“Reencarnação
-
estudo sobre as vidas sucessivas."
Capítulo VIc
‘As Causas Dos
Nossos Sofrimentos'
por Aurélio A. Valente
Editora:
Moderna - Ano: 1946
Biblioteca
Espírita Brasileira
REPARAÇÃO
Reparação
é a vida de abnegação e devotamento por aqueles que foram sacrificados de todos
os modos, em existências passadas. Segundo as Leis da Misericórdia Divina, reúnem-se
no mesmo meio perseguidores e perseguidos, algozes e vítimas, para o resgate.
Podem nascer no mesmo país, na mesma cidade e até no mesmo lar, conforme o modo
de reparação. É por esse modo que se explica haver simpatias e antipatias,
homens desprendidos que tomam a si o interesse alheio e pugnam pelo direito dos
seus semelhantes com verdadeiro devotamento. É a renúncia pessoal em benefício
da coletividade. Quem desconhece a vida de Vicente de Paulo, o fundador dos
orfanatos e asilos para as criancinhas abandonadas nas ruas de Paris, quando a
degradação moral havia atingido ao auge?
Segundo
revelado do além, esse vulto adorado pela Igreja Romana e respeitado pelos
acatólicos foi a reencarnação de Herodes – Rei dos Judeus, que mandou degolar
os meninos que nasceram no tempo de Jesus; os recolhidos das suas ordens”. Ao
que nós recrutamos: “É verdade, porém, no cumprimento de ordens tais, os
soldados não se excedem, não exorbitam? Além disso, há uma pergunta a fazer:
Devem-se cumprir ordens absurdas, loucas, que repugnem a nossa consciência? O
leitor pode responder livremente de acordo com o seu caráter.
Clemente
XIV, Papa (1773) , que extinguiu a ordem dos jesuítas, segundo revelação que lemos
algures, foi a reencarnação de Loiola, que veio desfazer a sua obra nefasta.
Nessa ocasião, a ordem dos Jesuítas fundada por Inácio de Loiola, pelos grandes
males que disseminou no mundo, foi expulsa quase ao mesmo tempo dos principais
países do mundo. Essa ordem foi restabelecida em 1814 por Pio VII, mas já sem a
mesma força que usufruía anteriormente.
João
Batista foi a reencarnação de Elias segundo as profecias bíblicas e revelação
de Jesus a seus discípulos (Mateus, Cap. 17, vv. 10 a 14). A sua decapitação
foi o resgate do seu crime como profeta, ordenando a degolação dos sacerdotes
do Baal (Reis, 18, vv. 40).
Há
também uma revelação que apresentou Joanna d’Arc como a reencarnação de Judas,
depois de numerosas, pungentes e ignoradas expiações terrenas.
Além
dessas reencarnações, que fizeram os seus heróis conhecidos do mundo inteiro,
outras houve que passaram despercebidas da humanidade, por súplica dos próprios
espíritos falidos, tal a situação de vergonha sem limites, se fossem
reconhecidos através das miseráveis existências com corpos cujas carnes iam aos
poucos caindo de podres.
Quando
o espírito consegue expiar e reparar de modo satisfatório os seus crimes, volta
ainda novamente à Terra para submeter-se a provas de resistência, que conhecemos
com o nome de
PROVAÇÕES
Provação é a situação em que se encontra o espírito para
experimentar as tentações do mal e vence-las. Feliz daquele que sabe vencer,
pois do contrário terá que voltar em condições ainda piores.
Recorrendo
ainda ao livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, apresentamos o caso de
M. FELICIEN
“Era um homem rico, instruído, poeta de espírito, possuidor
de um caráter, são, obsequioso e ameno, duma perfeita honradez.”
“Falsas especulações comprometeram-lhe a fortuna, e não lhe sendo
possível repará-la, em razão da idade alcançada, cedeu ao desânimo
enforcando-se em dezembro de 1864, no quarto de dormir.
“Não
era materialista, nem ateu, mas um homem de gênio um tanto superficial, ligando
pouca importância ao problema da vida de além túmulo. Conhecendo-o intimamente,
evocamo-lo quatro meses, após o suicídio, inspirados pela simpatia que lhe
dedicávamos.”
“Evocação – Choro a Terra na qual tive decepções,
porém menores do que as experimentadas aqui. Eu, que sonhava maravilhas, estou
abaixo da realidade do meu ideal. O mundo dos espíritos é bastante promíscuo, e
para torna-lo suportável fora mister uma boa escolha. Não torno a ele. Que
esboço de costumes espíritas se poderia fazer aqui! O próprio Balzac, estando
no seu elemento, não faria tal esboço senão de modo rústico. Não o lobriguei
porém... Onde estarão esses grandes espíritos que tão energicamente profligaram
os vícios da humanidade? Deviam eles, como eu, habitar por aqui antes de
alçarem-se a regiões mais elevadas. Apraz-me observar este curioso “pandemonium”
e assim, fico por aqui.
“Apesar
de o espírito nos declarar que se acha numa sociedade assaz promíscua e, por
conseguinte, de espíritos inferiores, surpreendeu-nos a sua linguagem, dado o
gênero de morte, ao qual, aliás, não faz qualquer referência. A não ser isso,
tudo mais refletiu o seu caráter.
“Tal
circunstância deixava-nos em dúvida sob a identidade.
P. -
Tende a bondade de nos dizer como morrestes...
R. -
Como morri? Pela morte por mim escolhida, a que mais agradou, sendo para notar
que meditei muito tempo nessa escolha com o intuito de me desembaraçar da vida.
Apesar disso, confesso que não ganhei grande coisa: libertei-me dos cuidados
materiais, porém para encontra-los mais graves e penosos na condição de espírito,
da qual nem sequer prevejo o termo.”
P. - (ao
guia do médium) – O espírito em comunicação será efetivamente o de M. Félicien?
Esta linguagem, quase despreocupada, torna-se suspeita em se tratando de um
suicida...
R. - Sim.
Entretanto, por um sentimento justificável na sua posição, ele não queria
revelar ao médium o seu gênero de morte. Foi por isso que dissimulou a frase, acabando,
no entanto por confessá-lo diante da pergunta direta que lhe fizestes e não sem
angústias. O suicídio fá-lo sofrer muito e, por isso desvia, o mais possível,
tudo o que lhe recorde o seu fim funesto.
P. - (ao
espírito) – A vossa desencarnação tanto mais nos comoveu, quanto lhe prevíamos
as tristes consequências, além da estima e intimidade das nossas relações.
Pessoalmente, não me esqueci do que éreis obsequioso e bom para comigo. Seria
feliz se pudesse testemunhar-vos a minha gratidão e fazer algo de útil para
vós.
R. - Entretanto,
eu não podia furtar-me de outro modo aos embaraços da minha posição material.
Agora, só tenho necessidade de preces: orai principalmente para que me veja livre
estes hórridos companheiros que aqui estão junto de mim obsediando-me com
gritos, sorrisos, e infernais motejos. Eles chamam-me covarde, e, com razão,
porque é covardia renunciar à vida. É a quarta vez que sucumbo a essa provação,
não obstante a formal promessa de não falir... Fatalidade?... Ah! Orai! Que
suplício o meu! Quanto sou desgraçado! Orando, fazeis por mim mais que por vós
pude fazer quando na Terra; mas a prova, ante a qual fracassei tantas vezes, aí
está retraçada indelével diante de mim! É preciso tenta-la novamente em dado
tempo... Terei forças? Ah! Recomeçar a vida tantas vezes: lutar por tanto tempo
para sucumbir aos acontecimentos, apesar de tudo é desesperador mesmo aqui! Eis
porque tenho carência de força. Dizem que podemos obtê-la pela prece... Orai por
mim que eu quero orar também...
“Este
caso particular de suicídio, posto que realizado em circunstâncias vulgares,
apresenta uma feição especial. Ele nos mostra um espírito sucumbindo muitas
vezes à provança que se renova a cada existência, e que se renovará até que
tenha forças até que tenha forças para resistir-lhe.
“Assim
se confirma o fato de não haver proveito no sofrimento, sempre que deixemos de
atingir o fim da encarnação, sendo preciso recomeça-lo até que saiamos
vitoriosos da campanha”.
“Ao
espírito de M. Félicien. – Ouvi, eu vo-lo peço, ouvi e meditai sobre as minhas
palavras. O que denominais fatalidade é apenas a vossa fraqueza, pois se a
fatalidade existisse, o homem deixaria de ser responsável pelos seus atos. O
homem é sempre livre, e nessa liberdade está o seu maior e mais belo
privilégio. Deus não quis fazer dele o seu autômato obediente e cego, e se essa
liberdade o torna falível, também o torna perfectível, sem o que somente pela
perfeição poderá atingir a suprema felicidade. O orgulho somente pode atingir a
suprema felicidade. O orgulho somente pode levar o homem a atribuir ao destino
as suas infelicidades terrenas, quando a verdade é que tais felicidades terrenas
promanam da sua própria incúria. Tendes disso um exemplo bem patente, na vossa
última encarnação, pois tínheis tudo que se fazia preciso à felicidade humana,
na Terra: o espírito, talento, fortuna, merecida consideração; nada de vícios
ruinosos, mas, ao contrário, apreciáveis qualidades... Como, no entanto, ficou
tão comprometida a vossa posição? Unicamente pela vossa imprevidência. Haveis
de convir que, agindo com mais prudência, contentando-vos com o muito que já
vos coubera, antes que procurando aumentá-lo sem necessidade, a ruína não
sobreviria. Não havia nisso nenhuma fatalidade, uma vez que podíeis ter evitado
um tal sucesso. A vossa provação consistia num encadeamento de circunstâncias
que vos deveriam não a necessidade, mas a tentação do suicídio; desgraçadamente,
apesar do vosso talento e instrução, não soubestes dominar essas circunstâncias
e acarretais agora com as consequências da vossa fraqueza.
“Essa
prova, tal como pressentis com razão, deve renovar-se ainda; na vossa próxima
encarnação tereis de enfrentar acontecimentos que sugerirão a ideia do
suicídio, e sempre assim acontecerá até que de todo tenhais triunfado.
“Longe
de acusar a sorte, que é a vossa própria obra, admirai a bondade de Deus, que,
em vez de condenar irremissivelmente pela primeira falta, oferece sempre os
meios de repará-la.
“Assim
sofrereis, não eternamente, mas por tanto tempo quanto reincidires no erro. De
vós depende, no estado espiritual, tomar a resolução bastante enérgica de
manifestar a Deus um sincero arrependimento, solicitando instantemente o apoio
dos bons espíritos.
Voltareis
então à Terra blindado na resistência a todas as tentações. Uma vez alcançada
essa vitória, caminhareis na felicidade com mais rapidez, visto que sob outros
aspectos o vosso progresso é já considerável. Como vedes, há ainda um passo a
franquear, para o qual vos auxiliaremos se com as nossas preces. Estas só serão
improfícuas se nos não secundardes com os vossos esforços.
- R. –
Oh! Obrigado! Oh! Obrigado por tão boas exortações. Delas tenho tanto maior
necessidade, quanto sou mais desgraçado do que demonstrava. Vou aproveitá-las,
garanto, no preparo da próxima encarnação, durante a qual farei todo o possível
por não sucumbir. Já me custa suportar o meio ignóbil do meu exílio.” Félicien
Como
acabamos de ver, esse espírito teve que voltar à Terra quatro vezes, nas mesmas
condições, para passar pela prova da riqueza, transformada bruscamente em miséria.
A
provação é tão necessária para a alma como o alimento para o sustento do corpo.
É ela que lhe proporciona a aquisição dos predicados morais que nos aproximam
de Deus. Ela facilita a conquista da paciência, da bondade em todas as
modalidades, até culminar no dom da serenidade, que é a forma impassível com
que a alma recebe tudo, seja bom ou mau, como o rochedo que, aos embates das
ondas mansas ou bravias, mais se limpa e melhor reflete os raios do sol.
A
serenidade é apanágio dos espíritos aureolados pela conquista da virtude. Sem
as provações, como poderia a alma demonstrar a fortaleza da sua fé, e estar no
caminho que conduz à perfeição?
Há
homens que se mostram dóceis, educados, afáveis, morigerados até o momento em
que são feridos nos seus interesses, na sua honra, no seu amor próprio, daí em
diante transformam-se em animais e agem mais pelo instinto que pela razão. São
feras despertadas para a luta sem escrúpulos. Há pessoas que são sérias
enquanto não sentem pairar sobre si a nuvem negra da tentação, e por essa
razão, podemos dizer que há muita gente honesta, mas poucas virtuosas.
Sem tentação,
especialmente nos dias amargurados em que a adversidade anda de braço dado
conosco, não há virtude, mas apenas honestidade, o que já é uma virtude mas
apenas honestidade, o que já é uma grande coisa, pois a honestidade purifica e a
virtude santifica.
De
todas as provas as mais difíceis são a riqueza e a elevada posição social - a autoridade.
Foi por esse motivo que o nosso Amado Jesus disse que era mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.
O rico
e o homem de elevada posição social inebriam-se com as suas situações entre os
demais, e sentem vertigem, julgam-se privilegiados, predestinados dos céus.
A
miséria, com todo o seu séquito de dores, vexames, fome e sede, é muito mais
fácil de vencer.
Aqueles
que se submetem a tais provas difíceis precisam ter qualidades excepcionais
para vencerem galhardamente. Felizmente, são numerosas as pessoas que chegam ao
túmulo como vencedoras. Pedro de Alcântara, o nosso Imperador, foi um desses
homens vencedores no plano espiritual e vencidos para o mundo terreno.
Não
menos dolorosas são as provações que suportamos dentro do recinto do lar, a
ingratidão daqueles por quem nos devotamos durante anos, são os desregramentos dos
filhos apesar da boa orientação que receberam. São as feridas causadas pela
calúnia, pela infâmia daqueles a quem concedemos a honra de sentar à nossa mesa
para comer dos mesmos elementos. Eles lembram esses bubões sifilíticas que
corroem corpos e quando saram deixam cicatrizes profundas e negras que nos
acompanham à sepultura. É por isso que devemos agradecer a Deus a Misericórdia
da Reencarnação, porque na mesma existência é difícil e penosa, e porque não
dizer hipócrita – a reconciliação e volta da confiança anterior.
Quase que
podemos dizer que é sumamente difícil e, para alguns, impossível, porque
precisam de várias reencarnações para amortecerem os impulsos de vingança e
estabelecer uma amizade.
Os
ricos devem considerar-se como meros depositários de Deus e, assim, preparam-se
para a final prestação de contas.
A
riqueza não foi facultada para servir de instrumento de orgulho e vaidade, para
simples caprichos individuais, mas para ser empregada em benefício da
humanidade.
A
riqueza não pode ser, como querem muitos, um mal social, pois no mundo há mais
perdulários e pródigos, do que sensatos e previdentes, mais apáticos que
esforçados, mais ambiciosos que idealistas, e assim, é natural que haja o
acúmulo de bens nas mãos de alguém que saiba administrar bem, do que repartida
e, portanto, desvalorizada. O mal não está na sua existência, mas no mau uso. A
célebre anedota do milionário com o comunista ´´e bem cabível e como talvez o
leitor a desconheça, vamos narrá-la.
Um
magnata passava por uma rua escura de Paris quando foi assaltado por um homem que
lhe encostou um revólver no peito.
- C. –
Dê-me a parte que me toca na sua riqueza; não negue, pois conheço muito bem o
senhor!
- M. Perfeitamente.
Sabe a quanto monta a minha riqueza?
- C. –
Quarenta milhões.
- M. –
Quantos habitantes tem a França?
- C. –
Quarenta milhões.
- M.
Tome, pois, um franco – disse-lhe o magnata, metendo-lhe na mão e continuando o
seu caminho. O assaltante ficou perplexo.
A
provação não deixa de ser uma situação difícil e às vezes cheia de profundas
amarguras, pelas terríveis tentações do mundo. Imaginemos o que não há de
sofrer uma linda e honesta mulher, maltratada por um marido ébrio e brutal, a
resistir às tentações de alguém que a estima e a pode tornar feliz?
Que
provação horrível será a do homem probo, cheio de dificuldades financeiras,
vendo a esposa doente, os filhos curtindo fome, tendo sob a sua guarda haveres
de outrem? A posição de mando é uma
espada de dois gumes. É uma provação que acarreta responsabilidades incalculáveis
pelos terríveis efeitos que causam aos subordinados, a falta de justiça, de estímulo,
de reconhecimento do mérito de cada um.
A humanidade
não tem progredido mais depressa porque muitos dos condutores de povos e
reformadores têm falido no meio do caminho, sobrepondo os interesses pessoais aos
da coletividade. Mas se nós sofremos, os gemidos de todos são abafados pelos
clamores dessa alma só, causadora de todos os males alheios. Vós tendes a
direção dos vossos irmãos, meditai muito sobre os vossos atos, pois muitos
daqueles que mais humilhais, serão talvez várias vezes superiores a vós no
mundo espiritual. E lá nesse mundo, do qual não quereis ter conhecimento,
ficareis na situação de Lázaro, citado na famosa parábola de Jesus (Lucas, 16 –
vv. 19/31)
Vós
que tendes uma parcela de autoridade, lembrai-vos que amanhã podereis estar
entre os últimos, pois Jesus advertiu: Aquele que quiser ser o primeiro no
reino de Deus, seja o último na Terra. (Marcos, 9 – 33/37).
A
posição social, a riqueza e a beleza pertencem ao mundo e desse modo aqui ficam,
são efêmeras, na presente existência podemos perde-los e ficar reduzidos a
destroços.
Pela
provação é que o espírito prepara a sua redenção.
Redenção
é a última etapa terrena. É a vida já desprendida de qualquer mundanismo. É
fácil reconhecermos as pessoas emancipadas do erro. São essas meigas criaturas
que suportam infâmias com sorrisos, empurrões com desculpas amáveis, que
silenciam ante os insultos e querem ser antes vítimas que algozes, que são
incapazes de se prevalecer na sua situação para humilhar qualquer pessoa, ainda
que seja o seu pior inimigo.
Emancipados
do mal são todas as criaturas que têm o ideal do bem e do belo, e procuram
induzir aqueles que as cercam a se conduzirem sempre com inteireza de caráter.
São ainda essas pessoas fascinantes que irradiam simpatia por todos os lados,
seduzem pela afabilidade, pela naturalidade das suas boas maneiras. São essas pessoas que impõem respeito e atraem
pela bondade, e até mesmo justiça das mesmas e não têm coragem de qualquer
represália.
Nessa
altura, já estão em condições de ir para o espaço, e muito antes do desenlace
pressentem o momento da partida. Preparam os amigos e parentes, com aquela fé e
confiança que só a nobreza espiritual pode sentir.
Essas
criaturas sorriem com os venturosos e choram com os desgraçados. Pertencem a
todas as religiões, porque respeitam a sua e toleram amavelmente as dos outros.
Felizes,
muito felizes, serão aqueles que, como Nelson, o grande almirante inglês, podem
dizer à aproximação da morte: “- Agradeço ao Senhor por ter cumprido o meu
dever”.
A hora
da partida para o espaço é muito mais grave e solene que a do nascimento. Esta
é a da chegada de um espírito para a luta do qual depende todo o seu esforço e
amparo dos que o cercam para vencer. Aquela é a da volta do vencido ou vencedor.
Assim, conforme o caso, será motivo de júbilo ou mágoa dos que ficaram e
principalmente daquele que se foi. Quando a humanidade compreender melhor os
desígnios do Senhor, talvez haja choro quando uma criança nascer e alegrias
quando desencanarem os vencedores.
Vida
gloriosa na Terra é aquela que a Providência Divina concede aos espíritos
eleitos do Senhor, para ensinarem aos homens como alcançar a perfeição. São as Missões.
Há
missões diversas. Há os missionários da Ciência e os do Bem. Uns fazem a humanidade
caminhar pela estrada do progresso, iluminando-lhe a inteligência; outro,
enternecendo-lhe os corações. Eles nascem por toda a parte. São os
gênios de que falamos no capítulo: “A Hereditariedade em Face da Reencarnação”.
Deus prodigaliza a todos os países do mundo a oportunidade de servirem de berço
aos gênios para que os homens vejam que não há privilegiados, predestinados e
réprobos. Eles são superiores a todas as convenções mundanas, e por isso
consideram a sua pátria o Universo. Em todas as partes rendem-lhe homenagens.
Se o
redimido se evola em direção dos paramos celestes, o missionário regressa dele
com o esplendor da sua individualidade, com as forças do Bem hauridas nessas
regiões do Belo, do Saber e do Amor, para espalhar na Terra a semeadura que
deve produzir o alimento das almas enfermas e aflitas.
Os
missionários também estão sujeitos à tentação por parte dos espíritos das
trevas. A tentação de Jesus, de que nos falam os Evangelistas, é bem o símbolo
da ameaça que paira até sobre aqueles que já conquistaram elevado grau de
pureza espiritual.
Allan
Kardec, o missionário da Nova Revelação, em “Obras Póstumas” faz referência a isto,
apresentando a resposta dada pelo seu guia espiritual:
“...
Não, mas a missão dos reformadores é cheia de perigos e tropeços. A tua é rude,
previne-te, porque tens de resolver e formar o mundo inteiro. Não suponhas que
basta publicar um livro, dois, dez e ficar tranquilo em casa; não, será preciso
expor a tua pessoa. Levantarás contra ti ódios terríveis; inimigos conjurarão a
tua perda; serás alvo da maledicência, da calúnia, da traição, até dos que te
parecem mais dedicados; as tuas melhore instruções serão desprezadas e
adulteradas; mais de uma vez vergarás ao peso da fadiga; em uma palavra, haverá
uma luta quase constante, e o sacrifício do teu repouso, da tua tranquilidade,
da tua saúde, e até da tua vida; porque, sem isto, viverias mais tempo. Pois
bem! Nem um passo para trás deves dar quando, em vez de um caminho juncado de
flores, encontrares, sob os teus pés, urzes, aguas pedras e venenosas
serpentes. Para tais missões não basta a inteligência; é preciso,
principalmente, para agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, porque
Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e ambiciosos”.
“Para
lutar contra os homens é preciso coragem, perseverança e inabalável firmeza;
igualmente é preciso prudência, jeito, para levar as coisas de modo a não
comprometer os sucessos por medida ou palavras intempestivas; é preciso,
finalmente, dedicação e disposição para o sacrifício.
“Já vês
que a tua missão é subordinada a condições que só de ti dependem.”
Espírito de Verdade
Ninguém
deve, pois, revoltar-se pela sua situação, nem se deixar abater pelo
desencanto. Deve resignar-se e lutar. Resignação não é, como pensam algumas
pessoas, uma conformação abúlica, com abandono de todo propósito de livrar-se
da adversidade. Resignação é saber suportar com paciência as dores do mundo por
necessárias ao nosso progresso, lutar com firmeza e vencer, fazendo o dia de hoje
melhor do que o de ontem, e o de amanhã melhor do que o de hoje.
Analisemos
a nossa vida, consultemos a nossa consciência para conhecermos as causas dos
nossos sofrimentos. Nós erramos muito por pensamentos, por palavras e por
obras, e, assim, recebemos em retorno aquilo que semeamos, e, se de tudo não
encontrarmos uma causa presente ou remota nesta vida, então é possível estar
nas anteriores existências.
Deus,
infinitamente Bom, Justo e Misericordioso, não poderia fazer-nos sofrer
inocentemente, apenas para nos lembrar nos dele.
Disse
Jesus: “Se,
pois, sendo maus como sois, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto
mais vosso Pai, que está nos Céus, dará verdadeiros bens aos que lhos pedirem.” (Mateus, cap. VII, vv. 7/11) Não há sofrimento que não tenha a sua razão de ser.
- A
imperfeição dos nossos sentimentos e a mácula do interesse e resquícios do
instinto sobre o amor ideal e nobre, levam pessoas aferradas à Terra a terem
certa repulsa pela Lei da Reencarnação, por causa dos laços afetivos da família.
Os
casados ciumentos pensam na perda do objeto dos seus amores, as mães
egoisticamente só se lembram de seus próprios filhos, e outros no amor de interesse
material, quando essa Lei abençoada esclarece perfeitamente o assunto. Ela
fortalece e amplia o verdadeiro amor que deve reinar na Terra.
Os
espíritos reúnem-se no espaço formando famílias homogêneas pelos sentimentos idênticos
e, assim, vêm à Terra encarnando corpos diferentes para a conquista da
perfeição. O corpo não passa de uma roupagem do espírito e o sexo uma condição
material para conservação e propagação da espécie humana. Os espíritos
superiores colocam o amor sublime acima daquele que sentimos na Terra,
modificado pela influência da carne. Para os espíritos já evoluídos não importa
que aquela que foi esposa numa existência seja filha ou irmã em outras, porque
o amor continua e é o mesmo. Algumas vezes, enquanto os mais adiantados
permanecem no espaço, os outros voltam logo a este mundo, sem que essa aparente
separação seja um entrave para recíprocas influências.
A Lei
da Reencarnação não somente solidifica o amor das famílias como se estende aos
outros espíritos estranhos, pois todos nós somos filhos de Deus e temos que nos
unir pelos laços da Fraternidade Universal.
- Por
sabermos que os sofrimentos pungentes, as deformações, enfermidades
repugnantes, as obsessões, a embriaguez, a fascinação pelo do jogo, são provações
ou expiações, não se infira que não devemos amenizar as dores dos infelizes, na
persuasão de que vamos perturbar a Justiça e não são eles que vão modifica-las.
Esse ´pensamento é anticristão e puro egoísmo. Quem conhece os desígnios da onipotência
Divina? Quem poderá saber como e quando terá término uma pena imposta? E quem
pode saber se não está a nosso cargo justamente a tarefa de servir de
instrumento da Bondade de Deus para assisti-los na desgraça e possivelmente curá-los?
Quem sabe se num desses náufragos da felicidade não se escondem alguns dos
nossos mais respeitados antepassados?
Quantos
já passaram horas de angústia e desespero, lembram-se sempre de alguém que,
providencialmente, os socorreu, e isso justamente na ocasião em que a paciência
parecia transbordar a sua taça de esperança?
Essas
considerações são para aqueles que ainda não adotaram o Espiritismo, pois os nossos
confrades, compreendendo bem a nossa Doutrina, tudo fazem para a solidariedade
reinar na Terra, e esta só será efetiva quando os homens virem uns nos outros,
não os semelhantes, mas os irmãos, filhos do mesmo pai – DEUS.
-
Quando um engenheiro assina um contrato, comprometendo-se a construir uma estrada,
ele já tem o seu plano delineado. Plata, orçamento, operários, possíveis
imprevistos e outros fatores que a experiência aponta, ele levou em
consideração, para o início da obra. Contudo, como “o homem põe e Deus dispõe”,
segundo um velho provérbio, surgem inesperados acontecimentos, chuvas
torrenciais e prolongadas, um surto epidêmico entre os trabalhadores, falta de
material por deficiência de transporte, um veio d’água ignorado, tudo isso o
deixa meio confuso nos primeiros momentos; porém, se ele está afeito a esses
percalços do ofício, fácil lhe é remover um a um todos os obstáculos do ofício,
fácil lhe é remover um a um todos os obstáculos.
Assim
acontece ao espírito quando vem à Terra. O seu plano foi estudado e delineado,
mais ainda, firmado fortemente na memória interior. Pátria, família,
constituição física, profissão, tudo, enfim, para ele poder principiar a sua
nova existência, foi tomado em consideração, mas... como no caso do engenheiro,
surgem os imprevistos, e como ele tem o seu livre arbítrio para conduzir-se,
claro está que, na resolução dos problemas inesperados, atraídos na maior parte
das vezes por ele mesmo, é que ele revela o seu verdadeiro valor.
Não
há, portanto, inexorável determinismo, a não ser para as dolorosas expiações,
durante as quais a liberdade do espírito está cerceada pelo corpo disforme e
deficiente nas funções orgânicas.
O
espírito quando baixa à Terra tem tudo mais ou menos traçado, podendo ele no
decurso da vida agravar, melhorar, modificar a sua própria situação. Suponhamos
que um homem segue despreocupado por uma rua, quando em sua frente aparece um
amigo e diz-lhe: “Meu caro, não sigas por aí; lá na esquina duas pessoas, em
pontos diferentes, aguardam a tua passagem para assassinar-te.”
Ele,
desdenhando do conselho, continua, é alvejado e sucumbe. Não teria havido aí
uma imprudência? Havia chegado a sua hora?
Vejamos
agora o caso inverso. Ele ouve satisfeito o conselho. Desvia-se por outra rua,
na qual, repentinamente, um indivíduo agride a outro, atira, e ele é vitimado.
Neste caso, sim, a sua hora já havia chegado. Ele ouviu submisso a voz da prudência,
mas a fatalidade, o determinismo, o aguardava.
Não
passa esta digressão de uma história, uma hipótese, mas passemos da imaginação
à realidade, apresentando um fato verídico, deixando de mencionar o nome, em
consideração e respeito à sua memória.
Um
médium de extraordinárias faculdades, dessas que raramente aparecem,
desencarnou no meio de torturas cruéis e prolongadas como soem ser causadas por
queimaduras. O seu corpo era uma chaga e a sua agonia durou um dia inteiro.
Todos
estarão prontos para dizer: foi expiação, tinha de acontecer, estava escrito,
mereceu. Sim, tudo isso é verdade, mas em parte.
Segundo
revelação do próprio espírito e seu anjo de guarda, a história do seu passado
foi escrita com sangue de várias vítimas, muitas das quais tiveram seus corpos
em cima de fogueiras, que, num requinte de malvadez, eram alimentados a fogo
lento.
Após
um período incalculável de anos de sofrimentos no espaço e expiações horríveis
na Terra, esse espírito, acabrunhado, curvado ao peso de uma carga enorme de
responsabilidades, implorou para libertar-se mais depressa dos seus tormentos,
uma vida honesta, de renúncia e reparação. Apavorava-lhe a ideia de morrer
também pelo fogo. Suplicou, não uma missão, porque esse encargo só é concedido
aos eleitos do Senhor, mas uma tarefa árdua, penosa, que lhe apressasse o
resgate da dívida, de modo diverso.
Ele
foi previamente advertido dos perigos. A carga seria demasiada; contudo ele insistiu.
E se não vencer? Perguntou-lhe o
encarregado de zelar pela Justiça Divina. Nesse caso... cumpra-se a lei de
Talião.
Reencarnou.
No tempo determinado revelou-se lhe a faculdade excepcional, deslumbrante,
rara. Com o início do desempenho da sua tarefa, o Espiritismo tomou um impulso
desusado. Produziu-se uma verdadeira revolução social. Os fenômenos assombravam
e confundiam os mais céticos. Os ateus, encanecidos na negação do Grande Arquiteto
do Universo, renderam-se à evidência dos fatos.
A
repercussão dos fatos transpôs fronteiras e uma nova era parecia anunciar-se
para dias próximos.
Mas...
ao lado disso estava o reverso da medalha. Os inimigos da causa, quais
marimbondos assanhados com pedradas no cortiço, atiravam-se furiosos, com
ferrões em riste, e nada pouparam, nada respeitaram. Arrastaram-no pela rua da
amargura. Não teve mais um minuto de sossego.
Esses
corifeus da ciência e fariseus hodiernos, na suposta defesa do bem e religião
da humanidade, sepulcros caiados de branco, habituados a viver nos charcos,
escolheram a lama mais pútrida para atirarem à sua honra. O ridículo serviu
apenas como arma secundária. A infâmia, a calúnia, a injúria, tudo foi jogado sobre
ele, numa ânsia louca de abafar a verdade com o manto dos seus sentimentos
miseráveis.
E esse
médium, apesar do conforto moral daqueles que o cercavam, que o exortavam á resistência,
começou a vacilar. Vergou não como o caniço, para voltar à posição natural após
a ventania. Não conseguiu afrontar a tempestade como a maravilhosa castanheira amazônica,
mas vergou como a palmeira a quebrar-se. A avalanche de insultos atingiu o
nível da sua paciência. Deixou de trabalhar, e no seu cérebro, com sutileza, o
espírito das trevas inoculou-lhe o veneno de um pensamento tenebroso. Esse
pensamento guardaremos conosco. E quando ele pareceu tomar forma, corporificar-se
para expandir-se, o nosso próprio médium, acidentalmente, inexplicavelmente,
foi vítima de queimaduras gravíssimas, por quase todo o corpo. Faliu.
Lamentavelmente faliu. Morreu pelo fogo, quem pelo fogo fez morrer...
Que
lição proveitosa poderemos tirar, especialmente os médiuns, desta história
verdadeira. Quantos sucumbem porque suplicaram uma carga além do que lhes
permitiam as suas forças?
Médiuns,
irmãos nossos, lembrai-vos que estais no desempenho de uma penosa e abençoada
tarefa, imposta no desempenho de uma penosa e abençoada tarefa, imposta ou pedida
por vós mesmos para a vossa purificação. Não abandoneis o arado. Não fecheis as
vossas portas àqueles que batem em busca da caridade, e nem cerrai os ouvidos àqueles
que vos imploram. O vosso compromisso é grande para com o Senhor. Sois os
trabalhadores da última hora e Deus vos assalariou. Cuidado, muito cuidado, não
vos desvieis do caminho reto do dever!
Se na
Terra o modo de tratar os criminosos evoluiu tanto, ao ponto de hoje dar-se
liberdade condicional aos sentimentos de boa conduta, porque seria que Deus,
infinitamente Bom e Misericordioso, não poderia modificar uma expiação, desde que
a alma se portasse à altura de merecer uma indulgência?
Para
consolar alguns pois que choram pelos filhos queridos, dizemos sempre: “É
preferível chorar a morte que a desgraça.” Quantas vezes nessa frase não
expressamos uma grande verdade, se tivermos em vista que os pais foram
merecedores de uma modificação de expiação por causa do procedimento honesto e
virtuoso?
A
velhice é o crepúsculo da vida terrena. Esse período da existência, ou é coroado
pela alvura dos cabelos brancos, a refletirem a glória espiritual que aguarda o
homem virtuoso, ou é estigmatizado pela decrepitude como recompensa natural das
loucuras da mocidade, nesta ou nas passadas encarnações.
O
primeiro, no sono, esse momento de liberdade espiritual, antegoza a festiva
recepção no espaço, enquanto o segundo, vê a sombra de ridículo e piedade, que
envolve o seu corpo, tão gasto pelo tempo e pelos desvarios.
O
primeiro, confiante no futuro, sorri à aproximação da hora da partida, e avisa
com satisfação seus parentes exortando-os a terem fé na vida de além túmulo; o
segundo, amedrontado da punição que o aguarda, retarda a sua viagem, apesar de
sentir a ânsia com que aqueles que a cercam a desejam.
É a hora
também da prestação de conta dos missionários falidos, dos Napoleão, Lutero,
Calvino e outros, que, empolgados pela glória, pelo orgulho, pela vaidade, pela
fama, também vergaram e quebraram-se diante dos tormentos mundanos.
Precisamos
meditar seriamente sobre estes fatos porque deles nenhum homem escapa.
Preparemo-nos para a grande viagem por que ela é certa, mas ninguém sabe a
hora. O nosso descaso por este assunto é lamentável. Neste mundo de miséria,
para qualquer parte que desejamos ir, cuidamos de tudo, condução, roupa,
passadio, companhias, tudo enfim, entretanto, para a maior e mais certa de
todas, apenas a despreocupação, e depois... quando já estamos do outro lado,
ficamos em desespero a clamar pelos que aqui ficaram, e suplicamos nas mesmas
condições que o rico que se banqueteava, enquanto Lázaro permanecia faminto à sai
porta (Lucas, 16. Vv. 19-31).
É preciso
trabalharmos pela redenção do mundo. Quando jovens, sonhamos com riquezas e
posições para que a velhice nos seja venturosa e, para isso, agimos para que a
velhice nos seja venturosa e, para isso, agimos com denodo, trabalhamos com
afinco, preparando o futuro. Pois bem, façamos isso, não somente em nosso
benefício mas em benefício de quantos nos cercam, porque ao voltarmos a este
mundo o ambiente estará sensivelmente melhor, fraternizado, porque maior será o
número de espíritos purificados.
Hoje,
gozamos de uma liberdade que não tiveram os nossos antepassados, temos o conforto
que eles nunca sonharam, porém tudo que possuímos não é produto de uma geração
única.
Para
haver liberdade de consciência que o mundo goza hoje, quantos deram a sua vida
em holocausto, morrendo nas fogueiras acesas no meio da rua pelo fanatismo da
época? Quantos sofreram torturas, privações indescritíveis, simplesmente por
terem reclamado para o seu tempo aquilo que temos em nossos dias? Assim, pois,
lembremo-nos do passado, da história desses homens e mulheres que se sacrificaram
em nosso benefício trabalhando pelo seu próprio, e por nossa vez não sejamos
pusilânimes diante do respeito humano, covardes diante da montanha de
obstáculos, egoístas desprezíveis, deixando de trabalhar pelos nossos pósteros.
Da forma como abençoamos e glorificamos os seus nomes, seremos também
recordados.
Glória aos benfeitores da humanidade!