Cantigas do coração
Ormando
Candelária
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Janeiro 1965
Quem
ama com sacrifício
Alcança
a luz dos apogeus...
Amor
que sustenta a vida –
Alento
do próprio Deus.
"A Igreja romana não relegou para segundo plano o pai, fazendo do filho o objeto exclusivo de seu culto de adoração? E o culto prestado a Maria já não ameaça substituir o que ela, a Igreja, presta ao filho? "Mas virá o tempo, e já veio, em que os verdadeiros adoradores adorarão o pai em ESPÍRITO E VERDADE; esses são os adoradores que o pai quer. " "Os Quatro Evangelhos" de J.-B. Roustaing, à pág. 221 - Vol 4 - 7ª Ed. (FEB) 1990.
Cantigas do coração
Ormando
Candelária
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Janeiro 1965
Quem
ama com sacrifício
Alcança
a luz dos apogeus...
Amor
que sustenta a vida –
Alento
do próprio Deus.
Ormando Candelária por Chico Xavier
Reformador (FEB) Janeiro
1965
Por
mais aflito e cansado,
Não
lamentes, coração!..
Todo
pranto de amargura
É
fonte de redenção.
Valiosa contribuição
por Luiz de Araújo Pedrosa
Reformador
(FEB) Janeiro 1943
A bibliografia espírita do nosso país, devemos convir, cada dia fica mais enriquecida de obras úteis.
De Minas, Francisco Cândido Xavier,
nada obstante a sua invejável simplicidade, vez por outra nos presenteia com
verdadeiras torrentes de luz, ditadas por Emmanuel, Humberto de Campos e outros
nomes de igual quilate.
É não somente luz que a sua pena mágica
veicula, mas também grandes consolações para os de boa vontade e para os
sofredores; é como que o Senhor dos mundos a espalhar Amor em profusão.
De outros pontos de “Pátria do
Evangelho”, igualmente, vemos surgir, sempre e sempre, trabalhos de doutrina e
de ciência, numa sucessão intérmina, tudo demonstrando que na terra onde foi
plantada a árvore santa os homens estão possuídos de um sagrado anseio pelo
Bem.
Revela isto que todos desejam
conduzir a sua pedra para a construção do grande edifício destinado ao culto,
em espírito e verdade, do Deus Onipotente.
Felizmente enquanto que os homens
dos velhos continentes, esquecidos do “amai-vos uns aos outros”, se entregam a uma
luta de extermínio total, no Brasil alguma coisa de útil se faz em benefício do
aperfeiçoamento espiritual.
Os bons livros constituem, incontestavelmente,
meio muito eficaz do homem se manter em ascensão constante para aquele que tudo
pode. Devem, pois, ter ampla divulgação, dado que duplo é o efeito; instruir e
aperfeiçoar o Espírito.
Já é tempo do homem compreender a necessidade inelutável de progredir e de voltar-se, resoluto e confiante, para o Bem e a Perfeição, despojando-se tanto quanto possível, se não o puder inteiramente, de tudo o que concorra para o seu atraso espiritual.
É, sem dúvida, luta árdua a que o homem velho
tem de entregar e para se transformar no homem novo, luta em meio da qual
muitos são os que sucumbem, a despeito mesmo dos seus esforços.
Isso, porém, é um imperativo a que ninguém
deve furtar-se, visto que se aproxima a época do Semeador Divino fazer a separação
do “joio e do trigo”.
Dentre os bons livros que hei lido e
conservo com carinho, eis que me vem às mãos, em hora feliz, - “Bezerra de
Menezes, o médico dos pobres”, da autoria de F. Acquarone.
É a histeria da vida cintilante de
um Justo, mandado pelo Senhor à terra brasileira, e que entre nós foi - ADOLFO
BEZERRA DE MENEZES.
Quem o ler com sentimento, por certo,
lágrimas há de verter, e abundantes, tal a emoção que desperta e o profundo
respeito que inspira a vida de tão iluminado Espirito.
Inúmeras
foram as dores contadas pelo Justo quando na matéria, onde a vida lhe
transcorreu numa sequência de lutas sacrossantas, continuadas nas regiões onde
somente os bons tem ingresso.
Podemos dizer, sem receio de contestação e
rendendo um preito de simples justiça, que o rastro de luz deixado por Bezerra
entre nós cada dia mais se avoluma como também mais se avoluma o seu amor pelos
sofredores das duas humanidades.
Ele continua vivendo para o Bem e pelo Bem, esquecido
de si mesmo, como fazia na Terra ingrata onde seus irmãos muitas vezes não o
puderam compreender, curando o corpo e o Espírito com um desprendimento
sublime, magnífico.
Onde existir uma lágrima a estancar, ou uma ferida
a pensar, aí estará Bezerra de Menezes, no Palácio ou na choupana, como a
personificação da Caridade a serviço de Jesus...
O livro a que nos referimos, pois,
não pode faltar na biblioteca dos espíritas, em particular, e na de todos, em
geral, por isso que se recomenda como estímulo àqueles que desejam inspirar-se
em fonte cristalina, qual foi e continua sendo o – “médico dos pobres”.
Palavras e construção
Emmanuel por Chico
Xavier
Reformador (FEB)
Janeiro 1965
Mencionamos conflitos como quem
tateia chagas irreversíveis, sem ponderar que o amor opera a extirpação de todo
quisto de ódio...
Comentamos privações, dando a ideia
de que se erigem à condição de flagelos permanentes, distanciados do otimismo
que funciona por dissolvente da sombra.
Reportamo-nos a enfermidades com
tamanho luxo de minudências, como se fossem males eternos, injuriando os
princípios de saúde, capazes de restituir-nos a euforia...
Destacamos s parte menos feliz do semelhante,
com tanto empenho, que fornecemos a impressão de rentear com seres
irremissivelmente condenados às trevas, ausentando-nos do bem, à luz do qual
todo nos redimiremos um dia...
Conversemos, segundo a fraternidade
e o bom ânimo que o Cristo nos ensinou a cultivar.
Imperfeições, desastres, doenças,
desequilíbrios e infortúnios assemelham-se a meros borrões em nosso caderno de
experiência educativa, no aprendizado da existência transitória. Afim de
senhorearmos os nossos títulos de herdeiros de Deus na vida eterna. Claro que apagaremos tais desdouros com a
lixívia do nosso próprio sofrimento, mas não adianta ampliá-los através da
exaltação emotiva ou do comentário inconveniente.
Embaixo, a Terra parece uma estância
obscura, mas o Sol brilha acima...
Recordemos a exortação de Paulo:
- “A palavra do Cristo habite em vós
ricamente.”
Ficção? Simbolismo? Realidade?
Michaelus (Miguel Timponi)
Reformador
(FEB) Janeiro 1945
As perguntas que constituem a epígrafe destas singelas observações têm já ocorrido a muitos dos leitores de Nosso Lar e de Os Mensageiros, as interessantes obras ditadas pelo Espírito de André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier.
Na verdade, ao mesmo tempo que essas
produções nos trazem sublimes ensinamentos, lições admiráveis de amor, fraternidade,
resignação, renúncia e trabalho, advertem-nos da existência de um verdadeiro
mundo espiritual, onde se processa e se exercita a atividade no incessante
labor da purificação e da espiritualização dos seres encarnados e
desencarnados.
Aparece, então, às nossas vistas,
como se fora um país encantado, toda uma organização com os seus mais curiosos
e precisos detalhes, com os serviços regulares de vigilância, assistência,
postos de socorro, hospitais, aprendizados, sistemas de comunicações, etc. Um
verdadeiro laboratório em que se examinam, atentamente, as condições das almas
enfermas na escala graduada e infinita da ascensão espiritual. Dir se ia uma
universidade com os seus diversos cursos, onde se adquirem os conhecimentos
para as novas etapas da vida.
Surge, igualmente, numa impressionante revelação, a existência de um mundo físico no plano espiritual com a sua vegetação própria, com os seus rios, com os seus campos, com os seus amplos edifícios, casas de habitação, etc., onde a vida prossegue em busca dos altos cimos da perfeição.
E através dessa leitura suave, em que tudo é descrito com singeleza e simplicidade, vêm à mente aquelas perguntas: ficção, simbolismo ou realidade?
Temos aprendido que a verdade nos é
dada progressivamente. A observação atenta da história da humanidade comprova esse
asserto, quer nos domínios puramente científicos, quer nos domínios
espirituais. Nada, pois, que surja na tela dos fatos ou dos fenômenos
desconhecidos deve ser posto à margem como que desautorizado pelas verdades
anteriormente reveladas. Devemos, então, seguir cautelosamente os conselhos doutrinários,
que nos ordenam o exame minucioso e a análise rigorosa das coisas, fazendo-as passar
pelo crivo da razão e da lógica.
A
primeira indagação do analista deverá ser no sentido da entidade comunicante.
Quem é André Luiz? Um espírito. O
seu nome terreno, o nome convencional que se perde e se esquece na memória dos
tempos sem fim e de que tanta questão fazemos - não sabemos. Isso nada importa.
Que necessidade temos nós, para julgar da substancialidade de uma mensagem, de
saber há quantos anos ou séculos desencarnou o comunicante, quais os seus
títulos e subtítulos, quais os seus méritos e as suas virtudes.
Deveremos encarar a mensagem em si
mesma, na sua essência, nos seus conceitos, nos seus pormenores.
Ora, André Luiz é aquele mesmo comunicante
que nos deu a lição magistral de como se opera nos domínios da fisiologia o
fenômeno da comunicação, através da glândula pineal, cuja função especifica não
foi claramente elucidada até aqui pela nossa ciência.
O Dr. Luiz Guillon Ribeiro Filho, livre
docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, na memorável
conferência realizada perante um auditório seleto, demonstrou brilhante e
convincentemente, nos mínimos detalhes, a precisão da mensagem sob o seu
aspecto rigorosamente cientifico, não ocultando a sua grande admiração pelas
verdades reveladas.
Assim, nada se nos oferece que nos
leve a suspeitar com fundamento da fonte donde emanam essas mensagens.
O raciocínio lógico nos leva, por conseguinte,
a confiar na entidade comunicante, máxime quando a comunicação se opera através
de um médium, como Francisco Xavier, cujas conquistas espirituais formam uma
sólida argamassa de resistência às liliputianas investidas dos obsessores encarnados
e desencarnados.
Mas, indagar-se-á: existem, de algum
modo, revelações de outras fontes, que possam comprovar no todo ou em parte esses
ditados de André Luiz?
Em seus pormenores ou detalhes como vêm descritos
em “Nosso Lar” e em “Os Mensageiros” ainda não conhecemos. Mas, na comprovação geral
da existência de um mundo dos espíritos, onde se vive e se trabalha como num
mundo de matéria, tal como nos narra André Luiz, já existem revelações.
Desde logo, é necessário não olvidar, como nos
ensinam os investigadores espíritas, que nós os encarnados não conhecemos todas
as formas da matéria. A própria Ciência, após as experiências de Crookes,
chegou a resultados surpreendentes quanto à divisão da matéria. Não se deve,
observa Delanne, tomar a palavra imaterial no sentido absoluto, porque a
verdadeira imaterialidade seria o nada.
Por outro lado, sabemos que existe
um perispírito, invólucro fluídico da alma, que não deixa de ser matéria. Nada,
pois, nos deve causar admiração, porque nesse capítulo matéria só estaremos
aptos a dar a última palavra depois que rolarmos pelas vidas sucessivas como
rolam os astros nos Espaços infinitos e na eternidade dos tempos.
Afirmamos que já existem revelações semelhantes.
Temos em mãos um interessante livro editado pela Psychic Press,
de Londres (Teachings of Silver Birch), contendo as mensagens recebidas
de uma entidade, que se oculta sob o pseudônimo de Silver Birch:
No capítulo Life in the Beyond (A vida
no além), Silver Birch relata: “Não compreendeis ainda a beleza, como possa ela
ser. Ainda não vistes a nossa luz, as nossas cores, os nossos cenários, as nossas
árvores, os nossos pássaros, os nossos rios, os nossos regatos, as nossas montanhas,
as nossas flores e, entretanto, o vosso mundo teme a morte.”
E acrescenta: “Morrer não é trágico. Trágico
é viver em vosso mundo."
Depois de salientar o terror que temos pela morte,
Silver Birch declara que começamos a viver precisamente quando morremos.
Perguntado se o corpo que se usa no mundo espiritual
é tão real e sólido como o que se deixa na Terra, respondeu: “Muito mais real e
muito mais sólido, porque o vosso mundo não é absolutamente o mundo real. É
apenas a sombra projetada pelo mundo espiritual. O nosso é a realidade e essa
realidade somente será compreendida quando para aqui passardes.”
Dentre muitas outras perguntas e
respostas, cada qual mais curiosa e interessante, transcreveremos apenas as
três seguintes, para comprovar o nosso ponto de vista.
Existe apenas um mundo espiritual? - "Sim, mas com um número infinito de expressões, e a vida em outros planetas está compreendida como também a do vosso mundo, porque todos têm a sua expressão espiritual como em sua expressão física.”
Existem
divisas em sentido geográfico?
- “Não geográfico, mas no sentido da escala mental, a qual é condicionada pela sua expressão física.”
Significa isso que as divisas são
feitas do mesmo modo que as separações entre as esferas que conhecemos?
- “Sim. No mundo espiritual há
diferenças durante certo tempo, até que ocorra a evolução além da que é
condicionada por uma vida física."
Resulta, desse modo, que as
respostas de Silver Birch, coincidem com as revelações de André Luiz no tocante
à existência de um mundo espiritual com a sua expressão também física, que é
condicionada ao grau de evolução de cada um. Significa isso que no mundo
espiritual há escalas transitórias, desde a que é formada pela “materialidade
relativa” até a que é constituída pela espiritualidade absoluta.
Isso mesmo se infere do nº XXXVII de “Nosso Lar” (A Preleção da Ministra) quando afirma que “Nosso Lar”, como cidade de transição, é uma bênção a nós concedida por “acréscimo de misericórdia”, para que alguns poucos se preparem à ascensão, e para que a maioria volte à Terra em serviços redentores.
De resto, não se compreenderia que
André Luiz, caso se tratasse de uma obra de ficção ou de simples simbolismo,
não fizesse preliminarmente a necessária advertência, como tantas vezes sói
acontecer em comunicações dessa natureza.
Por último, Emmanuel, esse iluminado
que já conhecemos, no Prefácio de “Nosso Lar” advertiu: - “Certamente que
numerosos amigos sorrirão ao contato de determinadas passagens das narrativas.
O inabitual, entretanto, causa surpresa em todos os tempos. Quem não sorriria, na
Terra, anos atrás, quando se lhe falasse da aviação, da eletricidade, da
radiofonia? A surpresa, a perplexidade e a dúvida são de todos os aprendizes
que ainda não passaram pela lição. É mais que natural, é justíssima. Não comentaríamos,
desse modo, qualquer impressão alheia. Todo leitor precisa analisar o que lê.”
Estamos, portanto, diante de uma
realidade. E isso constitui mais um estímulo para os que buscam conhecer a obra
divina através das suas leis eternas e imutáveis. A sabedoria é tão infinita
como o infinito dos céus. Muito há que andar, muito há que meditar e observar
até alcançarmos os mais altos planos espirituais.
Pais e Filhos
João por Chico Xavier
Reformador (FEB) Agosto 1963
Nas
vésperas da reencarnação, sou impelido a falar-vos de minha bancarrota
espiritual!
Instrutores
e guardiães recomendam-me destacar a importância do ouvido...
Conseguiria,
no entanto, ensinar alguma coisa?
Devo
compreender a razão dessa ordem.
Nada possuo
de bom para dar; contudo, as vítimas da calúnia conseguem reter o doloroso
privilégio de exibir a própria falência!...
Ó Deus de
Amor, dai-me forças para confessar a verdade, apenas a verdade!..
Pedreiro
modesto, órfão de mãe desde a meninice, casei-me por amor, embora contra os desígnios
de emus irmãos, que me reservavam noiva diferente. Garantindo-me a escolha,
porém, estava nosso pai a meu lado – o abnegado pai que amadurecera o
raciocínio nas dificuldades do mundo e iluminara o coração no conhecimento do
Espiritismo. Carinhoso, assegurou-me o enlace, aprovou-me as decisões e
intentou preparar-me, diante da vida, dispensando-me ensinamentos que eu
simulava aceitar, de modo a lhe não perder a complacência e a ternura...
Seis anos
passaram, sem que a hostilidade familiar contra a minha mulher esmorecesse, seis
anos de maledicência na base da perseguição cordial...
Alice, a
companheira inexperiente, proporcionara-me dois filhos queridos, quando se
engravidou pela terceira vez.
Nessa época,
o veneno já me corroera a confiança.
Apontava-me
amigo nosso de infãncia como sendo o responsável pelos supostos desacertos
daquela que a Providência Divina me colocara nas mãos por esposa leal.
Circunstâncias
provocadas pelos que mostravam interesse em nossa desunião, falsos testemunhos,
bilhetes anônimos e difamações fantasiadas de bons conselhos acabaram por
arruinar-me...
Discutimos.
Acusei-a,
defendeu-se. Chorou, escarneci...
E, para
fiscalizar-lhe a conduta, transferi-me para acasa paterna, ameaçando tomar-lhe
as crianças, através do desquite. Para isso, porém, queria provas, tinha fome
de confirmações do inexistente.
Meu pai
surgia conciliador:
- Meu filho,
paternidade é compromisso, perante Deus...
- Você não
tem o direito de proceder assim...
- Onde a
caridade para com a esposa ingêenua?
- Mesmo que
ela errasse, constituiria isso motivo para uma sentença de abandono implacável?
- Há
compromissos ditados por desequilíbrios espirituais que não conhecemos na
origem...
Pense
nas tragédias da obsessão que campeiam no mundo...
E os pequenos?
Terão eles a culpa de nossas perturbações?
- Recorramos
a prece, meu filho!.. A prece nos clareará o caminho...
Silenciava,
ao recolher-lhe as advertências, em face da veneração que lhe tributava, mas,
no íntimo, articulava minhas respostas imanifestas: “orarei pela boca do
revólver”, “pobre pai”, “bobo de velho com setenta e seis anos”, “cabeça tonta”,
“caduco”, “fanático”...
E, noite a
dentro, espreitava, de longe, os movimentos de Alice, á feição da serpente
vigiando a furna de que aparentemente desertara.
Duas semanas
decorreram, normais, quando sobreveio o momento em que lobriguei o vulto de um
homem que saía de nossas casa...
Seria o
rival...
Guardei
segredo e prossegui na tocaia.
Mais quatro
dias e o mesmo homem chegou de caro, despediu-se do motorista e entrou...
Puxei o
relógio. Onze horas e quinze minutos. Noite quente.
Prevenido,
acerquei-me da moradia, que se localizava em subusbio remoto.
Encontraram-se
os dois com mostras de intimidade e, a distância, notei que se acomidavam num banco
de pedra do pátio lateral, que a sombra envolvia. Conversavam sugerindo carinho
mútuo. Enxergava-lhes o perfil, mergulhado em penunbra, conquanto não lhes
ouvisse as palavras, e estudei, friamente, a posição que ocupavam na peça estreita.
Desvairado,
consultei o portão de entrada, verificando-o semiaberto. Acesso fácil.
Com a
sagacidade de um felino, avancei, descarregando a arma nos dois.
Ouvi gritos,
mas ocultei-me na vizinhança, para fugir em seguida, a sentir-me vingado.
Não vacilaria
arrostar a polícia, se necessário.
Tentando
refrigerar a cabeça, procurei descansar algumas horas em praia deserta.
Entreguei o revólver à lama do esgoto esquecido e voltei a casa para saber,
aterrado, que eu não apenas assassinara minha esposa, mas também meu abnegado pai
que a socorria...
Não acreditei.
Corri ao
necrotério e, ao reconhecê-los, tornei ao lar, atormentado pelo remorso, e
enforquei-me, sem dar outra impressão que não fosse a de um homem que a dor
fizera delirar, atirando-o ao suicídio...
Exilado por
minha própria crueldade, em vales tenebrosos, nunca mais vi os que amo...
Entendereis o
que sofro?
Quantos anos
se passaram sobre os meus crimes? Não sei... Os que choram sem o controle do
tempo não sabem contar as horas...
Misericórdia,
meu Deus!
Dai-me a reencarnação,
os empeços da Terra, a luta, a provação e o esquecimento, mas ainda que eu
padeça humilhação e surdez, durante séculos, permiti Senhor, que eu aprenda a
escutar!...
Ensinos de Emmanuel
Livro: “O Consolador” (Ed. FEB)
Destaques constantes da revista ‘Reformador’ (FEB) Outubro 1944
1. “O Espiritismo não deve nutrir a pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo. A sua missão divina há de cumprir-se junto das almas, nos legítimos fundamentos do Reino de Jesus.”
2. "O êxito dos
esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade
de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhadores que militam em sua
fileiras."
Na missão do bem
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador (FEB) Outubro 1944
Se vais à missão do bem,
Destrói a sombra, a incerteza...
Repara as lições do Pai
No livro da Natureza.
A terra do lavrador
Que produz e prospera,
Não prescinde, em parte alguma,
Do aramo que a dilacera.
A semente destinada
Às forças de luz da vida
Precisa morrer no fundo
Da cova desconhecida.
Se progride, em torno à casa.
O mato bruto, inclemente,
Ninguém dispensa o recurso
Da enxada benevolente.
Na colheita rica e farta,
Há golpes de segador...
A farinha delicada
Passou no triturador.
O pão singelo ou fidalgo
Que abençoa a refeição,
Foi cozido devagar
Ao calor de alta expressão.
Toda vinha de esperança
De alegria, de fartura,
Exige do vinhateiro
As chagas da podadura.
A mesa, o leito, a poltrona,
Que servem todos os dias,
Passaram pelos serrotes
De rudes carpintarias.
Ouve amigo, e atende à luta!
Que seria do trabalho,
Se a bigorna escapulisse
Das vivas ações do malho?
Que seria da candeia,
No instante justo de arder,
Se o óleo fadado à luz
Quizesse permanecer?
Se vais à missão do bem,
Não olvides, meu irmão,
Que o suor gera o serviço,
Em busca da perfeição.
Consome-te no dever,
Sê, tu mesmo, a claridade,
Jesus, para ser Senhor,
Foi servo da Humanidade.
Jorge Faleiros por Chico Xavier
Reformador (FEB) Agosto 1963
Desde muito chorava o belo filho morto,
Num desastre de mar em suntuoso falucho (barco à vela),
Triste, a fidalga anciã vivia em pranto e luxo,
No esplêndido solar ao pé de velho porto...
Certo dia, a criada, em rijo desconforto,
Dá-lhe um pobre enjeitado, um magro pequerrucho,
Ela clama: “Não quero! Isto é morcego e bruxo,
Tem na face do monstro o nariz feio e torto!...”
E a dama solitária, em angústia insofrida,
Atravessou a morte e acordou noutra vida,
Buscando ansiosa e rude, a afeição do passado...
Debalde soluçou, na lição do destino...
Ao desprezar na Terra o infeliz pequenino,
Recusara, orgulhosa, o filho reencarnado.
Finados
Isolino Leal por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Novembro 1964
No
pesar que te alanceia,
Será
fazer da saudade
Lenitivo
à dor alheia.”
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1961
Compra, guarda e ajunta livros,
Mas estuda, dia a dia.
Mostrar a biblioteca,
Não mostra sabedoria.
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1961
Perdoa e ajuda amparando
Como as terras generosas,
Que dão, em troco de estrume,
Pão e benção, vida e rosas.
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador (FEB) Fevereiro 1961
Reténs o próprio tesouro.
O dinheiro que escraviza
É dura algema de ouro.
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1961
Cultiva a reta intenção
Em tua própria defesa.
Mesmo vítima do engano,
Sinceridade é grandeza.
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1961
No que tange a confidências,
Fala a Deus em tua prece,
Quem melhor guarda um segredo
É aquele que o desconhece.
Conversa em Casa
Casimiro Cunha por Chico Xavier
Reformador (FEB) Fevereiro 1961
Venceste? Trabalha sempre,
Sem detenção no passado.
O herói que vive de fama
É um morto-vivo enfeitado.
Rota Espírita
Albino Teixeira por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Fevereiro 1966
Erguer-se
de manhã e bendizer a vida.
Espalhar
ao redor a presença do bem.
Escutar
calmamente as notícias da hora.
Dar
a palavra amiga. Ajudar conversando.
Dispor
o coração a servir sem perguntas.
Fazer
mais que o dever na tarefa em que esteja.
Suportar
sem revolta as provações em curso.
Apagar
a discórdia e liquidar problemas.
Estudar
e entender. Discernir e elevar.
Render
culto à Verdade entre bênçãos em tudo.
Ser
fiel ao trabalho e esquecer as ofensas.
Amar
fraternalmente a todas as criaturas.
Acender
cada noite as estrelas da paz,
No
abrigo da consciência em preces de alegria.
-
Eis a rota ideal na jornada constante
Do
espírita-cristão, à luz de cada dia.