segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Doutrinar sempre

 

Doutrinar Sempre

Percival Antunes (Indalício Mendes)

Reformador (FEB) Julho 1964

             Nenhum trabalho é mais importante no Espiritismo do que o ensino adequado da Doutrina codificada por Allan Kardec. E nada consegue tornar a Doutrina Espírita mais positiva e convincente do que a exemplificação daqueles que se dispõem a ensiná-la, quer pela palavra falada, quer pela palavra escrita. Temos de partir do princípio de que o Espiritismo se destina a reformar o homem, para que o homem, espiritualizando-se progressivamente, possa contribuir para reformar a coletividade a que pertence. Isto, porém, não é obra para pouco tempo. É trabalho longo, que precisa de ser feito com método e tenacidade.

            O Espiritismo não é nem pode ser responsável por atos e ideias daqueles que, dizendo-se espíritas, não se subordinam às determinações da Doutrina Kardequiana. Por isto, não devem dar demasiada importância aos adversários da nossa religião, sempre prontos a explorar com escândalos ocorrências que de modo algum dizem respeito aos kardecistas: Já dizia o Codificador; “O Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas, do mesmo modo que a Medicina não o é com os que se a exploram, nem a sã religião com os abusos e até crimes que se cometam em seu nome. Ele não reconhece como seus adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos para com o próximo, mais moderados em tudo, porque essa a característica do verdadeiro espírita.”

            Os que desconhecem a Doutrina Espírita estranham que as Organizações Centrais do Espiritismo não dirijam o movimento espírita, subjugando todos os grupos e centros ditos espíritas e obrigando-os a seguir suas diretrizes. Não. O Espiritismo tem uma doutrina que acata, respeita e resguarda o livre arbítrio da criatura humana. “Ele proclama – continua o Codificador – a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente.  Respeita todas as convicções sinceras e faz questão da reciprocidade. Da liberdade de consciência decorre o direito de livre exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque esta impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade.”

            Por essas palavras do Codificador, claro se torna que a Doutrina Espírita faz da tolerância esclarecida e da compreensão elementos imprescindíveis à formação do caráter espírita. A doutrina, portanto, não tem ação dogmática, pois não impõe, mas expõe, ajuntando argumento simples e de irresistível lógica.

Por isso é que temos sempre insistido na necessidade de uma difusão cada vez maior da Doutrina, através de pregadores que a conheçam suficientemente e possuam condições para explica-la, de maneira a torná-la rapidamente assimilável aos ouvintes de mais modesta faculdade de apreensão. Clareza e simplicidade, exemplificação e objetividade, eis o de que se precisa para que os princípios doutrinários do Espiritismo sejam logo aceitos, porque, na realidade, eles nada tem de complexo nem de difuso.

Mai do que nunca, o mundo precisa de Doutrina, Doutrina e Doutrina Espírita!   


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