Vigilância e União
A
Redação
Reformador
(FEB) 1º de Fevereiro de 1920
A medida que essa doutrina de
salvação se difunde, à proporção que sob a ação desvelada dos enviados de Jesus
revivesce pujante a árvore portentosa do Cristianismo, à medida que a sua
fronde luminosa emerge da floresta intrincada de erros, de falseamentos, de
deturpações que em torno dela de eriçou, fazendo-a quase de todo desaparecer,
redobram de esforços aqueles cujas energias e atividades espirituais se aplicam
constantemente em fazer mais e mais densas, ao nosso derredor, as trevas em que
eles se comprazem.
Sentindo-se fracos para a luta
franca, a peito aberto, contra as falanges do bem, por lhes faltar um broquel,
impossível de encontrarem que os protejam contra os raios fulgurantes da
verdade, que é luz porque é divina, eles se atiram contra as pobres ovelhas
desgarradas que, na Terra, ensaiam os primeiros passos em direção ao redil
santo. Socorrem-se então dos ardis mais engenhosos, das tramas mais sutis para
a consecução de seus fins, seguros de poderem contar a seu favor com as nossas
imensas fraquezas, com as paixões que ainda em nós fervilham e, sobretudo, com
a vaidade, produto do orgulho e do egoísmo, que ainda, com verdadeira insânia,
tanto cultivamos.
Certo daí nenhum prejuízo advirá
para causa excelsa contra a qual, cegos e desvairados, eles se levantam.
Corremo-lo, porém, e grande, enorme, nós outros, todos quantos, acudindo ao
convite dos servos dedicados do Senhor da vinha, nos termos alistado entre os
trabalhadores dela.
De que não divagamos poderão certificar-se
os que se decidama atentar, e são felizmente muitos os que se decidem a
atentar, e são felizmente muitos os que o fazem, em fatos que se vão produzindo
com uma frequência por si só bastante para que
não passem despercebidas, embora aapresentem modalidades diversíssimas.
Citemos por agora, como dos mais salientes,
como dos que melhor caracterizam a sutileza dos ardis a que acima nos referimos,
o das inovações doutrinárias. De toda parte surgem, a miúde, comunicações ou
séries de comuicações mediúnicas em que, de par com a confirmação de alguns
dos postos capitais da Doutrina Espírita, se deparam ao leitor, numa linguagem
por vezes capiciosamente elevada, vestida com uma roupagem de sofismas bem urdidos,
as proposições mais perigosas e irraccionais das inovações doutrinárias.
Sob a relva desses vergéis prenhes de
encantos, onde os incautos se estasiam com os matizes e o perfume das flores, onde
a leveza e luminosidade do ar entontecem, se esconde a venenosa serpente. Ai dos
que por ela se deixarem picar.
Não é, está claro, pelo temor do mal
que possam causar as pastorais, os sermões e as ladainhas contra o Espiritismo,
que de contínuo, com assistência notória, os bons espíritos, os nossos guias abnegados, os nossos amigos e protetores
invisíveis nos clamam: Vigiai! Vigiai! É que de lá do alto veem todas as
armadilhas e conhecendo, como conhecem, os nossos compromissos se sentem
tomados de aflição ao verem-nos, trazendo nos olhos do espírito a venda da
vaidade, avançar descuidosos pelo relvado onde pululam os réptis.
A luta cresce, dizem-nos eles, e
crescerá ainda mais. É preciso, para que não sejamos vencidos, que em nós cresça
também a vigilância; cumpre nos compenetremos cada vez melhor das tremendas
responsabilidades que nos pesam, a fim de nos dispormos a combater sem tréguas
aquela víbora que se aninha nos corações e nos imunizarmos pela prece contra as
de de fora nos assaltem. Pela prece, porque a prece é o complemento da
vigilância e é ao mesmo tempo meio indispensável de a exercermos com eficácia.
A prece esclarece a razão.
Tanto assim, que as vozes amigas
que, do além, nos chegam não nos advertem dizendo apenas: vigiai, mas: Vigiai e
orai, repetindo o que a seus discípulos recomendou Jesus, sem o qual o
Espiritismo absolutamente não será a palavra do Espírito da Verdade.
Pelos processos de que se valem o
que antes de tudo procuram os inimigos da verdade é cavar sem pre e sempre mais
funda a desunião em que, por mal seu, vive a família espírita. Já se faz tempo,
se não quizermos ser os piores obreiros do aml, de nos constituirmos
emrealidade, cônscios das responsabilidades que assumimos e dos deveres que nos
correm, fatores do advento da frternidade no mundo. Essa a obra que nos está
confiada no plano naterial, obra em que não cooperaremos de fato enquanto nos
não tornarmos solidários, unidos pelo amor do pastor divino.
Isso, porém, só lograremos quando, em
vez de propugnarmos ideias ou epiniões pessoais, alcancemos que todas se
apaguem aos nossos olhos sob a refulgência da personalidade sublime do Mestre
dos mestres, tendo por escopo principal, senão único, praticar e pregar os
ensinamentos que ele pregou e exemplificou.
A luta cresce: cresça igualmente em
nós o amor e a fraternidade, para triunfarmos com o Cristo que, esse, conosco
ou sem nós, triunfará sempre.
Pratiquemos e peguemos os ensinamentos de Jesus, nosso Irmão Maior.
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