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domingo, 8 de novembro de 2020

Sobre o ensino dos Espíritos

 


Sobre o ensino dos Espíritos

A Redação    Reformador (FEB) 16 de Maio de 1917

             Alguns anos depois da publicação d’O Livro dos Espíritos, em plena florescência do materialismo cientifico, distinto publicista escreveu a Allan Kardec uma carta, que ficou perpetuada nas páginas da Revue Spirite (1)

                 (1) Revue Spirite  de 1863, nº 12, pág. 357

             Aproveitou-se o Mestre desse documento, como costumava fazer, para doutrinar sobre a utilidade do ensino dos espíritos.

            Dizia o missivista, cujo nome não foi declinado, que, sem negar a existência das revelações, parecia-lhe desnecessária a intervenção dos espíritos desencarnados para estabelecer princípios, que já eram conhecidos desde a mais remota antiguidade; que, ensinados pelas religiões e pela filosofia estavam incorporados no patrimônio da humanidade.

            Essa velha objecção tem sido reproduzida por aqueles que, apesar dos anos decorridos e da nossa opulenta literatura, ainda não conhecem o Espiritismo e ignoram, ou fingem ignorar, a sua influência crescente, a sua indiscutível ação regeneradora,

            Existem espíritos desencarnados que se comunicam conosco. O simples fato da comunicação que o Espiritismo sustenta, põe em evidência e propaga, entre as duas esferas da existência constituiu um benéfico inestimável, um assinalado progresso, quando o materialismo dominava nos centros científicos e as religiões, com dogmas abstrusos e práticas inúteis, desciam para o ocaso.

            O Espiritismo foi uma obra providencial de reação e de reconstrução. Havia de encontrar, como encontrou, antagonistas, que seriam seu indiretos propagadores, como tem sido. Não serviu para propaga-lo a fogueira de Barcelona, onde foram queimadas as obras de ALLAN KARDEC?

            Não o estão propagando as autoridades eclesiásticas, que lhe enumeram os fenômenos, espontâneos ou provocados e os vulgarizam para atribuí-los a uma entidade mitológica?

            Os fatos ficam. Impõem-se. As teorias não os eliminam. Cada um de nós pode raciocinar sobre as explicações...

 .............

             Volvamos a objeção.

            Já eram conhecidos os princípios adotados pelo Espiritismo ...

            Não podíamos invocar melhor exemplo do que o grande exemplo de N. S. Jesus Cristo.

            Os princípios da sua predica sublime existiam nas antigas religiões, nomeadamente a hebraica, e em velhos sistemas de filosofia.

            Ninguém ousará dizer que foi inútil a sua mensagem à humanidade, porque Ele apareceu depois de outros fundadores de religiões, depois de Moisés, de Confúcio, de Sócrates e Platão.

            Examinando o tema sob outro aspecto, também podemos relembrar que a forma esférica da Terra e os seus movimentos em torno do eixo e em roda do sol já eram conhecidos desde remota antiguidade.

            Entre outras provas existe a oposição, que podemos ainda ler nos escritos dos padres da igreja.

            Esses antigos conhecimentos, contra os quais se insurgiam a ciência oficial e a teologia, arrimada em interpretação literal de textos bíblicos e em errôneas concepções dogmáticas, não fizeram esmaecer a glória de Copérnico e Galileu, nem tornaram desnecessária a teoria, que sustentaram contra a ideias reinantes, ora ensinada, como elementar, às crianças. A doutrina secreta dos pitagóricos tornou-se conhecimento vulgar.

             Qualquer pessoa do povo, que tenha noções de astronomia, não poderá impressionar-se, atualmente, com o argumento de Santo Agostinho, por exemplo, contra a existência dos antípodas (opostos).

            As revelações que dependem de um plano providencial, de uma direção Suprema, são sucessivas. São gradativas, proporcionadas aos tempos e às inteligências. Estão entre si ligadas. São progressivas. Vão sendo renovadas, explicadas, esclarecidas, desenvolvidas à medida que a humanidade progride.

            Havíamos chegado a uma época em que, riscada a psicologia do quadro das ciências, convinha demonstrar a existência da alma por novos métodos e processos. Os espíritos reveladores se encarregaram dessa demonstração pelos fatos.  

            Foi pelas revelações, em vários lugares em diferentes ocasiões que o Espiritismo constituiu o seu corpo de doutrina.

            Basta atender, exemplificando, alguns pontos.

            Foram as revelações dos espíritos que nos fizeram conhecer:

            - o mediunismo, as suas modalidades e aplicações, como os meios de cultiva-lo e desenvolve-lo:

            - o Perispírito, demonstrado por fatos e que explica a ação dos espíritos no mundo material;

            - o desprendimento ou emancipação da alma, durante o sono e estados análogos,  dando novas noções de psicologia e de fisiologia;

            - os fenômenos da encarnação e desencarnação, como permite o estado atual do nosso desenvolvimento;

            - o estado dos espíritos durante a erraticidade e a sua ascensão a mundos superiores, dissipando as trevas da antiga escatologia religiosa;

            - as provações, as penas e as expiações no espaço e na Terra;

            - as vidas sucessivas afim de ser cumprida a lei do progresso;

            - a influência dos espíritos livres sobre os encarnados; as possessões e subjugações, suas causas, efeitos e os meios de evita-las.

            Não precisamos prosseguir nessa enumeração.

            Renovando os estudos religiosos, o Espiritismo vem restaurando os preceitos evangélicos e os explicando em espírito e verdade.

            Os tempos atuais são para lágrimas – tempus flendi.  (um tempo para matar)

            Aí está o Consolador.


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