posso compreendê-lo?

            - Sim. Concordo em que não é fácil ultrapassar a barreira das nossas concepções limitadas. O conhecimento do inefável é antes fruto de intuição que de observação, e toda a intuição é uma iluminação.

394. A ciência da Terra nada produz, então?

            - Não há, propriamente, uma ciência da Terra, porque tudo é de DEUS. A ciência humana aproveita ao homem e desenvolve o Espírito para atividades mais amplas no plano espiritual.  
            A ciência da Terra é também modalidade integrante do plano divino, facultando ao encarnado cooperar direta e ativamente na evolução cósmica do planeta.

395. Neste caso, e o materialismo científico?

            - É uma expressão balda de sentido na acepção espiritista.

396. Por que?

            - Porque o crente espiritista sabe que atrás de todo fenômeno aparente está a realidade de um fator inteligente. É o Espírito que vivifica a matéria - mens agitat mollen.

397. Voltando à prece: acha-a, então, indispensável?

            - Tanto como o ar atmosférico à vida orgânica, porque ela é bem o alimento da alma.

398. Mas há criaturas que não oram, que nunca balbuciaram uma prece ...

            - É um engano. Essas, fazem-na para dentro de si, consigo mesmas, no anseio de suas almas, na tortura dos seus remorsos. São caldeiras abafadas pelas escórias do orgulho, cuja explosão cedo ou tarde se dará.

399. E que dizer das preces coletivas, das que aí se fazem, por exemplo, nos centros espíritas?

            - Diremos que não podem aberrar da regra geral, isto é, que precisam ser antes sentidas que faladas, natural e simplesmente, sem outra preocupação que traduzir o fim colimado.

400. Mas, admitido que DEUS e os Espíritos superiores lêem os nossos pensamentos, sendo o pensamento, mesmo, a sua linguagem, não se poderia justificar a prece muda, ou mental?

            - Conforme ...

401. Conforme?

            - A linguagem articulada, como veículo de pensamentos e traduzindo emoções, pode conceituar-se, no caso em apreço, como a batuta do regente de orquestra, focalizando e estimulando a harmonia do conjunto. Torna-se, assim, um elemento sintônico de grande alcance, senão indispensável, ao menos de efeitos práticos.

402. Práticos, diz?

            - Sim, porque não há desconhecer a acalmia dos ambientes, a pacificação interior que as preces acarretam; e ainda porque podemos conjecturar a existência de seres desencarnados e assaz materializados para não poderem utilizar-se e beneficiar-se de um intercâmbio exclusivamente mental.

403. Deveremos, então, condenar as rezas, responsórios, ladainhas e o mais que por aí se pratica com foros de religiosidade?

            - Condenar não é o termo. O espírita cristão nada e a ninguém condena. Ele sabe que o ignorante de hoje será o sábio de amanhã. O seu Cristo não é já o que permanece morto na cruz, há 20 séculos, mas o que ressuscitou no seu coração e aí vive em abundância de graças eternas. Esse Cristo disse - não julgueis para não serdes julgados (1) e o que importa ao cristão em Cristo é justificar pelo exemplo, e não malsinar nem condenar. Ninguém responde senão por faltas em consciência cometidas. Onde começa a ignorância, aí termina a responsabilidade. Ensinar o ignorante é obra de misericórdia, mas não vamos, com o afã de praticar a obra, desconhecer aquele relativismo que nos coloca distantes do Mestre, quanto de nós possamos imaginar distantes os seres ínfimos da criação. Saibamos, enfim, por nossos atos, fazer de Jesus o árbitro de nossas preces.

(1) Sempre consideramos o julgamento uma função indeclinável do Espirito. A vida é um julgamento constante. Julgar é comparar, é discernir, é optar, é aprender, é progredir. Julgar para condenar é o que nos parece increpar o preceito evangélico.



domingo, 5 de maio de 2013

14. 'Didaquê Espírita





14

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO IX


 ASTRONOMIA    


350. Que é a Terra em que habitamos?

            - É um dos planetas que giram ao redor do Sol.

351. A Terra foi sempre habitada?

            - Não; antes da sua formação, era uma espécie de massa ígnea que se foi esfriando pouco a pouco. As plantas apareceram primeiro, depois os animais, e por fim o homem.

352. O nosso Sol alumia somente a Terra em que habitamos?

            - Não, ele também alumia outros planetas, tais como Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, etc.

353. Como pode a Terra ser comparada a esses planetas?

            - Urano é 74 vezes maior que a Terra, Netuno mais de 100 vezes, Saturno 864 e Júpiter 1.300. Portanto, a Terra é um dos menores planetas do sistema solar.

354. Que é a Lua?

            - É um satélite da Terra.

355. Todos os planetas tem lua?

            - Nem todos; Urano, porém, tem quatro luas ou satélites; Saturno oito, além de dois imensos anéis que o circundam; e Júpiter, quatro. Esse mundo colossal, Júpiter, não está, como a Terra, sujeito às vicissitudes das estações nem às bruscas alternativas da temperatura:  "é favorecido com uma primavera constante".

356. Que são as estrelas?

            - São sóis como o que nos alumia, e, se alguns deles, não obstante serem milhões de vezes maiores que o nosso, parecem pequenos, é porque estão a imensas distâncias do nosso mundo.

357. Esses sóis alumiam terras como a nossa?

            - Indubitavelmente, pois todos eles devem ser centros de sistemas de outros mundos a que dão luz e calor.

358. Para que foram criados esses mundos?

            - DEUS nada criou de inútil. Esses mundos são habitados por seres, que, como nós, também estão progredindo, num sentido ou noutro.

359. O Espaço é infinito?

            - Sem dúvida. Se lhe supuserdes um limite, que haverá além dele?

360. Existe o vácuo absoluto?

            - Não; o próprio espaço é ocupado por um elemento que a Ciência denomina éter.

361. Que é o Universo?

            - O Universo compreende a infinidade dos mundos que o povoam no espaço infinito, todos os seres animados e inanimados, todos os astros, todos os fluidos e todos os seres espirituais.

362. Como se formam os mundos?

            - Pela condensação da matéria disseminada no espaço, ou matéria cósmica.

363. Os mundos também desaparecem?

            - Com o tempo tudo se transforma no Universo, a fim de se cumprir a lei do progresso.

364. A constituição física dos mundos é a mesma em todos eles?

            - Não, pois eles às vezes diferem em tudo, e do mesmo modo sucede com os seres que os habitam. A harmonia geral, em vez de se enfraquecer pela variedade das formas, fortalece-se pela diversidade dos meios.

365. Que se deve entender pelas palavras de Jesus: “Em casa de meu Pai há muitas moradas!"

            - Que a casa de DEUS é o Universo, e que as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito.

366. Como se classificam os mundos?

            - A escala dos mundos é infinita; entretanto, poderemos classificá-los do seguinte modo:

            Mundos primitivos, onde a alma faz as suas primeiras encarnações;
            Mundos de expiação e de provas, onde, como na Terra, predominam o mal e os sofrimentos
físicos e morais.
            Mundos de regeneração, onde as almas adquirem novas forças e descansam das fadigas e das lutas;
            Mundos felizes, onde predomina o bem sobre o mal;
            Mundos celestes ou divinos, onde impera somente o bem e não se conhecem os sofrimentos físicos e morais.