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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Transformações



              A inquietação que nos agita a alma, nestes momentos decisivos de transição espiritual, é um dos sinais dos tempos novos, marcando o compasso da grande evolução da Humanidade.

            Cada criatura - em todas as latitudes mentais - sente no imo d’alma essa vaga intuição de que o mundo humano caminha inexoravelmente para outros horizontes, ao encontro de outros panoramas.

            A intuição, porém, algumas vezes é deformada no mundo das emoções individuais, gerando, então, essa multiplicidade de almas angustiadas que se desnorteiam, desejando algo diferente - incapazes, todavia, de definir para si mesmas o que realmente almejam.

            O Evangelho, no centro desses embates, é aquele roteiro único e seguro, o caminho da nova vida.

            O homem que não se banha na luz do Cristo, nele acolhendo o inovador da existência, sofre e chora, qual nau sem rumo ao sabor das tempestades.

            Por mais se atirem contra o Evangelho os filhos do negativismo, a sua refrega verbal não chegará jamais a adulterar o divino determinismo da evolução.

            Milhões de braços, unidos com o propósito de sustar o movimento do Universo, não impediriam o astro maior de ressurgir no horizonte, para madrugadas de luz sobre os campos que a loucura bélica lava de sangue.

            Inevitável o novo dia do Cristianismo.

            Ele renasce de alma em alma; de criaturas simples a criaturas simples, aprestando o próprio coração, para que aí se instale o Reino de Deus.

            Empenhemo-nos, pois, ardorosamente, em todos os trabalhos da seara do Senhor, a fim de abreviarmos os dias da amargura que campeia sobre a Terra.

            Corporifiquemos o mundo de amanhã, no mundo de hoje, através da caridade efetiva em todos os lugares em que nos encontremos. Se o mundo dementado roga por vida nova, a nova vida que já existe em nós deverá externar-se a benefício de muitos.

Transformações
J. Alexandre

Reformador (FEB) Novembro 1972 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Força Mental


            As criações mentais são uma incógnita.

            Embora pensemos, sem interrupção, a todas as horas do dia, mal sabemos que cada ideia se corporifica à nossa volta, criando o hálito espiritual que nos identifica diante dos demais encarnados.

            O pensamento, porém, vai além, muito além. A sábia instrutora Veneranda, no livro "Nosso Lar", derrama advertências sensatas, dizendo:

            "É coisa sabida que um homem é obrigado a alimentar os próprios filhos; nas mesmas condições, cada espírito é compelido a manter e a nutrir as criações que lhe são peculiares. Uma ideia criminosa produzirá gerações mentais da mesma natureza; um princípio elevado obedecerá à mesma lei. Recorramos a símbolo mais simples. Após elevar-se às alturas, a água volta purificada, veiculando vigorosos fluidos vitais, no orvalho protetor ou na chuva benéfica; conservemo-la com os detritos da terra e fá-Ia-emos habitação de micróbios destruidores."

            Não fosse toda a excelência da obra psicografada pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier, o destaque feito acima, por si só já nos forneceria elementos para profundas meditações.

            A geração mental de natureza criminosa, decorrente das ideias criminosas que concatenamos, rebenta, vez por outra, no organismo enfermo de nossa sociedade, em convulsões de toda espécie. 

            Guerra! Não apenas a guerra entre Nações, mas também os embates surdos, dentro das quatro paredes de um lar, atirando irmãos contra irmãos, na mais absoluta ausência de serenidade entre nós.

            Relendo "Nosso Lar", muito deverá alterar-se em nosso mundo intimo, desde que absorvamos a sua mensagem de alertamento e construção do novo mundo.

Força Mental
J. Alexandre

Brasil Espírita / Reformador (FEB) Agosto 1971

sábado, 15 de agosto de 2015

Odioterapia


            A jovem viera de um sanatório.

            Ali, na singela sala do agrupamento espírita-cristão, revelava-se inquieta, irrequieta, músculos em contrações que prenunciavam agressividade, ríctus dolorosos que, entremeados com sorrisos, lhe deformavam a juvenil fisionomia.

            Afirmava-se incurável e, ao mesmo tempo, inconformada com o seu estado.

            Queria curar-se.

            Avizinhava-se de violenta crise.

            Somente a Misericórdia Divina, em nos conhecendo as fraquezas, a favorecia com o temporário equilíbrio, permitindo-nos o diálogo em que ela relatava os seus problemas interiores, algumas das torturas de suas noites de pesadelo.

            Trincando os dentes, informou:

            - E o médico me assegurou que a minha cura estará em eu reunir todas as pessoas com quem não simpatizo, e com as quais tenho divergência, e lhes dizer, a todas juntas, tudo o que sinto e penso delas.

            À afirmativa amargosa, inda juntou:

            - Tenho tanto ódio...

            Essa odioterapia sempre nos assombra!

            Cada caso que se repete, espanta-nos.

            Refletimos bastante sobre tais recomendações.

            Diante de quadros que são efeitos justamente do desencadeamento do rancor, do ódio trabalhado em múltiplas experiências reencarnatórias, da cólera cultivada nos espetaculosos duelos mentais em que nos conflitamos com os semelhantes - onde falha o eletrochoque, onde falece a insulina, temos recolhido essas soluções verdadeiramente mágicas de odioterapia, violência-terapia, vingança-terapia, quais remanescentes das atitudes brutais dos que faziam de honra a máxima: “Não leve desaforo para casa.”

            O infeliz enfermo, confiando-se ao conselho desesperado de seu orientador, provocará uma reação em cadeia: extravasando o rancor, recolherá rancor; distribuindo ódio e acumulando ódio, raramente se desvinculará das fichas que fazem o seu calendário de frequência nos sanatórios.

            A falsa-sensação de alívio que o bilioso diz experimentar, após suas indisciplinadas manifestações de rancor, logo após “dizer tudo o que pensa e tudo o que quer”, é sempre seguida de um agravamento do mal, agravamento este que a sabedoria popular define com profunda grandeza: “Quem diz o que quer, ouve o que não quer.”

            O parecer, distribuído a esmo, fatalmente induzirá o doente a sustentar, por tempo indefinido, a posição em que hiberna o seu senso moral: “a de vítima de um mundo que o não compreende”, distanciando-o daquele esforço indispensável de romper a cristalização do egoísmo em que se enclausura a sua alma.

            Haverá menos desajustados com Evangelhoterapia.

            A alma que se confia à sábia orientação do Senhor Jesus, ao sol de seu Evangelho, ter mina por abrir frestas na sua auto prisão, liberando-se do auto martírio a que se confia dolorosamente e, aí sim, criando condições ideais para seu alevantamento espiritual.

            Ninguém aniquila tiririca, semeando tiririca.

            Impossível acabar com pernilongos, promovendo o pântano.

            Drena-se o charco com água corrente e não com lama.

            Terrenos incultos serão ninhos de serpentes.

            Na certa que a recomendação espírita-cristã nem sempre é acolhida de bom ânimo por nós, doentes da alma, porque não corresponde à nossa ânsia de ódio, à nossa fome de vingança, aos nossos ensaios de rancor. Incomoda-nos, inclusive, por revelar a nossa autêntica posição, nos quadros da vida: a de algozes e não a de vítimas. Parece-nos menos eficiente, por apelar para sentimentos de fraternidade, de compreensão, de harmonia. Não tem o sabor fantasioso de soluções mágicas e nem fala por linguagem cabalística, mas nos aponta a urgência de nosso ajustamento às Leis Espirituais que nos regem a vida.

            É a recuperação de nosso deteriorado sentimento religioso, cuja pureza se diluiu, no escoar de milênios, sob a ganga de dogmas e rituais, paramentos e sacerdócio.

            Espiritismo é negação da odioterapia.
Odioterapia
J. Alexandre

Reformador (FEB) Maio 1970

domingo, 17 de abril de 2011

Deus


Deus
por J Alexandre
Reformador (FEB) Fev 1974

‘Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em mim’.
Jesus (João 14:1)

            No princípio, fomos politeístas.

            Os iniciados nas leis divinas auxiliavam a organizar o nosso sentimento religioso. Sabendo que éramos incapazes de entender a existência dum único princípio inteligente, ensinavam-nos a ver em cada departamento da Natureza a presença dum Deus-parcial.

            Aceitamos, assim, pequenos deuses que respondiam pela precipitação de fenômenos naturais que escapavam de nossa compreensão.

            Um para a chuva, outro para a Primavera...

            O povo hebreu, com Moisés, vitalizou a idéia do deus único.

            Ao generalizar-se tal princípio, sem que pudéssemos sepultar as interpretações dos deuses regionais e parciais, buscamos atribuir ao Pai Eterno a configuração humana.

            Deus era um super-homem.

            Possuía virtudes e muitos de nossos defeitos.

            Era superior a nós por seus poderes, mas semelhante por suas incontáveis paixões.
            O Espiritismo veio criar uma nova aurora.

            A primeira pergunta em ‘O Livro dos Espíritos’ liquida em definitivo a existência de Deus nas formas e limitações humanas.

            - Que é Deus?

            Ele não é um ser: é o princípio de todas as coisas.

            Sabemos que existe porque criou tudo o que não criamos.

            Deixamos, também, com o Espiritismo, de querer abranger o infinito com nossas inquietações, porque Ele excede às nossas limitações espirituais do presente.

            Voltamo-nos para Jesus, por ser a maior expressão de virtudes a nosso alcance.

            Quanto ao Criador, já o designamos com carinho: Pai Eterno.