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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Espiritismo religioso

 

Espiritismo Religioso

por Hernani T. Sant’Anna

Reformador (FEB) Julho 1954

             Se o Espiritismo guarda a finalidade precípua de transformar a face moral do Planeta, pelo esclarecimento das massas populares elevando o nível de entendimento e vida dos povos, não podemos entende-lo sem o aspecto religioso, porque somente a Religião é capaz de propiciar à multidão os recursos necessários à reforma dos costumes à ascensão positiva dos valores sociais.

             Esta é, aliás, a grande lição que a História nos ensina, quando nos coloca face a face com os grandes movimentos coletivos de todos os tempos. Penetrar a alma do povo, atingir a sociedade no que ela possui de mais íntimo, modificando lhe a própria ética de viver, é privilégio da Religião. A Ciência só atinge a técnica, não chega aos sentimentos. E as teorias filosóficas, quando divorciadas do ideal que age, não vão além do círculo das elites intelectuais, para mero gáudio da fina dialética e honra inócua de estantes e museus.

             Valham, pois, os esforços honestos e bem intencionados de quantos lidam por fazer penetrar o Espiritismo na consciência coletiva, semeando nas almas humanas os pólens das concepções superiores. Compenetrando-se da eternidade da vida, da responsabilidade individual perante a lei, da necessidade do esforço próprio para a conquista da felicidade, da lei de cooperação fraternal, da justiça perfeita que pontifica em todos os quadrantes do Universo, irá o povo, espontaneamente e por seus próprios atos, inaugurando uma era nova de entendimento e paz social, com trabalho digno e farto para todos.

             Numa época como a que vivemos, tão repleta de inquietações e violências, não pode haver trabalho mais nobre e produtivo do que esse, de acender a luz a luz do espírito por sobre a noite de angústias e dos desesperos humanos, à custa de renúncia e abnegação, amor e sacrifício.

             Afinal, é dessa lide silenciosa de arregimentação do bem, sem virulências e extremismos, objetivos de dominação ou de avassalamento, que nascerá a grandeza do futuro, a paz das nações e a felicidade dos povos deste orbe.


sábado, 13 de abril de 2019

Antigos Desterrados





Antigos Desterrados
J.W. Rochester 
por Hernani T. de Sant’Anna
Reformador (FEB) Dezembro 1978

            Para nós, Espíritos que ainda não irradiam de si mesmos as luzes divinas e definitivas da Redenção, é inútil que o tempo lance sobre o passado os véus do esquecimento. Permanecendo ligados ao que fomos, os nossos Espíritos sentem, nas claridades bruxuleantes e indecisas do presente, a força de ação e de atração do que éramos e ainda somos. O pretérito, atuando sobre nós, sob a forma de impulsos atávicos, na ordem cármica das causas e dos efeitos, faz com que a nossa memória profunda recapitule e reviva o que muitas vezes a nossa consciência desperta já não aceita mais.

            Vem, aliás, de muito longe a nossa rebeldia, nascida e alimentada dos tormentosos conflitos entre a nossa razão e os nossos ímpetos, os nossos sentimentos e os nossos desejos.

            Desterrados neste orbe, ao qual ainda não sabíamos amar, construímos, no orgulho da nossa saudade e dos nossos conhecimentos infusos, uma civilização brilhante, mas sem amor.

            De desastre em desastre, apesar das virtudes que começávamos a cultivar e dos sofrimentos que amargávamos, tivemos de peregrinar constantemente, acossados pela força das ordenações maiores, em busca da nossa própria reformulação, sempre difícil.

            Do Delta, passamos ao Vale do Pó, às Gálias, às Ilhas Britânicas, à Germânia. E quando pudemos regressar ao Norte da África, nossa inquietação guerreira nos colocou à frente das hostes iconoclastas de Maomé.

            Por isso, tivemos de amargar duríssimos reveses e só após muitas tempestades de dor fomos de novo agraciados com o sol da França e com essa paisagem doce e bendita da Terra de Santa Cruz.

            É que, se coube aos Filhos de Sion o privilégio da escolha para serem os depositários das duas primeiras Grandes Revelações do Céu, foi a nós que a Misericórdia do Cordeiro elegeu para o trabalho de recebimento e de divulgação da Mensagem do Espírito da Verdade, nas luzes do Consolador Prometido.

            Nenhuma gente, sobre a face da Terra, teria melhores condições do que a nossa para essa sublime tarefa, para a qual nos preparamos desde os tempos remotos do nosso velho e sempre querido Egito.

            Mas, ah!.. As serpentes! As serpentes do Nilo!.. Elas ainda moram conosco, em nossas mãos, em nossos corações, em nossos hábitos, e nos picam, e nos ferem, e nos envenenam, porque os nossos Mistérios - ó Deus Altíssimo! - não eram apenas, infelizmente, mistérios de amor - eram também mistérios de morte!

            Vamos, porém, em frente, já que a Bondade divina, apesar de tudo, nos sustenta e nas abre ainda os créditos de sua Infinita dadivosidade!

            O presente ainda é nosso e, se Deus quiser, o futuro também há de sê-lo!

            Adiante, com o Senhor Jesus e com o Excelso Espírito do Anjo que nos assiste e ampara.

            A paz seja convosco.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

No silêncio da saudade



No Silêncio da Saudade
Fontes de Luz
por Hernani T. Sant'Anna
Reformador (FEB) Novembro 1976

O Céu não é insensível aos apelos aflitos dos corações que choram e sangram, na Terra, na saudade de seus amados, transferidos de plano pelo fenômeno da morte física.

Entretanto, na comunicação entre os dois mundos, precisam ser vencidas certas dificuldades de natureza emocional, psíquica e instrumental.

Muitas vezes o silêncio da saudade, na ausência aparente, é imposição de disciplina necessária e de amor legítimo, muito mais bondosa e justa do que poderá supor quem não possua maior conhecimento de causa.

Haja, pois, em cada um de nós, suficiente entendimento e humildade de coração, para agradecermos a Jesus as bênçãos misericordiosas que nos concede, até mesmo quando nos nega aquilo que imaginamos desavisadamente seja o melhor para nós.

Guardemos nosso coração em paz e estejamos certos de que é dentro de nossa própria alma que temos de ver e ouvir os que verdadeiramente amamos, cuja imagem e cuja voz' devem vibrar no imo de nós mesmos.

Todos precisamos adquirir, no bojo do tempo, a ciência da renúncia e do silêncio, para o acrisolamento do verdadeiro amor, aprendendo com a Natureza a construir permanentemente e sem alardes a grandeza da vida.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Estranhezas


Estranhezas
Hernani T. Sant’Anna
Reformador (FEB) Maio 1947

 Por mais estranho que pareça à gente,
Morre quem vive e quem falece nasce;
O tempo é simples ilusão fugace,
O humilde é sábio; o sabichão, demente!

O Sol é um ponto, apenas, do esplendente
Concerto sideral à imensa face... 
Pequeno é o grande, e o vencedor rapace
Não passa dum penado delinquente!

Mais do que o riso, a dor é uma ventura;
E tanto mais se felicita e avança,
Quanto mais sofre o ser e se amargura!

Quão mais descer em si, maior altura
Noss'alma, em proporção direta, alcança,

E quão mais se apagar, tão mais fulgura! 

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Renovação


Renovação
Hernani T. Sant’Anna
Reformador (FEB) Junho 1954

Filho meu, se do erro te alevantas
Empolgado por nobres sentimentos,
E tomado por altos pensamentos
Reajustas antigas decisões.
Não te vexes de amargas conjeturas,
Qual se fosse na liça abandonado,
Pois o bem reavido e renovado
É sementeira de reflorações.

A noite negra se dilui na auro (ouro),
O orvalho amigo retempera a terra,
E o bem redime sempre a alma que erra,
Renovando-lhe as flamas do ideal.
Olvida, pois, as sombras já vencidas
Na alvorada feliz de outras porfias.
Há sempre dias sucedendo aos dias,
E bens que nascem quando cessa um mal.

Levanta o próprio coração e segue!
A vida é mesmo ingente aprendizado,
Onde o aluno, por vezes desavisado,
Tem sempre ensanchas (oportunidades) de recomeçar...
Não te abata, portanto, algum fracasso
Colhido por vigílias descuidosas.
O espinho quase sempre indica rosas,
E o erro ajuda, as vezes, a acertar.

O preciso é seguir de alma sincera,
No trabalho do bem que nos convoca.
A mentira campeia, o mal sufoca.
E é mister acender alguma luz.
Fracos ou fortes, tristes ou felizes.
De saúde precária ou bem dispostos,             f
Precisamos guardar os nossos postos,

Leais soldados do Senhor Jesus!

domingo, 26 de março de 2017

Espiritismo Religioso


Espiritismo Religioso 
Hernani T. Sant’Anna
Reformador (FEB) Julho 1954

            Se o Espiritismo guarda a finalidade precípua de transformar a face moral do Planeta pelo esclarecimento das massas populares, elevando o nível de entendimento e vida dos povos, não podemos entende-lo sem o aspecto religioso porque somente a Religião é capaz de propiciar à multidão os recursos necessários à reforma dos costumes e à ascensão positiva dos valores sociais.

            Esta é, aliás, a grande lição que a História nos ensina, quando nos coloca face a face com os grandes movimentos coletivos de todos os tempos. Penetrar a alma do povo, atingir a sociedade no que ela possui de mais íntimo, modificando-lhe a própria ética de viver, é privilégio da Religião. A Ciência só atinge a técnica, não chega aos sentimentos. E as teorias filosóficas quando divorciadas do ideal que age, não vão além do círculo das elites intelectuais, para mero gáudio da fina dialética e honra a inócua de estantes e museus.

            Valham, pois, os esforços honestos e bem intencionados de quantos lidam por fazer penetrar o Espiritismo na consciência coletiva, semeando nas almas os polens das concepções superiores. Compenetrando-se da eternidade da vida, da responsabilidade individual perante a lei, da necessidade do esforço próprio
para a conquista de felicidade, da lei de cooperação fraternal, da justiça perfeita que pontifica em todos os quadrantes do Universo,  irá o povo, espontaneamente  e por seus próprios atos, inaugurar uma  era nova de entendimento e paz social com trabalho digno e farto para todos.

            Numa época como a que vivemos, tão repleta de inquietações e violências, não pode haver trabalho mais nobre e produtivo do que esse, de acender a luz do espírito por sobre a noite das angústias e dos desesperos humanos, à custa de renúncia e abnegação, amor e sacrifício.


            Afinal, é dessa lide silenciosa de arregimentação do bem, sem virulências,  extremismos, objetivos de dominação ou de avassalamento que nascerá a grandeza do futuro, a paz das nações e a felicidade dos povos deste orbe. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Antigos desterrados...

J. W. Rochester

Antigos desterrados...
J. W. Rochester
por Hernani T. de Sant’Anna
Reformador (FEB) Dezembro 1978

            Para nós, Espíritos que ainda não irradiam de si mesmos as luzes divinas e definitivas da Redenção, é inútil que o tempo lance sobre o passado os véus do esquecimento. Permanecendo ligados ao que fomos, os nossos Espíritos sentem, nas claridades bruxuleantes e indecisas do presente, a força de ação e de atração do que éramos e ainda somos. O pretérito, atuando sobre nós, sob a forma de impulsos atávicos, na ordem cármica das causas e dos efeitos, faz com que a nossa memória profunda recapitule e reviva o que muitas vezes a nossa consciência desperta já não aceita mais.

            Vem, aliás, de muito longe a nossa rebeldia, nascida e alimentada dos tormentosos conflitos entre a nossa razão e os nossos ímpetos, os nossos sentimentos e os nossos desejos.

            Desterrados neste orbe, ao qual ainda não sabíamos amar, construímos, no orgulho da nossa saudade e dos nossos conhecimentos infusos, uma civilização brilhante, mas sem amor.

            De desastre em desastre, apesar das virtudes que começávamos a cultivar e dos sofrimentos que amargávamos, tivemos de peregrinar constantemente, acossados pela força das ordenações maiores, em busca da nossa própria reformulação, sempre difícil.

            Do Delta, passamos ao Vale do Pó, às Gálias, às Ilhas Britânicas, à Germânia. E quando pudemos regressar ao Norte da África, nossa inquietação guerreira nos colocou à frente das hostes iconoclastas de Maomé...

            Por isso, tivemos de amargar duríssimos reveses e só após muitas tempestades de dor fomos de novo agraciados com o sol da França e com essa paisagem doce e bendita da Terra de Santa Cruz.

            É que, se coube aos Filhos de Sion o privilégio da escolha para serem os depositários das duas primeiras Grandes Revelações do Céu, foi a nós que a Misericórdia do Cordeiro elegeu para o trabalho de recebimento e de divulgação da Mensagem do Espírito da Verdade, nas luzes do Consolador Prometido.

            Nenhuma gente, sobre a face da Terra, teria melhores condições do que a nossa para essa sublime tarefa, para a qual nos preparamos desde os tempos remotos do nosso velho e sempre querido Egito.

            Mas, ah! As serpentes! As serpentes do Nilo!.. Elas ainda moram conosco, em nossas mãos, em nossos corações, em nossos hábitos, e nos picam, e nos ferem, e nos envenenam, porque os nossos Mistérios - ó Deus Altíssimo! - não eram apenas, infelizmente, mistérios de amor - eram também mistérios de morte!

            Vamos, porém, em frente, já que a Bondade Divina, apesar de tudo, nos sustenta e nos abre ainda os créditos de sua Infinita Dadivosidade!

            O presente ainda é nosso e, se Deus quiser, o futuro também há de sê-lo!

            Adiante, com o Senhor Jesus e com o Excelso Espírito do Anjo que nos assiste e ampara.

            A paz seja convosco.





segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Recado aos companheiros




O abraço amigo do querido Presidente...

Recado aos Companheiros
Wantuil (Espírito)
por  Hernani T. de Sant’Anna.
Reformador (FEB) Julho 1978

            Recomendam-me as Inteligências Superiores que, em nome do Anjo Ismael, venha eu esta noite, repetir-lhes velhas verdades, já de nosso comum conhecimento desde muito, mas verdades que, mais do que nunca, devem ser consideradas, rememoradas e vividas, nesta hora decisiva para os destinos humanos. Trata-se, basicamente, da função daqueles que exercem, nesta Casa, um mandato, outorgado pelo Alto, com vistas à preparação do Terceiro Milênio da Era Cristã.

            Ninguém, todos sabemos, ninguém recebe responsabilidades marcantes, em momento tão crucial da História, sem a devida preparação e sem que esteja assinalado previamente para certos tipos de tarefa, com aproveitamento pleno de capacidades longamente exercitadas no pretérito, quase sempre em sentido contrário aos legítimos interesses do Céu. Isto significa que o trabalho a ser realizado pelos mandatários humanos, nesta Casa, deve ser levado a cabo com o cabedal de possibilidades de que cada qual dispõe, sob a supervisão e com a inspiração de Ismael e dos seus Mensageiros. Há, por isso mesmo, o perigo constante do cometimento de erros e a ameaça permanente de interferências negativas, não só vindas de fora, mas também as originadas portas a dentro da alma de cada obreiro, portador de fixações bastante fortes, de ideias vividas no passado e de vezos que só o trabalho do bem pode corrigir. Não fora assim, onde estaria o mérito dos que são convocados à construção da Nova Era?

            Jamais houve, porém, nem haverá, qualquer omissão dos Guias Tutelares, responsáveis e amadurecidos, que seguem os passos de cada operário do Cristo, auxiliando-o na realização de seus misteres, principalmente no que diz respeito aos superiores interesses da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus, nesta hora de específica significação no plano da evolução de nosso orbe. Resta, pois, aos que, como vocês, permanecem na linha de combate, em posição de magna responsabilidade, manter-se em permanente contato mental com o Pensamento Sublime do Mestre, a fim de que seja sempre prevalecente a Sua Augusta Vontade.

            Fôssemos, vocês e nós, da mesma faixa evolutiva, “espíritos de escol", outras seriam as nossas tarefas, provavelmente no setor maior das grandes mensagens e dos grandes testemunhos, que exigem integração superior com as Forças Celestes, sem tão rígidos compromissos com as pequenezas do dia-a-dia administrativo das coisas humanas. A Lei Perfeita, no entanto, que une Justiça e Amor, quer que os grandes demolidores se transformem nos grandes construtores, de modo que a remissão de velhas e enormes dívidas seja, ao mesmo tempo, semeadura magnânima de celestes edificações, que engrandecem os Espíritos para sempre, ligando-os à coletividade em termos de nobreza moral e sublime solidariedade. O Senhor sabe usar a química do tempo para a todos fazer-nos crescer, juntamente com a Sua Obra, porquanto a Obra Divina é sobretudo a da transformação dos Espíritos, no rumo da Angelitude e da Perfeição.

            Sirvam, portanto, estas palavras, que nada encerram de novo, para renovar-lhes o estímulo e a segurança, na certeza de que permanecemos juntos, no cumprimento de elevadas obrigações livremente aceitas. Cônscios, todos nós, de que a Seara é do Senhor, mas o trabalho nos pertence, façamos, cada dia, o que pudermos de melhor.

            Recebam o abraço amigo do velho companheiro.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Cristo Vencerá!




Cristo Vencerá
Hernany T. Sant’Anna
Reformador (FEB) Novembro 1948


"As mágoas do mundo vão tomar vulto impiedoso."
Emmanuel ("Reformador", Fevereiro, 1948.)

"E a condenação é esta: que a Luz veio ao mundo,
e os homens amaram mais as trevas que a Luz,
porque as suas obras eram más."  João, 3:19.

            Os bafos sufocantes da borrasca acaloram a atmosfera do mundo e a dor lacera sem piedade as almas transidas de pavor. Do pélago abissal da miséria humana sobem gemidos abafados e angustiosos. O medo domina os corações ensombrecidos das criaturas. Algo de terrível se prenuncia e se teme. Catástrofes pavorosas se preparam para dias não longínquos. Paira no ar uma incerteza profunda.

            Paira no ar uma incerteza profunda. Há um arrepio de maus presságios varando o misterioso arcano do futuro.

            Durante séculos a fio a humanidade acumulou montanhas de ódios, e já a emanação sedimentosa dos pensamentos sombrios e ferozes se aglomera sobre a Terra, em espessas camadas superpostas e ameaçadoras, que lembram cirros virulentos e invisíveis...

            O monstro da destruição, por ela alimentado com tanta solicitude, rosna sanhudo à sua face, qual áspide principescamente criada para o assassínio traiçoeiro do seu dono! 

            O vendaval não tarda a desencadear sobre as valas torturadas do orbe a procela furiosa que se alimenta de sangue e que se banha nas lágrimas!           

            Relegado o Evangelho do Cristo, olvidados os seus divinos ensinamentos, ergastulado no cárcere dos dogmas o espírito sublimado da sua Doutrina de Amor que outra coisa poderia suceder à humanidade desvairada, senão a completa bancarrota dos seus princípios superiores esmagados perante o esquife da justiça, apunhalada pelo egoísmo feroz, nos delírios da vaidade e da rapina?

            Na orgulhosa presunção da sua trágica cegueira, o homem rejeitou a direção de Jesus chafurdando-se no mar das experiências dolorosas do desvario e dos crimes. Agora, num crepúsculo agoniado de jornada, treme assustadiço ante os densos novelos de fumaça que sobem do monturo letal dos próprios erros!

            Armados até os dentes, espreitam-se os povos, numa estranha dança de malabarismos fatídicos, temendo pela própria sorte! As máquinas de obstrução criadas pelo homem ameaçam-lhe a própria subsistência e a dura necessidade de paz não consegue suplantar a fantástica miragem da luta de extermínio!            

            Eis o salário da rebeldia humana! Eis o altíssimo preço da ambição!

            A tormenta desabará. A Justiça Divina que dá a cada qual segundo as suas obras, não susterá o automatismo da lei de causa e efeito que o Espiritismo tão bem define e prega. A sementeira de maldades e ignomínias rebentará num oceano de frutos amargurosos de prantos e de dores, e o homem aprenderá, por fim, que o Evangelho do Senhor não é um conto de fadas, mas uma Lei de Vida que ninguém pode violar sem funestas consequências.

            Então, raiará para a Terra um Novo Dia. As lições maravilhosas de Jesus, vivificadas e restabelecidas em sua pureza original pela 3ª Revelação, regerão as manifestações do sentimento enobrecido nas forjas da amargura. Uma Nova Aurora despontará, fecunda, para este orbe triste e malsinado, e a aleluia de há dois mil anos ressoará mais vívida e mais clara, nas quebradas dos nossos alcantis.

            O Espírito do Bem reinará na alma dos homens!

            Cristo vencerá!



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cristo Vencerá!



Cristo
Vencerá
Hernany T. Sant’Anna


"As mágoas do mundo vão tomar vulto impiedoso."
Emmanuel ("Reformador", Fevereiro, 1948.)

"E a condenação é esta: que a Luz veio ao mundo,
e os homens amaram mais as trevas que a Luz,
porque as suas obras eram más."  João, 3:19.

            Os bafos sufocantes da borrasca acaloram a atmosfera do mundo e a dor lacera sem piedade as almas transidas de pavor. Do pélago abissal da miséria humana sobem gemidos abafados e angustiosos. O medo domina os corações ensombrecidos das criaturas. Algo de terrível se prenuncia e se teme. Catástrofes pavorosas se preparam para dias não longínquos. Paira no ar uma incerteza profunda.

            Há um arrepio de maus presságios varando o misterioso arcano do futuro.

            Durante séculos a fio a humanidade acumulou montanhas de ódios, e já a emanação sedimentosa dos pensamentos sombrios e ferozes se aglomera sobre a Terra, em espessas camadas superpostas e ameaçadoras, que lembram cirros virulentos e invisíveis...

            O monstro da destruição, por ela alimentado com tanta solicitude, rosna sanhudo à sua face, qual áspide principescamente criada para o assassínio traiçoeiro do seu dono! 

            O vendaval não tarda a desencadear sobre as valas torturadas do orbe a procela furiosa que se alimenta de sangue e que se banha nas lágrimas!           

            Relegado o Evangelho do Cristo, olvidados os seus divinos ensinamentos, ergastulado no cárcere dos dogmas o espírito sublimado da sua Doutrina de Amor que outra coisa poderia suceder à humanidade desvairada, senão a completa bancarrota dos seus princípios superiores esmagados perante o esquife da justiça, apunhalada pelo egoísmo feroz, nos delírios da vaidade e da rapina?

            Na orgulhosa presunção da sua trágica cegueira, o homem rejeitou a direção de Jesus chafurdando-se no mar das experiências dolorosas do desvario e dos crimes. Agora, num crepúsculo agoniado de jornada, treme assustadiço ante os densos novelos de fumaça que sobem do monturo letal dos próprios erros!

            Armados até os dentes, espreitam-se os povos, numa estranha dança de malabarismos fatídicos, temendo pela própria sorte! As máquinas de obstrução criadas pelo homem ameaçam-lhe a própria subsistência e a dura necessidade de paz não consegue suplantar a fantástica miragem da luta de extermínio!            

            Eis o salário da rebeldia humana! Eis o altíssimo preço da ambição!

            A tormenta desabará. A Justiça Divina que dá a cada qual segundo as suas obras, não susterá o automatismo da lei de causa e efeito que o Espiritismo tão bem define e prega. A sementeira de maldades e ignomínias rebentará num oceano de frutos amargurosos de prantos e de dores, e o homem aprenderá, por fim, que o Evangelho do Senhor não é um conto de fadas, mas uma Lei de Vida que ninguém pode violar sem funestas consequências.

            Então, raiará para a Terra um Novo Dia. As lições maravilhosas de Jesus, vivificadas e restabelecidas em sua pureza original pela 3ª Revelação, regerão as manifestações do sentimento enobrecido nas forjas da amargura. Uma Nova Aurora despontará, fecunda, para este orbe triste e malsinado, e a aleluia de há dois mil anos ressoará mais vívida e mais clara, nas quebradas dos nossos alcantis.

            O Espírito do Bem reinará na alma dos homens!

            Cristo vencerá!
Reformador (FEB) Novembro 1948




segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mistério Simples



Mistério Simples
        
            Como pode a luz sublime mesclar-se de sombras tenebrosas? ou a celeste harmonia de sons desajustados e confusos? ou a nobreza diluir-se em felonia? ou o amor se pintalgar de ódios?

            Não sei. Mas, porque será que o coração humano junta ternura com revoltas, carinhos com ciúmes, amor elevado com rudezas insensatas?

            Tal como um diamante precioso cercado de gangas Impuras e enfeantes, ele palpita e vibra, oscilando, qual pêndulo singular entre incompreensíveis paradoxos, como se a dança dos extremos mais chocantes lhe fosse o clima natural, ande se pudesse ele movimentar sem mais percalços nem cuidados.  

            Nobre vilão, tão pronto ao amor, quão dado à raiva; tão disposta a sofrer ou a torturar: tão fortemente frágil, quão, na sua fraqueza, resistente: - quem te pode penetrar nos íntimos arcanos, ó mistério que se dá e se recolhe, que se vela e que se mostra, num mentiroso caleidoscópio de verdades indefiníveis ou num irretratável suceder de loucas ilusões? 

            Coração humano! Misto imponderável de antagonismos indevassáveis e profundos: como podes, sendo anjo de trevas; seres, ao mesmo tempo, um demônio de luz?

            Tens em ti o radiar excelso dos formosos paraísos, e guardas, no absconso de teus imos, as chamas enrubescidas dos orcos de insânia e fel!...

            E, todavia, és um mistério simples, tão simples e singelo como uma verdade imperfeita ou como um sonho incompleto...

            És claro, tão claro como o leito dum córrego límpido a deslizar mansamente pela relva...

            E és cioso e inconstante como a "Rosa dos Ventos", que se volve para o Sul ou para o Norte, para o Oriente ou para a Oeste, ao sabor das virações...           '

            Do mesmo modo que as velas dum saveiro às quais a aragem marinha enfuna ou deixa murchas, também tu, coração, te fremes de entusiasmo ou te emudeces de frieza, te exalças de vibração ou te entorpeces de langor, tais sejam os sopros dos psiques que te bafejam as cordas da lira sensorial!           

            Por isso, ante as canções que te louvam e os libelos que te acusam, eu te contemplo, no silêncio do meu sorriso triste e na melancólica expressão do meu olhar, porque eu sei, coração, que não és bom nem mau, nem anjo, nem demônio: - és apenas uma harpa delicada e caprichosa, que emite sons de odes ou de elegias, de júbilo ou de dor, ao toque dos dedos que a tangem, nos transportes da emoção ...




Hernani T. Sant’Anna


in “Reformador” (FEB) Abril 1950



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ide à Aldeia



“Ide à Aldeia”

           
            Relata Mateus, no capítulo 21 de suas anotações, que o Divino Mestre disse, certa vez, a dois de seus discípulos: “Ide à aldeia que está à vossa frente e logo encontrareis uma jumenta amarrada e, com ela, um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-nos. E se alguém vos disser alguma coisa, dizei: “O Senhor precisa deles.”

            Atentai, irmãos meus, para o elevado sentido de todos esses símbolos e encontrareis a precisa inspiração para resolver muitos de vossos problemas mais prementes, pois a sabedoria dos ensinos messiânicos não se empana com o passar do tempo, e seu valor é sempre multiplicado pelas circunstâncias que se renovam.

            A verdade é que sempre temos, diante de nós, alguma aldeia. Ao trabalhador dedicado e fiel cumpre mover-se em direção a ela. A seguir, deve procurar a jumenta. Encontrando-a, compete-lhe desamarrá-la e trazê-la, junto com o jumentinho. E finalmente é de seu dever dar, a quem de direito, com humildade e firmeza, as explicações necessárias.

            Sempre haverá a necessidade da caminhada, a exigência da procura, o trabalho da desamarração, as dificuldades da jornada de volta e as inevitáveis satisfações a serem dadas a donos de animálias.

            Entretanto, também não faltarão jamais a inspiração e a ajuda da Providência Divina aos obreiros fiéis ao serviço divino.
                                                                                                    
Áureo
por Hernani T. Sant’Anna
inCorreio entre Dois Mundos(1ª Ed FEB 1990)

Mensagem de Kardec (Espírito)


Mensagem de Kardec

         “Meus nobres e respeitáveis amigos

            Como discípulo fiel, mas tão precário quanto me impôs ser a condição humana, realizei o melhor que pude o trabalho que o Mestre me confiou. De regresso ao mundo espiritual, constatei que somente o essencial foi concluído. Antes, porém, que me pudesse abespinhar por isso, o Divino Amigo me fez sentir, na generosidade da sua sabedoria que a semente lançada à terra era boa e daria os frutos desejados, no tempo certo e de acordo com o programa superior, traçado nas Alturas. Cabia-me aceitar que ao trabalhador basta o seu trabalho; compreender que o tempo deve exercer, em tudo, a sua quota de ação; perceber que era indispensável aguardar que se cumprissem, através das idades e dos acontecimentos, todos os itens previstos pela sapiente visão do Supremo Governador dos destinos de nosso planeta e de nossa Humanidade.

            Não precisei angustiar-me, portanto, com as ocorrências que fizeram a história dos primeiros tempos de nossa Doutrina, na face do orbe, pois acompanhei, na posição do operário sempre em serviço, o transplante da árvore do Consolador para as plagas do Brasil e os esforços apostolares aqui desenvolvidos para assegurar-lhe a sobrevivência e o desenvolvimento.

            Chegado o tempo de mais efetiva disseminação da Mensagem Espírita no mundo, era necessário, porém, que tudo fosse revisto e consolidado; aplainadas, com todo o cuidado, arestas e asperezas; corrigidas algumas omissões; podados certos excessos de interveniência humana; esclarecidas determinadas dúvidas de interpretação.

            Fácil é de entender-se esse imperativo, desde que se tenha em vista que se trata agora de nova e verdadeira entrega do paracleto a todos os povos da Terra.

            Dado que entendestes, com a vossa lucidez espiritual e o vosso devotamento, essa requisição do Cristo que nos dirige, devo agradecer o vosso empenho e o vosso devotamento, assegurando-vos que tudo está pronto para que o êxito coroe o desdobramento dos tentames que terão de ser empreendidos, para que a luz alcance e clareie todos os vales e todos os planaltos do orbe.

            O trabalho do Senhor a ninguém pertence, mas é de todos os que atendem ao seu chamado, para a cooperação humilde e desinteressada, sincera e eficaz.

            Nada, realmente, se constrói sem trabalho, sem solidariedade e sem tolerância, sem Deus, sem Cristo e sem Caridade.

            Que, pois, o Amor e o espírito de serviço sejam os vossos conselheiros permanentes em todas as situações, certos de que o Espiritismo é Jesus de volta, para consolo e redenção de todos os seres humanos.

  Allan Kardec
por     Hernani T. Sant’Anna

in  “Correio entre Dois Mundos” 1ª Ed., FEB, 1990