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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O futuro pertence ao Espírito

 

O futuro pertence ao Espírito

Tasso Porciúncula (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Agosto 1977

           O psicólogo D. G. Jung advertiu, duma feita, “Não há uma Psicologia moderna, porém muitas. Isso é estranho, porque somente há uma Matemática, uma Geologia, uma Botânica, uma Zoologia, etc. Em troca, as psicologias são tantas que uma Universidade norte-americana publica todos os anos um grosso volume intitulado: “Psicologies of 1930”, etc. Creio que há tantas psicologias quanto filosofias e sucede com estas o mesmo que com aqueles: não há uma só, mas muitas.” E mais: “Não existe praticamente uma psicologia científica moderna que explique as coisas do ponto de vista do espírito.”  

            O Espiritismo é o maior repositório de estudo da alma e suas consequências, pois “tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”, afirmou Kardec. É também “uma ciência que trata da Natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. Acontece, porém, e isso é uma tendência irresistível do homem, que, às vezes, a Doutrina é adulterada, sofre, de quem não a conhece ou não se identificou com ela, influências de teorias que pretendem igualmente esclarecer e explicar os fenômenos inerentes ao mundo espiritual em suas relações com o mundo material. Por isso mesmo, Kardec advertiu: “Por vender-se vinho falsificado, não se deve concluir que não existe vinho puro” (“O que é o Espiritismo”, 17º ed. FEB, 1976, pág. 58). Cabe-nos, na medida das nossas possibilidades, resguardar a pureza da Doutrina Espírita, pois sabemos que algumas pessoas, ainda não inteiramente desligadas de certas práticas, usuais em outras organizações espiritualistas, procuram, de boa-fé, sem dúvida, com uma candidez surpreendente, introduzir em seus Centros costumes incompatíveis com os princípios doutrinários do Espiritismo, conservados puros e intangíveis pela Casa de Ismael. Esquecem-se, tais “inovadores”, da asserção de Kardec: “Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.”

            Enquanto as psicologias se multiplicam e mostram certa diferença entre os postulados que adotam, o Espiritismo é uno, indivisível, tendo por estrutura a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec. Os que negam a alma em suas teorias... psicológicas, são vítimas infelizes da pior das cegueiras, porque tem olhos de ver e não veem. “O futuro pertence ao Espírito!” – exclamou uma entidade desencarnada. As psicologias sem alma são esforços materialistas destinados a aumentar a desorientação do mundo. Alguns procedem sinceramente, de acordo com os ensinamentos que lhe foram “inoculados”. Outros, movidos por preconceitos que serão destruídos pela evolução dos conhecimentos humanos. A verdade negada hoje esplenderá, livre, amanhã. “A vida corpórea é a síntese das irradiações da alma. Não há órgãos em harmonia sem pensamentos equilibrados, como não há ordem sem inteligência” – ponderou André Luiz em “Nos Domínios da Mediunidade”. “O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mento-magnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores  e receptores, conservadores e regeneradores de energia” (André Luiz – “Mecanismos da Mediunidade”, cap. V, edição FEB).

            A importância do estudo do perispírito tem sido subestimada pelos pesquisadores da Psicologia, ou das psicologias. Está ele sempre ligado à alma, durante sua união com o corpo ou depois de separar-se deste Portanto, faz parte integrante do Espírito (ou Alma), do mesmo modo que o corpo o faz do homem – esclarece Kardec. “Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação” (“O Livro dos Médiuns”, Segunda Parte, cap. I, nº 55). Embora fluídico, “o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria”, pois “o Espírito precisa de matéria para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito, como o homem tem o corpo” (ibidem). O estudo do perispírito e de sua indispensável função na atividade da alma, encarnada ou desencarnada, é primordial para o estabelecimento seguro e definitivo, pelos conhecimentos daí derivados, de uma Psicologia legítima. Eis porque Emmanuel, em “Dissertações mediúnicas”, pondera que “a medicina do futuro terá de ser eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente alcançada, em razão da febre maldita do ouro”. Em suma, “o corpo espiritual é a alma fisiológica, assimilando a matéria ao seu molde, a fim de materializar-se no mundo físico”.


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