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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Progressão da loucura

 
Progressão da Loucura

por Raul Silveira       Reformador (FEB) Julho 1972

             Cresce o número de desequilibrados.

            Nunca, em época alguma, tivemos tão grande quantidade de sanatórios e, em tempo algum, foi tão enorme a população que disputa avidamente um lugar para internação, a ponto de saturar todos os cálculos, os mais otimistas, elaborados para oferecer albergue transitório aos que caem no labirinto da alienação mental.

            Esses doentes, como ainda há quem o pretenda, não são fruto do Espiritismo.

            O Espiritismo, contrariamente às religiões materializadas que o apontavam como causa de loucura, tem voltado as suas vistas para esse campo de conflito da alma consigo mesma. É que, esse é, fundamentalmente, uma área da religião, já que a loucura ou a obsessão refletem a enfermidade do caráter, a ausência do divino dentro do coração.

            A loucura é produto do sacerdócio poluído.  

            O sacerdócio que se deixou contaminar pela ânsia do poder transitório, que transformou o seu púlpito num parlatório de indução ao sectarismo, que passou a examinar os frequentadores de seu templo de fé como clientes de sua profissão, que ajusta seus dogmas e preceitos ao gosto e ao sabor das circunstâncias - esse sacerdócio que se alheia ao ministério da fé e que abandona suas ovelhas ao sabor do mundo, é a geratriz primária da criação da delinquência espiritual.

            Se, apesar das paixões que dominam o homem, fosse o templo religioso a mensagem sublimada da Espiritualidade Maior, seja nesta ou naquela configuração ou província de fé - o homem se sentiria reajustado à sua verdadeira natureza e muitas atitudes que levam à demência seriam corrigidas no nascedouro.

            Na área espírita, no entanto, estamos fazendo por amparar esses que imergem nos braços da loucura, produtos de um desvio religioso, ao mesmo tempo que oferecemos o antídoto contra tais enfermidades, mostrando ao homem que seus conflitos íntimos serão solucionados com mais espiritualização e menos materialidade, mais humildade e menos orgulho, mais amor e menos egoísmo - jamais permitindo que a Doutrina se reduza ao acalento dos apetites humanos.


domingo, 27 de novembro de 2016

Religião



Religião 
Raul Silveira
Reformador (FEB) Brasil Espírita Outubro 1971

            Algumas vezes ouvimos afirmações curiosas:
            - Religião é fuga das lutas da vida!
            Talvez, quem sabe, o autor da frase, ou seu repetidor, apenas conheça religião pela expressão de dogma, culto, ritual, paramento, as alfaias, enfim, com que revestimos indevidamente o Cristianismo, no curso de dois milênios.
            O sentido lato de religião, no saneamento que o Espiritismo vem fazendo, no fluir destes cem anos, é uma total oposição ao estagnamento da alma nos átrios dos templos de fé.
            Religião está na Vida.
            Impregnada tão profundamente na vida, que a frequência a um templo religioso corresponde precisamente a um curso de moral, de caráter, de mutação profunda de conceitos, cujo aprendizado é para ser exemplificado no cotidiano.
            Kardec, com substancial razão, colocou sob o título do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo" a seguinte e lapidar afirmação: "Com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida".
            Esta foi, pela vez primeira, que se alertou aos leitores de um livro profundamente religioso que nada de seu conteúdo seria destinado à simples memorização ou repetição mecânica.
            Era para aplicar à vida.
            No trato com os amigos, no planear de negócios, no criar leis administrativas, no estudar a posição e a situação da sociedade, ao ser admitido como empregado ou colaborador numa empresa, ao interiorizar-se no autoexame de si mesmo - as máximas morais do Cristo apresentam um roteiro seguro, equilibrado, embora nunca de acordo
com quaisquer medidas de egoísmo ou de orgulho.
            Religião ou vida em sociedade, é o sentido.
            Vale o convite para reexaminar o tema.