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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Vigilância e União

Vigilância e União

A Redação

Reformador (FEB) 1º de Fevereiro de 1920

                 Nada perspicazes ou muito desatentos seríamos se, notando a marcha prodigiosa em que se vai pelo mundo o Espiritismo, não percebêssemos que a esse fato incontestável corresponde um outro de natureza a reclamar o maior cuidado, a máxima atenção de todos os que sinceramente desejam e procuram caminhar pelas novas veredas que os mensageiros celestes vieram abrir à humanidade, facultando-lhe sair dos escuros subterrâneos morais onde, desorientada, se perdera.

                A medida que essa doutrina de salvação se difunde, à proporção que sob a ação desvelada dos enviados de Jesus revivesce pujante a árvore portentosa do Cristianismo, à medida que a sua fronde luminosa emerge da floresta intrincada de erros, de falseamentos, de deturpações que em torno dela de eriçou, fazendo-a quase de todo desaparecer, redobram de esforços aqueles cujas energias e atividades espirituais se aplicam constantemente em fazer mais e mais densas, ao nosso derredor, as trevas em que eles se comprazem.

                Sentindo-se fracos para a luta franca, a peito aberto, contra as falanges do bem, por lhes faltar um broquel, impossível de encontrarem que os protejam contra os raios fulgurantes da verdade, que é luz porque é divina, eles se atiram contra as pobres ovelhas desgarradas que, na Terra, ensaiam os primeiros passos em direção ao redil santo. Socorrem-se então dos ardis mais engenhosos, das tramas mais sutis para a consecução de seus fins, seguros de poderem contar a seu favor com as nossas imensas fraquezas, com as paixões que ainda em nós fervilham e, sobretudo, com a vaidade, produto do orgulho e do egoísmo, que ainda, com verdadeira insânia, tanto cultivamos.

                Certo daí nenhum prejuízo advirá para causa excelsa contra a qual, cegos e desvairados, eles se levantam. Corremo-lo, porém, e grande, enorme, nós outros, todos quantos, acudindo ao convite dos servos dedicados do Senhor da vinha, nos termos alistado entre os trabalhadores dela.

               Quão triste será para os nossos espíritos, despertando no Além, verificarem que, por culpa exclusivamente  própria, cegaram com a luz  que lhes era dada para que se ques  lhes era dada para que esclaresse; quando reconhecerem que mais uma vez colocaram debaixo do alqueire a luz verdadeira, para se deixarem guiar por uma  luz falsa que, apagando-se, tornou mais profunda as sombras que já os envolviam; quando observarem que mais distanciados  se encontram da meta que deviam colimar e esmagados ao peso de resonsabilidades grandemente acrescidas!

            De que não divagamos poderão certificar-se os que se decidama atentar, e são felizmente muitos os que se decidem a atentar, e são felizmente muitos os que o fazem, em fatos que se vão produzindo com uma frequência por si só bastante para que  não passem despercebidas, embora aapresentem modalidades diversíssimas.

            Citemos por agora, como dos mais salientes, como dos que melhor caracterizam a sutileza dos ardis a que acima nos referimos, o das inovações doutrinárias. De toda parte surgem, a miúde, comunicações ou séries de comuicações mediúnicas em que, de par com a confirmação de alguns dos postos capitais da Doutrina Espírita, se deparam ao leitor, numa linguagem por vezes capiciosamente elevada, vestida com uma roupagem de sofismas bem urdidos, as proposições mais perigosas e irraccionais das inovações doutrinárias.

            Sob a relva desses vergéis prenhes de encantos, onde os incautos se estasiam com os matizes e o perfume das flores, onde a leveza e luminosidade do ar entontecem, se esconde a venenosa serpente. Ai dos que por ela se deixarem picar.

            Não é, está claro, pelo temor do mal que possam causar as pastorais, os sermões e as ladainhas contra o Espiritismo, que de contínuo, com assistência notória, os bons espíritos, os nossos guias  abnegados, os nossos amigos e protetores invisíveis nos clamam: Vigiai! Vigiai! É que de lá do alto veem todas as armadilhas e conhecendo, como conhecem, os nossos compromissos se sentem tomados de aflição ao verem-nos, trazendo nos olhos do espírito a venda da vaidade, avançar descuidosos pelo relvado onde pululam os réptis.

            A luta cresce, dizem-nos eles, e crescerá ainda mais. É preciso, para que não sejamos vencidos, que em nós cresça também a vigilância; cumpre nos compenetremos cada vez melhor das tremendas responsabilidades que nos pesam, a fim de nos dispormos a combater sem tréguas aquela víbora que se aninha nos corações e nos imunizarmos pela prece contra as de de fora nos assaltem. Pela prece, porque a prece é o complemento da vigilância e é ao mesmo tempo meio indispensável de a exercermos com eficácia. A prece esclarece a razão.

            Tanto assim, que as vozes amigas que, do além, nos chegam não nos advertem dizendo apenas: vigiai, mas: Vigiai e orai, repetindo o que a seus discípulos recomendou Jesus, sem o qual o Espiritismo absolutamente não será a palavra do Espírito da Verdade.

            Pelos processos de que se valem o que antes de tudo procuram os inimigos da verdade é cavar sem pre e sempre mais funda a desunião em que, por mal seu, vive a família espírita. Já se faz tempo, se não quizermos ser os piores obreiros do aml, de nos constituirmos emrealidade, cônscios das responsabilidades que assumimos e dos deveres que nos correm, fatores do advento da frternidade no mundo. Essa a obra que nos está confiada no plano naterial, obra em que não cooperaremos de fato enquanto nos não tornarmos solidários, unidos pelo amor do pastor divino.

            Isso, porém, só lograremos quando, em vez de propugnarmos ideias ou epiniões pessoais, alcancemos que todas se apaguem aos nossos olhos sob a refulgência da personalidade sublime do Mestre dos mestres, tendo por escopo principal, senão único, praticar e pregar os ensinamentos que ele pregou e exemplificou.

            A luta cresce: cresça igualmente em nós o amor e a fraternidade, para triunfarmos com o Cristo que, esse, conosco ou sem nós, triunfará sempre.



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