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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Ficção? Simbolismo? Realidade?

 

Ficção? Simbolismo? Realidade?

Michaelus (Miguel Timponi)  

Reformador (FEB) Janeiro 1945

             As perguntas que constituem a epígrafe destas singelas observações têm já ocorrido a muitos dos leitores de Nosso Lar e de Os Mensageiros, as interessantes obras ditadas pelo Espírito de André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier.

            Na verdade, ao mesmo tempo que essas produções nos trazem sublimes ensinamentos, lições admiráveis de amor, fraternidade, resignação, renúncia e trabalho, advertem-nos da existência de um verdadeiro mundo espiritual, onde se processa e se exercita a atividade no incessante labor da purificação e da espiritualização dos seres encarnados e desencarnados.            

            Aparece, então, às nossas vistas, como se fora um país encantado, toda uma organização com os seus mais curiosos e precisos detalhes, com os serviços regulares de vigilância, assistência, postos de socorro, hospitais, aprendizados, sistemas de comunicações, etc. Um verdadeiro laboratório em que se examinam, atentamente, as condições das almas enfermas na escala graduada e infinita da ascensão espiritual. Dir se ia uma universidade com os seus diversos cursos, onde se adquirem os conhecimentos para as novas etapas da vida.

            Surge, igualmente, numa impressionante revelação, a existência de um mundo físico no plano espiritual com a sua vegetação própria, com os seus rios, com os seus campos, com os seus amplos edifícios, casas de habitação, etc., onde a vida prossegue em busca dos altos cimos da perfeição.              

            E através dessa leitura suave, em que tudo é descrito com singeleza e simplicidade, vêm à mente aquelas perguntas: ficção, simbolismo ou realidade?

            Temos aprendido que a verdade nos é dada progressivamente. A observação atenta da história da humanidade comprova esse asserto, quer nos domínios puramente científicos, quer nos domínios espirituais. Nada, pois, que surja na tela dos fatos ou dos fenômenos desconhecidos deve ser posto à margem como que desautorizado pelas verdades anteriormente reveladas. Devemos, então, seguir cautelosamente os conselhos doutrinários, que nos ordenam o exame minucioso e a análise rigorosa das coisas, fazendo-as passar pelo crivo da razão e da lógica.

            A primeira indagação do analista deverá ser no sentido da entidade comunicante.

            Quem é André Luiz? Um espírito. O seu nome terreno, o nome convencional que se perde e se esquece na memória dos tempos sem fim e de que tanta questão fazemos - não sabemos. Isso nada importa. Que necessidade temos nós, para julgar da substancialidade de uma mensagem, de saber há quantos anos ou séculos desencarnou o comunicante, quais os seus títulos e subtítulos, quais os seus méritos e as suas virtudes.

            Deveremos encarar a mensagem em si mesma, na sua essência, nos seus conceitos, nos seus pormenores.

            Ora, André Luiz é aquele mesmo comunicante que nos deu a lição magistral de como se opera nos domínios da fisiologia o fenômeno da comunicação, através da glândula pineal, cuja função especifica não foi claramente elucidada até aqui pela nossa ciência.

            O Dr. Luiz Guillon Ribeiro Filho, livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, na memorável conferência realizada perante um auditório seleto, demonstrou brilhante e convincentemente, nos mínimos detalhes, a precisão da mensagem sob o seu aspecto rigorosamente cientifico, não ocultando a sua grande admiração pelas verdades reveladas.

            Assim, nada se nos oferece que nos leve a suspeitar com fundamento da fonte donde emanam essas mensagens.

            O raciocínio lógico nos leva, por conseguinte, a confiar na entidade comunicante, máxime quando a comunicação se opera através de um médium, como Francisco Xavier, cujas conquistas espirituais formam uma sólida argamassa de resistência às liliputianas investidas dos obsessores encarnados e desencarnados.

            Mas, indagar-se-á: existem, de algum modo, revelações de outras fontes, que possam comprovar no todo ou em parte esses ditados de André Luiz?

            Em seus pormenores ou detalhes como vêm descritos em “Nosso Lar” e em “Os Mensageiros” ainda não conhecemos. Mas, na comprovação geral da existência de um mundo dos espíritos, onde se vive e se trabalha como num mundo de matéria, tal como nos narra André Luiz, já existem revelações.

            Desde logo, é necessário não olvidar, como nos ensinam os investigadores espíritas, que nós os encarnados não conhecemos todas as formas da matéria. A própria Ciência, após as experiências de Crookes, chegou a resultados surpreendentes quanto à divisão da matéria. Não se deve, observa Delanne, tomar a palavra imaterial no sentido absoluto, porque a verdadeira imaterialidade seria o nada.

            Por outro lado, sabemos que existe um perispírito, invólucro fluídico da alma, que não deixa de ser matéria. Nada, pois, nos deve causar admiração, porque nesse capítulo matéria só estaremos aptos a dar a última palavra depois que rolarmos pelas vidas sucessivas como rolam os astros nos Espaços infinitos e na eternidade dos tempos.

            Afirmamos que já existem revelações semelhantes. Temos em mãos um interessante livro editado pela Psychic Press, de Londres (Teachings of Silver Birch), contendo as mensagens recebidas de uma entidade, que se oculta sob o pseudônimo de Silver Birch:

            No capítulo Life in the Beyond (A vida no além), Silver Birch relata: “Não compreendeis ainda a beleza, como possa ela ser. Ainda não vistes a nossa luz, as nossas cores, os nossos cenários, as nossas árvores, os nossos pássaros, os nossos rios, os nossos regatos, as nossas montanhas, as nossas flores e, entretanto, o vosso mundo teme a morte.”

            E acrescenta: “Morrer não é trágico. Trágico é viver em vosso mundo."

            Depois de salientar o terror que temos pela morte, Silver Birch declara que começamos a viver precisamente quando morremos.

            Perguntado se o corpo que se usa no mundo espiritual é tão real e sólido como o que se deixa na Terra, respondeu: “Muito mais real e muito mais sólido, porque o vosso mundo não é absolutamente o mundo real. É apenas a sombra projetada pelo mundo espiritual. O nosso é a realidade e essa realidade somente será compreendida quando para aqui passardes.”

            Dentre muitas outras perguntas e respostas, cada qual mais curiosa e interessante, transcreveremos apenas as três seguintes, para comprovar o nosso ponto de vista.

            Existe apenas um mundo espiritual? - "Sim, mas com um número infinito de expressões, e a vida em outros planetas está compreendida como também a do vosso mundo, porque todos têm a sua expressão espiritual como em sua expressão física.”

            Existem divisas em sentido geográfico?

            - “Não geográfico, mas no sentido da escala mental, a qual é condicionada pela sua expressão física.”

            Significa isso que as divisas são feitas do mesmo modo que as separações entre as esferas que conhecemos?

            - “Sim. No mundo espiritual há diferenças durante certo tempo, até que ocorra a evolução além da que é condicionada por uma vida física."

            Resulta, desse modo, que as respostas de Silver Birch, coincidem com as revelações de André Luiz no tocante à existência de um mundo espiritual com a sua expressão também física, que é condicionada ao grau de evolução de cada um. Significa isso que no mundo espiritual há escalas transitórias, desde a que é formada pela “materialidade relativa” até a que é constituída pela espiritualidade absoluta.

            Isso mesmo se infere do nº XXXVII de “Nosso Lar” (A Preleção da Ministra) quando afirma que “Nosso Lar”, como cidade de transição, é uma bênção a nós concedida por “acréscimo de misericórdia”, para que alguns poucos se preparem à ascensão, e para que a maioria volte à Terra em serviços redentores.

            De resto, não se compreenderia que André Luiz, caso se tratasse de uma obra de ficção ou de simples simbolismo, não fizesse preliminarmente a necessária advertência, como tantas vezes sói acontecer em comunicações dessa natureza.

            Por último, Emmanuel, esse iluminado que já conhecemos, no Prefácio de “Nosso Lar” advertiu: - “Certamente que numerosos amigos sorrirão ao contato de determinadas passagens das narrativas. O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos. Quem não sorriria, na Terra, anos atrás, quando se lhe falasse da aviação, da eletricidade, da radiofonia? A surpresa, a perplexidade e a dúvida são de todos os aprendizes que ainda não passaram pela lição. É mais que natural, é justíssima. Não comentaríamos, desse modo, qualquer impressão alheia. Todo leitor precisa analisar o que lê.”

            Estamos, portanto, diante de uma realidade. E isso constitui mais um estímulo para os que buscam conhecer a obra divina através das suas leis eternas e imutáveis. A sabedoria é tão infinita como o infinito dos céus. Muito há que andar, muito há que meditar e observar até alcançarmos os mais altos planos espirituais.


sábado, 20 de novembro de 2021

Honra do Evangelho

 

Luciano dos Anjos

‘Honra do Evangelho’

por  Luciano dos Anjos

Reformador (FEB) Outubro 1962

                Não que os fariseus falassem de princípios tão infundados mas porque Jesus não lhes visse sinceridade no procedimento é que os exprobrava. E eles mesmos acabaram, por seus atos, constituindo-se em apropriada sinomínia de hipocrisia e da falsidade. A doutrina não era má nem absurda; eles é que a conspurcavam. Pior do que o irreligioso é o mau religioso; muito pior do que o anticristão é o falso cristão; muitíssimo pior que o anti-espírita é o espírita insincero. Há, naturalmente, dadas as nossas condições mesmas de encarnados, de criaturas falidas e ainda passíveis do erro, ma faixa perdoável de ações terrenas, dentro da qual nos movemos fora da Lei, por´m sem labeu profundo para o nossos destino e a nossa individualidade. Todavia, impossível considerar dentro dessa faixa, principalmente em relação àqueles que já têm o privilégio de conhecer a Doutrina dos Espíritos, determinados comportaentos de ordem moral, muito aquém da Honra do Evangelho. Que se não exija a supressão pronta do fumo aos que del já fizeram arraigado vezo; que se tolere até, sem exagero (numa recepção, por exemplo), o tradicional brinde festivo; consinta-se, ainda, a bem do nível proteico do organismo, a ingestão da carne; mas nunca, em condição alguma, sob nenhum pretexto, e título de nenhuma justificativa, o “hábito” vituperioso da poligamia! O mundo, na sua vertigem de maldade e de loucura – ou, antes, de ignorância e atraso, - aperfeiçoa e requinta dia a dia a técnica do vício e a cada tríquete é menos apto para diferencia-lo da virtude. Pior que isso: a maioria fez um pelo outro e inverte, inconscientee instintivamente, todos os valores espirituais. Hoje, tolo e “superado” é aquele que se mantém puro e vive exclusivamente para o seu lar e a sua família; inteligente e esperto, o que logra sustentar “com habilidade” a poligamia. E antevemos até – com pena, muita pena – o escárnio com que muitos irmãos nossos a estas alturas estarão dizendo, ainda que em voz íntima : - “Coitado... Está muito atrasado... Está fanatizado pela religião. Esse tempo já passou”...

             Entretanto, parece-nos não sobrar dúvida quanto à moral espírita no que concerne a isso. O Espiritismo não tolera o aviltamento do lar. Um espírita, mais do que qualquer outro, não está a altura da Doutrina se não é capaz de ser puro e conservar imaculado o seu lar. Há que se diga com sinceridade: a poligamia desonra o Evangelho.

             O lar – diz André Luiz em “Nosso Lar” – é o sagrado vértice onde o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável. É templo, onde as criaturas devem unir-se espiritual antes que corporalmente. Há na Terra, agora, grande número de estudiosos das questões sociais, que aventam várias medidas e clamam pela regeneração da vida doméstica. Alguns chegam a asseverar que a instituição da família human está ameaçada. Importa considerar, entretanto, que, a rigor, o lar é conquista sublime que os homens vão realizando vagorosamente.” E, mais adiante: “Lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma.” Em “Missionários da LuzAndré Luiz é ainda mais contundente: “A esposa infiel aos princípios nobras da vida em comum e o esposo que põe sua casa em ligação com o meret´ricio, não devemesperar que seus atodos afetivos permaneçam coroados de veneração e santidade. Sua relações mais íntimas são objeto de articipação das desvairadas testemunhas que escolheram. Tornam-se vítimas inconsciente de gruposperversos, que lhes partilham as emoções de natureza fisiológica, induzindo-as á mais dolorosa viciação. Ainda que esses conjuges infelizes estejam temporariamente catalogados no pináculo das posições sociais humanas, não poderão trair a miserável condição interior, sequiosos que ivem de prazeres criminosos, dominados de estranha e incoercível volúpia.”

             Mas, não apenas do ponto de vista moral cumpre ao espírita profligar tão torpe viciação. Os que estão mais familiarizados com as recentes obras ditadas do Além conhecem, sem dúvida, as consequências biológicas, psicobiológicas e metapsicobiológicas do ato da poligamia. Em “Ação e Reação”, comenta André Luiz: “O sexo no corpo humno é assim como um altar de amor puro que não podemos relegar a imundície, sob pena de praticar as mais espantosas cruendades mentais, cujos efeitos nos seguem, invariáveis, depois do túmulo.”  Em “Falando à Terra”, ensina-nos Romeu A. Camargo, através da mediunidade de Chico Xavier: “O corpo de sangue e ossos é simplesmente uma sombra da nossa entidade real e todas as nossas virtudes ou vícios a nós se atrelam além da Terra; pelo que, da cada qual depende o caminho aberto ou o desfiladeiro sombrio na sublime romagem para a Luz.”

             E não tentem justificar as traições à família com os exemplos tolos e pífios da incoercível explosão fisiológica das células sexuais! Se não bastasse a sublimação dos instintos sugerida pela escola freudiana, argumentaríamos, ainda com André Luiz, quando afirma em “Missionários da Luz”: “Por isso mesmo, os homens e as mulheres, cujas almas se vão libertando dos cativeiros da forma física, escapam, gradativamente, do império absoluto das sensações carnais. Para eles, a união sexual orgãnica vai deixando de ser uma imposição, porque aprendem a trocar os valores divinos da alma, entre si, alimentando-se reciprocamente através de permutas magnéticas, não menos valiosas para os setore da Criação Infinita, gerando realizações espirituais para a eternidade gloriosa, sem qualquer exigência dos atritos celulares.” Noutros trechos desta mesma obra: “Não seria possível, portanto, reduzir semelhante fundamento da vida universal, cirunscrevendo-o a meras atividades de certos órgãos do aparelho físico.” Finalmente, “No Mundo Maior”, explica o mesmo André Luiz: “A sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização.”

             Cumpre que se repita com frequência, ênfase e veemência: O Espiritismo nasceu para reformar o Homem. Se houvesse sido codificado apenas para dar novas fórmulas á adoração de Deus, convenhamos que o Catolicismo era bastante; se veio apenas para alargar os horizontes científicos da Terra, a metapsíquica ou a parapsicologia chegavam; se existe tão só para esquadrinhar os ramos da Filosofia, ficássemos com o pensamento socrático e platônico que talvez cumprisse melhor essa finalidade. Ou há quem julgue que tanta preocupação do Alto, tanta luta missionária, tanto sacrifício e tanto martírio permitiu-se para que o Homem saciasse a sua curiosidade pelo prenatural ou simplesmente para que se produzisse algum espetáculo de Deus para os nossos lindos olhos? Contato com os mortos, rapes, efeitos físicos, psicografia, transportes, materializações e um mundo de outras maravilhosas manifestações... apenas para deleite do homem que, em última análise, se tudo não passasse mesmo de um grande ‘show”, nem ao menos dera prova de merecimento, com o bom aluno que se aplica para poder ir ao cinema no fim da semana. Não! O Consolador não veio para isso! O Espiritismo nasceu para remodelar e transmutar o homem, renovado, reformado, remoçado, antítese do homem velho e deformado que aí está. Os princípios do Espiritismo visam a esse escopo, em que pese tudo o mais.  “O Espiritismo – fala Efigênio S. Vitor, em “Vozes do Grande Além”  - é um corpo de principios morais, objetivando a libertação da alma humana para a Vida Maior.” E Irmão X confirma em “Contos e Apólogos”: “Se você estima o Espiritismo prático, não olvide o Espiritismo praticado.” Ensina ainda o mesmo Irmão X em “Luz Acima: “O homem poderá rir com Voltaire, estudar com Darwin, filosofar com Spinoza, conquistar com Napoleão, teorizar com Einstein, ou mesmo fazer teologia com São Tom´s; entretanto, para viver a existência digna, há que alimentar-se intimamente de princípios sanificantes, tanto quanto entretém o corpo à custa do pão.” E dentro desses princípios santificntes, o primado é daquele que diz respeito ao comportamento do homemou da mulher em relação ao próprio lar. As distorções desse comportamento podem até mesmo incidir maleficamente sobre a saúde somática e psicossomática dos cônjuges, se concluirmos que “as raízes morais  são sempre os fatores de maior importãncia, não somente na vida normal, senão também, e em particular, nas horas conturbadas”, no dizer de Miguel Couto, segundo a obra mediúnica de Chico XavierFalando à Terra”. Consequência mais grave, porém, avulta nas variadas obsessões que se revelam na face da Terra. O polígamocria em torno de si um campo de imoralidade e amoralidade cujos caminhos se mantém sempre desimpedidos aos habitantes das trevas, ora para cooperar ativamente na destruição definitiva do seu lar (obra que ele próprio iniciou), ora convertendo-se num bonifrate (fantoche) que manejam desgraçadamente. As trevas agem com perfídia e muito cálculo. Não raro, investem quando menos se espera. Em matéria de atração física impõe-se múltipla vigilância para que não se fascine inguém pelo canto da sereia. “Toda obsessão – comenta o glorioso Emmanuel em “Pensamento e Vida” – começa pelo debuxo (esboço) vago do pensamento alheio que nos visita, oculto. Hoje, é um pingo de sombra, amanhã linha firme, para, depois, fazer-se um painel vigoroso, do qual assimilamos apelos infelizes que nos aprisionam em turbilhões e trevas.”

            O espírita deve ser um exemplo, pelo menos nos quadros mais simples e primários da doutrina que abraçou. Seus atos são duplamente vigiados e não escasseiam os que aguardam nossas quedas para inculpar a Doutrina e tentar desmoraliza-la. Não façamos do Espiritismo uma reedição indesejável do Farisaísmo, a fim de que a exprobação do Mestre não recaia desta vez sobre os adeptos de Allan Kardec, nem venhamos a caber, dentro das enciclopédias do futuro, como mais um sinônimo de hipocrisia e falsidade. Convençamo-nos da mácula da poligamia e, tanto quanto se possa e deva, evitemo-la por amor da Nova Revelação, para redenção de nós próprios, pela honra do Evangelho e para glória do Criador. “O lar digno – afirma André Luiz em “Ação e Reação” -, santuário em que a vida se manifesta na formação de corpos abençoados par a experiência da alma, é uma instituição venerável, sobre  qual se encontram as atenções da Providência Divina.” Apenas para refrescar nossa memória e arrematar este artigo, busquemos para ele u último parágrafo apanhado à obra máxima da Humanidade e dito por quem tinha autoridade para fazê-lo: “Aprendestes que aos antigos foi dito: Não cometerás adultério. E eu te dito que quem quer olhe para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério no seu coração.” Jesus (Mat. 5:23,28).


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Subsídios para um mundo novo

Subsídios para um mundo novo

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Março 1964

             De valor incomensurável é a literatura espírita posta em circulação pelo Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Obras de valor científico e literário, a maioria das quais levando à compreensão das criaturas humanas uma doutrina superior, que valoriza as almas e fecunda as mentes.

            Temos  hábito de fazer periódicas incursões nos livros editados há alguns anos, para renovarmos a sensação de beleza moral que promana dessas obras magníficas, a maior parte delas de procedência mediúnica, outras, porém, de autoria de espíritas esclarecidos e bastante familiarizados com a Doutrina codificada por Allan Kardec.

            Não há nada mais confortador do que essa espécie de “volta a Meca”. Tornamos a visitar “Os Quatro Evangelhos”, “Renúncia”, “No Invisível”, “Missionários da Luz”, “Libertação”, “O Espírito Consolador”, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Livro dos Médiuns”, “O Livro dos Espíritos” e assim por diante. Sempre que se torna a ler um livro espírita muita coisa nova ressurge e se aprende. São fontes de ensinamentos prodigiosos, essas obras.

            Há dias, abrimos “Crônicas Espíritas” de Fred. Fígner. Apreciamos, não apenas a serenidade da linguagem usada por esse eminente vulto do Espiritismo brasileiro, mas também a sua argumentação de irresistível lógica, esmagando e ao mesmo tempo esclarecendo, ensinando e educando um certo padre Dubois, que, à maneira dos Boaventuras de todos os tempos, pretendeu confundir os espíritas com sofismas e silogismos de legítima feitura jesuítica. Eis um livro que merece as atenções daqueles que ainda não o conhecem.

            Há nele muita coisa interessante e instrutiva. No capítulo em que fala do dogma católico da “Transubstanciação”, Figner ensinou ao padre Florêncio Dubois que esse dogma foi “produzido” (eis o termo adequado) pelo concílio do Trento (1545-1563), por determinação do papa Paulo III. E para evidenciar o perfil desse pontífice que o convocou, cita um trecho da página 7, volume 4, da “História dos Papas”, de Maurice Lachatre, que é de estarrecer. Vai, em seguida, ao “dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria”, detém-se no dogma da “Divindade de Jesus”, trata da “Divindade da Igreja Católica”, enfim, reduz tudo às suas reduzidas e insignificantes proporções.

            É bom reler bons livros. É bom também conhecer o que de novo vem surgindo no Espiritismo nacional. Temos, por exemplo, “Devassando o Invisível”, da médium Yvonne A. Pereira, que já nos deu “Memórias de um suicida”, “Nas voragens do pecado” e “Nas teias do Infinito”. É valioso “Estudo sobre fenômenos e fatos transcendentes devassados pela mediunidade, sob a orientação dos Espíritos-Guias da médium”. Vejam só o título de alguns capítulos: “Como se trajam os Espíritos”, “Frederico Chopin na Espiritualidade”, “Mistificadores – Obsessões”, “Sutilezas da Mediunidade”, “As virtudes do Consolador”, “Os grandes segredos do Além”.

            Quase ao mesmo tempo apareceu um novo livro da dupla magnífica de médiuns – “Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira, nomes já mundialmente consagrados. A obra foi ditada por André Luiz, cujos trabalhos anteriores dispensam adjetivos, tão importantes e mesmo revolucionários foram na literatura espírita. Desta vez ele nos deu “Sexo e Destino”. Tema difícil, perigoso, mas de palpitante atualidade, num mundo que parece obcecado pelo sexo, a tal ponto que a concupiscência se amplia, causando estragos incomensuráveis.

            A obra em si é de enorme valor. Bastaria o nome de André Luiz para recomendá-la. Acresce, porém, outro pormenor valioso: Emmanuel, Espírito cintilante por sua grande elevação moral e desmedida cultura, ditou, à guisa de prefácio, o “Prece no Limiar”, que assim começa: “Pai de Infinita bondade! Este é um livro que permitiste ao nosso André Luiz traçar, em lances palpitantes da existência, alguns conceitos da Espiritualidade Superior, em torno de sexo e destino – fotografia verbal de nossas realidades margas que entremeaste de esperanças eternas.”

            Vale a pena conhece-la por inteiro. O assunto é grave e interessa a homens e mulheres, sendo altamente recomendável à juventude, logicamente mais sujeita aos percalços da vida sexual.

            São obras, estas duas últimas, que se nivelam a outras de igual profundidade moral, que já contribuem, há muitos anos, para a orientação superior da criatura humana. Nenhuma felicidade coletiva será possível sem que primeiramente se alcance a reforma e o aperfeiçoamento de cada indivíduo. As obras espíritas têm também essa missão.

            São subsídios de imenso valor par a construção de um mundo novo e melhor.




segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O futuro pertence ao Espírito

 

O futuro pertence ao Espírito

Tasso Porciúncula (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Agosto 1977

           O psicólogo D. G. Jung advertiu, duma feita, “Não há uma Psicologia moderna, porém muitas. Isso é estranho, porque somente há uma Matemática, uma Geologia, uma Botânica, uma Zoologia, etc. Em troca, as psicologias são tantas que uma Universidade norte-americana publica todos os anos um grosso volume intitulado: “Psicologies of 1930”, etc. Creio que há tantas psicologias quanto filosofias e sucede com estas o mesmo que com aqueles: não há uma só, mas muitas.” E mais: “Não existe praticamente uma psicologia científica moderna que explique as coisas do ponto de vista do espírito.”  

            O Espiritismo é o maior repositório de estudo da alma e suas consequências, pois “tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”, afirmou Kardec. É também “uma ciência que trata da Natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Acontece, porém, e isso é uma tendência irresistível do homem, que, às vezes, a Doutrina é adulterada, sofre, de quem não a conhece ou não se identificou com ela, influências de teorias que pretendem igualmente esclarecer e explicar os fenômenos inerentes ao mundo espiritual em suas relações com o mundo material. Por isso mesmo, Kardec advertiu: “Por vender-se vinho falsificado, não se deve concluir que não existe vinho puro” (“O que é o Espiritismo”, 17º ed. FEB, 1976, pág. 58). Cabe-nos, na medida das nossas possibilidades, resguardar a pureza da Doutrina Espírita, pois sabemos que algumas pessoas, ainda não inteiramente desligadas de certas práticas, usuais em outras organizações espiritualistas, procuram, de boa-fé, sem dúvida, com uma candidez surpreendente, introduzir em seus Centros costumes incompatíveis com os princípios doutrinários do Espiritismo, conservados puros e intangíveis pela Casa de Ismael. Esquecem-se, tais “inovadores”, da asserção de Kardec: “Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.”

            Enquanto as psicologias se multiplicam e mostram certa diferença entre os postulados que adotam, o Espiritismo é uno, indivisível, tendo por estrutura a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec. Os que negam a alma em suas teorias... psicológicas, são vítimas infelizes da pior das cegueiras, porque tem olhos de ver e não veem. “O futuro pertence ao Espírito!” – exclamou uma entidade desencarnada. As psicologias sem alma são esforços materialistas destinados a aumentar a desorientação do mundo. Alguns procedem sinceramente, de acordo com os ensinamentos que lhe foram “inoculados”. Outros, movidos por preconceitos que serão destruídos pela evolução dos conhecimentos humanos. A verdade negada hoje esplenderá, livre, amanhã. “A vida corpórea é a síntese das irradiações da alma. Não há órgãos em harmonia sem pensamentos equilibrados, como não há ordem sem inteligência” – ponderou André Luiz em “Nos Domínios da Mediunidade”. “O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mento-magnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores  e receptores, conservadores e regeneradores de energia” (André Luiz – “Mecanismos da Mediunidade”, cap. V, edição FEB).

            A importância do estudo do perispírito tem sido subestimada pelos pesquisadores da Psicologia, ou das psicologias. Está ele sempre ligado à alma, durante sua união com o corpo ou depois de separar-se deste Portanto, faz parte integrante do Espírito (ou Alma), do mesmo modo que o corpo o faz do homem – esclarece Kardec. “Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação” (“O Livro dos Médiuns”, Segunda Parte, cap. I, nº 55). Embora fluídico, “o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria”, pois “o Espírito precisa de matéria para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo” (ibidem). O estudo do perispírito e de sua indispensável função na atividade da alma, encarnada ou desencarnada, é primordial para o estabelecimento seguro e definitivo, pelos conhecimentos daí derivados, de uma Psicologia legítima. Eis porque Emmanuel, em “Dissertações mediúnicas”, pondera que “a medicina do futuro terá de ser eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente alcançada, em razão da febre maldita do ouro”. Em suma, “o corpo espiritual é a alma fisiológica, assimilando a matéria ao seu molde, a fim de materializar-se no mundo físico”.


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Decálogo para Estudos Evangélicos

 Decálogo para Estudos Evangélicos

Por André Luiz / Chico Xavier

Fonte: Livro: ‘Lindos Casos’ de Ramiro Gama

 


         

         “Na noite de 21 de Março de 1952, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, discutia-se sobre a melhor maneira de orientar a pregação espírita cristã, quando André Luiz externou-se a respeito do assunto, com a seguinte página, em psicografia de Chico Xavier:

 1. Peça inspiração divina e escolha o tema evangélico destinado aos estudos e comentários da noite.

2. Não fuja ao espírito do texto lido.

3. Fale com naturalidade. 

4. Não critique, a fim de que a sua palavra possa construir para o bem. 

5. Não pronuncie palavras reprováveis ou inoportunas, suscetíveis de criar imagens mentais de tristeza, ironia, revolta ou desconfiança. 

6. Não faça leitura, em voz alta, além de cinco minutos, para não cansar os ouvintes.

7. Converse ajudando aos companheiros, usando caridade e compreensão.

8. Não faça comparações, a fim de que se verbo não venha ferir alguém.

9. Guarde tolerância e ponderação.

10. Não detenhas indefinidamente a palavra; outros companheiros precisam falar na sementeira do bem."

quinta-feira, 25 de março de 2021

Bilhetes

 

Bilhetes

por G. Mirim (Antônio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Agosto 1946

             Francisco Cândido Xavier recebeu mediunicamente de André Luiz, o esclarecido médico em viagem de instrução pelo Espaço, mais um livro: “Obreiros da Vida Eterna”. Como os outros três, anteriormente publicados, é esse, não há dúvida, uma obra de incontestável mérito, quer pelos ensinamentos e quer pela erudição do Autor, que, todos sabemos, não é o nosso Chico, nem poderia sê-lo.

            Quando apareceu "Parnaso", não faltaram à ribalta os eternos adversários da Verdade, bufoncando (trazendo) os seus fracos, instáveis e incôngruos argumentos. Depois, com a publicação dos romances de Emmanuel, novamente tentaram voltar ao tablado, mas ficaram nos primeiros ensaios dos seus frágeis arrazoados. Em seguida, ao surgirem as edições de “Emmanuel” e de o “O Consolador”, emudeceram todos e eclipsaram-se definitivamente com o aparecimento de "Missionários da Luz", obra que ocasionou admiração em todos os nossos meios médicos e culturais.

            Neste último livro – “Obreiros da Vida Eterna” - o plano analisado e estereotipado pelo Autor, com a sua supervisão, é bem diferente dos anteriormente descritos. Estamos mais terra-a-terra, “crostalmente”, diria o escritor. Entre os inúmeros obreiros da vida eterna que passam à nossa frente, depara-se nos o velho e inolvidável presidente da Federação, o grande Bezerra de Menezes.

            Há cenas comoventes, emocionantes. Ora é um pai, Fábio, a se despedir dos filhos no momento do decesso; ora uma viúva que coloca mentalmente o Cristo na direção do lar orfanado; ora, enfim, a comoventíssima narrativa da despedida de um exposto, Joãozinho, de sua querida protetora. Ao lado de ensinamentos valiosos para a coletividade em geral, há trechos dedicados à teoria de Freud, à Psiquiatria terrena e a outros assuntos correlatos.

            Diante das obras do Chico, nós, os espíritas, que conhecemos todo o movimento mundial do Espiritismo, ficamos perplexos. Sim, porque até hoje jamais apareceu na Terra um médium que se lhe aproximasse pela quantidade e qualidade das produções. Um, apenas, poderia ser-lhe comparado: Andrew Jackson Davis, mas, ainda, assim, sem as características que distinguem o nosso Chico.

            É preciso que não nos esqueçamos de que este médium jamais se concentrou com o fim premeditado de receber um livro. Os Espíritos é que se aproveitam da ocasião em que ele se encontra em recolhimento e prece para lhe ditarem a obra que têm em mira enviar ao Planeta, aliás, antecipadamente determinando que os originais deverão ser entregues a certa editora, completamente de graça, o que realmente sempre se verificou.

            Não podemos prever quando os Espíritos nos deixarão de enviar essas obras instrutivas; não nos é possível sequer compreender a missão que ao mundo trouxe o médium humilde de Pedra Leopoldo. Sabemos, porém, e isso porque sentimos, que ensinamentos admiráveis nos têm sido transmitidos através dessa mediunidade ímpar, dessa literatura única.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A mulher e André Luiz

 

A mulher e André Luiz

por Jay Mac   Reformador (FEB) Janeiro 1966

            André Luiz, é o pseudônimo de um jovem médico fluminense desencarnado, que voltou, qual ocorreu com Fred Fígner, credenciado por altas esferas espirituais para, em nome de Jesus, esclarecer-nos sobre a vida post-mortem. Em suas numerosas experiências, psicografadas pelo Chico Xavier, focaliza algumas filhas de Eva, entre as quais destacamos as que aqui citamos, todas brasileiras.

            O livro "Nosso Lar" apresenta Laura, mãe de família, desencarnada, que acolheu André, em sua residência no plano espiritual; Zélia foi sua esposa no plano físico e, após algum tempo da passagem de André, casou-se novamente com o Dr. Ernesto, a quem André, do plano espiritual, com a ajuda de Narcisa, valorosa e diligente enfermeira desencarnada, recuperou de doença grave, superando o seu ciúme da ex esposa.

            No livro “Missionários da Luz” encontramos Etelvina e Ester, primas encarnadas que, em saída astral, ao apelarem para Alexandre, elevadíssimo instrutor espiritual, recebem a intercessão para o complicado caso de Ester, solucionado a instâncias de Etelvina. No mesmo livro encontramos a meiga, dedicada e compreensiva Raquel, que, preparada por Alexandre e seus cooperadores, proporcionou reencarnação reconciliadora em seu seio a Segismundo, desafeto do próprio marido Adelino, a quem assassinara em encarnação anterior, servindo o casal de nova oportunidade para que a Lei de Amor prevaleça, ao aceitar como filho a Segismundo.

            A nobre e bela mulher que vamos citar é Ismália, da obra “O Mensageiros”. Era casada, na Terra, com Alfredo, homem de largos recursos, a quem se dedicara sincera e profundamente. Um inescrupuloso individuo, tentando conquistá-la, armou-lhe uma cilada para convencer Alfredo de sua suposta Infidelidade, o que conseguiu provocando a separação do casal e a desencarnação prematura de Ismália, que não encontrou a devida compreensão do incauto marido. Alfredo é atualmente, no plano espiritual, na esfera adjacente à Crosta, o diretor de um posto socorrista avançado, para Espíritos desorientados, aonde Ismália, que se acha em esfera superior à de Alfredo, desce, de quando em vez, para amenizar o trabalho árduo do desavisado marido que amarga a separação provisória a que deu causa, da estremecida esposa.

            Outra valorosa e nobre mulher é Zenóbia (do livro “Obreiros da Vida Eterna”), enérgica e esclarecida diretora do posto socorrista do plano astral inferior denominado “Casa Transitória de Frei Fabiano” (por ele fundada). Zenóbia tinha, quando moça, na Terra, um pretendente a quem amava e por quem era amada, cujo carma, ou sejam, as circunstâncias da vida impediram de a ela se unir. Domênico, esse o seu nome, desiludido, ingressou no sacerdócio católico, tendo-se desmandado em ações condenáveis que o levaram, ao desencarnar, a regiões tenebrosas do astral inferior, semelhantes às o Inferno de Dante, de onde foi salvo, como muitos outros, por Zenóbia, com o auxílio dos protetores Jerônimo, Hipólito (ex-padre), Ernestina e Luciana, e do próprio André Luiz. No mesmo livro encontramos as cenas do passamento da grande missionária Adelaide Câmara, mais conhecida como Aura Celeste, assistida pelo Espírito do Dr. Bezerra de Menezes.

            Cipriana, na obra “No Mundo Maior”, é uma corajosa e piedosa mulher que, ao tomar-se leprosa e abandonada pelos filhos e pelo marido, não perdeu a fé inabalável na Misericórdia Divina. Atualmente, no plano espiritual, é chamada para casos de difícil solução, quando é necessária poderosa vibração de Amor, o que Cipriana proporciona, aparecendo com tal irradiação de luz do seu coração, que os obsessores, julgando encontrar-se na presença sublime de Maria de Nazaré, caem genuflexos e arrependidos, facilitando a ação dos protetores.

            Finalmente, Matilde, no livro “Libertação”, Espírito de elevada categoria espiritual que, com o concurso dos protetores Gúbio e André Luiz, libertou o seu filho Gregório, frustrado, revoltado, inteligente e implacável obsessor, sacerdote dos “Dragões do Mal”, que com os seus subalternos foi afastado das regiões do Umbral inferior depois de intenso esforço dos citados benfeitores, de onde também livraram Margarida, perseguida no plano físico por Gregório que a queria a seu lado e provocava a sua desencarnação lenta com o concurso de obsessores magnetizadores.

            Quem se der ao cuidado de ler estas obras terá uma verdadeira revelação e um roteiro para o que nos aguarda ao deixarmos o corpo denso.

                            (Ext. do “Correio da Manhã”, Agosto 1964.)


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

E a vida continua...

 


E a vida continua...

por Tasso Porciúncula (Indalicio Mendes)    Reformador (FEB) Dezembro 1968

             Mais um grande livro de André Luiz para enriquecer a literatura espírita, já volumosa e valiosíssima. O livro agora aparecido – “E a vida continua. ...” - é, no dizer de Emmanuel, que o prefacia magistralmente, “a nossa própria história, a solicitar-nos meditação e autoexame, aprendendo que a vida continua plena de esperança e trabalho, progresso e realização, em todos os distritos da Vida Cósmica, ajustada às leis de Deus. É ainda o querido e luminoso Espírito do prefaciador que nos esclarece:

             “Conquanto as personagens da história aqui relacionada - todas elas figuras autênticas cujos nomes foram modificados para não ferir corações amigos na Terra - tenham tido experiências muito diversas daquelas que caracterizam as trilhas do próprio André Luiz em seus primeiros tempos na Espiritualidade, é justo considerar que os graus de conhecimento e responsabilidade variam ao infinito.”

             Cada capítulo constitui uma lição e uma advertência. Lição que, sem dúvida, deve levar-nos a mais cuidadosa reverificação do nosso comportamento: advertência, a fim de que não a esqueçamos e a tomemos como ponto de referência para o modo de pensar de cada um na vida cotidiana de relação. Envoltos pelas contingências materiais da Terra, muitas vezes ficamos indiferentes à necessidade indeclinável da exemplificação doutrinária e evangélica. Vamos deixando para amanhã os deveres espirituais, esquecendo-nos de que, na vida do Espírito, o amanhã é quase uma ficção, porque a Lei de Causa e Efeito, o Carma, enfim, se incumbe de fixar indelevelmente, para o indefectível ajuste de contas, o que pensamos e fazemos em função do nosso livre-arbítrio.

            O desespero que açoita o mundo atual não é senão uma das muitas consequências dos desacertos do livre-arbítrio de cada um. Os que se endurecem no materialismo desagregador da vida moral, voltam para chorar mais amargamente as leviandades e os erros cometidos. Todavia, maior ainda em determinados casos, a responsabilidade dos que, já sabendo das obrigações de ordem espiritual, entre os quais podemos apontar os espíritas de superfície, supõem que basta crer em Deus e falar em Jesus, papaguear a Doutrina e recitar versículos do Evangelho, para contarem com a indulgência dos “jurados” na hora do “Juízo Final”. Lei é lei. Cada um de nós colherá o que plantar, não havendo “pistolões” nem cursos advocatícios que logrem sustar os efeitos da Justiça Divina, que se exerce através da Lei de Causa e Efeito. A cada um segundo as suas obras -  eis, nestas poucas palavras, uma síntese admirável da Lei de Causa e Efeito, isto é do Carma. Na maioria dos casos, ninguém sofre por culpa alheia. Há sempre uma causa para o efeito que nos galardoa ou sacrifica. Se somos agravados sem razão aparente, busquemos compreender no Espiritismo a palavra pura de Jesus, porque  “a vida continua”.

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E o leitor amigo, já leu o livro “E a vida continua. ...” de André Luiz?


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O Mandamento Novo

  

O Mandamento Novo       

 13,34 “ -Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado. Assim também vós deveis amar-vos uns aos outros;

13,35 Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”

         Para Jo (13,35), -O Mandamento Novo - tomemos “Conduta Espírita” (Ed. FEB), de André Luiz por W. Vieira:

           “Conduta Espírita perante os companheiros...

         - Guardar comunicabilidade e atenção ante os companheiros de luta, ainda mesmo para com aqueles que se mostrem distantes do Espiritismo. Todos somos estudantes na grande escola da Vida.

        - Respeitar as idéias e as pessoas de todos os nossos irmãos, sejam eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem nunca descer ao charco da leviandade que gera a maledicência. Quem reprova alguém conosco, decerto que nos reprova perante alguém.

          - Quando emprestar objetos comuns, não porfiar sobre a sua restituição, sustentando-se, firme, no propósito de auxiliar os outros de boamente, naquilo em que lhes possa ser útil. Desapego é alicerce da elevação.

           - Perdoar sem condições aqueles que não nos correspondam às esperanças ou que direta ou indiretamente nos prejudiquem, inclusive os obsessores e outros irmãos infelizes. Perdão nas almas, luz no caminho.

         - Fugir de elogiar companheiros que estejam agindo de conformidade com as nossas melhores aspirações, para não lhes criar empecilhos à caminhada enobrecedora, embora nos constitua dever prestar-lhes assistência e carinho para que mais se agigantem nas boas obras. O elogio é sempre dispensável.

        - Suprimir toda crítica na comunidade em que aprende e serve. A Seara de Jesus pede trabalhadores decididos a auxiliar.

     - Coibir-se de qualquer acumpliciamento com o mal, a título de solidariedade nesse ou naquele sentido. Quem tisna a consciência, desce à perturbação.

        - Nunca fazer acepção de pessoas e nem demonstrar cordialidade fraterna somente em circunstâncias que lhe favoreçam conveniências e interesses materiais. A Lei Divina registra o móvel de toda ação. ”


             Também para Jo (13,35)  ...sois Meus discípulos: se vos amardes uns aos outros-, recordemos a mensagem de Emmanuel por Chico Xavier em “Fonte Viva” (Ed. FEB): 

 

             “Desde a vitória de Constantino, que descerrou ao mundo cristão as portas da hegemonia política, temos ensaiado diversas experiências para demonstrar na Terra a nossa condição de discípulos de Jesus.

            Organizamos concílios célebres, formulando atrevidas conclusões acerca da natureza de Deus e da Alma, do Universo e da Vida.

            Incentivamos guerras arrasadoras que implantaram a miséria e o terror naqueles que não podiam crer pelo diapasão da nossa fé.

            Disputamos o sepulcro do Divino Mestre, brandindo a espada mortífera e ateando o fogo devorador.

            Criamos comendas e cargos religiosos, distribuindo o veneno e manejando o punhal.

            Acendemos fogueiras e erigimos cadafalsos, inventamos suplícios e construímos prisões para quantos discordassem dos nossos pontos de vista.

            Estimulamos insurreições que operaram o embate de irmãos contra irmãos, em nome do Senhor que testemunhou na cruz o devotamento à Humanidade inteira.

            Edificamos palácios e basílicas, famosos pela suntuosidade e beleza, pretendendo reverenciar-lhe a memória, esquecidos de que Ele, em verdade, não possuía uma pedra onde repousar a cabeça.

            E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da interpretação.

            Entretanto, a palavra do Cristo é insofismável.

            Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes exteriores...

           Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembleias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras...

           Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus que começa na vida íntima.

            Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente... Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem. Atendemo-la, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que afirmou com clareza e segurança:  “-Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Lei de Ação e Reação

 

Lei de Ação e Reação

por  Indalício Mendes

Reformador (FEB) Maio 1957

             Entre as grandes verdades pregadas pelo Espiritismo, encontramos a Lei do Retorno ou Lei de Causa e Efeito, também chamada Lei de Ação e Reação, que exerce preponderante influência na vida terrena e na vida spiritual. Ninguém foge a essa Lei sábia, que tem por fim conduzir o Espírito ao aperfeiçoamento progressivo, mediante a mais esclarecida justiça. Temos lido e ouvido referências desfavoráveis à Pena de Talião, tal como a entendiam os antigos: “olho por olho, dente por dente”. Na verdade, interpretação que os homens do passado davam à Pena de Talião era errada. Todavia, a Pena de Talião permanece forte, porque não é outra coisa senão a lei de Causa e Efeito, que os antigos compreendiam como sendo a retaliação, a pena de sujeitar-se a dano igual aquele que houvesse procedido mal. Era uma aplicação errada pelos humanos de uma lei divina e profundamente justa, superlativamente justa e firmada na base equitativa da Justiça. Quem melhor interpretou a Lei do Retorno foi Jesus: “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.” (Mateus, VII:12) e “Tratai a todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.” (Lucas, VI:31).

             A Pena de Talião, qual a compreenderam e aplicaram os antigos, é desumana e contrária aos princípios de Justiça de Deus. Não há Céu nem Inferno conforme a concepção católica. O Céu e o Inferno são frutos da Lei do Causa e Efeito que podem ser colhidos mesmo na Terra, durante a encarnação dos que a infringem. Nós mesmos criamos para nossa tribulação o Inferno, ou formamos para alegria de nossa alma, o Céu, consoante os pensamentos e as ações que consumamos. Essa grande Lei tanto age na Terra como no mundo invisível. A ela estão sujeitos os Espíritos encarnados e os desencarnados. Não raro podemos verificar lhe os efeitos quase imediatos no curso da nossa peregrinação carnal. Isto demonstra a necessidade de seguirmos o mais depressa possível a diretriz espírita, que é uma diretriz lidimamente cristã, esclarecida pelo Evangelho. Só a evangelização e a Doutrina Espírita podem iluminar a trajetória humana.

             André Luiz, que tantas joias já tem dado à literatura Espírita, através da mediunidade magnífica de Francisco Cândido Xavier, nos oferece agora “Ação e Reação”, obra que há de causar profunda impressão entre os estudiosos do Espiritismo pelo muito de útil e instrutivo que encerra. Esse livro é um ‘vade-mécum’ para o homem que deseja libertar-se de angustiosos problemas e que aspira à conquista de conhecimentos que o habilitem a encarar o futuro com serenidade e confiança.