Raio de Luz
de Albino
Teixeira (1903-1984)
por Heitor Luz Filho
em “Reflexões Espirituais” (Edição do C E. Casa do Rosário de N. Senhora,
RJ, RJ)
É difícil ao espírito encarnado compreender o panorama da vida espiritual, como ao cego de nascença é impossível idealizar a forma das coisas e as vibrações da luz.
Embora a vida na matéria se interpenetre no plano
espiritual, o fenômeno da comunicação entre os espíritos, de ambos os planos,
não é, ainda, de todo conhecido, podendo dizer-se, apenas, que há um
teledinamismo a acionar a mecânica da interligação vibratória.
Necessário, porém, é compreender que os
mundos não são estanques e que tudo converge para o mesmo fim, dentro do princípio
da unidade originária de todas as coisas.
Não há, assim, por que estranhar possamos
estabelecer diálogos entre irmãos encarnados e desencarnados, já que todos
passamos pelas mesmas experiências e pelos mesmos estágios, dezenas, centenas,
senão milhares de vezes. E, o que fazemos agora, portanto, nessas páginas humildes
que o médium, com o desejo de servir, vai grafando, nada mais representa que a
religação de correntes de pensamentos, que dimanam dos centros perispirituais
sob o comando direto do Espírito.
Não há, portanto, fantasias nem ficções, nem
interesse, de qualquer forma, em traduzir mensagens que não sejam o reflexo de
ideias na representação de fatos, casos e imagens do mundo espiritual. E, quando,
movidos pelo amor fraternal, trazemos a nossa palavra aos que, ainda, permanecem
no envoltório carnal, no cumprimento de missões ou na quitações de débitos, o que
nos impulsiona é devassar a treva pela luz, erradicar o erro pela Verdade e retificar
os desvãos dos caminhos incertos com o roteiro do Evangelho. O que desejamos é
trazer a todos que já olvidaram as experiências de vidas pretéritas pelo revestimento
da matéria, a realidade da vida espiritual nos seus vários aspectos e nos panoramas
diversos, para mostrar, a todos, que a cada um será dado conforme a suas obras.
E que, todavia, o Cristo, como Senhor da humanidade terrestre, está sempre, de
braços abertos para agasalhar todos os pecadores impenitentes propiciando-lhes a
oportunidade, pelo remorso, pelo arrependimento e pela elucidação evangélica, de
retornarem em paz aos planos da Luz Eterna.
Não há mistérios, meus irmãos, no diálogo espiritual, que se repete desde os tempos primevos, quando, ainda, o Cristo não descera aos planos terrenos para nos dar Boa-Nova.
O que necessita é de simples compreensão das leis vibratórias de sintonia, assim como do mecanismo da mediunidade, por intermédio do qual espíritos afins, agindo sobre elementos perispirituais, transmitem, mediante correntes de pensamento, imagens e ideias a espíritos em planos mais grosseiros sob a capa da matéria, cujo estado vibratório, nem sempre, permite uma perfeita fidelidade receptiva. Daí por que há necessidade de preparo espiritual e moral, sem o que a interligação se produzirá com falhas e defeitos tantas vezes prejudiciais à confiabilidade da comunicação.
A mensagem mediúnica é, sempre, um beneplácito
do Pai. É raio de luz em meio às trevas do mundo em que se submerge o filho
pródigo, que não soube fazer bom uso do livre arbítrio e preferiu perder-se nas
emoções e nos desejos e subjugar-se pelas paixões e sentimentos imperfeitos.
Assim, pois, meus irmãos, a nossa palavra
haverá de ressoar, sempre, como o eco divino que se propaga, de plano em plano
em plano, na imensidão do Cosmo, até atingir, por vales e montanhas, os
escabrosos fundões em que remanescem, entre gritos, dores e lamentos os irmãos
remissos que se desesperam entre os pruridos das chagas morais do Espírito.
É essa descida do Alto – esse raio de luz que
penetra as trevas densas dos abismos fluídicos, esse chamado de Paz e Amor em
atenção aos clamores de socorro – que consubstancia o Amor Divino trazido, até
os planos inferiores, pela maravilha da mediunidade.
Cumpre-nos, portanto, ao ensejo de vir até
onde se encontram os nossos irmãos em dolorosas experiências, trazer, nesse
diálogo entre os dois mundos, a palavra de esperança, de fé, de paz e de amor,
porque um dia estaremos todos juntos, não mais em planos diversos, para elevar
o nosso pensamento a Deus em agradecimento às dores e aos sofrimentos que,
produzindo sulcos profundos em nosso Espírito, todavia nos inundam de luz a
esparzir de nosso interior com os resplendores do Sol.
No dia, meus irmãos, em que chegar a Era de
Regeneração; quando a luz houver espancado, para sempre, as sombras; quando o
ódio houver desaparecido dos corações e quando a humildade for o apanágio de
todos os espíritos, não haverá mais céu nem terra, porque todos estaremos, como
um só rebanho, na Mansão Infinita de um só Senhor!
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