Reencarnação – Lei de Justiça
Túlio
Tupinambá
(Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Março 1963
A Humanidade vai, a pouco e pouco, aprendendo as verdades relacionadas com a reencarnação. As barreiras levantadas contra ela, principalmente nos países europeus, estão sendo desfeitas e dia virá em que todos compreenderão a necessidade de um melhor policiamento de suas existências, a fim de que o seu futuro espiritual não seja afetado profundamente, em obediência à Lei do Carma.
Grandes e numerosas têm sido as
provas da reencarnação, mas os Tomés de todos os tempos não aceitam a lógica
nem o raciocínio. Querem ver, pôr o dedo no caroço, para terem a sensação de
que se trata mesmo de caroço...
Quem quer
que examine a opinião de eminentes vultos da Humanidade, encontrará o ponto de
vista da reencarnação explícita ou implicitamente exposto em suas ideias. Por
exemplo: Baruch Spinoza, o filósofo do panteísmo, não temeu afirmar que "temos em nossa experiência a percepção de
que somos eternos. Para o espírito não é sensível só o que ele compreende mas o
que ele recorda... Entretanto, ainda que não nos lembremos de que existimos antes
do corpo, percebemos, contudo, de que o nosso espírito é eterno, de tal sorte
distante que leva a essência do corpo a ficar sob a categoria de eternidade e
isto quer dizer que a sua existência, não pode ser definida pelo tempo nem interpretada
pela duração.” (“Ética”).
Outro grande vulto das letras e da
filosofia - François Marie Arouet, o imortal Voltaire, fez, a respeito da
reencarnação, a seguinte e muito interessante observação: “É muito menos surpreendente nascer
duas vezes do que nascer uma vez só. Tudo na Natureza é ressureição."
Todos sabemos que Voltaire foi
adversário tenaz da Igreja, que o acusou de impiedade e ateísmo. Voltaire,
entretanto, nunca foi uma coisa nem outra. Recusou apenas aceitar o Deus
antropomórfico que a Igreja apresenta ao mundo. Não acreditou jamais que o homem
seja a imagem de Deus, porque isto, a seu ver, importava numa diminuição do
Pai, até mesmo num sacrilégio.
“Há
povos ateus”, assevera Bayle em suas “Pensées
Sur les Comètes”, e continua: "Os cafres (infiéis) hotentotes, tupinambás
e muitas outras pequenas nações não têm Deus." “É possível - acrescenta Voltaire. Mas isso não quer dizer que neguem Deus: não o negam nem o afirmam,
porque nunca ouviram falar em tal. Dizei-lhes que Deus existe, e crê-lo-ão facilmente.
Dizei-lhes que tudo se faz pela natureza das coisas, e crê-lo-ão da mesma
forma. Pretender que sejam ateus é o mesmo que pretender que sejam anticartesistas:
não são nem contra nem a favor de Descartes. São verdadeiras crianças. Uma
criança não é ateia nem teísta: não é nada.”
Mas, não saiamos do objetivo deste
artigo. Outro filósofo, Davíd Hume, também autorizado historiador, confessou acreditar
na reencarnação: “A alma, se imortal existiu
antes do nosso nascimento, O que é incorruptível é ingerável.” Mas, como
era muito comum no passado, quando a ideia de reencarnação se confundia com a
de metempsicose, Davíd Hume, embora falando nesta, claramente se vê que fazia
referência àquela: “A metempsicose é o
único sistema de imortalidade que a filosofia pode aceitar.”
Aqueles que não se demoram um pouco
mais no estudo dos problemas do espírito. muitas vezes confundem a reencarnação
com a transmigração e a metempsicose. Compreende-se, peja leitura do que
escreveram, que querem referir-se à reencarnação.
Outros filósofos eminentes, como Fichte,
Lessing, Schlegel e Herder foram indiscutivelmente reencarnacionistas. Se não
se aprofundaram mais no estudo do problema, dever-se-á talvez a que o ambiente
filosófico da época não comportava o debate profundo sobre semelhante assunto,
tanto a mais que o Catolicismo e o Protestantismo criavam, como criam ainda,
todos os obstáculos imagináveis à difusão dessa manifesta verdade. E o fazem de
maneira paradoxal, porque nada mais evidencia a imortalidade da alma do que a
reencarnação. Se a alma é eterna, logicamente a reencarnação é um fato.
Se a
reencarnação é um fato, como aceitamos que o é, logicamente a alma é eterna.
Dizemos alma quando melhor fora dizermos espírito, porque, para nós,
kardequistas, espirito é a alma desencarnada; alma é o espírito encarnado.
Em “Destino do Homem”, o célebre filósofo Fichte desenvolve comentários
favoráveis à reencarnação, Schlegel descreveu a Natureza como - a “escada da reencarnação”.
Vejamos outro nome de escol:
Benjamim Franklin, que foi o primeiro grande filósofo das Américas. Disse ele,
com aquela franqueza bem-humorada constante de seus trabalhos: “Deste modo, achando que eu existo no mundo, acredito
que, de uma maneira ou de outra, Sempre existi. E, com todas as inconveniências
decorrentes da vida humana, não farei objeção a que volte aqui em uma nova
edição de mim, desejando, contudo, que seja feita antes uma revisão correta da edição
anterior.”
O grande poeta Walt Whitman também
acreditava na reencarnação. Escreveu: “E
a você, Vida, eu considero como a soma de inúmeras mortes (Não tenho dúvida de
que já morri antes, dez mil vezes)."
O chamado “pai da antropologia moderna”. Dr. E. B. Tylor, admite aceitar o princípio reencarnacionista, neste trecho: “Parece-me que a ideia original de transmigração é honesta e razoável, porque as almas dos seres humanos renascem em novos corpos humanos.”
A. J. Anderson escreveu um artigo
sob o título “Proofs of Reincarnation”
(Provas da Reencarnação), em que cita uma passagem referente a Napoleão
Bonaparte, o Corso: “Napoleão foi um exemplo.
Homem, nascido na mais humilde e condição de vida, elevou-se até dominar
impérios e destronar reis com uma simples palavra. Erguer-se da obscuridade aos
pináculos do poder humano. Um homem que, nas estranhas e anormais condições em,
que se encontrou várias vezes, gritou para os seus marechais: “Eu sou Carlos
Magno. Vocês sabem quem sou eu? Sou Carlos Magno.”
Os exemplos são numerosíssimos.
Estamos apenas mencionando alguns nomes de relevo na vida dos povos. A
reencarnação se manifesta em todas as camadas sociais, porém os incrédulos, se
sorriem quando os testemunhos são de pessoas de projeção, que não fariam se fossem
citadas criaturas humildes, do seio do povo? Mas, continuemos.
O professor Thomas H. Huxley, um dos
maiores biólogos e pensadores do século dezenove, admitiu a razoabilidade da
reencarnação, nestas palavras; “Conforme a
doutrina da evolução, a da transmigração tem raízes tem raízes no mundo da realidade
e pode reivindicar igual apoio com o grande argumento que a analogia é capaz de
fornecer.”
Poderíamos citar nomes como Gandi,
Tagore e outros. É preferível, entretanto, apresentar somente a opinião de
ocidentais, pois os orientais já se acham perfeitamente integrados na ideia da
reencarnação.
Convém repetirmos que frequentemente
há confusão entre os termos “transmigração”
e “reencarnação”. Quando dizem “transmigração", querem referir-se à “reencarnação”.
O mesmo acontece, às vezes, acerca da palavra “metempsicose”. Por isso, onde se
lê “transmigração”, leia-se, porque o próprio sentido das frases o indica, “reencarnação”.
Sir H. Ridder Haggard, famoso novelista inglês, em sua autobiografia "The Days of my Life”, no capítulo destinado à religião, escreveu: “Compreendo o Juízo Final, depois de muitas vidas de crescimento para o bem eu para o mal - e, na verdade, a fé que eu sigo o afirma.”
Ridder Haggard ergueu sua voz contra
a revoltante crença de que o nosso futuro eterno depende apenas do que fizemos
numa única vida.
O célebre industrial Henry Ford foi
positivo ao declarar:
“Adotei
a teoria da reencarnação quando tinha 26 anos”, acrescentando: “Um trabalho banal
não me dá completa satisfação. Todo trabalho será fútil se não pudermos
utilizar a experiência, que recolhermos numa vida futura. Quando descobri o que
era a reencarnação, isso foi para mim como se descobrisse um plano Universal.
Compreendi que havia uma oportunidade para trabalhar por minhas ideias. O tempo
não é demasiadamente limitado. Eu não era mais um escravo do relógio. Havia tempo
bastante para planejar e criar.
“A
descoberta da reencarnação pôs o meu espírito em sossego. Senti-me firme. A ordem
e o progresso se achavam presentes no mistério da vida. Nunca mais procurei em outros lugares solução para o enigma da vida.
“Se
vocês conservarem a lembrança desta conversa, escrevam-na para deixar tranquilo o espírito dos homens. Desejo transmitir
a todos a calma que a visão ampla da vida nos traz.
“Todos
nós guardamos, embora debilmente, a lembrança de passadas existências. E
frequentemente sentimos que testemunhamos uma cena, ou a vivemos, em dado momento
de alguma existência anterior. Mas isso não é essencial. A essência, o fundamento,
o resultado das experiências, são experiências, são aquisições valiosas e permanecem
conosco.”
Quem quer que se dê ao trabalho de
verificar, encontrará no Velho e no Novo Testamentos numerosas citações em
favor da reencarnação, que é lei de justiça e de progresso. Aceitem-na ou não,
ela se fará sentir pelos séculos afora, porque é parte inseparável do “mecanismo”
da evolução humana.
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