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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O LIvro de Tobias

 

Bibliografia

“O LIVRO DE TOBIAS”

Reformador (FEB) Outubro de 1945

             O LIVRO DE TOBIAS, extraído da Bíblia Oficial Romana e comentado de acordo com a Terceira Revelação. Editado pela Livraria da Federação Espírita Brasileira, 1944, 76 págs.

             A publicação deste livrinho é consequência direta da Questão Roustaing, que no Brasil tem provocado sérias polêmicas entre os partidários da teoria do corpo fluídico de Jesus e os Kardecistas e tende a justificar o fato de a Federação Espírita Brasileira considerar ‘Os Quatro Evangelhos’, de J. B. Roustaing, como obra fundamental do Espiritismo, ao lado das de Kardec, a que se opõem muitos escritores e jornalistas do lado contrário.

            O livro em apreço tem certa analogia com o Novo Testamento, não só na essência, como até na linguagem e nas máximas que contém. Embora Kardec lhe faça referência no “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o livro não figura na edição popular da Bíblia.

                A Federação Espirita Brasileira, que é partidária do corpo fluídico de Jesus e propaga essa teoria em seu órgão oficial e em livros e folhetos que edita (*), aproveitou o fato de nesta obra aparecer um Espírito materializado que Tobias-filho toma por um homem que faz vida semelhante a doutro homem, que o guia em certa viagem que empreende, que o protege, que o casa com Sara, filha de Raquel, que cura a cegueira de Tobias·pai, tudo Isto com o nome de Azarias, e só no fim, quando se despede, é que

se dá a conhecer, dizendo ser o Anjo Rafael, “um dos sete que assistimos diante do Senhor”; aproveitou este fato, dizíamos, para reforçar aquela teoria, a fim de mais facilmente acreditarem os que ainda se não decidiram por ela. Confessa-o numa nota explicativa, a fim de destruir os ataques feitos à obra de Roustaing, terminando por dizer que (1) “negar fé aos ensinos recebidos pela mediunidade de Mme. Collignon, um ponto capital em que esses ensinos confirmam as duas fases anteriores da Revelação divina, equivaleria a negar o Judaísmo, o Cristianismo e o Espiritismo”. (2)

 (1) O grifo é de ‘Reformador’.

(*) Do blog: Estávamos em 1945...

(2) Da revista espírita ‘Estudos Psíquicos’ que se edita em Lisboa.


sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O Livro de Tobias



O Livro de Tobias
Reformador (FEB) Junho 1944  

            Em seus eruditos comentários e prefácios aos Livros da Bíblia, informa-nos o Rev. Abade Delaunay:

            "Os Hebreus no seu catálogo das Sagradas Escrituras não contavam o livro de Tobias; e isto, ao que parece, porque dele não tinha tido notícia Esdras, quando, autorizado pela sinagoga magna, reviu, coordenou e compilou os livros sagrados, depois da soltura do cativeiro de Babilônia. Mas a Igreja do Cristo sempre teve o livro de Tobias por um dos livros divinos, Do que são boas provas, por uma parte, os catálogos de S. Inocêncio II, de Gelásio I, de S. Agostinho e de S. lsidoro de Sevilha; por outra, as frequentes citações que deste livro, como de um livro canônico, fizeram os padres dos primeiros séculos, a saber, S. Policarpo, S. lrineo, S. Clemente, S. Cipriano, S. Hilário, S. Ambrósio.

            "Foi este livro originalmente escrito em caldaico; e pelo que se diz no Cap. XI, verso 20, segundo a versão grega, os mesmos Tobias pai e filho foram seus autores.

            "Hoje não existe exemplar algum caldaico deste livro; mas é notório que o exemplar de que se formou a versão grega era mui diverso daquele de que, muitos tempos depois, formou S. Jerônimo a versão latina que hoje temos, e que foi feita por ele sobre a fé de um Judeu, que lho interpretara do caldaico."

            Até ai os comentários do Rev. padre Delaunay. Esse desconhecimento do livro por parte de Esdras deu o lamentável resultado de haver sido o livro julgado apócrifo e excluído das edições protestantes da Bíblia. Como são estas edições protestantes que levam as Sagradas Escrituras a todas as bibliotecas e a todos os lares, segue-se que um dos mais interessantes livros do Velho Testamento fica desconhecido da imensa maioria dos estudiosos. Nosso desejo neste momento é sugerir que se faça uma edição popular do interessante livro, conforme a tradução católica do padre Antônio Pereira de Figueiredo, somente modernizando a ortografia, para que o público não fique privado dessa parte da Bíblia.

            A nós outros, estudantes de Espiritismo, o Livro de Tobias interessa por dois motivos:
           
            1º - Pela moral cristã que encerra, apresentando a Caridade acima de tudo; o que não é comum no Velho Testamento. Na verdade, a caridade só é apresentada como condição única de salvação no Novo Testamento, hoje confirmado pelos ensinamentos dos Espíritos.

            2º - Pela aparição de um Espírito materializado que é tomado por um homem e convive com o jovem Tobias, guia-o em longa viagem, salva-o de muitos perigos, casa-o, cura-lhe a cegueira de seu velho pai; tudo isso sob o nome de Azarias, filho de Ananias. Depois de completa sua missão junto aos Tobias pais e filho, revela então sua identidade espiritual, dizendo, conforme o capítulo XII, versos 8 a 21:

            “É boa a oração acompanhada do jejum e da esmola mais do que ajuntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte, e ela é a que apaga os pecados e faz achar a misericórdia e a vida eterna. Mas os que cometem pecado e iniquidade são inimigos de suas almas.

            "Eu pois vos descubro a verdade, e não vos ocultarei o que está em segredo. Quando tu oravas com lágrimas, e enterravas os mortos, e deixavas o teu jantar, e ocultavas os mortos em tua casa de dia, e os enterravas de noite, presentei eu as tuas orações ao Senhor.
            "E porque tu eras aceito a Deus, por isso foi necessário que a tentação te provasse. E agora me enviou o Senhor a curar-te, e a livrar do demônio a Sara, mulher de teu filho; porque eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos diante do Senhor.
            “E o anjo lhes disse: A paz seja convosco, não temais, porque eu estava convosco, eu o estava por vontade de Deus: bendizei-o e cantai-lhe convosco.
            “A vós parecia-vos que eu comia e bebia convosco: mas eu sustento-me de um manjar invisível e de uma bebida que não pode ser vista por homens.
            É, pois, tempo que eu volte para aquele que me enviou; vós porém bendizei a Deus e contai todas as suas maravilhas. E tendo dito estas palavras, desapareceu de diante deles, e eles não o puderam ver mais."

            Como se vê desta breve transcrição, o Livro de Tobias merece atento estudo dos espiritistas. Há na Bíblia outros casos de Espíritos que tomam corpo aparentemente humano para cumprirem missões entre os homens, numa materialização mais duradoura e mais densa do que as materializações estudadas na experimentação dos espiritas e metapsiquistas. Passam por homens de carne e osso entre os homens e só ao desfazerem seus corpos, fica-se sabendo que eram Espíritos desencarnados. A mais gloriosa dessas manifestações é a do Divino Mestre que também na opinião dos homens, comia e bebia com eles, não só antes, como até depois de sepultado seu corpo.

            São numerosos os episódios evangélicos que revelam essa natureza diferente do corpo de Jesus; corpo que marchava sobre as águas, desaparecia do meio da multidão, desapareceu do túmulo, atravessou portas fechadas, etc. Esses tópicos ficaram incompreendidos até a vinda da Terceira Revelação. Só os fenômenos do Espiritismo vieram esclarecer-nos sobre essas formações a que os metapsiquistas deram o nome de formações ectoplásmicas, e só na obra recebida por João Batista Roustaing, através da mediunidade mecânica de Mme. Collignon - Os Quatro Evangelhos - foi minuciosamente revelado o processo pelo qual os Grandes Espíritos podem condensar a matéria e formar para si mesmos esses corpos aparentemente de carne e ossos, mas que podem desmaterializar-se repentinamente.

            Os fenômenos dessa natureza são eternos, encontram-se relatos nas literaturas profanas e sagradas de todos os tempos e nas tradições dos povos selvagens, de aparições e desaparições de deuses, anjos, espíritos, demônios, o que é sempre a mesma coisa. Não foram inventados nem mesmo descobertos pelo Espiritismo; somente estão sendo melhor estudados presentemente.

            Como o nosso século é de cego e orgulhoso materialismo, a vaidade humana tem tido a arrogância de negar tais fatos universais e eternos. Essa audácia do materialismo orgulhoso e impenitente domina tão imperiosa em nosso tempo que até pessoas que se dizem espíritas, não raro abrem campanha contra a grande obra mediúnica dada a J. B. Roustaing, e aparecem nos jornais e no rádio e no livro, fazendo tremenda obra de descrédito contra a Terceira Revelação, aliás, contra a mediunidade, que é sua base.

            É evidente que tais pessoas, mesmo quando bem intencionadas, são os únicos inimigos perigosos do Espiritismo, pois que se dizem espiritas e apenas atacam uma parte da literatura mediúnica; mas se essa parte caísse, com ela -cairiam as outras partes de igual base, isto é, toda a literatura mediúnica. Nalguns países, tais inimigos têm conseguido as mais funestas consequências contra o Espiritismo. Felizmente, no Brasil esses infelizes demolidores não têm logrado seus tenebrosos intentos; a obra de Roustaing continua de pé, e, por isso mesmo, ainda não atacaram a de Kardec e as demais obras mediúnicas. Nos lugares, porém, onde eles venceram a obra de Roustaing, imediatamente lançaram a dúvida sobre toda a literatura mediúnica e, finalmente, conseguiram reduzir todo o brilhante movimento regenerador do Espiritismo a simples núcleos de "científicos", isto é, de experimentadores e discutidores eternos, que nada constroem, sempre se aborrecem e finalmente se dispersam sem deixar coisa alguma, além da dúvida nas almas e o desespero nos corações.

            Infelizmente, até a pátria de Kardec e Roustaing sofreu imensos prejuízos dessa campanha dos inimigos internos.

            Divulgar o Livro de Tobias, a nosso ver, é um dos passos necessários na obra de defesa do Espiritismo contra esses perigosos inimigos internos; por isso está sendo preparada uma edição popular dessa preciosidade da literatura sacra.