Finados
Isolino Leal por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Novembro 1964
No
pesar que te alanceia,
Será
fazer da saudade
Lenitivo
à dor alheia.”
"A Igreja romana não relegou para segundo plano o pai, fazendo do filho o objeto exclusivo de seu culto de adoração? E o culto prestado a Maria já não ameaça substituir o que ela, a Igreja, presta ao filho? "Mas virá o tempo, e já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em ESPÍRITO E VERDADE; esses são os adoradores que o pai quer. " "Os Quatro Evangelhos" de J.-B. Roustaing, à pág. 221 - Vol 4 - 7ª Ed. (FEB) 1990.
Finados
Isolino Leal por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Novembro 1964
No
pesar que te alanceia,
Será
fazer da saudade
Lenitivo
à dor alheia.”
De Finados
por Alcindo Terra
Reformador (FEB) 1º Dezembro 1916
São estes os que, materialistas, pensam ser o
túmulo o marco final da humana existência; são os que, em todas as
manifestações da inteligência, em todas as modalidades do sentimento, nada mais
reconhecem senão meras combinações de matéria organizada.
Por isso mesmo, devem ser os mais feridos
pela dor, tanto é certo que, dentro da noite do ceticismo, não podem
surpreender um lúcido sequer de consoladora esperança, sempre viva para aqueles
que acariciam a crença em Deus e na imortalidade.
Não será menos dolorosa, entretanto, a
lembrança de um ente querido já nos domínios extra terrestres, para quem se confranja
à sombria ideia de estar o ídolo de suas afeições, por uma falta grave, num
instante de arrependimento praticada, curtindo uma eternidade de torturas nas
chamas infernais.
Enfraquecido, porém, vai se tornando
felizmente, cada vez mais, o número de pessoas crentes no dogma do inferno,
pois que, por simples intuição, parece compreender o homem hodierno não ser
possível o Criador, perfeito em toda a execução de sua obra, lançar ao mundo os
seus filhos, de cuja queda, ele, o Criador, de antemão, tivesse conhecimento
para depois considera-los irremediavelmente perdidos, condenando-os para todo o
sempre.
Por outro lado, escrava de ferina incerteza,
avulta a grande maioria daqueles, para os quais a vida de além-túmulo é um
eterno, insondável problema, e dizem que se considerariam felizes, se,
entretanto, realmente, para além deste mundo de misérias, uma outra estância de
paz lhe surgisse, onde fossem encontradas almas amigas que os precederam na
grande jornada para o desconhecido.
Penetrada dessa desoladora incerteza está a
massa popular, herdeira de religiões esboroantes, morrentes justamente, porque
se contentam com o propagar a sobrevivência da alma à morte do corpo, sem
contudo dar uma prova de suas afirmações, como requer o filho deste século, no
transcorrer do qual só florescem doutrinas inspiradas na observação dos fatos
experimentais.
Conservam ainda uma centelha de esperança àqueles que alimentam a crença de encontrarem ainda, ao ingressar na outra vida, os entes estremecidos, se não no céu, por quase inacessível ao homem presa de todos os vícios, provavelmente, ao menos, transpondo a montanha do purgatório, tão bem figurada pelo Dante na sua obra – uma das joias mais preciosas da literatura italiana.
***
Todavia, muito outra, e muito mais consoladora, é, sem dúvida, a perspectiva do futuro humano, no passado século desvendada por aqueles mesmos que, desvencilhando-se dos elos corpóreos, já respiravam o ar puro da vida espiritual.
Todo o homem não se aniquila com a
desagregação do conjunto de moléculas, instrumento de que carecia enquanto
neste mundo – verdadeiro Letes, onde nos esquecemos dos nossos atributos
superiores – para transmitir o pensamento a seus semelhantes. O que se
transforma com o fenômeno da morte é o que tomamos da matéria, é o corpo
físico, só valioso como elementos de prova para o espírito que o dirige e se
esforça por domar lhe os apetites da carne.
É sofrendo as contingências da matéria, é
suportando resignadamente os embates da vida ordinária, inçada de precipícios
invencíveis se não houvesse a Providência a sugerir os meios para vence-los , e
curtindo, sem queixas, sem revolta, as dores do mundo, que o homem, constelando-se
de bondade, colhendo experiencia dos fatos, em seu proveito e no intuito de
minorar o sofrimento alheio, vai haurindo gradualmente energias para efetuar a
sua difícil, mas gloriosa, escalada para o céu.
E a saudade que a tantos sensibiliza, se não
for acompanhada de blasfêmias, reverterá em benefício, por adormentar
sentimentos malsãos, ao mesmo tempo que ensaia as almas no cumprimento do amor
ao próximo, que será o apanágio da humanidade redimida.
O amor é o ideal da vida humana, tem os
filósofos de todos os tempos assegurado; e, hoje, mais do que nunca, os
mensageiros do Alto vêm afirmar esta verdade; pois que, por eles, sabe-se que
esse ideal, o do amor, contina a acenar à criatura, mesmo após deixar ela a
algema da carne.
E, se é certo que, através do espaço e do
tempo, o homem tem esse sagrado objetivo a colimar; se existe um alvo de
perfeição para onde se dirija efetivamente, - o dogma do inferno, com suas
penas eternas, segundo a concepção da igreja, está fadado a passar para o
número das coisas arcaicas, que fizeram a sua época nos primórdios da
civilização.
E, entretanto, a ideia do inferno ou do
purgatório não é totalmente destituída de razão, porquanto, aí não existem
punições perpétuas na outra vida, há, contudo, sem jamais ser eterno, o remorso
persistente que fere e se aviva com a lembrança de se haver cometido o mal,
quando poder-se-ia ter praticado o bem.
As recordações sombrias de atos irregulares,
se não dos crimes, vão cessando, gradualmente, à maneira que o delinquente,
reconhecendo a infração cometida contra as leis divinas, volver sinceramente
arrependido olhos para o Alto, firmando o compromisso inquebrantável de
ascender para Deus.
Mas, se o culpado é perseguido
incessantemente pelo remorso que o crucia, ao revés, a alma do justo estremece
de júbilos indefinidos, revendo a sua obra de amor e de paz na Terra realizada.
O bom desfrutará delícias paradisíacas, não
porque esteja colocado em determinado lugar de venturas, mas porque,
enriquecendo-se de virtudes, soube construir um verdadeiro céu dentro de sua
própria alma.
Verdade alvissareira é que, todos, quer o
criminoso, quer o justo, continuam a viver, além, em outros pousos do universo,
não se esquecendo dos que lhes foram dedicados, aguardando o instante de sua
volta a esse país de onde viemos e ao qual ele, primeiro dos que os choram,
teve ocasião de aportar.
Para imprimir na criatura a crença na sua
origem divina, e além disso, na grandeza de seus destinos depois de transcorrida
a existência planetária, é que Allan Kardec, por determinação do mundo
invisível, reuniu em código admirável as instruções que constituem a doutrina
filosófica religiosa mais consentânea e consoladora que a história do
pensamento humano tem ainda assinalado.
Consentânea, porque ao contrário das antigas
filosofias que no dizer de Spicker (?) “eram destinadas a resolver problemas
de maior magnitude e, ao cabo de 2500 anos, vem-se forçadas a reconhecer que
fraudaram, por completo, o seu fim”, o espiritismo, firmando-se na experiência
dos fatos, e explicando dentro da justiça os fenômenos morais, vem adaptar-se
às exigências da razão mais esclarecida.
Consoladora, porque é de molde a desvendar o
segredo do túmulo, pondo em relevo o engano em que permanecera a humanidade,
relativamente ao seu futuro, provando existir a vida, mesmo além da morte.
E é por isso que o espírita não chora
amargamente os seus “mortos”; e, enquanto outros desfolham flores gotejadas de
lágrimas sobre a campa de entes queridos, o adepto da revelação nova ora, e,
orando, tem a certeza de se comunicar, em pensamento, com quem, na vida, foi
objeto de todo o seu encanto, de todo o seu amor.
Mortos Amados
Emmanuel por Chico Xavier
Do livro: “Na Era do Espírito” (Ed. GEEM)
Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no
Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição de
criatura invisível; mas não de todo ausente.
Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a
desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam. Enfeita lhes a memória
com as maiores lembranças que consigas enfileirar e busca tranquilizá-los com o
apoio de tua conformidade e de teu amor. Se te deixas vencer pela angústia, ao
recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia contigo, ei-los que
suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições
sobretaxadas com as tuas. Compadece-te dos entes amados que te precederam na
romagem da Grande Renovação. Chora, quando não possas evitar o pranto que se te
derrama da alma, no entanto, converte quanto possível as próprias lágrimas em
bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o
coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no
trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.
Finados e Mausoléus
Reformador (FEB) Novembro 1982
Houve na Antiguidade um país chamado Cária (em grego, Kária), situado no
sudoeste da Ásia Menor, e colonizado pelos dórios. Pouco antes da Era Cristã,
de 377 a 353 a.C., esteve esse povo sob a suserania do sátrapa Mausolo,
soberano que instalou sua capital em Halicarnasso. Como todo mortal, viu o fim
de suas conquistas e glórias terrenas quando se imobilizou, rígido e frio, o
corpo que lhe servira de instrumento às ambições e vaidades, e foi sepultado em
um túmulo que, para ele, sua mulher, Artemísia II, mandou especialmente
construir. Era, mais do que um túmulo, um verdadeiro monumento, com grande
contorno quadrangular e ornamentado com colunas e relevos evocando cenas
mitológicas. Mausoléu passou a chamar-se esse túmulo, mas toda a sua
grandiosidade não conseguiu mudar a grande lei da ressurreição dos mortais em
Espíritos, e Mausolo, por mais que ali tenha sido retido, junto a um corpo de
onde a vida se evadira, seguramente dele acabou se libertando. A dezenas de
outros corpos deve ter voltado, na sucessão dos renascimentos que lhe
proporcionaram progressos e maiores graduações espirituais. Entretanto,
mausoléus foram também, depois, chamados todos os túmulos suntuosos, que se
erigiram na terra para perpetuar as vaidades dos homens.
Mausoléus magnificentes que vos situais, por privilégios, nos locais
mais notórios dos campos santos; tumbas rasas inumeráveis, que muitas vezes
desapareceis ocultas pelas ervas que crescem ao derredor; e - entre esses dois
extremos - grandes e pequenos túmulos de mármore, com as inscrições que
traduzem sentimentos de afeto ou de saudade, homenagens sinceras de amor e
veneração ou simples tradições respeitáveis nos costumes dos povos; sois,
todos, imperfeitas, mas, insopitáveis manifestações de piedosos sentimentos,
que de algum modo exprimem também a intuição perfeitamente natural que tem o
Homem de que não há morte e que uma vida mais esplendorosa que a Terra se
ostenta além das raias sepulcrais! Por isso, só até certo ponto se compreendem
as manifestações de piedosos sentimentos de afeto e de saudade junto aos túmulos
vazios, oh! Sim, totalmente vazios!
Em verdade não devem deter-se aí os pensamentos, porque os seres amados
que buscam lembrar há muito ali não mais se encontram ou mesmo nunca ali se
detiveram. A Sua criatura, Deus a fez para alçar-se, após cada etapa
encarnatória, a planos sempre mais altos e mais felizes. É a ascensional escala
espírita, que se vai galgando aos poucos, através de esforços continuados e
renovados de aprimoramento intelectual e moral, por concessão divina de
misericórdia aos mais culpados e devedores à Lei, e também por graça e
recompensa aos devotados à prática das virtudes mais excelsas. Divina lei de
progresso que, assim, nos acena com a dupla escalada dos Espíritos e dos
mundos, desde os primitivos, onde torva materialidade impera, e os de expiações
e provas, até os de regeneração, os felizes e os celestes, ou divinos.
Expressão da Suprema Sabedoria, ficaria, entretanto, inoperante para os seres
humanos se a não viesse completar outra lei, também divina - a dos
renascimentos -, que tão bem concilia a bondade de Deus com a Sua soberana
justiça.
Diante, pois, dos despojos inanimados daqueles que foram os nossos seres
mais queridos e ante os túmulos grandiosos ou modestos em que eles foram
depositados, um só pensamento nos domine - o da certeza de que o verdadeiro ser
é o Espírito, que se liberta da prisão carnal para ressurgir redivivo sob outra
dimensão e noutro plano, mas este tão real ou mais real que o nosso; e que uma
prece se eleve tranquila e cheia de fé, em intenção da paz e da felicidade do
ser querido que lembramos, e em louvor de nosso Pai Eterno.
Dia de Finados ?
Alberto Nogueira Gama (Passos Lírio)
Reformador (FEB) Novembro 1993
Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da
existência da alma e de sua dificuldade de entrar em relação conosco, em estado
de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre
os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito
entrosamento.
Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a
maternidade de agraciada do Senhor.
José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de
que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo.
Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso
influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -,
lhe estremeça no ventre.
Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois
estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta mas à casa onde se achavam
José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho
para não voltarem à presença de Herodes”.
Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do
Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da
sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel”
e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galileia”.
Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores
dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador.
“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o
Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e
profetizando acerca do Seu messianato.
Ana, a profetiza, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a
Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de
Jerusalém”.
Antes do nascimento de Jesus, houve o de
João, caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas.
Quando Zacarias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe
um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor.
No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar,
dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.”
Este mesmo fenômeno de Pneumatofonia, isto é, de voz direta, repete-se
quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de
Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação.
Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção na realidade
da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao
rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque
eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se lhes visível
para adverti-los.
Liberta endemoinhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessam
conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo.
- “Porque buscais entre os mortos ao que vive?” Foi a pergunta que “dois
varões com vestes resplandescentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e
bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida,
sem o corpo no seu interior.
- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão! Assim se expressavam os
dois discípulos que, a caminho de Emaus, tiveram a companhia do Mestre, com
quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da
jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.”
E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam
reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes
acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.”
- “Paz seja convosco” - “Porque estais perturbados? e por que sobem
dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição
aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém.
- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.”
Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas
especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito
à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera.
“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar
de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que
culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Cafarnaum.
Finalmente, apareceu o Nazareno, ao monte, aos quinhentos da Galileia, a
quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre
a Ascensão definitiva.
Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena,
a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas
vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco.
Onde, em tudo isso, a ideia de morte? Antes não ressumbra, de todos
esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte
daqueles que formam o mundo incorpóreo?
O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza
primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da
imortalidade da alma, de eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço.
Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora
possa haver, tanto num quando noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos.
Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa
caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de
ajudar-se a si próprio.
A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas
dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à
Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros
que gravitam nos arcanos do Universo.
2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e
desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito,
a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o
sempre, para empunharmos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a
coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes
claridades dos cimos.
O Dois de Novembro
por Almerindo Martins de Castro Reformador (FEB) Julho 1950
Caminhando por entre os paradoxos da vida social, a criaturas vão, a cada ano, em dois de Novembro, aos cemitérios, visitar os mortos, deslembrados de que, naquele chão, jazem apenas os mesmos rígidos cadáveres para ali conduzidos num esquife, e ali deixados para a incoercível transformação, na química silente da Terra, que destrói a carne e faz das amadas, formosas criaturas uma caveira, tétrica em seu rir sinistro, apavorante, muda porque sem boca, com os dentes sem a vestimenta dos lábios, através dos quais fluíam outrora expressões de amor e de carinho.
Olhos e pensamentos voltados para o chão, onde inutilmente buscam ressonâncias com os túmulos, que não permitem rever os corpos já desfeitos pela desagregação da matéria, as criaturas não se voltam para o Alto, que é a pátria dos verdadeiros vivos - em Espírito, e não podem, por isso, suspeitar sequer o maior paradoxo expresso nessa pretensa “comemoração dos mortos”. Às necrópoles, em verdade, vão os mortos, Espíritos amortalhados nos sepulcros do corpo, em visita aos que reviveram para a imortalidade no Espaço, onde se entrecruzilham as estrelas da vida eterna, palmilhadas nos vários rumos do aperfeiçoamento redentor.
A comemoração que, rotineiramente se celebra, a dois de novembro, deve
ser substituída pela permanente comemoração dos - vivos verdadeiros - porque a
noite da morte do corpo é a alvorada esplêndida do Espírito, despido da negra
libré do cárcere, imergindo nas suaves, eternas claridades da aurora
redentora...