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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Deus em ação

Deus em ação 


                                                        Ficar de pé, quando o vento,

                                                           o vento forte soprar.

                                                           Manter os olhos enxutos,

                                                           quando a dor nos visitar.

                                                           Enfrentar o sofrimento

                                                           com paciência e coragem,

                                                           não se deixando arrastar

                                                           pelo medo, na voragem.

                                                           Conservar a mente clara

                                                           no meio da confusão.

                                                           Não odiar, quando a ofensa

                                                           nos vier em direção.

                                                           Saber coisas que podiam

                                                           desmascarar o irmão,

                                                           e poder guardar silêncio

                                                           com amor e discrição.

                                                           Não esperar a vingança,

                                                           mesmo cheio de razão.

                                                           Não abandonar a luta

                                                           mesmo tombado no chão.

                                                           Amar a todos e a tudo

                                                           sem a nada se apegar.

                                                           Servindo, sempre servindo,

                                                           sem nada, nada esperar.

                                                           Ter equilíbrio perfeito

                                                           em qualquer situação.

                                                           Isso é ser realizado.

                                                           É já ser Deus em ação!

Cenyra Pinto  

                                                    in “Levanta-te e Anda...” (Ed. Lachâtre) 

terça-feira, 12 de julho de 2011

'Convite da Vida'



Convite da vida

    A vida nos convida a segui-la, analisá-la, compreende-la e finalmente vivê-la, tal e qual ela se nos aprende.
    Momentos agradáveis, momentos dolorosos só o são porque nós lhes damos este ou aquele valor. Na realidade, o propósito da vida não é nos alegrar nem nos entristecer, mas nos ensinar por meio de múltiplas experiências para que aprendamos a nos comportar equilibradamente diante de cada circunstância.
   Os momentos que frequentemente agradam e alegram nossos sentidos são, algumas vezes, prenúncio de dores e sofrimentos no futuro. E os momentos penosos são, quantas vezes, preparação para futuras e reais alegrais espirituais.
   A vida  é ainda um mistério, um enigma para a nossa precária compreensão. Não entendemos por que as criaturas corretas, cumpridoras de seus deveres terrenos e espirituais, são tão seguidamente perseguidas pelo sofrimento físico ou moral.
   Se refletíssemos um pouco, e em certos momentos mantivéssemos contado com Deus, e sinceramente pedíssemos Sua orientação, sem dúvida compreenderíamos que aquilo que chamamos de sofrimento não é senão uma forma de teste, de experiência e uma aquisição a mais para o nosso arquivo espiritual, quando bem entendido e aceito. Uma vez dissecada a matéria do que chamamos sofrimento, cada partícula é motivo de estudo e aprendizado, revelando cada fragmento de um mundo a ser explorado.
   Quando alcançarmos esse desenvolvimento espiritual, estaremos quase libertos –“conhece a verdade e ela te libertará”- e a experiência dolorosa não mais será para nós um motivo de aflição, mas de enriquecimento espiritual.
   Quando conseguirmos atravessar o fogo da incompreensão humana e não nos deixarmos atingir pelas chamas, ao chegarmos do outro lado da experiência, sorriremos de felicidade, da felicidade real daquele que venceu a si mesmo e superou galhardamente o incêndio das próximas paixões, e, assim controladas suas emoções, todos os instintos se aquietarão e conheceremos a verdadeira paz interior; de escravos, passaremos a senhores e, como um rei em seu próprio reino, teremos condições de comandar nossos súditos. Seremos então o sumo sacerdote do nosso próprio templo. É a bem-aventurança. É a libertação. É a auto-realização.
   Como Paulo de Tarso, também diremos: “Já não sou quem vive. É o Cristo quem vive em mim“.

                                                     Cenyra Pinto   'Conversando com a vida' (Ed. Petit) 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Coitado de mim...


O que acontece agora
             O que acontece hoje, agora, não pertence ao momento do acontecimento. 
É conseqüência de um ontem, talvez, muito distante; 
é o produto de fragmentos esparsos, 
agora completados, que se materializa e se torna visível, 
palpável e sensível.
            O momento presente é o resultado de muitos ontens, 
de muitos momentos do passado.
 É a colcha de retalhos que se completa cada dia e cada hora, 
com pedacinhos que lhe formos acrescentando.
            Não estamos vivendo o que acabamos de executar. 
Não estamos colhendo o fruto que acabamos de semear, 
mas o fruto doce ou amargo da nossa semeadura do passado, 
que frutificou e pela qual somos responsáveis. 
São nossos esses frutos e teremos de prová-los, 
queiramos ou não.
            Cenas inesperadas acontecem na nossa vida. 
Surpresas agradáveis ou dolorosas nos tomam de assalto 
e nos espantamos com o inesperado, 
e não podemos entender porque alguém nos estende a mão amiga, 
nos estreita ao coração, oferece-nos uma amizade 
que julgamos não merecer; ajuda-nos plenamente em nossos anseios. 
Outras vezes, somos surpreendidos por ingratidões, injustiças,
 mal-querenças, e não compreendemos o porquê de tais reações,
 porque também achamos que não a merecemos.
Eis aí o ontem se apresentando e trazendo o seu fruto,
 que teremos que colher, pois “a colheita é obrigatória”.
Os que estão afastados do conhecimento das leis de Deus, 
os que vivem apenas com os sentidos voltados 
para o mundo ilusório da matéria não compreendem 
esses contrastes da vida, esses paradoxos. 
Acabamos de enxotar alguém, de ferir, 
de enganar, e eis que somos 
agraciados com recompensas agradáveis. 
Outras vezes, beneficiamos, amparamos, 
damos o melhor de nós, 
e somos seguidamente apedrejados, 
perseguidos, achincalhados!
Que Deus é esse que permite tanta incoerência,
 tanta injustiça? 
Assim pensam os que desconhecem a lei de causa e efeito.
 E não entendendo o porquê, revoltam-se e sentem certa descrença. 
Se já têm algum esclarecimento espiritual,
 porém recente, sentem uma tentação de se afastar de tudo isto, 
abandonando essa rota, pois não lhes parece correto, pela lei, 
serem punidos quando acertam e premiados quando erram.
 Está escrito: “A quem muito tem, mais lhe será acrescentado,
 e a quem pouco tem, até esse pouco lhe será tirado.” 
Se a sua fé é pouca, está sujeito a perdê-la em momento assim.
Aí está a prova, amigos, 
de que o fruto que colhermos agora é produto da semente
 plantada no passado, mas fomos nós que a semeamos, 
estejamos certos. 
Nada vem com o endereço errado.
Portanto, nós que já conhecemos essa verdade, 
tratemos de semear boas sementes,
escolher o momento ideal para a sua semeadura.
Não nos revoltemos nem nos envaideçamos 
com a nossa colheita de agora, 
procurando, cada vez mais, 
selecionar as nossas sementes 
para uma futura colheita mais farta,
 saborosa e nutritiva, especialmente.


         Livro:  “Eu sou o caminho...” (Ed. Lachatre) 
por
  Cenyra Pìnto


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Não Julgues...

Não Julgues...”
NÃO JULGUES! Procura não deturpar os sentimentos alheios. Podes ver os atos, mas não aquilatá-los do teu sentimento, da causa que os impulsionou.
                Sabes, caro irmão, que a evolução se processa de baixo para cima, de dentro para fora. O ato é expressão grosseira, deturpada do sentimento que, em essência, é todo ele puro e nobre.
                Deus age por trás de tudo. O homem comum, não tendo ainda meios de externar Deus em Sua grandiosidade durante a vida cotidiana, fá-lo como pode, como sabe. Só por meio de múltiplas encarnações, ele toma conhecimento de sua origem divina e então a expressa no seu verdadeiro sentido.
                Até alcançar esse estado, vai o homem tropeçando em tudo e em todos, caindo e derrubando os que passam pelo seu caminho, porque, mergulhado na matéria, vai se apossando do lenho com que irá construir a sua cruz, para depois nela se crucificar. Daí surgirá, após muitas idas e vindas, a sua ressurreição.
                Todos passam pela mesma escala ascensional, palmilham a mesma estrada e lutam com as mesmas feras.
                Não sabes, entretanto, em que degrau da evolução se encontra aquele que julgas, nem sabes em que terreno tu pisas.
É melhor não fazeres julgamento precipitado para não maculares a tua mente com a nódoa de um pensamento negativo emitido contra o teu próximo.
Lembra-te de que “com a medida com que medirdes, serás medido”.  Deixa que as criaturas vivam a sua própria vida. E, quando algo te prejudicar ou parecer que, premeditadamente, te querem prejudicar, lembra-te de que a vida terrena é transitória e efêmera. Os males só poderão atingir-te nos teus veículos inferiores, não alcançando o teu verdadeiro ser, se souberes olhar compreensivamente e sentires compassivamente que tudo o que fazem as criaturas é a expressão exata da sua verdadeira essência.
Respeita o espírito divino que habita em cada ser humano, em cada átomo, em cada semente, em cada estrela. Respeita também a divindade que está em tudo e procura olhar para a frente e para o alto, vendo somente a manifestação do eterno em suas várias formas.
Assim, não serás perseguido pela dúvida, pela desconfiança, pelo pessimismo, pela revolta, causados pelo mau julgamento que fizeres do teu semelhante.
Procura estar sempre vigilante. Não permita que se albergue em tua mente nada que a manche, nada que a deprima... nada que a envenene e mate.
Ergue bem alto a bandeira branca da paz e do amor! Põe bem seguro o altar do teu Cristo interno, e as labaredas das paixões inferiores não te atingirão, porque possuis o extintor de todo o mal: o amor! Amor que não julga, não condena, não duvida, porque sabe que tudo é Deus em ação!              
_______________________
13. Mateus, 7:2. (N.E.)
                                                                                 “Levanta-te e anda...” (Cenyra Pinto)         (Ed Petit)
                                                                                             

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Não lamentes nada!!!


Não Lamentes Nada


         Se tens dúvida sobre a vida nos seus múltiplos aspectos, se ainda não alcanças o valor de tudo que acontece, antes de te  entregares  ao desânimo ou ao desespero, procura orientação, de preferência  dentro de ti.
          És um livro de sabedoria. No teu interior, na tua morada secreta,  existem recantos que ainda não conheces. Eles estão pejados de riqueza, que muitos buscam fora e, por isso, vivem insatisfeitos.
         Se a vida te tem trazido amargores e dor, lembra-te d’Aquele que classifica seus discípulos não por ordem de entrada, mas pela sua meta e aproveitamento nos estudos. Ele sabe que as páginas que folheias  no livro da vida são as que te convêm, as que são apropriadas ao grau a que pertences nessa grande escola, ao teu adiantamento.
         Não lamentes nada que te possa acontecer.
         Não deixes vestígios de desânimo nessas páginas, para que outros, vindo a folheá-las, em dias vindouros, não te sigam o exemplo de fraqueza.
         Reage! Sê forte, corajoso e faz frente ao que a vida colocou diante de ti, como um soldado confiante em seus superiores, que sabem onde o enviam e porquê o fazem.
         Estás no plano físico sujeito às leis desse plano. Todavia, se queres te superar e desejas ser exemplo vivo de docilidade e disciplina, confia mais em quem criou as leis e é o Absoluto! Assim, estarás sob a proteção dessa lei que nunca falhará.
         Tens um advogado que não só conhece todas as causas, mas o efeito das mesmas.
         Se hoje és um homem íntegro, não sabes a que estás preso pelas vidas que antecederam a esta.
         Não duvides nunca do amparo d’Aquele que jamais daria pedra a quem Lhe pedisse pão.
         Descansa teu espírito na consciência do Divino Mestre e aguarda com serenidade, pois nós, teus amigos, jamais te abandonaremos! Muita paz!

Cenyra Pinto 
                                                                                Do  livro:  “Vem!...” (Ed. Lachâtre)                                                                                          

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Almas Torturadas


Almas Torturadas
                                                                     
                Almas torturadas por preocupações funestas!...
                Almas desesperadas por situações insustentáveis e cruéis!...
                Almas desalentadas, descrentes já de todo poder e auxílio que se lhes possa parecer.
                Eu vos chamo, almas que perambulais pela vida sem ter amealhado sustento para os dias tempestuosos! Eu vos chamo para uma auto-acareação.
                Quem semeia, colhe. Se nada semeastes, ou se semeastes semente de má qualidade, que colheita esperais?
                Que faz a minúscula formiga na época do verão? Amealha para na estação invernosa ter provisões.
                Que fazemos quando tudo é calmo e agradável para nós?     Lembramo-nos de Deus, fazendo algo de útil, ajudando, consolando, amparando, aconselhando a quem, no momento, sofre?
                O comodismo obscurece a consciência. Não fazer nada de mal não significa fazer algo de bem.
                Nossa consciência comodista nos diz que somos bons porque não fazemos o mal que o mundo condena.               Não fazer o bem já é fazer o mal,  pois o tempo que desperdiçamos,  inutilmente  empregado,  já é um roubo  à humanidade.  Quem se acomoda ao seu bem-estar esquece-se de armazenar provisões para a estação invernosa.
                A alma que hoje se desespera é a que não previu o tempo adverso, viveu descuidada, não se prevenindo contra o inverno. Só se desespera a alma divorciada de Deus, a que a Ele não se une pela oração nem busca o porquê da vida.
                Tudo que não é construído sobre base sólida desmorona. E quando surgem as nuvens que empanam o sol, até então luminoso e belo, a alma contorce-se, reclama e angustia-se.
                Chegou a hora de procurarmos as causas que nos levaram a esse estado. Procuremos combatê-las. Este é o nosso remédio.
                E, quando nos libertarmos dessa triste prisão, começaremos uma nova vida. Aproveitemos o tempo, meditando, trabalhando na reconstrução da nossa felicidade, aquela a que temos direito como herdeiros de Deus que somos.
                            Cenyra Pinto  “Vem !.. ” (Ed. Lachâtre)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Coitado... Eu!?!


               
             Hábito tradicional, piedoso mesmo, mas de absoluto negativismo, é essa exclamação:  “-Coitado!...” ou “-Coitada!...” Essa exclamação tem poder mórbido, capaz de fazer descer o nível moral de quem mereceu tal comiseração. Se a vida coloca pedras e precipícios em nosso caminho é porque quer que os enfrentemos, conscientemente, sabendo que nos compete romper todos os obstáculos para que conquistemos algo.  

            Não é coitado quem vive situação difícil, física ou moral; é apenas uma criatura numa experiência necessária, que precisa de estímulo que lhe alimente a coragem e a resistência, mas não de piedade.

            Ninguém é coitado no mundo. Os que levam a cruz do sacrifício precisam de um Cirineu, é certo, mas não de um derrotista.

            Devemos romper com os velhos hábitos e adotar maneiras condizentes com o que a vida espera de nós. A evolução não pára nem retrocede. Caminhar com evolução é ser positivo, é encarar as coisas, por mais desagradáveis que sejam, com otimismo sadio e serena confiança, não vestindo de luto a vida que nos dá tantas oportunidades de sermos felizes e de vivermos alegres. Só podemos dar o que possuímos. E, se vivemos nos lamuriando com pena de nós mesmos, se nos achamos “coitados” quando atravessamos uma crise, então para oferecer aos companheiros de jornada só teremos essa piedade doentia.

            Encaremos a vida como escola de aprendizagem e aperfeiçoamento e afastemos da mente as idéias negativas. Compreendendo a razão de ser da vida, não temos o direito de lastimar coisa alguma, em nenhuma situação.

            Compreendamos que tudo o que acontece tem razão oculta, que foge ao nosso entendimento, mas traz sempre uma mensagem de luz e um impulso de progresso.

            O azorrague da dor é a força que nos desperta, orientando-nos, dando-nos visão ou corrigindo-nos a rebeldia ou a indiferença.

            Em futuro não muito distante, tudo nos será claro, e, entendendo a linguagem da vida, a ela obedeceremos sem necessidade de ter pena de nós nem de  ninguém, porque seremos fortes na obediência à Lei de Deus.                

                              Cenyra Pinto              Do livro “Vem !...” (Ed. Lachâtre)       



quinta-feira, 7 de abril de 2011

Que fizemos de nossas vidas?


ALMAS TORTURADAS
                                                                     
                Almas torturadas por preocupações funestas!...
                Almas desesperadas por situações insustentáveis e cruéis!...
                Almas desalentadas, descrentes já de todo poder e auxílio que se lhes possa parecer.
                Eu vos chamo, almas que perambulais pela vida sem ter amealhado sustento para os dias tempestuosos! Eu vos chamo para uma auto-acareação.
                Quem semeia, colhe. Se nada semeastes, ou se semeastes semente de má qualidade, que colheita esperais?
                Que faz a minúscula formiga na época do verão? Amealha para na estação invernosa ter provisões.
                Que fazemos quando tudo é calmo e agradável para nós?     Lembramo-nos de Deus, fazendo algo de útil, ajudando, consolando, amparando, aconselhando a quem, no momento, sofre?
                O comodismo obscurece a consciência. Não fazer nada de mal não significa fazer algo de bem.
                Nossa consciência comodista nos diz que somos bons porque não fazemos o mal que o mundo condena.               Não fazer o bem já é fazer o mal,  pois o tempo que desperdiçamos,  inutilmente  empregado,  já é um roubo  à humanidade.  Quem se acomoda ao seu bem-estar esquece-se de armazenar provisões para a estação invernosa.
                A alma que hoje se desespera é a que não previu o tempo adverso, viveu descuidada, não se prevenindo contra o inverno. Só se desespera a alma divorciada de Deus, a que a Ele não se une pela oração nem busca o porquê da vida.
                Tudo que não é construído sobre base sólida desmorona. E quando surgem as nuvens que empanam o sol, até então luminoso e belo, a alma contorce-se, reclama e angustia-se.
                Chegou a hora de procurarmos as causas que nos levaram a esse estado. Procuremos combatê-las. Este é o nosso remédio.
                E, quando nos libertarmos dessa triste prisão, começaremos uma nova vida. Aproveitemos o tempo, meditando, trabalhando na reconstrução da nossa felicidade, aquela a que temos direito como herdeiros de Deus que somos.
                            Cenyra Pinto  “Vem !.. ” (Ed. Lachâtre)

quinta-feira, 24 de março de 2011

'Advertência'




  
Advertência        ?


            Apoiar-se em algo é ter certeza de que não se tomba. Dirão alguns: “Por que haveremos nós de viver apoiados em alguma coisa ou em alguém? Por que não procurarmos viver por nós mesmos?”
            Então eu lhes responderei: “quando viveis por vós mesmos, acaso não estais apoiados na fé, na confiança que tendes em vossas possibilidades de vos manterdes de pé, em qualquer situação?  A fé não é por acaso algo divino, que nos serve de escora, que nos mantém de pé e nos convida a caminhar?...”
            Mas nem todos possuem ainda a autoconfiança. Nesse caso, precisam apoiar-se naquilo que os mantém de pé.
            A criança não pode prescindir, primeiro do colo, depois da mão que a encoraja a andar, até que possa caminhar por conta própria. Mesmo assim, não prescinde da assistência de alguém adulto que a dirija, a discipline, a ensine.
            Assim caminhamos pela vida, sempre necessitando de um apoio, de uma ajuda, e só a vaidade impede certas criaturas de se convencerem dessa necessidade.
            O homem que se tranca no seu mundo interno e rechaça todo e qualquer  auxílio, mesmo sentindo que está arrasado, que está tombado, esse é um tolo, um presunçoso que não consegue se manter nas próprias pernas e se julga superado e já não necessitando de nada.
            Vivemos em função de um Todo. O que um possui, outro tem carência. É da troca, do intercâmbio que a vida marcha.
            Fugir a essa regra comum é isolar-se do todo e ficar na retaguarda. Apoiar-se na própria resistência, na própria fé, já é condição daquele que adquiriu certa evolução e pode já ser bússola na estrada.
            Mas, aquele que ainda não sente em si essa força, essa segurança, o que não conseguiu ainda desvendar-se a seus próprios olhos, entender-se a si mesmo, não pode prescindir da ajuda, do estímulo, da amizade e dedicação de outros que já mais avançados na estrada lhe poderão servir de guia.
            Guiar não é afastar ninguém da sua própria rota, mas ensinar como se caminha sem muitos tropeços.
            Os livros ensinam, com abundância de detalhes, coisas fabulosas, mas não conseguem atravessar a barreira da incompreensão de certas almas, aferradas aos seus pontos de vista.
            Um exemplo, uma palavra fraterna e despretensiosa de quem tem vivência, de quem já dominou certos instintos, vale mais que todos os livros e todos os discursos.
            Abrir uma alma é como desabrochar uma flor.
            A mãe natureza é sábia e trabalha em silêncio e ninguém poderia acompanhar o mistério do desabrochar de uma flor, tão lento e silencioso é esse processo.
            Assim, também, só a  paciência, só a tolerância e um amor desinteressado poderão ajudar uma alma a desabrochar para engalanar e perfumar a sua própria existência.
            Assista a todos, irmão amigo, com amor e paciência.
            Empregue a tolerância e a bondade para ajudar e nunca desista quando a luta for difícil.
            Apoie-se na sua vivência de milênios e milênios e ajude a desabrochar as flores cujos botões secam e murcham sem sequer entreabrirem.
            Apoie-se nessa certeza de que o Pai está sempre presente e trabalhe no jardim do paraíso, adubando, removendo pedras, regando e assistindo amorosamente o desenvolvimento das plantas, e o desabrochar das flores coroarão ainda a sua existência terrena.        
            Paz e Amor.
Cenyra Pinto
   em “Levanta-te e Anda...”  (Ed. Lachâtre)