Doutrinar Sempre
Percival Antunes (Indalício
Mendes)
Reformador
(FEB) Julho 1964
O Espiritismo não é nem pode ser
responsável por atos e ideias daqueles que, dizendo-se espíritas, não se subordinam
às determinações da Doutrina Kardequiana. Por isto, não devem dar demasiada importância
aos adversários da nossa religião, sempre prontos a explorar com escândalos ocorrências
que de modo algum dizem respeito aos kardecistas: Já dizia o Codificador; “O
Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas, do
mesmo modo que a Medicina não o é com os que se a exploram, nem a sã religião
com os abusos e até crimes que se cometam em seu nome. Ele não reconhece como
seus adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por
melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser
menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos
para com o próximo, mais moderados em tudo, porque essa a característica do
verdadeiro espírita.”
Os que desconhecem a Doutrina
Espírita estranham que as Organizações Centrais do Espiritismo não dirijam o
movimento espírita, subjugando todos os grupos e centros ditos espíritas e
obrigando-os a seguir suas diretrizes. Não. O Espiritismo tem uma doutrina que
acata, respeita e resguarda o livre arbítrio da criatura humana. “Ele
proclama – continua o Codificador – a liberdade de consciência como direito
natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para os seus
adeptos, do mesmo modo que para toda a gente.
Respeita todas as convicções sinceras e faz questão da reciprocidade. Da
liberdade de consciência decorre o direito de livre exame em matéria de
fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque esta impõe ao homem que abdique da sua
própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas
máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em
todas as épocas da Humanidade.”
Por essas palavras do Codificador,
claro se torna que a Doutrina Espírita faz da tolerância esclarecida e da
compreensão elementos imprescindíveis à formação do caráter espírita. A
doutrina, portanto, não tem ação dogmática, pois não impõe, mas expõe, ajuntando
argumento simples e de irresistível lógica.
Por isso é que temos sempre insistido na
necessidade de uma difusão cada vez maior da Doutrina, através de pregadores
que a conheçam suficientemente e possuam condições para explica-la, de maneira
a torná-la rapidamente assimilável aos ouvintes de mais modesta faculdade de
apreensão. Clareza e simplicidade, exemplificação e objetividade, eis o de que
se precisa para que os princípios doutrinários do Espiritismo sejam logo
aceitos, porque, na realidade, eles nada tem de complexo nem de difuso.
Mai do que nunca, o mundo precisa de Doutrina,
Doutrina e Doutrina Espírita!
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