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sábado, 2 de maio de 2020

A Coroa de Espinhos



A Coroa de Espinhos

 27,27 Os soldados do governador conduziram Jesus para o Pretório e rodearam-no com todo o pelotão. 
27,28  Arrancaram-Lhe as vestes e colocaram-Lhe um manto escarlate. 
27,29  Depois, trançaram-Lhe uma coroa de espinhos, meteram-Lha na cabeça e puseram-Lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante Dele, diziam com escárnio: Salve, Rei dos Judeus! 
27,30  Cuspiam-Lhe no rosto e, tomando da vara, davam-Lhe golpes na cabeça. 
27,31  Depois de escarnecerem Dele, tiraram-Lhe o manto e entregaram-Lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar!
  
         O Teatro Vivo, conforme relato de Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus” é excelente oportunidade para nos inserirmos no contexto da história do Cristo vivenciando-a muito de perto:

            “Víamos Jesus na sala de Pilatos: Sua figura digna, linda e majestosa impressionara o Procurador romano, acostumado a lidar com culpados. Junto a ele, encontrava-Se o Mestre, o Governador da Terra. Não via culpa em Jesus, via um homem de aspecto calmo e digno, cujo rosto refletia a paz dos deuses.

            Quem é esse homem, e para que o trouxestes? Que acusações trazeis contra este homem? perguntava Pilatos. Ninguém ousava depor contra Jesus, o que assustou os sacerdotes, que julgaram Pilatos fraco e vacilante. Mas ali estava Ele, diante de Pilatos e era necessário julgá-Lo.

            Volvendo o olhar para Jesus, perquiriu: Vós sois o rei dos judeus?, ao que Jesus respondeu: Tu o dizes.

            Gritos se fizeram ouvir, todos pediam a condenação de Jesus. Mesmo assim, Pilatos muitas vezes tentou ajudá-Lo. entretanto seus interesses foram maiores do que o sentimento.      Diziam os sacerdotes: “Este homem alvoroça o povo, ensinando por toda a Judeia.” Ao ouvir que Cristo era da Judeia, Pilatos decidiu mandá-Lo para Herodes, Governador daquela província. Jesus foi entregue aos soldados e mais uma vez insultado pelo povo enfurecido.

            Vimos Cristo sendo levado a Herodes. Este, ao vê-Lo, sorriu de felicidade, pois nutria uma louca vontade de conhecer Jesus pessoalmente. Julgava que Jesus fosse João, que ele assassinara cruelmente. Este é João, que mandei degolar; ressuscitou dos mortos (Marcos 6,16). Muitos sacerdotes e anciãos acompanharam Cristo até Herodes. Ele pediu silêncio e com muito orgulho e arrogância interrogou Jesus, mas o Mestre manteve-Se em completo silêncio.

            Nisso entraram no recinto coxos, cegos, leprosos, enfim, vários enfermos. Pediu Herodes que Jesus os curasse, prometendo-Lhe sua libertação se curasse um daqueles doentes. O olhar de piedade com que Jesus fixara Herodes era de fazer gelar qualquer criatura, mas o duro Governador continuou atormentando Jesus, dizendo serem os demônios os autores das curas.

            O silêncio de Jesus enfurecia Herodes, entretanto o Mestre, naquele momento, não ia jogar pérolas aos porcos; viera para dar exemplos e, mesmo que curasse os doentes, não acreditariam n’ Ele. Herodes, irado, acusou Jesus, dizendo: “ Se és filho de Deus, salva-te a ti mesmo operando milagre ”. O povo avançou sobre Jesus, instigado por Herodes, mas os soldados romanos não permitiram que Jesus fosse esquartejado.

             Assim, Herodes não pode condená-Lo.

             Mandou-O de volta a Pilatos, que, desorientado, viu-se novamente diante do Mestre, principalmente porque Cláudia, sua esposa, que não era judia, tivera um sonho com Jesus, no qual um anjo lhe contara que Ele era o Príncipe de Deus.

            Ela era médium vidente e previu tudo o que estava acontecendo.

             Pilatos, assombrado, não sabia o que fazer. A arriscar sua posição, preferiu entregar Jesus para ser crucificado, mas declarando-se inocente do sangue de Cristo.

             Caifás, então, gritou, juntamente com a multidão: “ -Seu sangue cairá sobre nós e sobre nossos filhos.”  O povo fez sua escolha.

             Pilatos ainda olhou para o Cristo, deu um passo em Sua direção, mas voltou atrás.

             O poder era mais importante do que a vida de um homem.

            Então Cristo, o nosso Jesus, o Homem-deus, o Mestre dos Mestres, foi levado ao calvário...”  

         Para Mt (27,27-31),  -A Coroa de Espinhos - encontramos em “Elucidações Evangélicas”, (Ed. FEB), de Antônio Luiz Sayão, a palavra a seguir apresentada:
           
            Os exemplos de paciência e resignação que neste passo deu Jesus, devemos tê-los presentes sempre ao nosso espírito. Não sejamos nunca dos que acusam e insultam, por mais que pareça legítimo o direito que nos assista de assim proceder, porque, cegos que somos, podemos estar a acusar e insultar a um inocente.

            A paciência e a doçura é o que nos cumpre opor aos que de nós zombem ou escarneçam. Fora inútil tentarmos demonstrar a cegos os princípios e as propriedades da luz. Perderíamos o nosso tempo. Firmemo-nos na pureza das nossas intenções, na pureza da nossa consciência e dos nossos atos e estejamos certos de ter sempre no Senhor um juiz imparcial e equânime.”
           

             
                                                               
                  

domingo, 29 de março de 2020

Ressurreição de Lázaro...



                Ressurreição de Lázaro               

11,1 Lázaro caiu doente em Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã.
11,2 Maria era aquela que ungiu o Senhor com bálsamo e que enxugou os pés com os cabelos; seu irmão Lázaro é que estava enfermo.
11,3 Suas irmãs mandaram esse recado a Jesus. -Senhor, aquele que amas está doente! 11,4 Ao ouvir o recado, Jesus disse: “-Esta doença não leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o filho de Deus.”
11,5 Jesus era amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro.
11,6 Depois de saber que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
11,7 Só então disse aos discípulos: " -Vamos novamente à Judeia!”          
11,8 Os discípulos lhe disseram: -Mestre, há pouco  os  judeus  queriam apedrejar-Te e voltas para lá?
11,9 Jesus respondeu: “-Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo
10,10 Se alguém andar de noite, tropeçará, porque não há luz.”
10,11 Depois acrescentou: “-Nosso irmão Lázaro está dormindo, mas vou despertá-lo!”
10,12 Disseram então os discípulos: -Senhor, se ele está dormindo, vai sarar!
10,13 Jesus estava falando de sua morte. Eles, porém, pensaram que falasse do repouso do sono. 

           Para Jo (11,9) -Se andar de dia não tropeça...- tomemos Emmanuel, por Chico Xavier, em “Pão Nosso”(Ed, FEB):
                       
            “O conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos da atualidade.

            “Não há doze horas no dia?”

            Conscientemente, cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande cabedal de tempo. Fala-se com ênfase do problema de desempregados na época moderna. Entretanto, qualquer crise nesse sentido não resulta de carência de trabalho e, sim, da ausência de boa vontade individual. Um inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade. Muita gente permanece sem atividade por revolta, contra o gênero de serviço que lhe é oferecido ou por inconformação, em face dos salários. Sobrevêm, de imediato, o desequilíbrio. A ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.

            Se os braços estacionam, as oficinas adormecem. Ocorre o mesmo nas esferas de ação espiritual.

             Quantos aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? Quantos não se transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno desacordo com os princípios superiores que abraça? E, por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda cheia de sombras.

            Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com proveito a palavra do Senhor: “-Não há doze horas no dia?  Se alguém andar de dia não tropeça”.

            Passemos agora a palavra a Bittencourt Sampaio por Frederico Jr que, em “Jesus perante a Cristandade” (Ed. FEB), nos conta de Lázaro Redivivo:

            “Abramos o Evangelho, e, no Cap. XI de João, admiremos os prodígios da fé, procurando compreender em espírito e verdade o que se passou na pequena aldeia de Betânia, onde o amigo do Senhor jazia enfermo, provando a morte aparente, para dela ressurgir, dando glória a Deus.

            Estava enfermo Lázaro, e as suas bondosas irmãs, temerosas por verem a marcha ascendente da moléstia que em breve iria roubar uma parte de sua alma, mandaram enviados a N.S. Jesus Cristo, comunicando-lhe o estado aflitivo dos seus corações. E o Senhor, como se fosse indiferente à dor de Marta e de Maria, como se na sua alma divina não vibrassem os sentimentos puros da caridade, deixou-se ficar, por algum tempo, no lugar em que se achava, sem acudir ao chamado, declarando que a enfermidade de Lázaro não se encaminhava a morrer, mas a dar glória a Deus.

            Depois, dirigindo-se aos seus discípulos, lhes disse: Lázaro dorme, ao que lhe responderam eles: Se ele dorme, Senhor, será então salvo! Diante dessa afirmação de seus discípulos, diz-nos o evangelista que o Divino Mestre declarara abertamente: Lázaro é morto!

         Lázaro morto! Para os discípulos, como para todos os que assistiam na casa de Marta e de Maria, Lázaro era morto, pois que se lhe manifestavam no semblante os traços cadavéricos e o seu corpo apresentava a inércia dos músculos; para N.S. Jesus Cristo, era Lázaro também morto, é certo, mas na morte do Espírito, da verdadeira morte de que falam os enviados, incessantemente, aos que se dedicam ao estudo da Doutrina Espírita; dessa morte a que se refere sempre o Divino Mestre em todas as passagens dos Evangelhos, e que mais não é do que o aniquilamento passageiro em que se encontra o Espírito quando baixa à Terra para entrar no sepulcro de carne em que deve expiar as faltas cometidas. E é exatamente o contrário disso o julgar da humanidade, quando considera que a morte é a vida e que a vida é a morte.

            Eis, portanto, o Divino Mestre revelando uma verdade ao entendimento daqueles que presenciaram o estado cataléptico de Lázaro, verdade que está de acordo com aquilo que é perfeitamente conhecido em todo o mundo espiritual.

            Lázaro não podia estar morto dessa morte compreendida pelos homens porque, sendo imutáveis as leis do Senhor, uma vez que o Espírito quebra os laços que o prendem à matéria, uma vez que é absorvido no grande todo o fluido vital que animava a carne que o revestia, quando então começa a provar a lei da decomposição, ele não pode absolutamente regressar ao cadáver, para de novo viver a vida material. E poderia, porventura, Jesus explicar a um povo inculto, e, portanto, sem os elementos necessários para compreendê-lo, o fenômeno que então se realizava na pessoa de Lázaro?

            Se, ainda hoje, nós não encontramos palavras com que possamos dizer toda a verdade, explicando, a ponto de sermos compreendidos, todos os fenômenos que se realizam sob as vistas do homem, como poderia o Divino Mestre desfazer no entendimento daquelas criaturas a ideia do milagre?

            Lázaro, portanto, sofria de catalepsia, fenômeno que hoje é mais que conhecido, pelo estudo que a ciência tem feito desse estado patológico.

            É certo que, depois de darem as irmãs de Lázaro o maior testemunho da sua grande fé, da confiança e certeza que tinham de que, se o Divino Mestre estivesse presente, Lázaro não morreria, o que deu lugar a dizer o bom pastor das almas: Eu sou a ressurreição e a vida, ao ordenar o Senhor que levantassem a campa do sepulcro, Marta observou que o cadáver já cheirava mal, pois que era de quatro dias.

            Isso porém, compreende-se, constitui apenas uma presunção, natural no entanto, em vista da época da sua morte aparente; e quando mesmo existisse esse mau odor, seria ele proveniente da moléstia pútrida de que fora acometido Lázaro, antes de ser tomado do sono cataléptico; o seu corpo, porém, não tinha o odor cadavérico, pois não se tendo dado morte real não poderia haver a decomposição.”

Ressurreição de Lázaro

11,14 Então, Jesus lhes disse de forma clara: “-Lázaro morreu!”
11,15 “-E, por causa de vocês, Eu me alegro por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas, vamos para junto dele!”
11,16 Disse, então, Tomé, chamado gêmeo, aos companheiros: -Vamos também para morrermos com Ele!
11,17 Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro tinha sido sepultado.
11,18 Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quatro quilômetros de distância
11,19  e muitos judeus tinham vindo a casa de Marta e Maria para consolá-las pela morte de seu irmão
11,20 Logo que Marta soube da chegada de Jesus, saiu para recebê-Lo. Maria ficou dentro de casa.
11,21 Marta disse a Jesus: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido,
11,22 mas, agora sei, que Deus Te dará tudo quanto pedires a Ele.
11,23 Jesus respondeu: “-Seu irmão ressuscitará!”
11,24 Marta Lhe diz: -Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia. 11,25 Jesus lhe afirmou: “-Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá! 
11,26 e, todo aquele que vive e crê em Mim, não poderá morrer nunca! Você acredita nisso?
11,27 Marta respondeu: -Sim Senhor! Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir a este mundo!  

         Para Jo (11,23) -  Se Teu irmão há de ressuscitar... - tomemos Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”, para os devidos esclarecimentos:
                       
            “E Cristo dirigiu-se à Betânia. No caminho ia socorrendo os enfermos e necessitados. Ao retornar à cidade mandou avisar Marta e Maria da Sua chegada. Marta correu para junto d’Ele e Jesus, então, lhe falou: Teu irmão há de ressuscitar. Jesus foi ao encontro de Maria, irmã de Lázaro; junto a ela várias pessoas choravam. O Mestre sacudiu a cabeça, pois muitos ali só simulavam sofrimento; olhou o grupo que chorava, chorava. Nada disse, apenas pediu perdão a Deus por aquelas pobres criaturas sem amor, que se aproveitavam da dor do seu semelhante em busca de novidades. Perguntou Jesus a Maria: Onde o puseste? Disse-Lhe: Senhor, vem e vê. Juntos, foram até o sepulcro. As irmãs de Lázaro e os seus verdadeiros amigos choravam.  Jesus, fixando o olhar das pessoas, falou: Tirai a pedra. A ordem foi obedecida. Retiraram a pedra. Ali jazia o corpo de Lázaro, no sepulcro da rocha.

            Cristo, orando ao Pai, estava resplandecente de luz. Alguns inimigos de Jesus O acusaram de blasfêmia e tinham apanhado pedras para atirar n’Ele. Mas ficaram estupefatos com a doçura da voz do Mestre: Lázaro, vem para fora. Sua voz suave soa aos ouvidos de Lázaro.

            Todos, com olhares fixos no sepulcro, esperavam ansiosos. Eis que ouviram um ruído na silenciosa tumba e Lázaro, cambaleante, apareceu à entrada. A mortalha lhe atrapalhava os passos. Desligai-o e deixai-o ir, disse Jesus para os amigos espirituais, que O estavam ajudando a curar Lázaro da doença: a catalepsia. Desligado Lázaro do sono cataléptico que vivia no momento o povo, mudo de espanto, junto com suas irmãs, comentavam a ressurreição. Quando buscaram o Mestre, Ele já se havia retirado, oferecendo ao homem grande lição de humildade.

            Betânia ficava tão próxima de Jerusalém que as notícias chegaram logo à cidade. Os príncipes judaicos rapidamente ficaram sabendo dos fatos e entraram em pânico: com que poder Cristo dava vida aos mortos? Era a pergunta. Reuniões e reuniões eram feitas por eles, todavia, cautelosamente. Nessas reuniões eles faziam uma busca no Antigo Testamento. E assim os deixamos, tramando a prisão de Jesus...

            Ainda permaneci sentado. Estava deslumbrado. Contemplei meus companheiros, dei graças ao Senhor Jesus por tê-Lo encontrado e, silenciosamente, fiz uma prece...”

            Para o mesmo versículo de João, leiamos a Emmanuel, por Chico Xavier, em “Vinha de Luz” (Ed. FEB)...

            “Há muitos séculos, as escolas religiosas do Cristianismo revestiram o fenômeno da morte de paisagens deprimentes.

            Padres que assumem atitudes hieráticas, ministros que comentam as flagelações do inferno, catafalcos negros e panos de luto.

            Que poderia criar tudo isso senão o pavor instintivo e o constrangimento obrigatório?

            Ninguém nega o sofrimento da separação, espírito algum se furtará ao plantio da saudade no jardim interior. O próprio Cristo emocionou-se junto ao sepulcro de Lázaro. Entretanto, a comoção do Celeste Amigo edificava-se na esperança, acordando a fé viva nos companheiros que o ouviam. A promessa d’Ele, ao carinho fraternal de Marta, é bastante significativa.

            “Teu irmão há de ressuscitar” - asseverou o Mestre.

            Daí a instantes, Lázaro era restituído à experiência terrestre, surpreendendo os observadores do inesperado acontecimento.

            Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.

            O espírito mais ensombrado no sepulcro do mal e o coração mais duro são arrancados das trevas psíquicas para a luz da vida eterna.

            O Senhor não se sensibilizou tão-somente por Lázaro. Amigo Divino, a sua mão carinhosa se estende a nós todos.

            Reponhamos a morte em seu lugar de processo renovador e enchei-vos de confiança no futuro, multiplicando as sementeiras de afeições e serviços santificantes.

            Quando perderdes temporariamente a companhia direta de um ente amado, recordai as palavras do Cristo; aquela reduzida família de Betânia é a miniatura da imensa família da Humanidade.”  

Ressurreição de Lázaro

11,28 Dito isto, saiu e foi chamar Maria,   sua irmã, dizendo-lhe baixinho:
11,29 O Mestre está aí e está chamando você...
11,30 Ela, ouvindo isto, ergueu-se rapidamente e saiu ao encontro Dele. Jesus não tinha entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta viera ao encontro.
11,31 Os judeus estavam na casa com Maria procurando consolá-la. Vendo a pressa com que se erguera e saíra, acompanharam-na, pensando que se dirigia ao sepulcro para chorar.
11,32 Chegando Maria onde Jesus estava, ao vê-Lo, caiu-Lhe aos pés e disse:
 -Senhor, se estivésseis aqui, meu irmão não teria morrido!
11,33 Vendo-a chorar e a chorarem também os judeus que estavam com ela, Jesus teve compaixão e, comovido, disse:            
11,34 “- Onde vocês o colocaram?” Responderam-Lhe: -Senhor, vem e vê!     
11,35 Jesus começou a chorar...
11,36 Os judeus comentavam: -Vejam como  Ele os amava!   
10,37 Mas, alguns deles disseram: Ele, que abriu os olhos ao cego, não poderia ter impedido que este morresse?
10,38 Jesus ficou, de novo, profundamente emocionado, e foi até ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra   
10,39 Ordenou Jesus: “-Retirem a pedra!”  Marta, irmã do morto, Lhe disse: -Senhor, já está cheirando mal, pois já fazem quatro dias...

         Para reflexão e análise, deixamos aqui as palavras do Espírito São Luiz que respondeu a Allan Kardec sobre “Quais os limites da encarnação? , em “O Evangelho”,  pergunta essa que substituímos pela exclamação...

Somos Eternos!        

            “A encarnação não tem, propriamente falando, limites nitidamente traçados, se se entende por isso o envoltório que constitui o corpo do Espírito, já que a materialidade desse envoltório diminui à medida que o espírito se purifica.

             Em certos mundos mais avançados que a Terra, ele já é menos compacto, menos pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito às vicissitudes; num grau mais elevado é diáfano e quase fluídico; de grau em grau ele se desmaterializa e acaba por se confundir com o perispírito. Segundo o mundo a que o Espírito é chamado a viver, este toma o envoltório apropriado à natureza desse mundo.

            O próprio perispírito suporta transformações sucessivas; ele se eteriza, cada vez mais até a depuração completa, que constitui os Espíritos puros. Se mundos especiais são destinados, como estações, aos Espíritos mais avançados, estes não estão ligados ali como nos mundos inferiores; o estado de desligamento em que se encontram, lhes permite se transportarem por toda parte em que os chamam as missões que lhes são confiadas.

            Se se considera a encarnação sob o ponto de vista material, como ocorre sobre a Terra, pode-se dizer que ela é limitada aos mundos inferiores; depende do Espírito, por conseguinte, dela se livrar, mais ou menos rapidamente, trabalhando pela sua depuração.

            Deve-se considerar também que, no estado errante, quer dizer, nos intervalos das existências corporais, a situação do Espírito está em relação com a natureza do mundo ao qual se liga pelo seu grau de adiantamento; que, assim, na erraticidade, ele é mais ou menos feliz, livre e esclarecido segundo seja mais ou menos desmaterializado.”

Ressurreição de Lázaro

11,40 Jesus lhe respondeu: “-Eu não disse que, se você acreditar, verá o poder de Deus?” Então, retiraram a pedra.
11,41 Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “-Pai, Eu vos agradeço porque me  ouvistes.          
11,42 Eu sei que sempre Me ouvis, mas falo assim por causa do povo que está em volta de mim, para que creiam que vós me enviastes.”           
11,43  Depois destas palavras, exclamou com voz firme: “-Lázaro, saia!
11,44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas e o seu rosto envolto em um lenço. Disse-lhes Jesus: “-Desatai-o e deixai-o ir!
11,45 Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e presenciado o que Jesus fizera, acreditaram Nele.   

            Tomemos Kardec, em “A Gênese”, no seu Cap. XV, para os devidos esclarecimentos:
                       
            “Ele (Lázaro) estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém de letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo, em tal caso, cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.

            E, quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia ela?  Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter.”
           
Nota de Rodapé   O fato seguinte prova que a decomposição parece algumas vezes com a morte. No convento do Bom Pastor, fundado em Toulon, pelo Padre Marin, capelão dos cárceres, e destinado às decaídas que se arrependeram, encontrava-se uma moça que suportara os mais terríveis sofrimentos com a calma e a impassividade de uma vítima expiatória. Em meio de suas dores, parecia sorrir para uma visão celestial. Como Sta. Teresa, pedia-lhe fosse dado sofrer mais, embora suas carnes já se achassem em frangalhos, com a gangrena a lhe devastar todos os membros. Por sábia providência, os médicos tinham recomendado que fizessem a inumação do corpo, logo após o trespasse. Coisa singular! Mal a doente exalou o último suspiro, cessou todo o trabalho de decomposição; desapareceram as exalações cadaverosas, de sorte que durante 36 horas pôde o corpo ficar exposto às preces e à veneração da comunidade.

            Para  Jo (11,44) - O Regresso de Lázaro à Vida -   busquemos, também, “Caminho, Verdade e Vida” (Ed.FEB), de Emmanuel por Chico Xavier:

            O regresso de Lázaro à vida ativa representa grandioso símbolo para todos os trabalhadores da Terra. Os criminosos arrependidos, os pecadores que se voltam para o bem, os que “trincaram” o cristal da consciência, entendem a maravilhosa característica do verbo recomeçar.

            Lázaro não podia ser feliz tão-só por revestir-se novamente da carne perecível, mas, sim, pela possibilidade de reiniciar a experiência humana com valores novos. E, na faina evolutiva, cada vez que o espírito alcança do Mestre divino a oportunidade dos laços vigorosos... exonerado da angústia, do remorso, do medo... A sensação do túmulo de impressões em que se encontrava, era venda forte a cobrir-lhe o rosto...

            Jesus, compadecido, exclamou para o mundo:

            - Desligai-o, deixai-o ir.

            Esta passagem evangélica é assinalada de profunda beleza.

             Preciosa é a existência de um homem, porque o Cristo lhe permitiu o desligamento dos laços criminosos com o pretérito, deixando-o encaminhar-se, de novo, às fontes da vida humana, de maneira a reconstituir e santificar os elos de seu destino espiritual, na dádiva suprema de começar outra vez.”

            Para  Jo  (11,44) -Desatai-o e deixai-o ir - tomemos “Palavras de Vida Eterna” (Ed. FEB) de Emmanuel por Chico Xavier:

            “É  importante pensar que Jesus não apenas arrancou Lázaro à sombra do túmulo.

            Trazendo-o, de volta, à vida, pede para que seja restituído à liberdade.

            “Desatai-o e deixai-o ir” - diz o Senhor.

            O companheiro redivivo deveria estar desalgemado para atender às próprias experiências.

            Também nós temos, no mundo da própria alma, os que tombam na fossa da negação.

            Os que nos dilaceram os ideais, os que nos arrastam à desilusão, os que zombam de nossas esperanças e os que nos lançam em abandono assemelham-se a mortos na cripta de nossa agoniosas recordações.

            Lembrá-los é como reavivar velhas úlceras.

            Entretanto, para que nos desvencilhemos de semelhantes angústias, é imperioso retirá-los do coração e devolvê-los ao sol da existência.

            Não basta, porém, esse gesto de libertação para nós. É imprescindível haja de nossa parte auxílio a eles, para que se desagrilhoem. Nem condená-los, nem azedar lhes o sentimento, mas sim exonerá-los de todo compromisso, ajustando-se a si próprios. Aqueles que libertarmos de qualquer obrigação para conosco, entregando-os à bondade de Deus, mais cedo regressam à luz da compreensão.

            Se alguém, assim, caiu na morte do mal, diante de ti, ajuda-o a refazer-se para o bem; entretanto, além disso, é preciso também desatá-lo de qualquer constrangimento e deixá-lo ir.”    

Os judeus pegaram em pedras...



Os judeus pegaram em pedras...   

10,31 Os judeus pegaram, pela 2ª vez, em pedras para o apedrejar. 
10,32 Disse-lhes Jesus: “ -Tenho mostrado muitas boas obras de parte de Meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?” 
10,33 responderam-lhe os judeus: Não é por causa de alguma boa obra, que Te querem apedrejar, mas, por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus. 
10,34 Replicou-Lhes Jesus: “ -Não está escrito na vossa lei: “Eu disse, sois deuses!” (Salmo 81,6)? 
10,35 Se a lei chama deuses aqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora, a escritura não pode ser desprezada) 
10,36  como acusais de blasfemo a quem teu Pai santificou e enviou ao mundo, porque Eu disse: -Sou o filho de Deus? 
10,37  Se Eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais 
10,38  mas, se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede nas Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai” 
10,39 Procuraram, então, prendê-Lo, mas Ele se esquivou das suas mãos. 
10,40  Ele se retirou para além do Jordão, de novo, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu. 
10,41  Muitos foram a Ele  e diziam: -João não fez milagre algum, 
10,42  mas tudo o que João falou deste homem era verdade. E, muitos acreditaram Nele!
         
            Para Jo (10,31-42), -Os Judeus querem apedrejar Jesus - leiamos a Roustaing:
           
            Vv. 31-36 -      Os Judeus acusam Jesus de fazer-se Deus, por haver dito: Eu e o Pai somos um. Não podendo compreender e não compreendendo, no verdadeiro sentido, as palavras que o Mestre lhes dirigia, os Judeus as tomavam sempre ao pé da letra.

            A resposta que Jesus lhes deu, entendida segundo o espírito, em verdade, exclui a divindade que eles o acusavam de se atribuir.

            Proclama, ao mesmo tempo, ser também ele, como os que o acusavam, uma criatura de Deus, afirmando que, como eles, tirara o ser, do Pai, do Criador incriado, que é o único Deus; que tivera, como eles, o mesmo início, o mesmo ponto de partida, a mesma origem divina comum a todos, na qualidade de princípio universal, mas que era superior a todos os que da Terra pela sua pureza, pelo seu poder, pela natureza de sua missão.

            Quando os Judeus lhe dizem...

            ...te apedrejamos por causa da tua blasfêmia, porque, sendo homem, Tu te fazes Deus.

            Jesus responde:

            Não está escrito na vossa lei: “Eu disse:  Sois Deuses?” Ora, se ela chama Deuses àqueles a quem a palavra de Deus é dirigida (e a Escritura não pode falhar), como é que  dizeis àquele que o Pai santificou e enviou ao mundo: “Tu blasfemas!”, porque digo que sou filho de Deus?

            Tendo-se em vista o entendimento dos Judeus e a acusação que haviam feito, essa resposta, em que a letra se opõe a letra, era peremptória , apropriada, pelos seus termos, à inteligência deles, de molde a detê-los na atitude acusatória que assumiram e a desviar a acusação formulada.

            Vv. 37-38  -  Dirigindo-se aos Judeus, Jesus proferia essas palavras não só para aquela época, mas também para o futuro e especialmente para a época da revelação, que ele predisse e prometeu, do Espírito da Verdade, da revelação atual, e ainda para os tempos que a esta se seguirão.

            Ó homens, que não quereis crer na missão de Jesus, que ainda não credes, quem quer que sejais, crede nas suas obras, isto é, praticai a moral pura que ele pregou pelos seus ensinos e exemplos, a fim de chegardes a conhecer o lugar que ele ocupa junto de Deus e suas relações com o pai; a conhecer e a crer que, pela sua pureza, ele está em relação direta com o Criador, que é uno com este pelo pensamento; que foi seu enviado celeste, o Messias que, prometido, desceu ao meio dos homens; que é o Espírito protetor e governador do vosso planeta, a cuja formação presidiu.

            V. 39 - Tentaram então os Judeus prendê-lo, mas ele se lhes escapou das mãos: Exivit de manibus corum.

            Este fato vem confirmar a natureza extra-humana de Jesus e a põe em evidência.

            Escapou das mãos dos Judeus, que já o tinham querido apedrejar, que se achavam tomados de furor e o cercavam, visto que estavam reunidos em torno dele.

            Já tivemos ocasião de vos falar deste fato.

            Jesus se lhes escapou das mãos, vós o sabeis, fazendo desaparecer a tangibilidade do seu corpo fluídico.

             Para  Jo (10,41-42) -João não fez sinal nenhum... - leiamos a Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado em “Chama Eterna”: 

            “Não foi concedido ao Batista fazer cair fogo do céu, ou ressuscitar mortos, como fizera Elias, ou empunhar a vara do poder de Moisés em nome de Deus. Ele,  João, veio nos trazer a verdade. Voltou à Terra como João Batista, para aplainar o caminho para Jesus pregar o Seu Evangelho.

            Aqui, nesta aula, tratamos de conhecer João Batista, o precursor de Jesus, e aprendemos que a fé não se compra, luta-se para possuí-la; que o batismo de João Batista era o primeiro contato com o nosso interior, um momento de reflexão, onde a nossa consciência era despertada para os valores morais.

            João Batista nos apresentou o batismo do corpo falível.

            O Messias nos ensinaria o batismo do fogo, isto é, a lavagem da alma, para que ela tivesse vida eterna.

            João não foi abandonado pelo Mestre; o Senhor não poderia intervir em uma lei chamada ação e reação - o livre arbítrio.

            Como Elias, ele abusou da força mandando decapitar os sacerdotes de Baal; como João, ele recebeu, já adulto, o cumprimento da prova e os que o obedeceram foram decapitados ainda crianças: foram as crianças mortas por Herodes.

            Conquanto João não fora abandonado por Deus nem por Jesus, tivera sempre a companhia dos Espíritos Celestiais que lhe intuíram as profecias concernentes a Jesus.

            Deus não dirige Seus filhos de maneira diversa daquela pela qual eles próprios prefeririam ser guiados.

            Portanto, a reencarnação é um fato!  João não só foi o precursor de Jesus, como a página viva do livro das vidas sucessivas.

            Ele era o Elias que teria de vir...”    


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O suicídio de Judas



O Suicídio de Judas

 27,1  E, chegando a manhã,  os sacerdotes e os anciãos  reuniram-se em conselho para entregar Jesus à morte.                 
27,2  Amarraram-No  e  levaram-No  ao governador Pilatos. 
27,3  Judas, o traidor, vendo-O  então condenado, tomado de remorsos, foi devolver aos sacerdotes e aos anciãos as 30 moedas de prata 
27,4  e disse: - Pequei, traindo o sangue de um inocente. Eles, porém, responderam: -Que nos importa? Isto é contigo! 
27,5  Ele jogou no templo as moedas de pedra, saiu, e  enforcou-se.  
27,6  Os sacerdotes recolheram o dinheiro e disseram: Não é permitido lançá-lo no tesouro do templo porque se trata de preço de sangue; 
27,7  Assim, resolveram comprar, com aquela soma, o campo do oleiro, para que ali se fizesse um cemitério de estrangeiros. 
27,8  Esta é a razão porque aquele  terreno  é  chamado,  ainda  hoje,  de “campo de sangue” 
27,9  Desta forma cumpriu-se  a  profecia  do profeta  Jeremias: Eles receberam 30 moedas de prata, preço Daquele cujo montante foi estipulado pelos filhos de Israel  
27,10  E, deram-No pelo campo do oleiro, como o Senhor me havia prescrito.”
  
         Para  Mt (27,11-26) -O Olhar de Jesus... - leiamos Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”:

            “No palco víamos a figura de Judas Iscariotis.

            Pouco antes da Páscoa, ele renovara seu trato com os sacerdotes para entregar Jesus. Judas renovara seu trato com os sacerdotes para entregar Jesus. Judas possuía muito amor ao dinheiro. O amor a Mamon sobrepujava o amor a Cristo.

             Judas era altamente considerado pelos discípulos e exercia sobre eles grande influência. Considerava-os, porém, inferiores a ele. Excessivamente vaidoso, julgava-se o salvador da obra do Cristo e foi assim que se tornou presa fácil dos sacerdotes.

            A alta figura de Judas apresentava-se com o rosto pálido e transtornado, coberto de suor. Aproximando-se do trono do juízo, atirou perante o sumo sacerdote as moedas de prata, preço de sua traição. Agarrando-se às vestes de Caifás, implorou-lhe que soltasse Jesus, dizendo que Ele nada fizera de mal.

            Vimos Judas gritando: Pequei, traindo sangue inocente e os sacerdotes responderam: Que nos importa?  Depois, Judas foi lançar-se aos pés do Mestre, suplicando que livrasse a Si mesmo.

            Jesus depositou em Judas o mais belo olhar que a Terra já contemplou: o olhar do perdão.
            Assistindo no teatro vivo a esta cena, comovi-me por demais.

            Era o Rei, o Cristo de Deus, perdoando. Só neste momento compreendi o que vem a ser o perdão, pois somente as grandes almas tem força para perdoar. Jesus fitara Judas com intensa piedade.

            Judas sofria demais e o Mestre o perdoou. Ao gritar: Pequei, traindo o sangue inocente e ouvir o sumo sacerdote, duro, implacável, responder: Que nos importa? Isso é lá contigo ...(Mt 27,4), Judas compreendeu que suas súplicas não seriam ouvidas.

            Deixou no chão as moedas que recebera pela traição e saiu da sala desesperado. Sentia o peso de sua insensatez e saiu da sala desesperado. Sentia o peso de sua insensatez e que não teria forças para ver Jesus torturado e crucificado.

             Logo depois, todos os que passaram por certo local retirado viram, ao pé de uma árvore, o corpo sem vida de Judas.

             Os cães já o devoravam... ”

         Para Mt ( 27,4), -Que nos importa?  Isso é contigo...-  encontramos em “Pão Nosso” (Ed. FEB), de Emmanuel por Chico Xavier,  trecho que nos orienta sobre essa passagem:

            “A palavra da maldade humana é sempre cruel para quantos lhe ouvem as criminosas insinuações.  O caso de Judas demonstra a irresponsabilidade e a perversidade de quantos cooperam na execução dos grandes delitos.

            O espírito imprevidente, se considera os alvitres malévolos, em breve tempo se capacita da solidão em que se encontra nos círculos das conseqüências desastrosas.

            Quem age corretamente encontrará, nos felizes resultados de suas iniciativas, aluviões de companheiros que lhe desejam partilhar as vitórias; entretanto, muito raramente sentirá a presença de alguém que lhe comungue as aflições nos dias da derrota temporária.

            Semelhante realidade induz a criatura à precaução mais insistente.

            A experiência amarga de Judas repete-se com a maioria dos homens, todos os dias, embora em outros setores.

            Há quem ouça delituosas insinuações da malícia ou da indisciplina, no que concerne à tranqüilidade interior, às questões de família e ao trabalho comum.

            Por vezes, o homem respira a paz, desenvolvendo as tarefas que lhe são necessárias; todavia., é alcançado pelo conselho da inveja ou da desesperação e perturba-se com falsas perspectivas, penetrando, inadvertidamente, em labirintos escuros e ingratos.

            Quando reconhece o equívoco do cérebro ou do coração, volta-se, ansioso, para os conselheiros da véspera, mas o mundo inferior, refazendo a observação a Judas, exclama em zombaria - “Que nos importa? Isso é contigo...”.”



            Em ‘Revelação dos Papas’ (UES-1936) lemos psicografia de um espírito que entitulou-se Judas ratificando nosso caminho perene para o amor e a caridade, apesar dos nossos muitos esforços em contrário:

            “Judas, meus bons amigos, volta hoje ao Mundo para declarar perante os homens as verdades que lhe foram inspiradas por Nosso Senhor Jesus Cristo - o grande e amado Mestre - a quem, num momento de cegueira, de trevas e extrema fraqueza traiu, vendendo-o aos inimigos.

            Jesus, meus bons amigos, o Messias, aquele que foi enviado por Deus para salvar o Mundo onde viveis hoje, já perdoou a Judas Iscariote a sua fraqueza e cegueira. Deus, em sua misericórdia infinita, concedeu, pela boca de Seu filho amado, o perdão àquele que foi outrora infiel, traidor, perjuro, falso e criminoso discípulo do Messias, que jamais deixou de lamentar e compadecer-se da fraqueza e miséria do seu discípulo.

            Venho, meus bons amigos, em nome do meu querido Mestre - o Salvador do mundo - dizer-vos alguma coisa que vos interessa.

            Compareço a vossa presença, a fim de restabelecer a verdade desvirtuada, falseada pelos homens interessados em se conservarem no caminho do erro e da mentira.

            Estou diante de vós, meus bons amigos, para me confessar agradecido pelas grandes e imensas provas de amor que me foram dispensadas por Deus e por Nosso Senhor Jesus Cristo.

            Apareço aqui, perante vós, meus companheiros e amados irmãos, para penitenciar-me dos erros que pratiquei e, ao mesmo tempo, entoar hinos à Infinita sabedoria e à pureza imaculada desse Mestre admirável, à incomparável bondade desse coração todo feito de doçuras e de amor!

            Venho cantar hosanas à sublime misericórdia do Criador e erguer uma prece, na qual todos vós deveis acompanhar-me, pois, nesta oração subiremos até junto do Pai Celestial e de Jesus, que, nesta hora, estendem as vistas misericordiosas sobre este planeta atrasado, mundo de expiações e sofrimentos, de lágrimas e de dores.

            Dizei comigo, meus queridos irmãos,

            Jesus, nosso salvador, filho de Deus e luz sublime que clareia o nosso caminho, que nos guia na Terra e na eternidade! Senhor! aqui estão os Teus filhos, tendo à frente aquele que no mundo errou profundamente, o maior de todos os criminosos que pisaram a superfície deste planeta; aqui estamos todos nós, Senhor! tendo à nossa frente o mais pérfido e infiel de Teus discípulos; aqui nos achamos todos nós, junto do mais fraco e criminoso dos Teus filhos -Judas Iscariote!

            Nós, Senhor, somos também fracos, praticamos grandes erros, pesam sobre nós imensas culpas, grandes pecados nos obrigam a curvar a fronte diante de ti, Senhor! Temos, Jesus, a nossa alma coberta de chagas, o nosso coração envenenado pelos mais impuros sentimentos que nele temos alimentado; sentimos o nosso espírito combalido ao rever o nosso passado espiritual, cheio de crimes e faltas graves; somos, Senhor, ainda escravos da matéria, sentindo as entranhas devoradas pelos desejos pecaminosos, a alma presa, agrilhoada à matéria que a retém na superfície da Terra, de onde não poderá desprender-se para as luminosas regiões, sem primeiro expurgar-se das impurezas e das máculas que os pecados deixaram sobre ela e onde os vícios produziram sulcos profundos, as misérias da carne lançaram vestígios que dificilmente se apagarão!

            Temos, Bom Jesus, as mãos tintas do sangue dos nossos irmãos, os pés cheios de lama pútrida dos antros e dos monturos por onde caminhamos durante longo tempo; conservamos também nas mãos o azinhavre da moeda a troco da qual vendemos a nossa consciência, atraiçoamos os nossos irmãos; guardamos ainda nos lábios os sinais das nossas abjeções, da impureza das paixões que alimentamos em nossos corações; trazemos estampados na fronte os estigmas das nossas baixezas, das podridões, misérias e devassidões a que nos entregamos na vida, conservamos nos olhos os traços das nossas crueldades, o brilho das volúpias e prazeres que durante esta existência terrena temos desfrutado.

            O nosso corpo, Senhor, é o livro onde se acha escrita a história dos nossas abusos e da s nossas transgressões, a nossa lama, Jesus, é o espelho onde neste instante se refletem todos os nossos atentados às leis de Deus, todas as violações do Seu Evangelho; a nossa consciência é, nessa hora, sudário onde se acha estampada a tua efígie, mas tão apagada que dificilmente a reconhecemos.

            Senhor! Senhor! Querido e adorado Mestre! Todos os nossos pecados aqui se acham gravados no nosso espírito; todas as nossas culpas aqui estão desenhadas na nossa consciência, que nos acusa diante de ti e de teu Pai!  

            São grandes as nossas faltas, imensos os nossos pecados, infinitos os nossos erros, mas na tua bondade há sempre lugar para todos os perdões; em tua alma existem grandes reservas de misericórdia e tolerância; no teu incomensurável coração há um transbordamento constante de piedade e de amor para os que sofrem, que gemem e choram, os fracos, os infelizes e os pecadores, como nós!

            Recebe, portanto, bom Jesus, esta prece que te oferecemos e que é pronunciada pelos lábios mais impuros que já existiram sobre a Terra, ditada pela consciência mais sombria que palpitou neste planeta; prece nascida da alma mais culpada que este mundo conheceu até hoje, o espírito mais fraco e criminoso dos que se têm encarnado na Terra.

            Aceita, Senhor, bom Jesus, a prece que Judas, o traidor de ontem, o falso e o pérfido de outros tempos nos faz recitar neste momento, na tua presença, para que possamos, como ele, alcançar o nosso perdão, merecer da tua bondade a graça de recebermos do teu Pai a mesma luz e a mesma paz que Ele concedeu ao mais cruel, ao mais criminoso e infame dos Seus filhos!

            Ouve Jesus, a nossa prece e dá-nos o que deste a Judas pelo mal que ele te fez, pela traição que praticou contra a tua pessoas divina, pelo ultraje que infligiu a ti, no momento mais doloroso da tua vida de Missionário, de Redentor, de Salvador do Mundo e Filho de Deus!

            Tu, que tiveste em tua alma a grandeza, a doçura e o amor para perdoar a esse falso e perjuro discípulo, Senhor, perdoa-nos também a   nós, cujos erros, cujas faltas, crimes e pecados estão muito distantes do crime e do pecado daquele que se acha à nossa frente, nesta hora de luto e de dor, para render graças à infinita misericórdia de Deus e ao imenso e inesgotável manancial de doçura, carinhos, afetos, pureza e imenso amor - o Coração de Jesus!  

            Perdoa-nos, Senhor! Salve-nos Jesus! como salvaste Judas!”

            Eu direi também:

            “Meu Jesus! meu Salvador! se mereci o teu perdão e a tua misericórdia, os meus irmãos podem também merece-los, pois, diante de Judas, a humanidade inteira, com todos os seus crimes, os seus pecados e as suas misérias, é santa, inocente como a mais inocente das criancinhas que brincam na superfície da Terra!

            Perdoa, portanto, Senhor, à humanidade como perdoaste ao maior dos traidores!”
                                                   Judas Iscariote
                                                               (2 de Setembro de 1916)