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sábado, 30 de maio de 2020

A Guerra



A Guerra
José Petitinga
Reformador (FEB) Fevereiro 1918

            É possível que eu seja um retrógrado, que não compreenda bem as leis da Evolução, que desconheça todos os matizes da palavra - Progresso -, e daí a minha oposição à Guerra e o meu desacordo com o modo de pensar dos seus partidários, ou dos que a julgam necessária ao progresso humano.
            Ela serve, é verdade, pelas dores que nos proporciona, de instrumento vingador das nossas infrações ao código divino.
            Mas assim como a forca e o carrasco tornaram-se obsoletos e reclamam, para
substitui-lo, uma educação baseada nos ensinos do Cristo, do mesmo modo a Guerra, que é um monstruoso arcaísmo, deve ser substituída pela Fraternidade, ou, se quiserem, pelo   altruísmo, que é vocábulo mais moderno e, por isto, mais agradável a muitos ouvidos.
            Se o homem progride pelo conhecimento da Lei natural, se o perfeito conhecimento dessa lei nos dá a posse da verdadeira ciência, como a sua prática nos conduz à verdadeira felicidade penso que não pode ser considerado progresso aquilo que se opõe a essa lei.
            O código mosaico, que Jesus não revogou, mas somente amenizou lhe os pontos ásperos, necessários à época de sua promulgação, conservando lhe a essência divina, que é eterna e imutável, diz claramente: “- Não matarás!”; a Guerra, ao contrário, tendo por princípio a destruição, sem a qual não poderá existir, recomenda a matança e faz dos mensageiros da Morte os seus heróis, os seus distinguidos.
            É progresso o que está em desacordo com a Lei?
            Deve-se considerar conquista da civilização o que é contrário aos mandamentos divinos?
            Pode-se logicamente, dentro dos princípios da Moral, considerar benemérito o homem que mata?
            A afirmativa, que eu não subscrevo e contra a qual protesto, será a revogação do Decálogo, a proscrição do Evangelho e a apoteose da Guerra pelo retrocesso do homem à barbárie, retrocesso esse que modificaria - se a Lei pudesse alterada - o valor de todos os termos do vocabulário humano, confundindo a Virtude e o Vicio, a Luz e as Trovas, o Bom e o Mal.
            Creio, portanto, que é dever de todo cristão, e especialmente dos que seguem
o Espiritismo, fazer guerra à Guerra. O orgulho gerou-a, o egoísmo concebeu-a, e como estes mesquinhos sentimentos - origem de todo os males, causa de todas as desgraças - são contrários a moral evangélica, a Guerra, deles diretamente derivada é anticristã e deve ser repudiada por aqueles que se esforçam por seguir os preceitos do Nazareno.
            Ninguém, podendo evita-la, submete-se a uma operação cirúrgica; assim devemos evitar prudentemente as efusões de sangue, acautelando-nos quanto possível contra essas operações violentas que, embora não desintegrem o organismo social, deixam-no sempre  depauperado.
            A Guerra, mesmo quando se nos afigure justa, parecendo que tem por base um princípio elevado, - é má. Esse princípio é um pretexto ou um simulacro. Se, o estado físico do momento não permite uma análise vigorosa, se a paixão dominante cega os homens vedando lhes o discernimento, o futuro, com a calma de um frio analista, virá mostrar que somente o orgulho e o egoísmo agiram, ocultando a natural hediondez sob a máscara da Honra e da Justiça.
            A História está pejada de exemplos: as guerras que no passado foram chamadas “santas”, o presente chama-as “Maldita” e o futuro talvez as julgue simplesmente ridículas. 
            Esforcemo-nos, pois, para conquistar a Paz pelo Amor que salva e pelo Trabalho que dignifica, lembrados de que o “Não matarás” do Decálogo encontra o seu complemento no «Amai-vos reciprocamente do Evangelho.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Preito a Allan Kardec


Preito a Allan Kardec 
José Petitinga
Reformador (FEB) pág. 312 ano 1917

            Mestre, escuta-me.

            São decorridos trinta anos.

            Circundado de bênçãos e aureolado de glórias, tinhas tu, já algum tempo, volvido ao espaço, a fim de dares conta da árdua missão de que foras investido pelo Cristo, quando eu, que te não conhecia ainda, me achei um dia, vacilante e trôpego, numa azinhaga tortuosa e escura, estranho aos esplendores da Natureza, sem prever onde terminaria a escabrosa senda.

            Aguçados espinhos rasgavam-me as plantas e as vestes, enquanto me fustigava o corpo mórbido a ventania rábica, ameaçando apagar n’alma para aclarar os meandros da tenebrosa jornada.

            Eu chorava e blasfemava às vezes.

            Sentia fome e sede... fome de saber e sede de Amor. Mas os raros frutos que pendiam de ramos enfezados eram venenosos e amargos, como amargo era, a linfa estagnada que no caminho havia.

            Pensei em retroceder; mas a Infância, de onde partira, estava tão distante...

            Onde me achava eu?

            Na Mocidade.

            Mocidade!

            Essa fase da vida para mim não teve atrativos. Lembro-me dela sem saudade. As flores cândidas de uma crença ingênua que me perfumara a adolescência; o sopro de tumultuosas paixões tinha varrido o meu caminho ...

            Era angustiosa a minha situação.

            A dúvida, precursora da descrença e do desânimo abeirava-se de mim, crocitando como abutre faminto.    

            Ideias confusas me assaltavam.

            Gemidos e imprecações chegavam-me aos ouvidos misturados com gargalhadas sardônicas e palavras cínicas cheias de um ateísmo revoltante.

            Quase à minha frente, numa curva do caminho vi subitamente desenhar-me um precipício hiante, que mudamente me convidava ao repouso, e que, para a minha
imaginação doentia, tinha a forma de um grande zero.

            Que seria aquilo: delírio ou sonho? O vestíbulo da loucura ou o Calvário da razão?

            Ah! era talvez o conluio de todas as faltas por mim cometidas nas encarnações passadas, apresentando a um tribunal que eu desconhecia o seu libelo acusatório!

José Petitinga

domingo, 25 de outubro de 2015

Creio, espero e amo...



             “Ainda choro; mas não blasfemo nunca.

            A sede e a fome que me torturavam, diminuem à proporção que recebo os clarões do Evangelho.

            Creio, espero e amo.”

            Preito a Allan Kardec (trecho)
José Petitinga

Reformador (FEB) pág. 312 ano 1917