Continuidade
"A Igreja romana não relegou para segundo plano o pai, fazendo do filho o objeto exclusivo de seu culto de adoração? E o culto prestado a Maria já não ameaça substituir o que ela, a Igreja, presta ao filho? "Mas virá o tempo, e já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em ESPÍRITO E VERDADE; esses são os adoradores que o pai quer. " "Os Quatro Evangelhos" de J.-B. Roustaing, à pág. 221 - Vol 4 - 7ª Ed. (FEB) 1990.
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quinta-feira, 24 de junho de 2021
Continuidade
sábado, 29 de maio de 2021
Olá meu Irmão!
Olá meu
irmão!
Humberto
de Campos
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Novembro 1943
- A disposição antiga, acentuava Cipriano Neto - é verdadeiro tônico espiritual. Não raro, envenenamos o coração, a força de insistir na máscara sombria. Má catadura é moléstia perigosa, porquanto as enfermidades não se circunscrevem ao corpo físico. Quantos negócios de muletas, quantas atividades nobres interrompidas, em virtude do mal humor dos responsáveis! Claro que ninguém se deixe absorver por malandros de esquina, mas o respeito e a afabilidade para com as criaturas honestas, seja onde for, constituem alguma coisa de sagrado que não esqueceremos sem ferir a nós mesmos.
E, frente à pequena assembleia, toda
ouvidos, Cipriano, com a graça de sua privilegiada inteligência, continuou,
após longa pausa:
- Na Terra, o preconceito fala muito
alto, abafando vozes sublimes da verdade superior. Nesse capítulo, tenho minha
experiência pessoal, bastante significativa.
Meu amigo
vagueou o olhar muito lúcido, através do horizonte longínquo, como a vasculhar
o passado, calou-se por alguns momentos e prosseguiu:
- É quase inacreditável, mas o meu
fracasso em Espiritismo não teve outra causa. Não ignoram vocês que meu coração
de pai, dilacerado pela morte do filho querido, fora convocado à doutrina dos
Espíritos, ansioso de esclarecimento e consolação,
Banhado de conforto sublime, senti
que minhas lágrimas de desesperação se transformaram em orvalho de
agradecimento à bondade de Deus, Meu filho não morrera. Mais vivo que nunca,
endereçava-me carinhosas palavras de amor. Identificara-se de mil modos. Não
havia lugar a dúvidas. Inclinei-me, então, à doutrina renovadora. Saciado pela água
de santas consolações, não sabia como agradecer à fonte. Foi aí que recordei
minhas possibilidades intelectuais. Não seria justo servir ao Espiritismo,
através da palavra? Poderia escrever para os jornais ou falar em público,
Fundamente reconhecido à nova fé, atendi à primeira sugestão que um amigo me
ofereceu e dispus-me a fazer uma conferência. Anunciou-se
o feito e, no dia aprazado, compacta assistência esperou-me a confissão.
Seduzido pela beleza do Espiritismo cristão, falei longamente sobre a caridade.
Aplausos, abraços, sorrisos, felicitações. No círculo de meus companheiros de
literatura, porém, o assunto fizera-se obrigatório. Voltando à Avenida, no dia
imediato ao acontecimento, meu esforço foi árduo por convencer aos confrades de
letras que não me achava louco. Infelizmente, contudo, minha decisão não se falava
senão à vaidade. Pronunciara a conferência como se o Espiritismo necessitasse
de mim. Admitia, no fundo, que minha presença honrara, sobremaneira, o auditório,
que a codificação kardeciana encontrara em mim prestigioso protetor. Desse
modo, alardeava suma importância em minhas novas palestras, citava a
antiguidade clássica, recorria aos grandes filósofos, mencionava cientistas
modernos. Quando nos encontrávamos, meus colegas e eu, no ápice das discussões
afetuosas, eis que surge o Elpidio, velho conhecido meu e antigo tintureiro em
Jacarepaguá. Sapatos rotos, calças remendadas, cabelos despenteados, rosto
suarento, aproximou-se de mim e estendeu-me a destra, exclamando alegre:
Olá meu irmão! Meus parabéns!... Fiquei muito satisfeito
com a sua conferência!
Entreolharam-se
meus amigos, admirados. E confesso que respondi à saudação efusiva, secamente,
movimentando levemente a cabeça e sentindo-me profundamente humilhado. Face ao
meu silêncio, o tintureiro, despediu-se, mostrando enorme desapontamento. “É de
sua família?” - Indagou um companheiro mais irônico. “Estes senhores espiritistas
são os campeões da ingenuidade!”, exclamou outro circunstante , Enraiveci-me.
Não era desaforo de semelhante homem do povo chamar-me irmão ali em plena
Avenida, frente aos colegas de tertúlia literária? Estaria, então, obrigado a
relacionar-me com toda espécie de vagabundos? Não seria aquilo irmanar-me a rebotalhos
de gente, na via pública? O incidente criou em mim vasto complexo de inferioridade.
Cegavam-me, ainda, velhos preconceitos sociais, e a ironia dos companheiros
calou-me, fundo, no espírito. A ausência de afabilidade, a incompreensão grosseira
dominaram-me por completo, O fermento da negação trabalhou-me o íntimo, levedando
a massa de minhas disposições mentais. Resultado? Voltei à aspereza antiga e,
se cuidava de doutrina, confinava-me a reduzido círculo doméstico. Não estimava
a companhia ou a intimidade daqueles que considerava inferiores. Os anos, todavia,
correm metodicamente, alheios à nossa vaidade e ignorância, e impuseram-me a
restituição do organismo cansado ao seio acolhedor da terra. Sabem vocês por
experiência própria, o que nos acontece a essa altura da existência humana, Gritos
estentóricos de familiares, pavor de afeiçoados, ataúde rescendendo aromas de
flores das convenções sociais. Em meio da perturbação geral, senti que um sono
brando apoderava-se de mim. Nunca pude saber quantos mas gastei nesse repouso
compulsório. Despertando, porém, debalde clamei por meu filho bem amado. Sabia perfeitamente
que abandonara a esfera carnal e ansiava por encontrar-lhe o carinho. Deixei a
residência antiga, ferido de amargurosas preocupações, Atravessei ruas e
praças, de alma opressa. Atingi a Avenida, onde me dava ao luxo de palestrar
sobre ciência e literatura. E ali mesmo, junto ao café aristocrático, divisei
alguém que não me era estranho às relações individuais. Não tive dificuldades no
reconhecimento. Era o Elpídio, integralmente transformado, evidenciando nobre
posição espiritual, trocando ideias com outras entidades da vida superior. Não
mais os sapatos velhos, nem o rosto suarento, mas singular aprumo, aliado à
expressão simpática e bela, cheia de bondade e compreensão. Aproximei-me,
envergonhado. Quis dizer qualquer coisa
que revelasse minha angústia, mas obedecendo a impulso que jamais soube explicar,
apenas pude repetir as antigas palavras dele: "Olá meu irmão! Meus parabéns!"
Longe, todavia, de imitar-me o gesto, grosseiro e tolo
de outro tempo, o generoso tintureiro de Jacarepaguá abriu-me os braços,
contente, e exclamou com sincera alegria:
- Ó meu amigo! Que satisfação! Venha
daí, vou conduzi-lo ao seu filho!
Aquela bondade espontânea, aquele
fraternal esquecimento de minha falta eram por demais eloquentes e não pude
evitar as lágrimas copiosas...
Nossa pequena assembleia de
desencarnados estava igualmente comovida, Cipriano calou-se, enxugou os olhos úmidos
e terminou:
- A experiência parece demasiadamente
humilde, entretanto; para mim, representou lição das mais expressivas. Através
dela, fiquei sabendo que a afabilidade é mais que um dever social, é alguma coisa
de Deus que não subtrairemos ao próximo, sem prejudicar a nós mesmos.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
Tempestades
I. Pequeno (Antônio Wantuil de Freitas)
Reformador (FEB) Junho 1944
A celeuma levantada pelas colunas dos jornais “A Noite”,
“Folha Carioca” e outros diários de grande projeção, não passa de verdadeira
tempestade em copo d’água.
Não era meu desejo emitir qualquer
opinião sobre o assunto, visto não acreditar que a Família de Humberto de
Campos pretenda receber qualquer quantia pelas obras ditadas pelo espírito do
seu genitor e publicadas pela Federação Espírita Brasileira (*). Essas obras
vêm sendo editadas há alguns anos, a carinhosa mãe do saudoso escritor
reconheceu-lhes a identidade e os filhos queridos do inesquecível acadêmico
jamais fizeram a menor ameaça à Federação.
“Para esse trabalho, contou com o auxílio de vários colaboradores, todos eles mencionados por Wantuil de Freitas em "Duas palavras", apresentação desta obra.”
“A Ação Declaratória foi julgada
improcedente e o Dr. Timponi obteve brilhante vitória jurídica.”
“Lançou o livro “Magnetismo
Espiritual”, publicado pela Federação Espírita Brasileira, mas com o pseudônimo
Michaelus. Desencarnou aos 70 anos, no dia 13 de fevereiro de 1964.”
Para maiores detalhes sugerimos
a leitura do livro de Miguel Timponi “A psicografia ante os tribunais” (Ed.
FEB), 2012.”
Que essas obras são, realmente, de
Humberto, não resta a menor dúvida. O sr. Agrippino Grieco, grande crítico
literário e amigo íntimo de Humberto, apesar de não ser adepto do Espiritismo,
confessou de público que o estilo era do seu velho companheiro de muitos anos.
Outros já disseram o mesmo.
Ao serem publicadas as referidas
obras, cujo lucro é inteiramente distribuído pelos departamentos de
beneficência da editora, não se procurou formar qualquer confusão com as
escritas em vida carnal por aquele estilista. Foram apresentadas, com a maior
sinceridade, como ditadas pelo espírito do escritor, tal como o são as outras
recebidas de outros espíritos, os quais, espontaneamente, oferecem o seu
trabalho intelectual como cooperação para a obra de recristianização dos homens
e de socorro aos infelizes.
As obras que nos tem enviado o
espírito do grande Humberto são, todas elas, magníficas e lidas pelo Brasil
inteiro e até no estrangeiro, traduzidas que vêm sendo para outras línguas.
Há, no entanto, outros escritores
que preferiram o anonimato, talvez por não terem confiança nos seus herdeiros.
Entre esses últimos, encontram-se André Luiz, pseudônimo de conhecido médico
brasileiro, e Emmanuel, o mais evolvido de todos eles, que foi padre católico
em evidência no Brasil e que atualmente está sendo traduzido para o Esperanto.
Todas essas obras se vendem
igualmente, porém, as de Emmanuel vencem tiragens sobre tiragens, disputadas
que são antes mesmo de serem expostas nas livrarias.
Se algum dia a Justiça proibir o
direito de receber obras mediúnicas de espíritos conhecidos, colocar-se-ão
pseudônimos, visto que essas obras se vendem igualmente, com ou sem nome em
evidência. São disputadas, porque são boas. Se forem reconhecidas como de
Humberto, creio que ninguém poderá proibi-lo de escrever para fins humanitários
ou impedi-lo de assinar os seus trabalhos.
Se, ao contrário, dogmatizarem que
elas não foram escritas por Humberto; nenhum direito autoral poderá ser pedido.
De qualquer forma, portanto, não há
direitos autorais a pagar e nem razão para a celeuma feita por pessoas
estranhas à digníssima Família de Humberto de Campos.
Ninguém conhece melhor uma criatura
do que aquela que lhe deu a vida e lhe formou o caráter.
Em “Brasil, Coração do Mundo”, a
extremosa genitora de Humberto se confessa feliz com a prova evidente de que
seu grande filho continua vivo.
Assim, como veem, tudo não passa de
mais uma tempestade em copo d’água.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Em torno da mediunidade
Em torno da
mediunidade
Irmão X por Chico Xavier Reformador (FEB) Janeiro 1966
Ali, no movimentado salão do Carnegie Hall, em Nova Iorque, encontramos famosa médium, a que emprestaremos tão-só o nome de Sra. Hayden, e de quem ouvíramos as melhores referências no Plano Espiritual.
Marcado o encontro pela intervenção afetuosa de nosso amigo Fred. Fígner, fomos recebidos pela distinta senhora desencarnada, para conversação de alguns minutos
A Sra. Hayden, orientadora de
assuntos medianímicos, em vários círculos doutrinários dos Estados Unidos, recebeu-nos
com extrema bondade, e, porque a víssemos cercada de amigos, naturalmente em
atividades inadiáveis, firmamo-nos no objetivo direto de nossa visita, depois das
saudações fraternais.
- Sra. Hayden - começamos -, se possível, estimaríamos ouvi-la em algumas perguntas sobre mediunidade...
- Minha experiência - comentou a
interpelada - nada possui de notável...
E sorrindo:
- Mas pergunte o que deseje e
responderei o que possa.
Sabíamos que a entrevistada, desde
os primórdios do Espiritismo, na América, se fizera amiga pessoal do Juiz John
Edmonds, do professor Robert Hare, da Sra. James Mapes, de Emma Hardinge e
outros pioneiros do movimento espírita na Terra, e considerei:
- Não desconhecemos que a senhora
estuda a mediunidade, desde as bases da Doutrina Espírita no mundo...
- Sim - aprovou -, tenho essa honra.
E o nosso diálogo prosseguiu:
- Que nos diz acerca da mediunidade,
no momento atual do Planeta?
- Questão ainda nova, tão nova como quando nos aventuramos
a praticá-la, há precisamente um século. Temos longo tempo, diante de nós, para
examiná-la, conhecê-la, educá-la.
- Mas, a Ciência e a Religião? ..
- Duas forças que, até agora, ainda
não puderam compreendê-la. Com a veneração que lhes devemos e acatadas as
exceções, não será lícito ignorar que os cientistas, até hoje, se esforçam,
quase sempre, não em estudá-la mas em disseca-la, como quem anatomiza grãos de trigo
verde, querendo encontrar o pão feito; e os religiosos, muitas vezes, unicamente
procuram cercear lhe os voos, sob capas mitológicas, interessados em prestigiar
a superstição.
- Acredita, no entanto, que as
realizações da mediunidade são retardadas tão-só pela influência de cientistas
e religiosos ?
- De modo algum. A mediunidade é uma
força neutra, qual o magnetismo e a eletricidade, que não são bons e nem maus
em si. O homem é quem lhes caracteriza as aplicações. Todos sabemos que
milhares de indivíduos, encarnados e desencarnados, abusam da mediunidade, como
os falsários criam chantagem com o dinheiro ou os impostores exploram a
palavra, envilecendo-a na demagogia.
- A senhora crê na possibilidade de
se coibirem semelhantes abusos pelo estabelecimento, na Terra, de um instituto
central de controle dos fenômenos mediúnicos?
- A questão é de consciência pessoal.
Já pensou o que seria do mundo, nas condições morais em que ainda se encontra,
se apenas um grupo de nações ou pessoas pudesse controlar a potência do Sol? As
ocorrências medianímicas pertencem ao domínio da verdade; por isso mesmo, devem
estar com todas as criaturas, no grau evolutivo em que se vejam, em regime de liberdade,
conquanto saibamos que todo médium dará contas aos Poderes Orientadores da Vida
quanto àquilo que faça de suas próprias faculdades.
- Sra. Hayden, estamos convencidos
de que a mediunidade é característico peculiar a todas as pessoas. Apesar
disso, a senhora crê, tanto quanto nós, que muitos Espíritos reencarnam com
mandatos especiais para desenvolvê-la e honorificá-la?
- Perfeitamente.
- E como explicarmos a falência de
tantos médiuns no mundo?
- Isso não sucede exclusivamente nos domínios da
mediunidade. O amigo admite que os tiranos em política, os sicários da cultura
intelectual que supõem desacreditar a Ciência com atos de crueldade e os
fanáticos em Religião hajam nascido na Terra para fazerem o mal que causam?
Identificamos companheiros transviados na mediunidade, como é fácil de conhecê-los
nos círculos da fortuna, da inteligência, da administração ...
- Que diz a isso?
- Que, por enquanto, somos, no
conjunto, a família humana do Planeta, com imperfeições, paixões, erros e
bancarrotas, inerentes à nossa posição de Espíritos em aperfeiçoamento gradativo,
caindo agora e levantando depois, aprendendo e melhorando sempre.
- Em seu ponto de vista, como
promover a elevação do conceito de mediunidade?
- Separar o fenômeno mediúnico da
doutrina do Espiritismo, definindo fenômeno por matéria de observação e
doutrina como sendo a luz que o esclarece.
- A senhora conhece a Codificação
Kardequiana?
- Sim.
- Se fosse solicitada a falar para
os irmãos de língua inglesa, encarnados na Terra, com vistas à obra de Allan
Kardec, permitir-nos-á, por obséquio, saber o que diria?
- Se isso me fosse possível,
convidaria todos os amigos e associados de ideal, de formação anglo-saxônica e
latina, para o estudo generalizado dos temas e interesses espíritas e espiritualistas,
em benefício da Humanidade, a começar dos mais humildes agrupamentos de opinião.
Esses assuntos fundamentais da alma, da imortalidade, da evolução, da
reencarnação, do destino, da dor e da justiça precisam sair do ambiente
estreito dos simpósios para a análise clara e simples do povo.
- Sra. Hayden, desejando centralizar o nosso entendimento no que se relaciona com a mediunidade, muito nos agradaria ouvi-la sobre o que pensa, neste outro lado da vida, quanto à mistificação mediúnica. - O irmão diz mui bem, quando afirma “neste outro lado da vida”, porque, no campo físico, habituamo-nos a ver o empeço de maneira excessivamente sumária. A mistificação medianímica assume ora para mim aspectos multiformes, de vez e, se em alguns casos raros, podemos reconhece-la movida pela má-fé, na maioria absoluta das ocorrências necessitamos compreender o papel da hipnose, da compulsão, do reflexo condicionado ou do processo obsessivo dentro dela. Discriminar mistificações mediúnicas separando-as de fatos autênticos da mediunidade, não é tão fácil...
-
Que sugere para a solução do problema?
- Trabalhar e estuda cada vez mais. Os sábios das Esferas Superiores nos inspiram e guiam, mas não efetuam por nós a tarefa que nos cabe fazer.
- Mas as fraudes mediúnicas, Sra. Hayden, que pensar das fraudes mediúnicas que plantam a dúvida e a negação entre os homens? Porque os sábios das Esferas Superiores não as proíbem irrevogavelmente? A notável seareira do Espiritismo, rica, sorri de enigmático modo e acrescentou:
- Ah! meu amigo, a dúvida é permitida
pela Bondade Divina, em benefício da fraqueza humana. A fraude mediúnica, se prejudica
de um lado, mostra função seletiva de outro. Muita gente que se gaba de cultura
e discernimento não suportaria, de chofre, as verdades do Mundo Espiritual.
Existem Espíritos que reencarnam prometendo prodígios de fidelidade e serviço,
na obra do Senhor: entretanto, depois de se constituírem seguramente no corpo físico,
voltam às tentações que noutro tempo lhes conturbavam o campo íntimo e recuam
dos propósitos de elevação... Ainda assim, são criaturas boas e nobres. O
Senhor, então permite que elas duvidem das realidades espirituais e aceita,
generosamente, que lhe neguem até mesmo a existência, de modo a que se inclinem
para outras tarefas, não tão heroicas quanto as da confiança e da lealdade ao Bem
até às últimas consequências, mas igualmente construtivas e meritórias... Tornarão
à fé mais tarde, enquanto os companheiros mais amadurecidos seguem, com a
bênção do Senhor, para a frente.
Uma campainha retiniu.
Os minutos previstos para a
conversação haviam terminado.
A Sra. Hayden despediu-se e nós ficamos
repentinamente a sós, no grande salão, com fome de silêncio e com sede de
pensar.