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domingo, 16 de janeiro de 2022

A evolução dos seres

 

A evolução dos seres

por I. Pequeno (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Novembro 1944

             Posto que o próprio Allan Kardec, e com ele os Espíritos reveladores, tivesse julgado prudente condescender até certo ponto com os preconceitos do seu tempo, abstendo-se de pregar aberta e resolutamente a indefinita evolução de todos os seres, não transparece menos, quer no ensino dos Espíritos, quer nos comentários do Mestre a tal respeito, a insinuação, ora clara, ora velada, dessa grande lei. Ver “O Livro dos Espíritos”, parte 2ª, cap. XI, sobretudo os números 604 e 607.

            Já na “Revelação da Revelação”, dada a Roustaing, a explanação desse tema é feita com amplitude e sem tergiversações. Ver o volume 1º, nº 56, pág. 273 e segs.

             Leopoldo Cirne - Nota à página 315 do volume 1º de “Doutrina e Prática do Espiritismo”, (Edição FEB).


domingo, 9 de janeiro de 2022

O fim da pobreza

 

O fim da pobreza

por Cristiano Agarido (Ismael Gomes Braga)

Reformador (FEB) Fevereiro 1943


             A pobreza., as privações econômicas, a miséria são expiações e provas necessárias somente em mundos atrasados, verdadeiros purgatórios; como o foi a Terra até agora; são dores desconhecidas em mundos adiantados, onde só habitam Espíritos purificados. Pela evolução moral e intelectual dos homens, a pobreza desaparecerá da face da terra, porque o nosso planeta passará da categoria de mundo de expiações e provas, para a categoria de “mundo regenerador”.

             Este ensino dos Espíritos, que vem sendo repetido há oitenta anos, em múltiplas comunicações, está tendo a confirmação na progressão material. As descobertas da ciência, os triunfos da técnica, criando máquinas de produção cada vez mais rendosas, já permitem se produzam quantidades sempre maiores de todas as coisas necessárias à vida e ao conforto dos homens, ou, por outras palavras, a evolução intelectual do homem lhe vai permitindo vencer a pobreza e produzir tanta riqueza, que em certos momentos já o seu excesso causa perturbações. Igualmente a máquina de distribuição da riqueza.

            Criam-se novos veículos, novos meios de circulação dos bens por toda a superfície do planeta. Estabelecem-se assim a solidariedade econômica de todas as regiões pela permuta rápida e fácil de todos os bens materiais.

             Não necessitamos insistir sobre o aumento da riqueza da humanidade, porque está ao alcance de todos. embora nem sempre seja empregada para o bem. Por falta de evolução moral, mui frequentemente o homem emprega para o mal as forças ao seu alcance, causando sua própria infelicidade, em vez da felicidade. O aumento da riqueza é uma força muitas vezes usada com egoísmo, ocasionando grandes males. Para nos certificarmos disso, basta comparemos a quantidade de máquinas empregadas presentemente na guerra: navios, aviões, tanques, canhões, metralhadoras, com as armas usadas antigamente. Ver-se-á que a guerra moderna consome uma quantidade de riqueza com que não poderiam sonhar os guerreiros antigos.

          Apreciemos agora o que nos dizem os grandes Espíritos. Comentando o versículo do Evangelho em que Jesus disse: “Pobres tê-los-eis sempre convosco, ao passo que nem sempre me tereis a mim”, ditaram eles a Roustaing, em 1863, precisamente há oitenta anos, o seguinte:

           “Estas palavras do Mestre não foram compreendidas em espírito e verdade.

            “No que lhe concerne, ele alude ao seu aparecimento na terra, aos tempos e à duração desse aparecimento, para o desempenho da sua missão terrena, acorde aquela duração com as necessidades dessa missão. Alude também à duração da sua vida, humana ao ver dos homens.

            “Os que tomam sempre as suas palavras do ponto de vista das necessidades humanas, sem se lembrarem de que, antes de tudo, ele considerava as necessidades espirituais, falsearam estas: Pobres, tê-los-eis sempre convosco, atribuindo-lhe o pensamento, a afirmação, tão absurda e falsa, quão fatalmente retrógrada, de que a pobreza material há de ser sempre, eternamente, apanágio da Terra, da humanidade terrena.

            “Falando dos pobres da terra, Jesus não aludia especialmente àqueles que carecem de bens materiais, mas de todos quantos se encontram num estado de inferioridade qualquer, que necessita do auxílio, do concurso, do amparo dos homens de boa vontade. Suas palavras se referem às condições dos Espíritos, que uns são inferiores a outros em inteligência. Ele, pois, se referia não só aos que são materialmente pobres, mas também aos que o são moralmente e sobretudo aos pobres de inteligência.

            “No vosso planeta ainda inferior e em via de progresso, bem como em todos os outros igualmente inferiores, sendo a pobreza, tanto a material quanto a moral, uma consequência das provações, sempre haverá pobres de uma e outra categorias, até que esteja concluída a separação do joio e do trigo, isto é, que a depuração da Terra e da humanidade esteja completamente terminada pela separação dos bons e dos maus.

             “Lembrai-vos, porém, do que já diversas vezes temos dito: que da elevação de um planeta não decorre o nivelamento das faculdades.

             “Entre vós sempre haverá pobres, ainda quando do vosso mundo hajam desaparecido tanto a pobreza material, como a pobreza moral.

            Qualquer que seja o grau de depuração do planeta terreno, aí haverá sempre, num ponto ou noutro, Espíritos depurados, bons, mas menos adiantados do que outros. Esses são os intelectualmente pobres, aos quais os ricos em inteligência, em saber, darão com abundância o que possuem. Já temos dito e não devereis esquecer que, do ponto de vista intelectual, há sempre, entre os Espíritos, hierarquia, no tocante à ciência universal, mesmo quando todos tenham atingido a perfeição moral.

             “A pobreza material deixará de existir na Terra quando dentre vós desaparecerem todas as enfermidades morais que tendes de expiar renascendo continuamente. Despojei-vos, portanto, dos vossos vícios, quer advenham da carne, quer do Espírito, que deve dominar a matéria, pois que, do contrário, os felizes de hoje talvez sejam os pobres de amanhã.

             “O desaparecimento, a cessação completa da pobreza material, de maneira que cada um viva folgadamente do seu labor, será um sonho enquanto a vossa depuração moral não houver suavizado as vossas futuras expiações. As associações, as instituições de beneficência que mantendes são boas, porque provam em vós o desejo de fazer o bem, de socorrer vossos irmãos. Mas, sem desprezardes os socorros materiais, esforçai-vos por socorrer o moral dos homens. Podereis então dizer que a miséria material cessará no planeta terreno, quando dele for expulsa a miséria moral.

             “A esse tempo, prestando-se os homens mútuo e esclarecido auxílio, todos em comum trabalharão na obra comum. Quão longe, porém está essa era bendita em que haveis de entrar!

             “Preparai-vos, não obstante, para ela e fazei com esse objetivo todos os esforços, organizando, com os corações cheios de humildade e desinteresse, de justiça, de amor e de caridade, sociedades para o trabalho de ordem material, de ordem moral e de ordem intelectual. Que os “ricos” deem abundantemente aos “pobres” trazendo cada um a tais associações o tributo das faculdades de que possam dispor, a fim de que se espalhem e desenvolvam a educação e a instrução moral e intelectual, explicando aos homens e fazendo-lhes compreender: o amor a Deus acima de tudo e o do próximo como a si mesmos, as maneiras e os meios de praticarem esse duplo amor, de praticarem, observando a liberdade na ordem e a ordem na liberdade, o máximo de mutualidade, de solidariedade, de fraternidade, fonte e regra de todos os direitos e deveres, máximo que se formula nestes termos: um por todos e todos por um, em todas as associações, de qualquer natureza que sejam - comerciais, industriais, agrícolas, morais e intelectuais, compreendidas no rol destas últimas as literárias, as religiosas e as cientificas, em todas as esferas da atividade humana: individual, comum ou social.” (1)

             Como se vê, o caminho indicado pelos Espíritos é muito diferente do que pretendem seguir os partidos políticos e as lutas econômicas nas guerras de classe, porque ataca o mal pela raiz. A miséria moral tem que ser abolida em primeiro lugar, porque a miséria material é apenas um efeito daquela. Nem poderia ser de outro modo, visto que a reforma apenas externa seria mera ilusão. Conservando os mesmos vícios, os homens reconstituiriam sempre os mesmos males. O primeiro desses vícios a combater é o egoísmo que destrói todo o equilíbrio social. Fora de dúvida, porém, está que a pobreza desaparecerá da terra, E com a pobreza desaparecerão muitos outros males: ódios, lutas, opressão, traições, assaltos, prostituição, escravização, mercantilismo, jogo, suborno, fraudes, etc., etc.

             A pobreza moral ainda é grande mas a pobreza material já vai desaparecendo. Possivelmente, com o fim da presente guerra (*) igualmente se aproximará o fim da miséria material. Todas as energias, todos os elementos, toda a inteligência que estão produzindo material de guerra passarão a produzir nas indústrias de paz, e haverá o enriquecimento de todas as coisas necessárias à vida e ao bem-estar da humanidade. Será chegado o fim da pobreza. O mundo estará rico, porém, não feliz. A felicidade tem que ser conquistada mais lentamente. O enriquecimento do mundo será somente um passo a mais na conquista da felicidade.

 (1) Os Quatro Evangelhos, de J. B. Roustaing. Vol. III, pág. 385/7

  (*) Do blogueiro: Nosso prezadíssimo Ismael Gomes Braga colocou-se muito otimista neste trecho de sua bela mensagem. Estamos em 2022 mas ainda muito longe do cenário por ele descrito como possível para a nossa atualidade.

sábado, 1 de janeiro de 2022

O fim da pobreza

 

O fim da pobreza

por Cristiano Agarido (Ismael Gomes Braga)

Reformador (FEB) Fevereiro 1943

             A pobreza, as privações econômicas, a miséria são expiações e provas necessárias somente em mundos atrasados, verdadeiros purgatórios; como o foi a Terra até agora; são dores desconhecidas em mundos adiantados, onde só habitam Espíritos purificados. Pela evolução moral e intelectual dos homens, a pobreza desaparecerá da face da terra, porque o nosso planeta passará da categoria de mundo de expiações e provas, para a categoria de “mundo regenerador”.

             Este ensino dos Espíritos, que vem sendo repetido há oitenta anos, em múltiplas comunicações, está tendo a confirmação na progressão material. As descobertas da ciência, os triunfos da técnica, criando máquinas de produção cada vez mais rendosas, já permitem se produzam quantidades sempre maiores de todas as coisas necessárias à vida e ao conforto dos homens, ou, por outras palavras, a evolução intelectual do homem lhe vai permitindo vencer a pobreza e produzir tanta riqueza, que em certos momentos já o seu excesso causa perturbações. Igualmente a máquina de distribuição da riqueza.

            Criam-se novos veículos, novos meios de circulação dos bens por toda a superfície do planeta. Estabelecem-se assim a solidariedade econômica de todas as regiões pela permuta rápida e fácil de todos os bens materiais.

             Não necessitamos insistir sobre o aumento da riqueza da humanidade, porque está ao alcance de todos. embora nem sempre seja empregada para o bem. Por falta de evolução moral, mui frequentemente o homem emprega para o mal as forças ao seu alcance, causando sua própria infelicidade, em vez da felicidade. O aumento da riqueza é uma força muitas vezes usada com egoísmo, ocasionando grandes males. Para nos certificarmos disso, basta comparemos a quantidade de máquinas empregadas presentemente na guerra: navios, aviões, tanques, canhões, metralhadoras, com as armas usadas antigamente. Ver-se-á que a guerra moderna consome uma quantidade de riqueza com que não poderiam sonhar os guerreiros antigos.

             Apreciemos agora o que nos dizem os grandes Espíritos. Comentando o versículo do Evangelho em que Jesus disse: “Pobres tê-los-eis sempre convosco, ao passo que nem sempre me tereis a mim”, ditaram eles a Roustaing, em 1863, precisamente há oitenta anos, o seguinte:

             “Estas palavras do Mestre não foram compreendidas em espírito e verdade.

            “No que lhe concerne, ele alude ao seu aparecimento na terra, aos tempos e à duração desse aparecimento, para o desempenho da sua missão terrena, acorde aquela duração com as necessidades dessa missão. Alude também à duração da sua vida, humana ao ver dos homens.

            “Os que tomam sempre as suas palavras do ponto de vista das necessidades humanas, sem se lembrarem de que, antes de tudo, ele considerava as necessidades espirituais, falsearam estas: Pobres, tê-los-eis sempre convosco, atribuindo-lhe o pensamento, a afirmação, tão absurda e falsa, quão fatalmente retrógrada, de que a pobreza material há de ser sempre, eternamente, apanágio da Terra, da humanidade terrena.

            “Falando dos pobres da terra, Jesus não aludia especialmente àqueles que carecem de bens materiais, mas de todos quantos se encontram num estado de inferioridade qualquer, que necessita do auxílio, do concurso, do amparo dos homens de boa vontade. Suas palavras se referem às condições dos Espíritos, que uns são inferiores a outros em inteligência. Ele, pois, se referia não só aos que são materialmente pobres, mas também aos que o são moralmente e sobretudo aos pobres de inteligência.

            “No vosso planeta ainda inferior e em via de progresso, bem como em todos os outros igualmente inferiores, sendo a pobreza, tanto a material quanto a moral, uma consequência das provações, sempre haverá pobres de uma e outra categorias, até que esteja concluída a separação do joio e do trigo, isto é, que a depuração da Terra e da humanidade esteja completamente terminada pela separação dos bons e dos maus.

            “Lembrai-vos, porém, do que já diversas vezes temos dito: que da elevação de um planeta não decorre o nivelamento das faculdades.

            “Entre vós sempre haverá pobres, ainda quando do vosso mundo hajam desaparecido tanto a pobreza material, como a pobreza moral. Qualquer que seja o grau de depuração do planeta terreno, aí haverá sempre, num ponto ou noutro, Espíritos depurados, bons, mas menos adiantados do que outros. Esses são os intelectualmente pobres, aos quais os ricos em inteligência, em saber, darão com abundância o que possuem. Já temos dito e não devereis esquecer que, do ponto de vista intelectual, há sempre, entre os Espíritos, hierarquia, no tocante à ciência universal, mesmo quando todos tenham atingido a perfeição moral.

            “A pobreza material deixará de existir na Terra quando dentre vós desaparecerem todas as enfermidades morais. que tendes de expiar renascendo continuamente. Despojei-vos, portanto, dos vossos vícios, quer advenham da carne, quer do Espírito, que deve dominar a matéria, pois que, do contrário os felizes de hoje talvez sejam os pobres de amanhã.

            “O desaparecimento, a cessação completa da pobreza material, de maneira que cada um viva folgadamente do seu labor, será um sonho enquanto a vossa depuração moral não houver suavizado as vossas futuras expiações. As associações, as instituições de beneficência que mantendes são boas, porque provam em vós o desejo de fazer o bem, de socorrer vossos irmãos. Mas, sem desprezardes os socorros materiais, esforçai-vos por socorrer o moral dos homens. Podereis então dizer que a miséria material cessará no planeta terreno, quando dele for expulsa a miséria moral.

            “A esse tempo, prestando-se os homens mútuo e esclarecido auxílio, todos em comum trabalharão na obra comum. Quão longe, porém está essa era bendita em que haveis de entrar!

            “Preparai-vos, não obstante, para ela e fazei com esse objetivo todos os esforços, organizando, com os corações cheios de humildade e desinteresse, de justiça, de amor e de caridade, sociedades para o trabalho de ordem material de ordem moral e de ordem intelectual. Que os “ricos” deem abundantemente aos “pobres” trazendo cada um a tais associações o tributo das faculdades de que possam dispor, a fim de que se espalhem e desenvolvam a educação e a instrução moral e intelectual, explicando aos homens e fazendo-lhes compreender: o amor a Deus acima de tudo e o do próximo como a si mesmos, as maneiras e os meios de praticarem esse duplo amor, de praticarem, observando a liberdade na ordem e a ordem na liberdade, o máximo de mutualidade, de solidariedade, de fraternidade, fonte e regra de todos os direitos e deveres, máximo que se formula nestes termos: um por todos e todos por um, em todas as associações, de qualquer natureza que sejam - comerciais, industriais, agrícolas, morais e intelectuais, compreendidas no rol destas últimas as literárias, as religiosas e as cientificas, em todas as esferas da atividade humana: individual, comum ou social.” (1)

             Como se vê, o caminho indicado pelos Espíritos é multo diferente do que pretendem seguir os partidos políticos e as lutas econômicas nas guerras de classe, porque ataca o mal pela raiz. A miséria moral tem que ser abolida em primeiro lugar, porque a miséria material é apenas um efeito daquela. Nem poderia ser de outro modo, visto que a reforma apenas externa seria mera ilusão. Conservando os mesmos vícios, os homens reconstituiriam sempre os mesmos males. O primeiro desses vícios a combater é o egoísmo que destrói todo o equilíbrio social.

             Fora de dúvida, porém, está que a pobreza desaparecerá da terra. E com a pobreza desaparecerão muitos outros males: ódios, lutas, opressão, traições, assaltos, prostituição, escravização, mercantilismo, jogo, suborno, fraudes, etc., etc.

             A pobreza moral ainda é grande mas a pobreza material já vai desaparecendo. Possivelmente, com o fim da. presente guerra igualmente se aproximará o fim da miséria material. Todas as energias, todos os elementos, toda a inteligência que estão produzindo material de guerra passarão a produzir nas indústrias de paz, e haverá o enriquecimento de todas as coisas necessárias à vida e ao bem-estar da humanidade.

             Será chegado o fim da pobreza. O mundo estará rico, porém, não feliz. A felicidade tem que ser conquistada mais lentamente. O enriquecimento do mundo será somente um passo a mais na conquista da felicidade.

             (1) “Os Quatro Evangelhos”, de J. B. Roustaing, vol. III, pág. 385/7


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Novos horizontes

 

Novos horizontes

por Amadeu Santos

Reformador (FEB) Agosto 1942

             Desde o tempo em que, no pleno vigor da adolescência, depois de estudar a História da nossa pátria de origem, repelimos, por mendazes (enganadores) e contraditórios, os princípios básicos do catolicismo, os quais nos foram ministrados carinhosamente desde o berço e nos arrastaram às portas do dissolvente materialismo, aceitamos os postulados da Doutrina dos Espíritos como verdadeiros, fazendo-nos adepto sincero do Neo Espiritualismo.

            Mas, ainda passamos, dos 15 aos 22 anos, uma fase de quase indiferentismo pelas coisas relacionadas com a alma, multo embora já sentíssemos a chama sagrada da crença na imortalidade do Espírito, na lei das provações e no princípio maravilhoso das reencarnações, em que a Doutrina dos Espíritos baseia, a inflamar o nosso espírito, algo voluntarioso, chama que acabou por nos despertar dessa espécie de letargia que domina os seres naquela idade, fazendo nos interessássemos sobremodo pelos assuntos que falam diretamente ao cérebro e ao coração. Assim foi que, inesperadamente, nos vimos entregue ao proveitoso trabalho de estudar e proclamar sem rebuços, por todos os meios ao nosso alcance, as excelências inigualáveis da Terceira Revelação Divina.

            Várias vezes fomos chamados a dar testemunho da nossa fé raciocinada, respondendo, com argumentos convincentes e lógicos, a ataques impiedosos de detratores, nem sempre leais, do Espiritismo.

            E o fizemos, mercê de Deus, sempre com bom êxito, terminando por confundir os antagonistas exclusivamente porque defendíamos verdades inconcussas, que não por supostos méritos pessoais.

            Temo-nos por espiritista convicto, certo de que também o são quantos aceitam o Espiritismo, a doutrina cristã por excelência, compreendida no seu tríplice aspecto, filosófico, cientifico e religioso, em que pese a muitos confrades que sustentam só poderem ser espíritas os seres evoluídos, puros e perfeitos, como se a Terra seja lugar habitado por Espíritos dessa natureza! No nosso míope modo de ver, somente não são verdadeiros espiritistas os que, embora detentores do conhecimento de salvadoras verdades, não procuram corrigir-se, permanecendo escravos do erro e do vício.

            Entretanto, se bem sejamos espíritas de longos anos, não conseguimos ainda desvencilhar-nos de ideias preconcebidas, não raro de funestos efeitos.

            É que, possivelmente por ignorância, ou por influência do meio ambiente em que vivemos durante multo tempo, não nos dávamos ao trabalho de estudar a belíssima obra de J. B. Roustaing, intitulada “Os quatro Evangelhos”, chegando mesmo a nutrir prevenção contra ela.

            Só agora, passado largo período de aprendizado evangélico em fonte relativamente deficiente, é que conseguimos quebrar as algemas que maniataram o nosso raciocínio por tanto tempo, privando-nos do conhecimento e assimilação dos incomparáveis ensinos que se contém na portentosa obra mediúnica em apreço. E constatamos, cheio de admiração, quanta infantilidade e pequice (teima) havia na nossa rebelde teimosia, com o privar-nos, voluntária e displicentemente, de inestimáveis ensinamentos doutrinários.

            Novos horizontes se nos abrem agora à percepção espiritual, inundando de aurifulgente luz o nosso frágil espírito com o estudo paciente e criterioso de “Os quatro Evangelhos”.

            Roustaing nos ensinou a compreender um Cristo mais divino e mais humano!  Um Cristo soberano - um Cristo vivo!.

            Lamentamos haver perdido tanto tempo sem o identificarmos, como acabamos de fazê-lo, graças à obra de Roustaing. Penitenciamo-nos de não nos termos interessado a mais tempo pela leitura de obra tão grandiosa. quão edificante. Deixando à margem seus valiosíssimos ensinamentos, hemos (havemos) desprezado o auxílio o valioso de recursos incalculáveis, que nos teriam sido proveitosos, no mister dignificante da disseminação da Doutrina que nos é tudo na vida - o Espiritismo - a que nos temos entregado desde muitos anos. A lição, todavia, há de ser-nos utilíssima.

            Que o saibam os confrades desavisados, como nós o fomos a fim de que não tenham de lamentar-se mais tarde. Como medida acauteladora e prudente devem afastar do íntimo as ideias preconcebidas e personalistas. É o que lhes lembramos fraternalmente...


sábado, 18 de dezembro de 2021

Evangelização 1, 2 e 3


Evangelização – parte 1

por Geminiano Barboza

Reformador (FEB) 1º de Junho de 1916

             Bendita seja a Providência! Mil vezes bendita a Justiça de Deus!

            Neste momento rude e doloroso para o nosso mundo; nesta angustiosa fase da vida do nosso planeta, em que a alma humana se contorce e geme sob o peso de inumeráveis tribulações, eis que nos chega aos ouvidos o confortante eco de vozes animadoras. 

            É a “grande evangelização” que se propõe generalizar por toda a Terra; é a nova cruzada que se agita e se expande, a bem da dilatação dos santos Evangelhos. Exultemos.

            Parece que o infernal troar dos canhões mortíferos; o quadro lúgubre das devastações de cidades e dos campos transformados em “matadouros”, rubros ou impermeáveis por sucessivas camadas do sangue das vítimas da “cegueira humana”, e a visão das montanhas de cadáveres mutilados – segundo as notícias que a tantos meses nos transmitem o telégrafo e a imprensa; parece, dizíamos, conseguiram despertar na alma humana os sentimentos cristãos então subjugados pelos interesses, aniquilados pelas paixões e adormecidos pelos embustes.

            Por toda parte onde não domina a guerra, promove-se a propagação do ensino evangélico; isto é: distribui-se o “Pão do Espírito”.

            No momento em que isso escrevemos, comissões peregrinas visitam países, refundem elos de confraternização cristã, estabelecem bases para a propaganda ativa, criam íntimos laços fraternais, consolidam enfim o alicerce da “Grande Obra” do futuro.

            Dirão alguns dos nossos irmãos, mais ou menos radicais, mais ou menos sistemáticos: - “Que temos nós com isso, se somos espíritas e eles evangelistas?... A nós outros o que interessa é a propaganda espírita, não a evangélica.”

            A estes, porém, e tão somente a estes, respondemos:       

            Qual é a doutrina mater, a alma do Espiritismo, senão aquela mesma que deflui dos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo?

            Perguntai à maioria dos espíritas atuais de onde se transladaram para o Espiritismo e ficareis sabendo que as “fontes” que mais têm contribuído aqui no Brasil para a grandeza numérica do novo Credo são: Catolicismo e Evangelismo.

            E, uma vez que tratamos de doutrina, consenti que em nome dela lancemos aqui esta triste verdade, que deve ser conhecida, para ser tomada na devida consideração: - Reina ainda em nosso meio muita falta de crença e consequentemente muita falta de luz; por isso que, para o espírita, a crença é a lâmpada que gera a luz.

            Como deveis saber, o que dá firmeza à crença é a fé esclarecida, porque a fé cega é inconsistente e fanática.

            Ora, a fé esclarecida só se obtém por meio do estudo e da meditação, pelo exercício do pensamento e perfeita volição (decisão).

            Bem sabeis vós, como há por aí homens que se dizem espíritas e praticam o Espiritismo em flagrante desacordo com a doutrina.

            Por que assim procedem?... Porque não estudam.

            Assim sendo, é naturalmente lógico que vão ter a um dos estremos do triângulo fatal: - a obsessão, o fanatismo ou a degeneração. E disto existem, infelizmente, muitos exemplos.

            Voltemos, porém, ao ponto capital deste ligeiro estudo, que tão palpitante se nos apresenta.

            Já havemos dito e repetimos sempre que nos pareça necessário: o Espiritismo tem suas bases firmadas nos Evangelhos. Que o subordinemos à Nova Revelação, quer o separemos dela, o seu fundo religioso é sempre evangélico.

            Mas, se é verdade que o Espiritismo está destinado à delicada missão de Religião do futuro, certamente a Revelação Evangélica é parte complementar do Espiritismo; é, logicamente, parte integrante desse TODO como a alma é parte integrante do homem.

            Esta ordem de ideias faz-nos crer que: todo homem que firme seu estudo espírita no elemento religioso, não só reconhecerá na Nova Revelação o complemento essencial da doutrina espírita, mas também a porta essencial da mesma, porque constitui a parte científica e porque ali está realmente constatada a promessa do Divino Mestre quanto ao Consolador:

            - “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco.” (S. João cap. 14 v. 16)

            Prosseguindo, completa Jesus aquele pensamento no versículo 26:

            “- Mas, o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele nos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.”

            A propósito, lembraremos a advertência daquela insinuante parábola:

            “- Nada há encoberto que se não venha a descobrir e nada há oculto que se não venha a saber.”

            Pois bem: aquelas ponderações e advertências dão hoje testemunho do Consolador na Revelação Evangélica recebida pelo nosso irmão Roustaing.

            O Divino Mestre, porém, em sua santa sabedoria, em sua presciência celestial, pressentindo desde logo a contestação futura, a repelir o fruto da sua profecia, que é o mesmo fruto do seu Amor, cercou-o de sólidas garantias, expressando-se por diferentes modos, para tornar bem claro e completo seu pensamento divino envolto naquelas eloquentes parábolas.

            Por isso, encontramo-lo ainda em outro local do mesmo texto vertido nestes termos:

            “- Quando, porém, vier o Consolador, aquele Espírito de Verdade, que procede do Pai, que Eu vos enviarei da parte do Pai, ele dará testemunho de mim.”

            “- E também vos dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.”

            Bem sabemos quanto é difícil e arriscado dar interpretação ao pensamento profundo e sublime do humilde profeta de Nazaré, confiamos, porém, na magnanimidade do próprio Jesus, que bem conhece qual a intenção que nos impele a esse tentame de tanta responsabilidade.

            A Revelação da Revelação, que é a mesma que denominamos Revelação Evangélica, é de fato o Consolador prometido, que ficará eternamente conosco. Por isso fala de todas as coisas que o Cristo houve por bem ocultar durante sua passagem pela Terra, porquanto a humanidade não as poderia ainda compreender, nem havia oportunidade para tais revelações.

            Mas nem por isso deixou de declarar o Divino Mestre que:

            “-Tudo é dado a seu tempo.”

            Assim, pois, no tempo previsto e predito, o Espírito de Verdade, que simboliza a legião de Espíritos Bem-aventurados que constituem o Apostolado invisível, veio depositar nas mãos do homem esse erudito “tratado” da ciência espiritual extraído dos textos evangélicos, explicados com clarividente sabedoria.

            E, de fato, essa obra sublime, tantas vezes superior à concepção humana, tão refratária ao apagado registro do nosso pobre entendimento, fala-nos do Cristo como Ele falara do Pai; e, explicando o que eram os mistérios, faculta proveitosa noção de “ciência universal” - emanação direta da Sabedoria Divina. Dando testemunho do Cristo, ensina a conhecer Jesus na sua excelsa grandeza celestial - não como sendo Deus, mas como fiel intérprete do pensamento e da vontade do Criador.

            A Revelação Evangélica, extraída dos textos sagrados  por Espíritos competentíssimos como sejam os próprios Evangelistas, teve de fato o testemunho dos Apóstolos e de Moisés, um dos signatários. E assim é que, após a assinatura dos Arautos da Revelação, lê-se essa significativa anotação: “- Com assistência dos Apóstolos”.

            Por que vinham os Apóstolos assistir aos Evangelistas no desempenho da sua missão reveladora?...  Porque “das palavras de Jesus nem uma só se perde.” Eles davam testemunho do Divino Mestre, para que completa fosse a verificação da profecia do Filho de Deus, para que pudesse o “Senso humano”, em suas investigações, descobrir a Verdade.

            A Revelação é assim a fina emanação dos Evangelhos, de onde tirou a essência; a parte integrante do Espiritismo, de cujo corpo é a alma.   

            Por conseguinte, todo o espírito sincero, que deseja progredir deve beber instrução naquela opulenta fonte de sabedoria, a fim de fazer-se apto ao bom desempenho de sua árdua missão: - EVANGELIZAR.

            E eis que chegamos ao ponto culminante do presente estudo: a evangelização.

            Para o espírita, Jesus é o Divino Modelo, Jesus é o Divino Mestre, Jesus é o Divino Pastor.

            Pois bem: - Como Modelo, deixou o seu exemplo; como Mestre, deixou o seu ensino; como Pastor, mantém vigilância e observa atento quais as ovelhas que ouvem a sua voz e procuram encaminhar-se ao Aprisco do Senhor.

            Por isso mesmo, parece-nos de real importância relembrar sempre algumas das suas preciosas advertências, como estas:

            “- Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida.”

            Em boa lógica, diz-nos o nosso Salvador: procurai-me e descobrireis a Verdade e esta vos conduzirá à Vida.”

            “ - As ovelhas do meu rebanho ouvem a minha voz e o seguem-me.”

            Sabemos quanto foi Jesus humilde e dócil, em atenção ao Pai Celestial, pelo santo amor que lhe votava, procuremos imitá-lo e Ele reconhecerá que somos seus amigos.

            “- O meu preceito é este: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.”

            A lógica deste preceito é tão clara, tão pura, tão bela, que apenas temos que deplorar nossa incapacidade moral para o exercício de preceitos como este. Por isso mesmo maior deve ser nosso empenho na remodelação dos sentimentos.

            Meus amigos, o momento é de ação, porque as palavras de Jesus convertem-se em fatos. Apliquemo-nos ao amor espiritual, esse amor que reabilita o Espírito, e teremos glorificado no amor nosso Divino Mestre.

Evangelização – parte 2

por Geminiano Barboza

Reformador (FEB) 16 de Junho de 1916

             Esse prurido evangelista da parte dos cultores da “letra” da Escritura é providencial, é valioso concurso prestado aos nossos sucessores.

            Bem sabeis que a Seara é grande e os operários poucos. Bem conheceis a parábola de Jacó.

            Nada sucede no mundo sem causa.”

            É isso mesmo.

            São chegados os tempos da “grande evangelização”. Mas, os espíritas discutem ainda a autenticidade de Revelação Evangélica, em vez de estudarem os Evangelhos em Espírito e Verdade, a fim de se habilitarem à prática do ensino espiritualista na sua forma definitiva.

            A disseminação do ensino dado sobre a letra é, pois, o desbravamento do caminho por onde seguirá de futuro o Espiritismo, no desempenho de sua grande missão.

            Convém que não esqueçamos o encadeamento da orientação religiosa, cujo “marco inicial” é Moisés. Sabeis que Jesus teve o seu caminho aparelhado por João Batista e que o ensino material precedeu o espiritual, como devia ser, segundo as leis naturais e as condições do elemento humano; de outro modo tornar-se-ía impraticável. O próprio Jesus cedeu ao império das circunstâncias. Não convinha a menor violência contra a consciência humana nem forçar a evolução natural do homem. Doutrinou, pois, Jesus, segundo a letra. Porém, escrito está:

            “- A letra mata, o espírito vivifica.”

            Mas estará a humanidade a modo de receber o ensino evangélico em Espírito e Verdade?

            Seria absurdo afirmar, quando vemos ainda entre nós tanta relutância na aceitação da Nova Revelação, como se quizéssemos imitar os escribas e fariseus em relação ao Messias.

            Não obstante, as profecias continuam  a verificar-se. O primeiro “Ai” do Apocalípse está evidenciado, porquanto o seu eco repercute por toda parte. E isto lembra-nos mais esta parábola profética.

            “- Porque se levantará nação contra nação “reino contra reino”; e haverá terremotos por diversas partes e fome. Essas coisas não serão mais do que o princípio  das dores.” (v. Marcos, cap. 13, v. 8)

            E após várias considerações, pondera o Mestre amigo, no versículo 23:

            “- Estais vós, pois, de sobreaviso, olhai que vos preveni em tudo.”

            O Evangelho de S. Mateus, porém, é neste assunto um tanto mais explícito.

            - Vede cap. 23, versículos 3 a 13; e o versículo 14, que assim se exprime:

            “- E será pregado este Evangelho do Reino, em testemunho a todas as gentes, e então chegará o fim.”

            Nada há, pois, a estranhar que, chegados os tempos, viesse o Consolador “ensinar todas as coisas”; isto é: dizer as coisas que Jesus dissera porque o “Senso humano” não as poderia ainda compreender nem suportar.        

            Dado o Consolador, começam as manifestações dos fatos característicos do período inicial da fase adventícia. E logo ao começo do século vigente torna-se tumultuária, agitada e ameaçadora a situação do planeta, revelando em fatos consecutivos um regime anormal que cada vez mais se agrava. Mas o momento atual define-se categoricamente; as profecias convertem-se em fatos. O primeiro “Ai” do Apocalípse ecoa sobre a Terra.

            Há, entretanto, a considerar que, muitas das ovelhas do Senhor distanciaram-se por demais do caminho do Aprisco; e no campo das idéias equívocas em que se internaram não se apercebem do perigo iminente em que se internaram não se apercebem do perigo iminente que as ameaça, porque, preocupadas com as coisas de sua predileção, não veem que o seu “dia” extinguiu-se e que estão em plena noite.

            Essa é a noite da consciência desviada da Luz da Verdade e assim transviada da senda do bem.

            É urgente, pois, fazer chegar a luz aos que estão em trevas.

            Se o Divino Mestre manda dar de graça o que de graça nos foi dado, agitemos o facho divino, para que se derrame a luz por toda a parte e possa aproveitar a todos. Façamos ouvir a voz do Bom Pastor, transmitindo-a como recebemos.

            Tudo parece indicar a oportunidade do testemunho evangélico pela disseminação da doutrina do Divino Mestre.

            Se muitos de nossos irmãos se preparam para a grande pregação, “dentro da letra”, preparemo-nos também nós para a grande evangelização em Espírito e Verdade.

            Não negligenciaremos, meus amigos, porque, quando todo o mundo estiver de posse de uma boa noção do ensino evangélico, facilmente colherá o Espiritismo adeptos em profusão por toda a parte.

            A propaganda espírita será tanto mais eficaz quanto mais evidenciar a supremacia dos Evangelhos.

            Já sabemos que o fim máximo, o objetvo principal da missão espírita é a regeneração da espécie humana, pelo doutrinamento e pelo exemplo.

            Ora, devemos convir que o doutrinamento evangélico, segundo a Nova Revelação, isto é - em Espírito e Verdade, constitui uma nova ciência, que determinaremos “espiritualista”, porquanto define o Espírito e instrui sobre sua origem, seu destino e seu fim.

            Porém, embrionária como se acha ainda a nova ciência, visto como não foi compreendida ainda a Nova Revelação, pelo natural receio que em muitos há despertado, urgente se faz atrair a atenção da família espírita em geral para as páginas daquele “compêndio” da Ciência  Universal, cujo estudo se impôs, porque todos devemos conhecê-lo.

            Por mais inverossímil que pareça, esta é, entretanto, uma das fulgurantes lições que a Revelação oferece - a persuação da ciência universal - suprema conquista do Espírito.

            Ora, de duas uma: ou o Espírito evolui para a perfeição, e neste caso terá de elevar-se tanto em “sabedoria” quanto em “pureza” – como ensina a doutrina e a Revelação confirma: - ou o Espiritismo pode exonerar-se do labor da aprendizagem, e neste caso, a própria doutrina espírita nos vem ilidindo quando nos fala de perfeição e pureza.

            Mas vós, espíritas, estais, com justa razão, convencidos de que, a doutrina dada a Allan Kardec, venerando Mestre, é realmente verdadeira em seus princípios fundamentais.

            O que é preciso definir é isto: - a Kardec foi dado o ensino preliminar, a Roustaing foi dado o ensino superior do Espiritismo; a um foi dado a filosofia espírita, ao outro a ciência espiritual, o primeiro foi o fundador, o segundo o confirmador do Espiritismo. Dias virão em que essas verdades penetrarão em cheio na consciência de todos os espíritas.

            Quanto a nós, já sentimos cheia nossa alma dessas imponentes verdades; razão por que abraçamos com igual respeito, com igual carinho, com igual amor, a doutrina de Kardec e os Evangelhos de Roustaing.

            E é essa convicção que nos impede a convidar nossos irmãos a esse batismo de luz que por aquele meio nos envia o Divino Mestre como enviara outrora aos Apóstolos o Espírito Santo.

            Já são tantas as vezes, meus amigos, que nos havemos feito ingratos para com o nosso Criador e o nosso Redentor; sejamos desta vez um pouco mais prudentes, quando vemos já em ativa aplicação as leis reinvidicadoras do Direito Divino.

            Nós somos os servos, Eles são os Senhores... Ora, os espíritas exaltam a bondade infinita do Criador (e nisto fazem muito bem, porque constatam a verdade que se vem revelando desde Abraão), mas, se um espírita duvida da mesma bondade infinita do Senhor, dando por apócrifa a obra do Espírito Santo, faz nuito mal, pois além de outras falhas revela falta de fé.

            Refleti bem.

            “- É pelo fruto que se conhece a árvore.”

            Isto, que os Evangelhos ensinam, igualmente nos ensinam os espíritos.

            “ - A letra mata, e o espírito vivifica.

            Assim dizem os Evangelhos e igualmente  os espíritos.

            “-Tudo é dado a seu tempo.” – Jesus o disse os Espíritos confirmam.

            Aí temos, meus amigos, três importantes dados, excelentes padrões de aferição perante o “senso espírita.”

            Por conseguinte, sabendo o espírita que a bondade de Deus é infinita; que é ilimitado o Amor do Divino Mestre; sabendo que “os tempos são chegados” e que – “das palavras de Jesus nem uma só se perde”; por que duvidar da assinatura dos Evangelistas, da probidade de Roustaing e, consequentemente, da autenticidade da Revelação?

            Em que consiste a incompatibilidade da Revelação perante o critério, a lógica, a razão e bem assim perante a doutrina espírita? - Vagas pretenções; idéias preconcebidas.

            Entretanto, a advertência do Cristo é clara:

            “- Não é o discípulo mais que o Mestre, nem o servo maior que seu senhor.”

            Ora, os arautos da Revelação alegam que as Verdades evngélicas foram mandadas restabelecer “à ordem do Divino Mestre e vontade do Pai.” Logo, temos aí o “Mestre e o “Senhor”.

            E basta:                                                    

            O que, porém, não basta é o ensino espírita truncado, incompleto, desviado do seu curso. A responsabilidade espírita é tremenda; por isso mesmo, a sua orientação deve ser a mais perfeita e segura.

            O momento é de ação e a ação deve ser espiritualista, com a mais viva expressão evangélica, como convém nesses dias de marcha acelerada da evolução do planeta, em que as profecias se convertem em fatos.

            É tempo de lançar as sementes evangélicas por toda a seara de Jesus.  

           Evangelização – parte 3

por Geminiano Barboza

Reformador (FEB) 16 de Julho de 1916

 

            O excesso de prudência tem arrastado muita gente a erros deploráveis.

            O excesso de zelo tem motivado lamentáveis crimes.

            Em tudo, enfim, é sempre mal o excesso, porque no excesso está o perigo; mas esse perigo pode ser evitado pela  prudência sensata e criteriosa que pôe peias no excesso.   

            Vigiai e orai (recomendou o Divino Mestre) para não cairdes em tentação, porque o espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca.”

            E disse!...

            Quanto mais dilatamos o pensamento  pelo vasto campo de orientação que se nos depara naquela advertência, tanto mais forte sentimos a necessidade de estudar os Evangelhos em espírito e verdade.

            De fato, meus amigos, os espíritas têm necessidade de permanecer vigilantes e conservarem o pensamento em prece... Os inimigos são muitos e as tentações inúmeras. Um momento de distração basta para sermos colhidos por uma cilada... Há, pois, necessidade de vigiar sempre, sempre e manter a prece no coração.

            O espírita não deve esquecer jamais que: a facilidade da obsessão corresponde à facilidade do desmando; e isto evidencia o valor da prece e da vigilância.

            Mas não pairam aí nossas necessidades morais; o espírita precisa submeter-se à disciplina doutrinária, isto é: elevação moral, sentimento de humanidade, docilidade de coração etc., a fim de ser amparado, guiado e auxiliado eficazmente.

            Se assim houvessem os escribas procedido, talvez tivessem reconhecido o Messias, com o auxílio de João Btista, cujas palavras foram bastante expressivas em relação ao Cristo, quando interrogado pelos sacerdotes enviados pelos judeus, supondo ser ele o Messias prometido.

 

            “- Eu sou voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías”:

            Isto disse o Batista, depois de haver dito que não era Cristo; nem Elias nem profeta. Mas, também lhes havia dito João outras coisas que lhes podia esclarecer. Eles, porém, não ligaram importância, porque esperavam alvíçaras mais positivas, porquanto interpretavam a Escritura “ao pé da letra”.       

            O próprio Jesus em muitas de suas parábolas, deixara transparecer a originalidade do seu ser; e os atos maravilhosos que pratica ra davam fiel testemunho da essência s

            Mas, os sábios de então, o Sumo Pontifice, os doutores da igreja, os escribas e fariseus, não viam no Rabino mais que um ousado impostor, um mago aventureiro, um embusteiro audaz, um aliciador de homens, subversor da ordem e contraventor das leis.

            Procederiam de boa fé?...

            Alguns talvez; a maioria não. Verdade é que se achavam todos sob o domínio da confusão proveniente do conflito entre os fatos e a Escritura; e por mais que consultassem a “letra”, não conseguiram tirar a conclusão lógica das Escrituras conjugadas com as lições dos fatos... Por que?... Porque não eram sinceros, mas hipócritas sofismadores, cínicos exploradores da boa fé alheia.

            De costas voltadas para a Luz, como se haviam colocado, tornara-se para eles inacessível à Verdade. E, assim, reduziram a “servo indigno” o que era o seu Senhor; converteram em asqueroso réu o seu Juiz Supremo.

            Não obstante, a Missão terrena do Filho de Deus    fora consumada, coroada  pela Resurreição, que é a glorificação  do Filho no Amor do Pai e a glorificação do Pai no triunfo do Filho.

            Elevado Jesus ao seio do Pai; baixou o Espirito Santo sobre os Apóstolos, a fim de consolidar o Apostolado; foi fundada a igreja cristã, que tantos beneficios trouxe ao mundo enquanto durou aquela virtuosa plêiade de homens simples e bona, que eram o sustentáculo da Verdade Messiânica.

            Na Terra, porém, tudo é relativo e efêmero. Os Apóstolos tiveram de volver ao amoroso seio do Divino Mestre e um novo Apostolado se foi constituindo a seu modo. E dentro em breve, os novos levitas crismaram a igreja de Jesus e surgiu em seu lugar a Igreja Católica Apostólica Romana.

            Começou aí a nova orientação, a nova erudição religiosa: surgiu a hierarquia eclesiástica, vieram os concílios e com eles as novas criações – os dogmas, os sacramentos, as relíquias, os mistérios da igreja e, enfim, todas as criações hoje vulgarizadas e escudadas na eterna ameaça do imperioso preceito: “Fora da Igeja não há salvação.”         

            Entretanto, os Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo jaziam sequestrados; as advertências do Divino Mestre eram esquecidas; os ensinos religiosos eram dados calculadamente, trasfigurados, sofismados e até controvertidos.

            Mas, paremos aqui, não devemos ir mais longe; o sentimento de piedade impõe-se e aliás não somos delatores. Esse estado de coisas, porém, perdura ainda, pode ser averiguado.

            Não é pretensão nossa condenar a igreja, que sabemos de antemão condenada por quem de direito; queremos apenas demonstrar a razão do equívoco, da confusão, da insensibilidade, da cegueira, endim, que lhe faz ver no Espiritismo tão perigoso elemento para o bem estar da humanidade, como via a igreja judaica, na doutrina do Cristo, elemento perigoso ao bem estar do povo israelita.

             A razão é simples, meus amigos: as idéias e sentimentos são análogos, não pode deixar de haver analogia na prática.

            Nós, porém, não somos juízes, deixemo-los. Mas, aproveitemos os exemplos que de lá veem, não para incentivo nosso, mas para escarmento; portanto, averiguado está: em corações corruptos não se aninham sentimentos nobres; em inteligências votadas à pervenção não se abrigam pensamentos puros; pelo mesma razão porque – “não põe Deus e a Verdade nos lábios do mentiroso.”

            Por conseguinte, os espíritas, cuja responsabilidade é bem maior, porque – “muito se pedirá a quem muito se houver dado” -  os espíritas devem tributar sinceramente a mais elevada consideração às advertências do Divino Mestre.

            Os primeiros Apóstolos preservavam-se do mau fermento, preservaram na fé, conservaram-se fiéis aos preceitos e advertências; - triunfaram das perrfídias do mundo. Os escribas, porém, insuflados de sabedoria, tradições e idéias, tombaram vencidos pelas paixões.  Os sucessores dos Apóstolos, graças à sua ciência reformadora, arrastaram a igreja à falência moral; e os seus continuadores atuais, em nome das tradições e da infalibilidade da Igreja, declaram guerra ao Espiritismo.

            Em face de tais exemplos, qual deve ser a orientação dos espíritas?... A mesma dos eribas?... A dos católicos ortodoxos?

            Não, meus amigos, a dos Apóstolos, que sustentaram a orientação do Nazareno, iluminados pelo Espírito Santo.

            E não possuem os espíritas a palavra do Espírito Santo dada por escrito na Terceira Revelação?... Sejam, pois, os espíritas criteriosos, para que idéias equívocas não venhm perturbar a placidez do “espírito de doutrina” que deve manter a pureza do nosso ambiente. Nada de paridarismo, porque, segundo afirmou S. Paulo, o fundamento é só um: Nosso Senhor Jesus Cristo.

            Ora, sabeis que o Divino Mestre enviou aos Apóstolos o Espírito Santo, conforma prometera. Por que duvidar do Consolador trazido pelo Espírito de Verdade, que importa também promessa sua?...

            Pois não manda Ele aos novos escolhidos os seus mensageiros a lhes aclarar o entendimento, robustecer a fé e confortar a alma?

            Que mais resta a exigir para erguer nossa crença?... A presença do próprio Jesus?... Novo prodígios e milagres?... Mas, então não somos espíritas, semos friseus boçais... Não merecemos a oferta magistral do Consolador.

            Erguei-vos, ó almas cristãs que estais de boa fé; erguei-vos à altura do conceito que a magnanimidade do Altíssimo houve por bem dispensar-nos em cumprimento da promessa de seu amado Filho.

            O Evangelho recomendado aos espíritos é o Evangelho comentado e explicado em Espíritoe Vedade pelos Espíritos do Senhor; desprezá-lo equivale renunciar o próprio Jesus, cuja palavra relembramos:

            “- Quem me despreza, despreza Aquele que me enviou.”

            Em suma: a ordem atual, segundo orientação dos mensageiros do Além, é o estudo dos Evangelhos, é a disseminação da doutrina evangélica.

            Porém, esses mesmos mensageiros dizem mui claramente:

            Estudai os Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo em Espírito e Verdade.”

            Ora, não havendo por enquanto outra obra que possa ser assim classificada senão a Revelação Evangélica recebida pelo nosso prestigioso irmão Roustaing, para ela, creio, devem convergir nossas vistas.

            Vós outros, porém, não sois crianças abandonadas; possuis mediunidade e viveis sob a auspiciosa direção de vossos guias e protetores; se a voz da consciência não é bastante, consultai-os.