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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Raio de Luz

 

Raio de Luz

de Albino Teixeira (1903-1984)

por Heitor Luz Filho

em “Reflexões Espirituais” (Edição do C E. Casa do Rosário de N. Senhora, RJ, RJ)

 É difícil ao espírito encarnado compreender o panorama da vida espiritual, como ao cego de nascença é impossível idealizar a forma das coisas e as vibrações da luz.

Embora a vida na matéria se interpenetre no plano espiritual, o fenômeno da comunicação entre os espíritos, de ambos os planos, não é, ainda, de todo conhecido, podendo dizer-se, apenas, que há um teledinamismo a acionar a mecânica da interligação vibratória.

Necessário, porém, é compreender que os mundos não são estanques e que tudo converge para o mesmo fim, dentro do princípio da unidade originária de todas as coisas.

Não há, assim, por que estranhar possamos estabelecer diálogos entre irmãos encarnados e desencarnados, já que todos passamos pelas mesmas experiências e pelos mesmos estágios, dezenas, centenas, senão milhares de vezes. E, o que fazemos agora, portanto, nessas páginas humildes que o médium, com o desejo de servir, vai grafando, nada mais representa que a religação de correntes de pensamentos, que dimanam dos centros perispirituais sob o comando direto do Espírito.

Não há, portanto, fantasias nem ficções, nem interesse, de qualquer forma, em traduzir mensagens que não sejam o reflexo de ideias na representação de fatos, casos e imagens do mundo espiritual. E, quando, movidos pelo amor fraternal, trazemos a nossa palavra aos que, ainda, permanecem no envoltório carnal, no cumprimento de missões ou na quitações de débitos, o que nos impulsiona é devassar a treva pela luz, erradicar o erro pela Verdade e retificar os desvãos dos caminhos incertos com o roteiro do Evangelho. O que desejamos é trazer a todos que já olvidaram as experiências de vidas pretéritas pelo revestimento da matéria, a realidade da vida espiritual nos seus vários aspectos e nos panoramas diversos, para mostrar, a todos, que a cada um será dado conforme a suas obras. E que, todavia, o Cristo, como Senhor da humanidade terrestre, está sempre, de braços abertos para agasalhar todos os pecadores impenitentes propiciando-lhes a oportunidade, pelo remorso, pelo arrependimento e pela elucidação evangélica, de retornarem em paz aos planos da Luz Eterna.

 ***

Não há mistérios, meus irmãos, no diálogo espiritual, que se repete desde os tempos primevos, quando, ainda, o Cristo não descera aos planos terrenos para nos dar Boa-Nova.

O que necessita é de simples compreensão das leis vibratórias de sintonia, assim como do mecanismo da mediunidade, por intermédio do qual espíritos afins, agindo sobre elementos perispirituais, transmitem, mediante correntes de pensamento, imagens e ideias a espíritos em planos mais grosseiros sob a capa da matéria, cujo estado vibratório, nem sempre, permite uma perfeita fidelidade receptiva. Daí por que há necessidade de preparo espiritual e moral, sem o que a interligação se produzirá com falhas e defeitos tantas vezes prejudiciais à confiabilidade da comunicação.

A mensagem mediúnica é, sempre, um beneplácito do Pai. É raio de luz em meio às trevas do mundo em que se submerge o filho pródigo, que não soube fazer bom uso do livre arbítrio e preferiu perder-se nas emoções e nos desejos e subjugar-se pelas paixões e sentimentos imperfeitos.

Assim, pois, meus irmãos, a nossa palavra haverá de ressoar, sempre, como o eco divino que se propaga, de plano em plano em plano, na imensidão do Cosmo, até atingir, por vales e montanhas, os escabrosos fundões em que remanescem, entre gritos, dores e lamentos os irmãos remissos que se desesperam entre os pruridos das chagas morais do Espírito.

É essa descida do Alto – esse raio de luz que penetra as trevas densas dos abismos fluídicos, esse chamado de Paz e Amor em atenção aos clamores de socorro – que consubstancia o Amor Divino trazido, até os planos inferiores, pela maravilha da mediunidade.

Cumpre-nos, portanto, ao ensejo de vir até onde se encontram os nossos irmãos em dolorosas experiências, trazer, nesse diálogo entre os dois mundos, a palavra de esperança, de fé, de paz e de amor, porque um dia estaremos todos juntos, não mais em planos diversos, para elevar o nosso pensamento a Deus em agradecimento às dores e aos sofrimentos que, produzindo sulcos profundos em nosso Espírito, todavia nos inundam de luz a esparzir de nosso interior com os resplendores do Sol.

No dia, meus irmãos, em que chegar a Era de Regeneração; quando a luz houver espancado, para sempre, as sombras; quando o ódio houver desaparecido dos corações e quando a humildade for o apanágio de todos os espíritos, não haverá mais céu nem terra, porque todos estaremos, como um só rebanho, na Mansão Infinita de um só Senhor!


terça-feira, 25 de julho de 2017

Doutrinas


Doutrinas
por Heitor Luz
Reformador (FEB) Março 1942

É o mundo um vastíssimo palco, onde se debatem inúmeras teorias, onde se entrechocam multidões de temas, visando cada prosélito impor como melhor aquilo que pensa, aquilo que conquistou pelo raciocínio, ou pelo estudo.  

Predominam, em toda essa confusão, o materialismo, conceitos maus, tirados de raciocínios doentios, aberrações de consciências que não querem submeter-se à verdade.

Observando ou apreciando esse tumulto de ideias, vê-se que muitos irmãos se deixam ir na corrente de doutrinadores inconsequentes e incongruentes, que só propagam, como é natural, erronias e absurdos.

No que respeita ao Cristianismo, as interpretações falsas de seus ensinos deram origem a grande número de seitas, cada uma das quais se fez paladina de um Cristianismo a seu modo em que as ações, as obras de nada valem para a salvação espiritual, que apenas decorre da fé, ou da observância de determinados cultos exteriores.

Ora, é claro que a salvação não pode achar-se adstrita a uma modalidade de proceder, ou de considerar superficialmente as coisas, mesmo porque, em realidade, não há salvação, mas evolução, progresso, aperfeiçoamento moral. Salvação somente se poderia aceitar, se o Espírito no mundo, estivesse adstrito ao esforço por escapar a penas ou condenações futuras, a essas prisões fantásticas a que as religiões dão os nomes de inferno e purgatório.

Como tais prisões não existem, visto que, fora da terra, só inumeráveis outros orbes e o espaço Infinito onde todos eles se movem, segue-se que a evolução dos seres se tem de operar ou nos planetas, ou nos espaços que os rodeiam, ou seja: em planos diversos, inferiores e superiores, onde o Espírito Iabora por adquirir a perfeição a que todos se destinam. É o que demonstra a Doutrina Espírita, baseada nas revelações que eles, os Espíritos, constantemente fazem, há quase um século.

Não há lugares circunscritos, de penas ou de gozos, quais seriam, se reais, o céu o purgatório e o inferno das religiões dogmáticas. E não há, porque a pureza e a impureza dos sentimentos, fatores dos gozos e dos sofrimentos do Espírito, estão no seu íntimo, não no ambiente em que ele vive.

Assim, cada qual, na Terra, tem que procurar melhorar o seu eu, purificar o seu coração, reparando, segundo a doutrina de Jesus, os erros que haja cometido e não reincidindo neles. Se sente que lhe falecem as forças para essa obra de regeneração própria, tem ao seu alcance o recurso da prece, que lhe facultará as energias necessárias a vencer os seus impulsos para o mal e a dominar os seus instintos grosseiros.

Céu, inferno e purgatório são meras invenções dos homens, bem como a salvação unicamente pela fé, sem as obras: são criações humanas contrarias ao que se encontra nos Evangelhos.

Esta a verdade, fora da qual tudo são doutrinas fantasiosas, imaginadas pelos homens que, no seu comodismo, para não se darem ao esforço de trabalhar o seu íntimo, no sentido da evolução espiritual, pretenderam estabelecer um meio fácil de espalhar a bem aventurança e entraram a espalhar teorias contrárias às verdades evangélicas