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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A influência do mundo espiritual

 

A Influência do Mundo Espiritual

por Luiz Gomes da Silva

Reformador (FEB) Abril 1944

             “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas. - Condutores de cegos! Coais o mosquito e engolis o camelo". - Mateus (cap. 23 e vs. 23 e 24).

            Aos que, nos Centros Espíritas, dirigem sessões práticas, não lhes escapa da mente os fenômenos de que foram testemunhas. Já nos foi dado observar que os espíritos desencarnados, envoltos na sua maldade, quando encontram ambiente propício, são capazes de desarmonizar famílias, dissolver lares e sociedades, levando os homens à prática do crime, do roubo e do suicídio, assim como a fazer ou dizer coisas que, momentos depois, se envergonham de haver dito ou praticado.

            Allan Kardec, no "Livro dos Médiuns", página 292, narra nos o seguinte fato bastante interessante: “um homem, nem moço, nem bonito, sob o império de uma obsessão era constrangido por força irresistível a pôr-se de joelhos diante de uma moça por quem ele não tinha nenhuma inclinação, e pedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nos ombros e nas pernas uma pressão enérgica que o obrigava, apesar de todos as forças, a pôr-se de joelhos e a beijar o chão nos lugares públicos e à vista da multidão. Tinha plena consciência do ridículo que praticava contra vontade e sofria horrivelmente com isso.”

            Foi sob essa má influência que Pedro negou Jesus. O mesmo se passou com Judas, que não pode resistir à tentação dos espíritos das trevas, traindo o Mestre, depois do que caiu em si e, ao refletir sobre o ato abominável que havia praticado, dominado pelo remorso, enforcou-se.

           Quantos médiuns lamentam não ter atendido aos nossos conselhos e aos rogos dos espíritos superiores que, a exemplo de Jesus, não cessam de recomendar o “orai e vigiai para não cairdes em tentação.”

            Quem não está sujeito à tentação dos maus espíritos?

            Quem pode vangloriar-se de lhes resistir se eles veem em nós as partes mais fracas sobre as quais podem agir seguros de alcançar êxito?

            Num mundo como o nosso, em que campeia desenfreadamente o orgulho, o egoísmo, o sexualismo e a vaidade; em que predomina a hipocrisia e onde a lisonja se personifica em elogios, invadindo os nossos meios espíritas, com poderá dizer que não cairá na armadilha que os espíritas das trevas nos armam? Trabalhamos durante muitos anos com uma senhora médium, por intermédio da qual se manifestavam espíritos que haviam sido padres. Estes deram-nos provas de que no espaço estavam formados em grupos para atacar os adeptos da Terceira Revelação, movendo-lhes uma guerra sem tréguas.

            O chefe de um grupo procurou por todos os meios lançar a discórdia em nosso meio; não fosse o auxílio dos espíritos superiores e do médium vidente, que desmascaravam as artimanhas do espírito ao mistificar-nos, nós o tomaríamos por um santo, tal era a sua astúcia. Depois de nove meses de luta, esse espírito, com muitos do seu grupo, rendeu-se perante a grandeza de Deus e tornou-se um dos nossos amigos.

            A luta foi árdua. Ainda estávamos no meio da tormenta, quando perguntamos ao espírito porque os irmãos do espaço nos moviam aquela guerra. Porque não iam combater o chamado baixo Espiritismo, ou sejam as sessões de macumba, que tanto mal causam a humanidade? Respondeu-nos o espírito, numa gargalhada sarcástica: “és bem trouxa, pois, não sabes que eles nos ajudam em nosso trabalho, fazendo que seja lançado o descrédito sobre o Espiritismo? Eles trabalham a nosso favor. A nossa missão é outra, é a de lançar a discórdia entre os espíritas. Conhecemos os seus pontos fracos e isto nos basta.” – A médium era analfabeta e não podia improvisar tal resposta. A rapidez com que o espírito se expressava não dava tempo de o médium ajuizar uma resposta repentina e com tanta lógica. Quais serão os nossos pontos fracos a que o espírito se referia, senão esses que dão margem a discórdias entre nós? Todos nós somos médiuns. Uns de incorporação e outros inspirados.

            Às manifestações recebidas pelos primeiros são atribuídas aos espíritos, porém com os inspirados já não sucede o mesmo, pois assumem a responsabilidade de tudo quanto dizem em suas conferências e palestras. Se erram, ninguém lhes perdoa. Em outubro do ano passado, no Centro Espírita Santa Isabel, comemorava-se a data natalícia de Allan Kardec, quando o orador oficial, que então tantos aplausos havia recebido, foi infeliz ao referir-se ao codificador de nossa doutrina. – Note-se que ele não conhecia as obras de Roustaing.

            Em vista do ocorrido, o presidente do Centro chamou-o em particular e fez-lhe ver que havia errado. A influência dos espíritos patenteia-se perante os que estudam o Espiritismo, se que, entretanto, tudo o que nos sucede lhes deve ser atribuído, Um dos nossos confrades, criatura bastante inteligente, é inimigo número um de Roustaing, sem que tenha lido suas obras, porém, em uma festa realizada no Centro Espírita de que é presidente, fez uma palestra e no decorrer desta percebia-se que mudava de opinião, sustentando ser fluídico o corpo de Jesus. Até hoje persiste ele na ideia de que o corpo do Mestre era de carne e osso. Felizmente, todos os espíritas presentes eram tolerantes e sabiam que os ataques contra as obras de Kardec ou de Roustaing, quer partam dos espíritos desencarnados ou encarnados, nada valem contra o valor das mesmas, por serem elas fruto dos superiores do além e não dos homens. Os que estudam o Espiritismo sabem que os bons ou maus pensamentos dos assistentes exercem grande influência sobre os oradores, de tal forma que, se estes perderem o fio da conferência, podem dar margem à interferência dos espíritos das trevas e daí dizermos que o conferencista não foi feliz nos pontos que abordou. Oremos pelos que erram e em segredo façamos lhes ver a verdade.

            Sejamos tolerantes e não imitemos os que se regozijam com os que não se cansam de ridicularizar Roustaing e exasperam-se quando alguém, inconscientemente, desmerece a grandiosa missão de Allan Kardec. Já é tempo de darmos provas da nossa compreensão.

            Deixemos os grandes vultos do Espiritismo, no além, em paz, para deles só nos lembrarmos, do que tenham feito de bom e, assim, nos ocuparmos com coisas mais nobres do que menosprezar Kardec e Roustaing, só porque não podemos compreender nem assimilar os ensinos belíssimos contidos em suas obras. Saibamos resistir à tentação dos espíritos das trevas, que insuflam nosso orgulho com o objetivo de nos arrastar para polêmicas desagregadoras da família espírita e, desse modo, verem a sua obra destruidora coroada de êxito. É nosso dever trabalhar pela união de todos os espíritas. Jamais consintamos que, sob falso pretexto de pontos de vista secundários, nos separem do Amor Fraterno.


sexta-feira, 23 de abril de 2021

A propósito de obsessões

A propósito de Obsessões – parte 1

por M. Quintão    Reformador (FEB)    01 Dezembro 1918

             Constantemente solicitado para intervir em casos de obsessão e até de simples atuação, podemos, neste assunto, respigar algumas noções úteis à tese, que é das mais interessantes da nossa doutrina.

            Em regra, a maioria dos espíritas não conhecem o Espiritismo, e muito menos o conhecem aqueles que de auditu (que se ouviu dizer), porque souberam da cura de ‘A’ ou ‘D’, recorrem ao primeiro confrade inculcado, pedindo-lhe para afastar o obsessor importuno.

            E, no entanto, o Espiritismo é uma filosofia científica e profunda, que requer esforço, tenacidade, paciência, para produzir os belos frutos que são o seu apanágio.

            Para bem avaliar, portanto, o pedido que constantemente nos fazem, deveriam os recorrentes começar por estudar o Espiritismo, aceitando-o de coração e incorporando-o ao patrimônio dos seus conhecimentos ordinários.  

            Ninguém sensatamente deve recorrer a um meio terapêutico, sem indagar da sua eficácia, meios de aplicação etc.  

            Não é isso, no entanto, o que fazem - já não dizemos os indiferentes que buscam apenas o alívio imediato das suas aflições morais, como buscariam um dentista que lhes extraísse o dente cariado - na primeira esquina - mas pessoas que se prezam de professar e conhecer o Espiritismo, de aceita-lo e segui-lo.

            De certo, natural e humano é que as nossas vicissitudes recorramos ao nosso semelhante, mesmo porque damos azo a estabelecer-se de tal arte essa corrente de solidariedade que é uma das prerrogativas mais belas do Espiritismo cristão, quando não damos também um testemunho d'essa humildade que decorre da mesma fonte.

            O que, no entanto, não nos parece lógico nem razoável, nem humano, nem cristão que cometamos ao vizinho a limpeza da nossa casa, conservando-a nós mesmos emporcalhada.

            Sim, porque é preciso ficar bem definido que a obsessão é uma prova para o paciente dela, e toda prova é consequência de um erro, seja ele recente, considerado em relação a existência terrena atual, seja remoto, considerado em relação à existência ou existências anteriores. E, tal seja o erro, tal a sua gravidade, a prova pode ser de caráter transitório ou definitivo.

            Em qualquer dos casos, porém, o que importa é estudar a natureza da obsessão, o seu caráter e, quanto possível, as suas causas determinantes.

            Nem se diga ser isso impossível, porque pelas tendências do paciente, pelos seus antecedentes morais, pelos seus hábitos e gostos, como pelas próprias manifestações ostensivas ou latentes do obsessor, pudemos chegar a uma conclusão razoável.

            E, porque há sempre entre o obsedado e o obsessor um elo de afinidade espiritual, importa desde logo, com os recursos que a nossa doutrina tão criteriosamente prescreve, afrouxar, para quebrar (hipótese de prova transitória), esse elo, modificando o ambiente em que se debate a vítima, para atenuar a ascendência do algoz. A prece, a harmonia de vistas, a brandura, o carinho, são os agentes porventura mais eficazes dessa tarefa, e que cumpre serem adotados como norma de conduta no campo da ação.

            Todos os que são atingidos por essas provas - e muitos o são realmente - devem ter  em vista que elas, nem por serem rudes, deixam de edificar, vindo às vezes como verdadeiros pródromos (preâmbulos) de regeneração para os meios em que explodem.

            A Justiça Divina é tão perfeita que o mal, por efêmero, não é senão uma modalidade do Bem definitivo.

            E assim pensando, toda exasperação é inútil, toda revolta prejudicial.

            Outras considerações faremos em artigos subsequentes, sobre este assunto de palpitante atualidade, se Jesus por nosso Guia no-lo permitir.

A propósito de Obsessões – parte 2

por M. Quintão       Reformador (FEB)     15 Dezembro 1918

             Devemos interceder sempre pelos nossos irmãos obsedados?

            Interceder, orando e aconselhando, sim; mas intervir provocando e quiçá irritando o obsessor, não.

            Não, salvo os casos em que a nossa doutrina prescreve essa intervenção, aparelhados que estejamos pela coesão de esforços comuns, vibrando uníssonos e harmônicos a nota da caridade, em grupos ou centros de homogeneidade perfeita e segura orientação.

            Fora destes casos, aliás raríssimo pela desorganização e falta de método dos espíritos em geral, toda a intervenção de fato se nos afigura problemática, inútil e até perigosa.

            Problemática, porque, alheados do convívio dos nossos Guias, mal avaliamos e muito menos apreendemos a Justiça Divina que se cumpre; inútil e perigosa, porque ao contato

de espíritos muitas vezes superiores em conhecimentos e perversíssimos, no entanto, tornamo-nos, por despercebidos de virtudes, a placa sensível do seu ódio e – quantas vezes  - o derivativo da sua vingança, como justo corolário da nossa leviandade.

            Mais de um exemplo poderíamos citar, de grupos bem intencionados, que fracassaram nessa tentativa, radicando no espírito de observadores menos estudiosos, a convicção de que o tratamento de obsessões não passa de uma burla.

            E, no entanto, esse tratamento é, temo-lo dito - quando eficaz e oportuna - um dos frutos mais belos e proveitosos a colher na seara imensa do amor ao próximo.

            Para colhe-lo, contudo, as condições são difíceis, porque para colhe-lo não basta essa boa vontade desarmada da fé viva: não basta, ainda, o conhecimento aprofundado do plano espiritual, nem lógica, nem argumentos - mas amor.

            Ora, o amor não é predicado de volição, é patrimônio da alma, é tesouro que se não improvisa, mas que se acumula de sacrifício em sacrifício, de pena em pena, de provação em provação.

            Para aferirmos a dor alheia, não há como equipara-la à nossa dor, e nesta ordem de raciocínios quase que se pode afirmar que só sabem amar os que bem sabem ou tem sabido sofrer.  

            O espírito obsessor é sempre, por via de regra, o instrumento voluntário da prova, e a prova há de fazer-se, porque Jesus disse que pagaríamos até o último ceitil.

            Com amor, se o tivéssemos, poderíamos e devíamos iluminar esse espírito -  regenerá-lo é o termo - e na permuta de sentimentos teríamos aprendido alguma coisa, porque a lição bem entendida é reciproco. E é esta, ao presente, a única justificativa dos que, de boa-fé, se cometem essa tarefa, visto como, a rigor, a sua intervenção é arbitrária, é passiva e só eficaz pelo trabalho dos Guias, quando a obsessão naturalmente tende a extinguir-se.

            Do contrário, mesmo na hipótese da regeneração do obsessor, que seguramente também não é um eterno escravizado do mal e conserva o seu livre arbítrio, toma outro o seu lugar.

            E a obsessão continua o seu curso com grande pasmo dos que descuidosos andam destas sutilezas; dos que pensam que para ser espírita e para conhecer o Espiritismo basta acreditar na sobrevivência e na manifestação dos espíritos, com maior ou menor dose de tinturas teóricas.

            Todos os que labutamos nesta rude mas sempre grata tarefa de aproveitar o Divino Óbolo da revelação espírita, procurando pratica-la como um evangelho, de coração; todo os que acompanhamos o desdobrar de fatos e provas, todos reconhecemos que mais fáceis são as curas físicas do que as morais: - por que?

            Porque para a cura do corpo, que representa a satisfação de gozos e apetites, entramos sincera e ardentemente com a nossa vontade; ao passo que para a cura da alma, que representa o repúdio desses mesmos gozos, abdicamos de todo o esforço próprio, apelamos para a Graça, como se as leis do Espiritismo não fossem a consagração, do contrário, isto é, do mérito pela aplicação do livre arbítrio.

            A ninguém se afigure, no entanto, que somos sistematicamente infenso (contrários) ao tratamento de obsessões.

            Desejaríamos apenas que esse tratamento pudesse dar algo de proveitoso para os créditos de nossa causa, verdadeira e santa, mas sempre conspurcada pela nossa leviandade e imoderação.  

            Desejaríamos que todos os chamados pudessem ser escolhidos, educando-se pelo sentimento para poderem exercer nobremente e eficazmente o mandato de educador de espíritos, pois só assim chegaríamos a provar que o Espiritismo cura e não faz loucos.  

            A quantos se valem do nosso conselho nas contingências de uma obsedação (obsessão?), temos feito ver estas coisas, e quanto porventura nos censurassem por dize-las - coram populo (em público, em voz alta e sem receio) -  haveríamos de demonstrar por fatos que elas correspondem à verdade.

            Se os simples trabalhos práticos são o parcel (as dificuldades) em que naufragam as ilusões de muitos dos nossos irmãos, que dizer desses trabalhos quando deliberadamente destinados a atrair espíritos obsessores?

            Que dizer desses trabalhos quando a ele nos abalançamos de coração vazio, em outra bússola além dessa tão decantada boa vontade, - fogo fátuo sempre prestes a extinguir- se nas trevas da própria consciência?

            Onde estaremos dois ou três verdadeiramente reunidos em nome de Jesus, sem que aí estejam as nossas paixões, a nossa miséria, os nossos erros de todas as horas, de todos os dias?

            Pois bem: junte-se a isso a inércia do obsedado, a indiferença e até mesmo a hostilidade do ambiente em que ele se encontra, na maioria dos casos, e ter-se-á ideia do que podem valer as intervenções ostensivas, reduzidas a verdadeiro jogo de cabra-cega.

            Depois, convenhamos: o Espiritismo vem, antes de tudo regenerar o homem, o qual poderá, então e só então, neutralizar os efeitos da obsessão, que é consequência lógica dos sentimentos humanos, exercendo no plano espiritual a sua atração magnética.

            No dia em que não houver homens obsedados, não haverá espíritos obsessores. 

 

sábado, 12 de setembro de 2020

Obsessão

               

A obsessão

por Alcindo Terra

Reformador (FEB) Junho 1920

 

            Não datam de hoje os casos de obsessão; remontam à infância da humanidade. Nem poderia ser de outro modo, desde que a morte não ergue barreiras entre os que se foram rumo do Além, e os prisioneiros deste mundo.

             Assim como os bons espíritos podem sugestionar para o bem os entes caros ainda na Terra, os que deixaram inimigos, guiados por sentimentos de vingança, para eles são atraídos no intuito de lhes infligir o mal. Mas, revestidos por este propósito inferior, só conseguirão o seu intento se aquele a quem desejarem ferir, de fato, carecer de passar por um transe doloroso, a fim de expungir faltas de um passado mais ou menos distante.

             Quem está limpo de culpa se torna invulnerável a quaisquer ações malfazejas oriundas do Invisível e isso consoante ao profundo pensamento do Divino Mestre, quando dizia: - Nenhum só cabelo de vossas cabeças cairá que não esteja contado. Por outras palavras, significa essa afirmativa estar a Divindade velando sobre as suas criaturas, desdobrando sobre todas elas o manto do seu amor, não permitindo por isto mesmo que sequer um átomo de sofrimento as atinja sem que o tenham justamente merecido.

             Assim, dentro do livre arbítrio em cujo gozo se encontra, o espirito desencarnado pode exercer uma vingança de longa data recalcada sob o temor das penalidades terrenas. O perseguido, ou seja, o obsidiado, resgata uma falta de outras eras; o desencarnado, isto é, o obsessor contrai uma dívida para o futuro. E aqui igualmente se cumpre a doutrina de Jesus externada naquelas palavras profundas também - o escândalo é necessário, mas ai daquele por quem vier o escândalo!

             De sorte que, nos casos de obsessão, não raras em nossos dias como não o eram nos tempos do Cristo, que as curava expulsando os demônios (espíritos atrasados) em virtude do seu poder magnético e da sua força moral inigualada e, além disso, sem dúvida, tendo a colaboração de uma série de espíritos puros, invisíveis executores da sua vontade orientada pelo bem, nos casos de obsessão, dizíamos, a cura do enfermo depende do arrependimento do obsessor.

             E o principal remédio ainda hoje é o que, em casos tais, aconselhava o excelso médico das almas, se porventura um dos discípulos não lograva a cura de um “endemoninhado”. Este remédio salutar é a prece-fio de luz guiador dos espíritos superiores que, acorrendo pressurosos ao nosso apelo, farão o que foi defeso à nossa fraqueza e miserabilidade.

             Essa dolorosa enfermidade da alma, a obsessão, que os espíritas, confiantes no auxílio do Alto, procuram curar, era profundamente conhecida de Jesus, o que lhe valeu ser acusado de expulsar os demônios em nome de Belzebu.

             E, se o manso cordeiro - modelo de todas as virtudes - foi colhido na acusação de colaborador de Satanás, é de todo ponto justificável sejam envoltos na mesma, senão em mais veemente acusação, os que, conquanto tateantes no erro, têm a ventura de formar na legião dos modernos discípulos que se debruçam carinhosamente sobre os obsidiados aos quais o Divino Mestre tanto ensinou a amar.