Dia de Finados ?
Alberto Nogueira Gama (Passos Lírio)
Reformador (FEB) Novembro 1993
Seus ensinamentos primam pela tese comprobatória da realidade da
existência da alma e de sua dificuldade de entrar em relação conosco, em estado
de vigília ou durante o sono, como que a mostrar-nos à saciedade que há entre
os dois planos, material e espiritual, corpóreo e incorpóreo, estreito
entrosamento.
Maria de Nazaré recebe a visita do Anjo Gabriel, que lhe anuncia a
maternidade de agraciada do Senhor.
José, em se propondo deixar a esposa secretamente, é avisado em sonho de
que não faça tal, porque o que nela fora gerado era do Espírito Santo.
Isabel, visitada pela gestante eleita, recebe o impacto de poderoso
influxo magnético, que faz que a criança - ela também estava para ser mãe -,
lhe estremeça no ventre.
Os magos visualizam no Oriente uma estrela que os guia em dois
estafantes anos de viagem e os conduz, não à gruta mas à casa onde se achavam
José e Maria e, de regresso, são “por divina advertência prevenidos em sonho
para não voltarem à presença de Herodes”.
Em sonho ainda, “eis que aparece um anjo do
Senhor a José”, induzindo-o à fuga para o Egito a fim de salvar o menino da
sanha sanguinária de Herodes, ordenando-lhe que retornasse à “terra de Israel”
e aconselhando-o a que se retirasse “para as regiões da Galileia”.
Uma entidade angelical, na calada da noite, aparece aos pastores
dando-lhes a boa nova do Nascimento do Salvador.
“Movido pelo Espírito”, Simeão foi ao templo, onde tomou nos braços o
Filho de Deus, bendizendo ao Pai pela bênção de tê-Lo visto antes de partir e
profetizando acerca do Seu messianato.
Ana, a profetiza, mediunizada, “chegando naquela hora, dava graças a
Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de
Jerusalém”.
Antes do nascimento de Jesus, houve o de
João, caracterizado também por manifestações espirituais ostensivas.
Quando Zacarias oficiava no templo, “na ordem do seu turno”, surge-lhe
um Emissário Celestial que lhe prediz o nascimento do Precursor.
No Jordão, ao se processar o batismo de Jesus, uma voz reboa pelo ar,
dizendo: - “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.”
Este mesmo fenômeno de Pneumatofonia, isto é, de voz direta, repete-se
quando da transfiguração do Mestre no Monte Tabor, presentes os Espíritos de
Moisés e Elias, profetas da antiga dispensação.
Na parábola do rico e Lázaro, infunde-nos Ele a convicção na realidade
da comunicação dos Espíritos com os homens, fazendo que Abraão ponderasse ao
rico, que queria falar a cinco irmãos seus, ser inútil aparecer-lhes porque
eles não lhe dariam crédito e não porque fosse impossível fazer-se lhes visível
para adverti-los.
Liberta endemoinhados, cujos Espíritos impuros e obsessores confessam
conhecê-Lo e reconhecer-Lhe a autoridade de Filho do Altíssimo.
- “Porque buscais entre os mortos ao que vive?” Foi a pergunta que “dois
varões com vestes resplandescentes” fizeram às mulheres que levavam aromas e
bálsamos para depositar no túmulo de Jesus, cuja pedra encontraram removida,
sem o corpo no seu interior.
- “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão! Assim se expressavam os
dois discípulos que, a caminho de Emaus, tiveram a companhia do Mestre, com
quem confabularam durante toda a viagem e a quem pediram, ao término da
jornada: - “Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina.”
E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém onde acharam
reunidos os onze e outros com eles. Então os dois contaram o que lhes
acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão.”
- “Paz seja convosco” - “Porque estais perturbados? e por que sobem
dúvidas aos vossos corações?” Foram palavras de Jesus, na Sua primeira aparição
aos Discípulos, no Cenáculo de Jerusalém.
- “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.”
Outras palavras de Jesus, em Sua segunda aparição aos Discípulos, dirigidas
especialmente a Tomé, que, por não estar presente na primeira, não dera crédito
à versão divulgada pelos seus companheiros, de que o Senhor lhes aparecera.
“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos Discípulos junto do mar
de Tiberíades”, onde se desenrolam acontecimentos de assinalada importância que
culminam com o famoso diálogo entre Ele e Simão Pedro, o Pescador de Cafarnaum.
Finalmente, apareceu o Nazareno, ao monte, aos quinhentos da Galileia, a
quem endereça, pela última vez, a Sua Palavra de Vida Eterna, após o que ocorre
a Ascensão definitiva.
Isto sem falar de aparições, no cenário de Jerusalém, a Maria Madalena,
a Maria de Nazaré, em Éfeso, na casa de João Evangelista; a Pedro, por algumas
vezes; a Saulo de Tarso, às portas de Damasco.
Onde, em tudo isso, a ideia de morte? Antes não ressumbra, de todos
esses sucessos, a noção de “vida abundante”, de pensamento e ação por parte
daqueles que formam o mundo incorpóreo?
O Espiritismo, que se funda estruturalmente no Cristianismo, cuja pureza
primitiva restaura em toda a plenitude, desfralda também a bandeira da
imortalidade da alma, de eternidade do ser no Infinito do Tempo e do Espaço.
Não há mortos e vivos, nem do lado de lá, nem do lado de cá, embora
possa haver, tanto num quando noutro plano, mortos-vivos e vivos-mortos.
Ninguém vai, ninguém fica, apenas alguns chegam e outros voltam, na longa
caminhada de poder subir para saber descer, ajudando os outros a fim de
ajudar-se a si próprio.
A mediunidade, disciplinada espiriticamente, nos descortinou novas
dimensões de vida, revelando ao mundo a existência de outros mundos e à
Humanidade a presença de outras Humanidades disseminadas no turbilhão de astros
que gravitam nos arcanos do Universo.
2 de Novembro... Como os demais, dia de todos nós, encarnados e
desencarnados, que buscamos na Terra ou na Erraticidade os valores do Espírito,
a gloriosa realização de nós mesmos em Deus, libertos e purificados por todo o
sempre, para empunharmos na destra a palma da vitória e cingirmos à frente a
coroa de louros de almas redimidas e ressurrectas, integradas nas sublimes
claridades dos cimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário