Porque sou cristão
por Wantuil de
Freitas
Reformador (FEB) Junho 1942
Católicos, protestantes e
materialistas que militam hoje na propaganda evangélica, segundo o Espiritismo,
ou, seja, em espírito e verdade, sofreram primeiramente o efeito salutar do
buril divino, para que então se voltassem para o Cristo de Deus.
Os fatos comigo se passaram de
maneira diferente. Conhecendo o Antigo e o Novo Testamentos, interpretados por
católicos e protestantes, por ter eu estudado em colégios dessas duas
religiões, quando recebi o convite para assistir a uma reunião espírita,
lembrei-me das palavras de Paulo – Examinai tudo e escolhei o que for bom – e me
dirigi para a sessão, aliás, convencido de que conseguiria desmascarar, ou,
pelo menos, explicar os fenômenos que me haviam relatado.
Inútil dizer aos que me leem que
não consegui o que a minha vaidade humana aspirava e, assim, ao voltar da
reunião, trazia no bolso a lista das obras de Kardec, que me foram aconselhadas
pelo presidente da sessão.
De posse dos livros básicos,
passei a estudar o Espiritismo e, durante meses, nada mais fiz que ler toda a
literatura existente em português e francês e em traduções de outras línguas para
estas duas. Li para mais de duzentas obras e já acreditava na veracidade dos fenômenos.
Admitia-os como produzidos pelos desencarnados, mas, ainda havia um vácuo no
meu espírito – não compreendia a razão por que misturavam o Cristianismo com o
Espiritismo.
Habituado às ciências positivas e
experimentais, eu não admitia que Jesus Cristo houvesse podido realizar os fenômenos
relatados no Novo Testamento. Todas as obras que me haviam tornado crente não
conseguiram que eu acreditasse na ressurreição e nos demais fenômenos, de sorte
que, admiti-los sem que a minha razão os aceitasse, seria enganar a mim mesmo e
estar, ainda, de encontro à própria Doutrina que me aconselhava o cultivo da fé
raciocinada e baseada nos fatos experimentais.
Alguns meses levei nesta luta
íntima e nela continuaria até hoje, se não encontrasse a explicação dos pontos
que me afastavam do Cristianismo, explicação que só encontrei na obra – Os Quatro
Evangelhos, de Roustaing. Foi aí,
nessa obra monumental, que aprendi a estudar o Evangelho, conseguindo,
finalmente, solidificar a minha fé religiosa e compreender que o Espiritismo
não é um ramo do Cristianismo, mas o próprio Cristianismo redivivo.
Como veem, foi Roustaing quem me
fez assimilar o Evangelho e compreender as obras básicas que os Espíritos
transmitiram a Kardec, autor este que vem sendo disseminado no Brasil, graças a
um punhado de espíritas que, há sessenta anos, fundaram a Federação Espírita
Brasileira, onde, durante todo esse tempo, vem sendo estudadas bissemanalmente as
obras desses dois grandes missionários do século XIX.
Se a Kardec devo o conhecimento da
Doutrina que me forneceu os princípios filosóficos e científicos, a Roustaing
devo a felicidade de crer em Jesus Cristo. Roustaing não só me deu a certeza de
haver existido o Divino Mestre, como me fez crer na sua qualidade de Ser
Superior e, por isso mesmo, conhecedor dos fluidos, fluidos que, aos poucos,
mui lentamente, se tornam conhecidos dos homens.
Como, entretanto, a luz em demasia
pode ocasionar cegueiras e incompreensões, tal como aconteceu ao aparecer o
Cristo na Terra, e mesmo por sabermos que a evolução religiosa do Planeta
sempre se processou por etapas, supomos que a obra de Roustaing só poderá ser
compreendida e assimilada por todas as camadas sociais, quando a evolução
chegar à sua época.
O Cristo só começou a ser
compreendido centenas de anos depois de haver pregado a sua Doutrina e, ainda
assim, deturpada ou combatida muitas vezes.
Que Ele, o Cordeiro de Deus, se apiede
de seus governados da Terra e nos dê a luz de que necessitamos para levar ao nosso
próximo a certeza absoluta da bondade, da justiça, da misericórdia e do amor
paternal de Deus.
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