Data preciosa
por Geminiano Barboza
Reformador (FEB) Janeiro 1919
E
não devemos silenciar por isso que, sabemos quanto tem a humanidade vivido divorciada
dos pontos sintéticos ainda os mais essenciais e culminantes da doutrina cristã,
entre os quais vemos sobressair esse maravilhoso fenômeno denominado “Mistério da
Encarnação”.
De
fato, vinte séculos são decorridos desde que o Verbo encarnou e o Cristo esteve
entre os homens, e nem por isso tem a humanidade conseguido vantagens equivalentes
ao duplo sacrifício do Filho de Deus.
Certamente
a culpa não é do Cristo, que tudo fez e tudo suportou para que pudesse ser
completa e perfeita sua Missão Redentora; a culpa é toda da própria humanidade,
que, por se achar em trevas e deplorável decadência, conseguiu do Amor de Deus e da sua infinita
Misericórdia que ao seu seio baixasse a Divina Luz, que ele, em sua cegueira, não
compreendeu e, emitindo a Luz incompatível com o estado tenebroso do seu Espírito,
repeliu-a com escárnio, com rancor e arrogância.
A
doutrina, porém, discretamente lançada, com tanto amor é desvelo, pelo Pastor
Divino, não foi improfícua, não ficou improdutiva; vertido sobre ela o precioso
sangue do JUSTO, o seu incremento foi rápido e sólido e o seu valor desde logo
reconhecido, apesar de toda a hostilidade dos inimigos da Verdade.
Hoje,
porém, graças à Bondade Divina e à lei de Evolução, outro é o nosso “estado
d'alma”, não mais tenebroso como outrora, mas possuindo já um princípio de
lucidez que nos permite vislumbrar a Verdade, alcançar o discernimento das coisas
e até mesmo distinguir entre o bem e o mal, a Justiça e a iniquidade.
E
isto é nada menos que os frutos da doutrina santa que Jesus semeara no seio
desta humanidade decaída e descuidosa.
Por
isso ousamos chamar a atenção dos sábios e entendidos, ortodoxos e leigos para
a singular analogia existente entre o “Verbo de Deus” e o verbo gramatical, singularidade
que concebemos e definimos assim: -O verbo gramatical, como sabeis, é conjugado
dentro de três tempos, pois bem, do mesmo modo e igualmente subordinado a três
tempo vem o Verbo de Deus conjugando a grandiosa AÇÃO reformadora, evolutiva e
progressiva, que deve levar à consumação o seu magnífico plano de regeneração
para todo o rebanho que o Pai lhe confiou; também ali encontramos - passado, presente e
futuro.
Respeitando
a ordem cronológica, colocamos aqui o passado em primeiro lugar, porque o passado
representa a Primeira Revelação, da qual foi Moisés o intérprete, sendo o
próprio VERBO o expoente; o presente toma o segundo lugar, porque traduz a Segunda Revelação, isto é: a presença do Cristo, que é o próprio
VERBO feito carne-(Evangelho de S. João, cap. 1º); e o futuro é representado
pelo nosso presente (atualidade) e os dias adventícios da Era NOVA (tempos
previstos e preditos do Espiritualismo e da grande evangelização) sob o domínio
da Terceira Revelação.
Eis
porque a data natalícia do “Menino-Deus” foi sempre motivo de jubilo entre os
povos votados ao Cristianismo e preciosa ocasião de conforto e revivescência da
fé para os que hoje militam nas fileiras espíritas, especialmente os que permanecem
na defensiva nessa tremenda luta que nos movem as falanges invisíveis, nossos
inimigos gratuitos, porque o são da doutrina de Jesus.
E
porque a Terceira Revelação ensina que só em Espírito e Verdade devemos amar e
adorar a Deus, “é claro” que só em Espirito e Verdade devemos amar e adorar o nosso
Redentor, o filho da Virgem de Nazaré, cuja data natalícia veio mais uma vez
agitar as fibras da alma humana.
Convidando,
pois, a humanidade da Terra a adorar a Divindade em Espírito e Verdade, nada mais
pretendemos que despertá-la para a Religião do futuro, de conformidade com a Revelação
e a disciplina espírita, evidenciando desde já a desnecessidade de continuar a obscura tradição de “presepes e pastorinhas”,
procissões e outras práticas puramente materiais, que, satisfazendo embora
nossos sentidos, nossos hábitos e nossas vaidades, em nada beneficiam o Espírito,
moral e intelectualmente.
Em
vez dessas práticas caducas e improfícuas, parece-nos bem mais sensato e
proveitoso dedicarmo-nos solicitamente ao nosso asseio moral, depurando nossos
sentimentos e limpando nossos corações, que devem ser adornados de virtudes, de
modo a transforma-los em “berços” decentes, dignos de agasalhar com carinho e
respeito o “Infinito Divino” – ao menos no dia do seu NATAL.
Então,
sentindo-o presente em nosso íntimo, envolto na gaze fina de nossos melhores sentimentos, melhor poderemos adora-lo, com maior
fervor e mais sincero afeto, porquanto senti-lo-emos em nosso Ser pensante, senti-lo-emos em plena alma e nesse doce e santo enlevo, de
certo será imensa e sincera nossa satisfação rememorando em nosso íntimo o “Canto
dos Anjos”...
“-
Glória ao excelso Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.”
Salve...
data preciosa!
Salve... Jesus de Nazaré!
Salve...
oh! Doce Virgem, Mãe do meu Senhor!
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