A
obsessão
por Alcindo Terra
Reformador (FEB) Junho
1920
Não datam de hoje os casos de obsessão; remontam à infância
da humanidade. Nem poderia ser de outro modo, desde que a morte não ergue
barreiras entre os que se foram rumo do Além, e os prisioneiros deste mundo.
Assim como os bons espíritos podem sugestionar para o bem
os entes caros ainda na Terra, os que deixaram inimigos, guiados por sentimentos
de vingança, para eles são atraídos no intuito de lhes infligir o mal. Mas, revestidos
por este propósito inferior, só conseguirão o seu intento se aquele a quem desejarem
ferir, de fato, carecer de passar por um transe doloroso, a fim de expungir faltas
de um passado mais ou menos distante.
Quem está limpo de culpa se torna invulnerável a quaisquer
ações malfazejas oriundas do Invisível e isso consoante ao profundo pensamento
do Divino Mestre, quando dizia: - Nenhum
só cabelo de vossas cabeças cairá que não esteja contado. Por outras palavras,
significa essa afirmativa estar a Divindade velando sobre as suas criaturas, desdobrando
sobre todas elas o manto do seu amor, não permitindo por isto mesmo que sequer
um átomo de sofrimento as atinja sem que o tenham justamente merecido.
Assim, dentro do livre arbítrio em cujo gozo se encontra,
o espirito desencarnado pode exercer uma vingança de longa data recalcada sob o
temor das penalidades terrenas. O perseguido, ou seja, o obsidiado, resgata uma
falta de outras eras; o desencarnado, isto é, o obsessor contrai uma dívida
para o futuro. E aqui igualmente se cumpre a doutrina de Jesus externada naquelas
palavras profundas também - o escândalo é
necessário, mas ai daquele por quem vier o escândalo!
De sorte que, nos casos de obsessão, não raras em nossos
dias como não o eram nos tempos do Cristo, que as curava expulsando os demônios
(espíritos atrasados) em virtude do seu poder magnético e da sua força moral
inigualada e, além disso, sem dúvida, tendo a colaboração de uma série de
espíritos puros, invisíveis executores da sua vontade orientada pelo bem, nos
casos de obsessão, dizíamos, a cura do enfermo depende do arrependimento do
obsessor.
E o principal remédio ainda hoje é o que, em casos tais,
aconselhava o excelso médico das almas, se porventura um dos discípulos não
lograva a cura de um “endemoninhado”. Este remédio salutar é a prece-fio de luz
guiador dos espíritos superiores que, acorrendo pressurosos ao nosso apelo,
farão o que foi defeso à nossa fraqueza e miserabilidade.
Essa dolorosa enfermidade da alma, a obsessão, que os
espíritas, confiantes no auxílio do Alto, procuram curar, era profundamente
conhecida de Jesus, o que lhe valeu ser acusado de expulsar os demônios em nome
de Belzebu.
E, se o manso cordeiro - modelo de todas as virtudes - foi
colhido na acusação de colaborador de Satanás, é de todo ponto justificável
sejam envoltos na mesma, senão em mais veemente acusação, os que, conquanto tateantes
no erro, têm a ventura de formar na legião dos modernos discípulos que se debruçam
carinhosamente sobre os obsidiados aos quais o Divino Mestre tanto ensinou a
amar.
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